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Capítulo 52 de 11 – Boa sorte

Ela começou a saltar da cama com uma energia contagiante, os olhos brilhando de excitação. Seus movimentos eram ágeis e cheios de vida, como se estivesse transbordando de adrenalina. Cada pulo era acompanhado por um grito de felicidade, ecoando pelo quarto e enchendo o ambiente com uma atmosfera vibrante e animada. Era como se ela estivesse comemorando alguma grande conquista ou simplesmente aproveitando o momento ao máximo.

— Eu consegui! Finalmente eu consegui!

Me beijar era algo tão intrigante? Eu já estava familiarizado com o gesto, mas não via nada de especial. Afinal, era apenas o encontro dos lábios de outra pessoa com os meus.

— Finalmente vou poder te tocar mais — ela disse, um sorriso alegre iluminando seu rosto, enquanto seus olhos se fixavam em mim.

Naquele momento, enquanto ela me encarava, eu estava perdido em meus próprios pensamentos, e seu olhar não me afetava mais como antes. Ela se aproximou devagar, os dedos tocando suavemente os próprios lábios, seu rosto ruborizado e uma expressão que denotava um desejo ardente.

Seu olhar transmitia uma intensidade que eu não conseguia decifrar completamente, mas eu já não estava tão envolvido quanto antes. À medida que ela se aproximava, eu não sentia mais a mesma ansiedade ou antecipação. Era como se algo dentro de mim tivesse mudado, como se uma parte de mim tivesse se fechado para essa conexão.

Ela continuou se aproximando, seus lábios entreabertos, mas agora eu me sentia distante, observando a cena como um espectador. Seu rosto vermelho e os olhos brilhantes indicavam um desejo profundo, mas eu já não compartilhava da mesma emoção.

Foi nesse momento que percebi que algo havia mudado entre nós, algo que não conseguia entender completamente. Enquanto ela finalmente se aproximava para me beijar, eu me vi questionando o significado desse gesto e o que isso representava para nós dois.

Enquanto eu estava sentado, ela examinava meu rosto e desviava o olhar para meus lábios. Lentamente, ela se aproximou e se acomodou em cima de mim, encarando-me intensamente nos olhos. Naquele momento, senti uma conexão tão profunda que remeteu às memórias dos olhares maternos.

Ela colocou os braços sobre meus ombros, aproximando seus lábios lentamente dos meus, sua face corando com cada centímetro que se aproximava. O toque suave de seus lábios nos meus enviou um arrepio pela minha espinha, enquanto ela começava a mover seus lábios de maneira quase instintiva contra os meus. Em seguida, ela começou a lamber os próprios lábios, um gesto que me deixou confuso, sem compreender suas intenções.

Perdido em meio à perplexidade, observei-a afastar-se e fazer um beicinho, uma expressão que carregava uma mistura de timidez e incerteza. Será que eu havia feito algo de errado?

— Izumi, você não sabe beijar?

— Não.

— Foi o que pensei, sabe, quando se beija alguém tem que mover os lábios como eu estava fazendo. Você é muito novato nisso.

Vendo-a falar daquela maneira, uma sensação familiar tomou conta de mim, evocando lembranças do passado quando minha mãe costumava me ensinar lições valiosas da vida. Era como se suas palavras suaves e reconfortantes me transportassem de volta àquelas ocasiões, onde eu me sentia seguro e protegido em seus braços amorosos. A lembrança da sabedoria maternal ecoava em minha mente, trazendo um sentimento de conforto e nostalgia, mesmo diante da incerteza do momento presente.

— Ok, vou fazer isso.

— Ok, vamos de novo, tá?

— …

Ela retornou mais uma vez, tocando suavemente meus lábios. Seguindo suas instruções, comecei a mover meus lábios em sincronia com os dela, confiante em minhas habilidades recém-adquiridas. Senti-me como um mestre, antecipando cada movimento dela com precisão.

No entanto, quando ela se afastou novamente e me lançou um olhar de decepção, uma onda de confusão e preocupação inundou meu ser. Teria cometido algum erro?

— Izumi… Não é para beijar tipo um espelho.

— Espelho?

— Sim, estás imitando tudo o que eu faço. Um beijo não é sim! — disse, uma expressão de insatisfação evidente em seu rosto, denotando seu desconforto com a situação.

— Serio?

— Sim!

— E como seria esse beijo que tanto queres, eu realmente não entendo. Me explique.

Ela continuou me observando por um momento, seus olhos buscando os meus com uma expressão pensativa. Então, seu olhar vagou para os lados, como se estivesse ponderando algo profundamente. Após um momento de reflexão, finalmente ela disse:

— Izumi, preste atenção nos detalhes. Quando nos beijamos, há uma dinâmica sutil. Veja, eu inclino minha cabeça ligeiramente para o lado e seguro seus lábios superiores com os meus, enquanto você se inclina na direção oposta e suavemente beija meus lábios inferiores. É como uma dança, uma harmonia de movimentos opostos que se unem perfeitamente. Entendeu agora?

A semelhança entre ela e minha mãe era inegável, desde os gestos delicados até a maneira como expressava suas emoções com ternura. No entanto, questionava-me se essa semelhança era exclusiva dela ou se todas as mulheres compartilhavam esse traço de afeto e cuidado.

— Sim.

— Vamos de novo.

Ela retornou mais uma vez, buscando meus lábios em um beijo que segui com precisão, como instruído. Enquanto me entregava ao momento, uma pergunta curiosa ecoava em minha mente: por que os humanos realizavam esse tipo de interação física? Era algum tipo de ritual? Apesar da minha perplexidade, continuei a seguir suas orientações, sem questionar.

À medida que os minutos passavam e ela não manifestava descontentamento, senti um leve alívio. Então, num gesto inesperado, ela guiou minha mão até seus seios. Seria para eu segurá-los? Sem hesitar, obedeci, enquanto ela continuava a explorar meus lábios vorazmente.

Após alguns minutos, ela avançou sua mão em direção à minha calça, e finalmente a compreensão me atingiu. Entendi o que ela desejava. O tempo passou, e quando ela desistiu de minha mão em seus seios, afastou-se novamente, seus olhos agora refletindo tristeza.

No entanto, ela voltou a repetir o ciclo. Horas se passaram nesse vai e vem de emoções e desejos. Finalmente, ela se ergueu de cima de mim, apontando o dedo em minha direção com insatisfação evidente, lágrimas brotando de seus olhos e umidade evidente em suas calças.

— Eu… Eu… Um dia… — ela demonstrava claramente sua insatisfação e a urgência de expressar algo que estava em sua mente. — Vou fazê-lo crescer! — gritou, transbordando entusiasmo, como se fosse um objetivo crucial a ser alcançado.

— Boa sorte.

Eu declarei, embora, no fundo, soubesse que era impossível. Mesmo assim, minha aversão era tão forte que preferia enfrentar a morte a admitir qualquer atração por um humano.

— Acredita em mim, Izumi, eu vou realmente fazer ele crescer!

— Boa sorte.

— Izumi, confia em mim!

— Boa sorte.

— Izumi!! 

— Boa sorte.

— Diga alguma coisa diferente!

— Boa sorte.

Ela persistia nesse comportamento, mantendo-se grudada em mim. Embora não fosse necessariamente desagradável tê-la por perto, o exagero da situação começava a se tornar estressante.