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06. Trabalho.

CECÍLIA

4 Dezembro — Segunda

Meu final de semana se resumiu a ter Ingrid e Agnes na minha casa junto com algumas pessoas da minha família, não vou mentir que as meninas eram mais agradáveis do que alguns dos meus tios, mas eles até que não estavam me perturbado mais.

Não vou mentir que pensei muito sobre o bilhete no domingo à noite. Normalmente não fico tão ansiosa para as aulas do professor Jackson só que eu estava MUITO ANSIOSA.

Quando o período dele enfim chegou, fui quase correndo para sala. Estava quase na minha mesa quando fui barrada pelo corpo grande de Maya Turner.

— Você quer fazer o trabalho do Sr. Jackson comigo?

Olhei bem para o rosto dela, de que trabalho ela estava falando?

— Eu não sei de trabalho algum.

Tenho certeza que em minha testa havia uma ruguinha que sempre aparece quando estou preocupada ou confusa (palavras da minha mãe e Miranda Castillo sabe de tudo).

— O trabalho que ele vai passar ainda, ele sempre passa a mesma coisa para as turmas, então quis logo ter alguma parceira bem inteligente.

— Ah. Pode ser. — Concordo. Maya é dessas que sofrem por antecedência? Não parece ser. — Só que não sou tão inteligente assim, logo te avisando.

— Eu já fiz trabalhos em grupo com você, garota, sei que é inteligente.

Maya fala e sorri, ela é tão simpática sempre. Penso que pode ser até falsa toda essa simpatia, mas nunca vi Turner fazer uma careta de ironia para o lado de ninguém.

— Você que é, sempre fa...

— Bom dia! Vamos sentando, turma...

— Vai lá ser cuspida. — Maya fala baixinho e sorri. — Por que não troca de lugar?

— Estou bem assim.

Maya dá de ombros e vai procurar seu lugar antes que Sr. Jackson venha lhe encostar como ele faz quando toca no meu ombro, tentando ser simpático enquanto (cospe) me guia para o meu lugar. Sorrio para ele, olhando-o, só quando ele já está mais afastado. Vai que ele cospe em mim de perto, eu acharia mais nojento do que o habitual onde tento não me importar. Eu tento ser compreensível, mas ainda sou um ser humano que sente nojo.

Coloco minha mochila na mesa e logo procuro pelo papel na parte debaixo. Encontro e abro rapidamente enquanto Sr. Jackson fala sobre o tal trabalho. Maya sabe das coisas, isso porque estamos apenas no segundo tempo.

"Obrigada pela sua preocupação, estranho. Só que apenas sua afirmação não vai adiantar muito. Tem muita coisa acontecendo e você não sabe de nada."

Nossa. Ela foi grosseira? (Ainda estou supondo ser uma garota por conta da letra, se não for só desculpa pelo engano.) Ou só está passando coisa demais e acha que nada mais é capaz de resolver?

Merda, deve ser a segunda opção. Não quero que essa pessoa venha a desistir da vida, já que é isso que eu suponho que a pessoa queira.

Então abro minha mochila e pego um pedaço de papel novo porque o que escrevi antes já não tinha mais espaço. Dobro, após escrever e deixo no mesmo lugar onde peguei, bem no fundo da mesa.

*****

Quando sento no refeitório, após colocar minha bandeja na mesa, Martin e Ingrid já estavam comendo.

— Hoje ela está bem. — Martin comentou num tom divertido ao olhar minha bandeja cheia.

— Está bem para ter um AVC no futuro.

— Ingrid eu vou acabar morrendo mesmo de algo assim de tanto que você fala. — Retruco e dou uma lambida em minha pizza do jeito que ela fica com nojo. — Sabe que você atrai o que fala, não é?

— Se atraísse o que falo mesmo eu seria rica. — Ingrid desdenha, ela não acredita que palavras tem poderes. — Eu estaria rica e não precisaria atender pessoas numa pizzaria.

— Então está bem, quando eu morrer não venha falar que eu não avisei. — Brinco e logo vejo Ingrid se benzer fazendo o sinal da cruz.

— Vira essa boca para lá.

Ingrid não é batizada nem nada do tipo, mas já frequentou a igreja comigo (não que eu vá muito) e pegou a mania de vovó Mercedez de fazer o sinal da cruz quando algo ruim é dito. Isso porque ela mal passou tempo com a minha avó.

— Paz do senhor! — Martin brinca, a família deve é evangélica, mas nunca vi ele falar que já foi a igreja a não ser na Páscoa.

— Vocês vão morrer por brincar com Deus! — Faço minha melhor imitação de um pastor que vi na TV dias atrás. — Vão para o inferno!

Martin ri porque é um bom amigo. Ingrid só sorri em consideração a minha má imitação e também por causa do medo que sente de ser amaldiçoada por Deus (em outras circunstâncias ela teria gargalhado).

Comecei a comer deixando os dois falando sobre religião. Não sei em que momento toda a conversa dos dois mudou de foco e passou para Liz Rodriguez.

— Ainda bem que ela não me reconheceu do dia que pisquei para você. — Martin falou para Ingrid, suspirando aliviado.

— Nem tem como também, se desse você teria se escondido atrás da Agnes de medo da Rodriguez. — Ri do que Ingrid falou por mais que não devesse.

Martin só tinha tamanho mesmo, é um grande de um medroso. Ele não faz nada sem planejar tudo 500 vezes antes, não se arrisca em nada. Sou amiga ruim por julgá-lo, mas entendo um pouco seu ponto de vista, ele tem medo.

— Claro que não. — Ele se defende. — Eu só estava conversando com a Agnes não me escondendo.

— Vou fingir que acredito. — Ingrid fala isso, mas no fundo sei que ela gostaria de continuar implicando com Martin. — A amiga da Liz está sentada sozinha. Será que aconteceu algo?

E começamos mais um dia de fofoca, demorou ainda. Só escuto mesmo, não tenho informações algumas para repassar porque não sou do tipo que faz isso.

Olhei para mesa onde Maya sempre senta com Liz. Turner estava mastigando enquanto olhava o celular com uma cara nada boa.

— Eu vi Liz minutos antes de vir para cá.

Tento abafar o caso de Liz estar bem ou não. Sei que um "a" que meus amigos falarem com pessoas de fora pode virar fofoca e ninguém merece ser centro de fofoca, nem mesmo as garotas da torcida pois isso é chato e desnecessário.

— Ela parecia bem?

— Nunca vi melhor. — Minto para os dois, senão já sabem... Fofoca. — Ela estava perto dos armários.

Tento ser específica para mentira ser melhor, mas na verdade vi a líder de torcida entrando no banheiro e com uma cara desanimada. Não sou de reparar nela, mas hoje assim que a vi a segui com os olhos porque ela foi legal com Ingrid na sexta à noite.

— Ah, então ela deve estar ocupada. — Edwards dá de ombros.

— Maya me chamou para fazer um trabalho de Inglês. — Falo para que Ingrid focasse em mim e esquecesse de fofocar sobre a vida de alguém, até começo um monólogo gigante sobre o trabalho que deixaria minha amiga entediada em dois tempos. — O trabalho é sobre Charl...

Pelo menos ela não fala mais de Liz durante o intervalo.