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Prólogo(1) - Red

Uma região congelada, tomada por um frio mais do que violento, capaz de incapacitar e até mesmo queimar qualquer um que ao menos pisasse naquele local.

As árvores que se entendiam por aquela floresta invernal se encontravam quase tomadas totalmente por gelo e neve, até mesmo suas folhas se encontravam presas no gelo.

Em meio a esse ambiente congelante, todavia, estava alguém. Seu corpo e rosto cobertos por um longo capuz vermelho.

Seus passos afundavam na neve espessa enquanto a figura fazia seu caminho em direção ao centro da floresta.

Conforme a mesma andava, um suspiro escapou seus lábios, suspiro esse que formou uma leve névoa em frente a sua boca.

— Droga... — Uma voz feminina surgiu da figura conforme ela retirava algo de dentro de uma pequena bolsa de couro escondida dentro do capuz, presa a sua cintura.

O objeto era retangular de metal, com uma tela de vidro que se estendia até certa parte de seu topo. O objeto em questão se tratando de um scroll de baixa qualidade, o qual a garota havia adquirido recentemente.

No momento que a garota encostou seu dedo no centro do objeto, o vidro rapidamente brilhou, revelando-se ser uma tela, que continha, naquele momento, um chat aberto.

〘Hey, mana, tem certeza que eu estou no lugar correto?〙

A jovem enviou a mensagem enquanto se encostava em uma das árvores próximas, tentando descansar da longa caminhada que já havia realizado.

No entanto, a mensagem parecia não ter sido recebida, afinal não importa quanto tempo esperasse, não havia resposta.

A garota apenas soltou um suspiro, parecendo suspeitar que aquilo aconteceria.

— Não tenho muita escolha agora... — Murmurou enquanto se afastava da árvore, continuando sua caminhada — ... Eu só realmente espero que eu não esteja perdida...

A jornada da garota de capuz vermelho durou mais alguns minutos, minutos esses que pareciam horas, até que ela finalmente chegou ao centro da floresta. Diferente do resto do ambiente, o centro era vazio, não havia árvores, folhas caídas ou pegadas de animais.

A jovem adentrou a clareira, tendo cuidado com cada passo dado, buscando fazer o mínimo de barulho possível.

Esse é o lugar. — Pensou a garota retirando seu capuz. Seu rosto, que acabará de ser revelado, era iluminado pela pouca luz do sol que chegava até a clareira. Sua pele era clara, e seus olhos brilhavam contra a luz do sol, em um, mais que puro, prateado. Seus cabelos criavam distinguiam-se do restante de suas características, com uma coloração preta e com as pontas de suas mechas sendo vermelho escuro, transicionando perfeitamente entre as cores.

Suas roupas eram feitas de seda, sendo um vestido preto com leves detalhes vermelhos, como os cordões do corselete que apertava acima de seu quadril.

Seu corpo, não muito maior que 1,52, era magro, permitindo que tanto o vestido como o corselete se encaixassem perfeitamente em sua figura.

Mais um suspiro escapou dos lábios rosados da garota enquanto a mesma levava suas mãos até suas costas, retirando algo da mesma.

— Se a informação estiver certa, eles vão aparecer assim que eu fizer barulho... — Sussurrou para si mesma enquanto retirava um objeto de suas costas.

A luz do sol refletiu no objeto quadrilongo de natureza metálica, com sua tintura sendo vermelha com detalhes pretos, quase que combinando perfeitamente com o capuz da jovem.

Com um sorriso em seu rosto, a garota levantou o objeto, que rapidamente pareceu se transformar, se alongando em tempo real, se tornando algo semelhante a um enorme rifle vermelho. Sua ponta, assim como seu gatilho, eram pretos.

Respirando fundo, buscando concentração anterior, a garota apertou o gatilho. A bala, de 138 mm, fora disparada em direção ao céu, ecoando um som ensurdecedor, elevando a neve e balançando as folhas das árvores que rodeavam a clareira.

Não demorou muito para rugidos e gemidos animalescos serem ouvidos além das árvores, como se animais esfomeados estivessem correndo em direção ao barulho, prontos para devorar tudo em seu caminho.

Ainda com um sorriso confiante, a jovem balançou seu rifle para baixo, o que fez com que o mesmo se transformasse rapidamente. A arma se estendeu ainda mais formando uma longa e bela foice. A foice, com seu design feito para acompanhar as roupas da jovem, tinha sua lâmina estendida de forma crescente, lâmina essa que brilhava em prata.

Agarrando a foice com ambas as mãos, a garota colocou um de seus pés para trás, permitindo que ela tomasse uma posição mais defensiva.

Quase como se planejado, esse fora o momento que as criaturas saltaram para fora do alcance das árvores.

As criaturas eram escuras como a noite, com olhos brilhando em vermelho carmesim, tomados por desejo instintivo de matar. Sua aparência física era uma mistura crua entre um humano e um lobo, como um lobisomem tomado por escuridão. Cada movimento que faziam deixavam um rastro de nuvem negra, que parecia penetrar nas árvores ao redor, levemente as apodrecendo.

— Finalmente! — Exclamou a garota enquanto colocava a lâmina da foice para trás de seu corpo e descia suas mãos pelo cabo, alcançando o que antes era o gatilho do rifle. Ao apertar o gatilho, uma bala foi disparada para trás, e, como planejado pela garota, o enorme recuo do tiro a lançou para frente, permitindo que ela alcançasse uma das criaturas antes que ela ao menos pudesse reagir.

Sua reação rápida, permitiu que a garota rapidamente girasse seu corpo enquanto segurava a foice, rodando de maneira que a lâmina rapidamente cortou metade do corpo da criatura. Ao invés de sangue, a única coisa que saiu do corpo da criatura foi mais fumaça escura, que se espalhou momentos antes do corpo da própria criatura desaparecer nessa mesma fumaça.

— Uhm... — Murmurou a garota enquanto observava cada criatura que saia da floresta.

Percebendo a quantidade extrema de inimigos, a jovem engoliu em seco enquanto agarrava sua foice com ainda mais força.

— Yang... — Um sorriso levemente irritado tomou conta de seu rosto. — ... Você disse pra mim que seriam, no máximo, dez...

Enquanto a garota colocava para fora suas preocupações, já era possível ver que a quantidade de criaturas que pulavam em direção a clareira passava dos vinte.

Suspirando fundo, a garota se preparou para a batalha que estava por vir.

Essas criaturas não pensavam e muito menos planejavam, elas apenas se jogavam em direção a garota.

Dois dos monstros rapidamente se encontravam em frente a jovem, saltando para cima da mesma, abrindo suas bocas e se preparando para brandir suas garras.

Com determinação de sair viva daquela situação, a garota deu um passo para trás e deu um golpe diagonal com sua foice, rasgando as criaturas a sua frente.

Sem parar seu ataque, a garota apertou o gatilho enquanto a foice ainda estava no alto, o recuo fez com que a foi se chocasse contra o chão. Ela rapidamente apertou o gatilho novamente, fazendo com que o recuo fizesse com que a foice lançasse a garota em direção ao ar.

Analisando o seu arredor o mais rápido possível, aproveitando cada segundo que possuía no ar, a jovem usava seus olhos para marcar cada um dos inimigos.

Vinte e cinco...

Ela girou sua foice novamente, colocando-a atrás de suas costas e apertou o gatilho, se lançando contra o chão. Entretanto, antes que ela ao menos pudesse encostar no solo, seu corpo brilhou em vermelho por um instante e em meros segundos a garota se transformou em dezenas de centenas de pétala de rosas. Pétalas essas que voaram em direção a uma das criaturas, no momento que uma das pétalas encostou o couro escuro do monstro, a jovem rapidamente se transformou novamente, brandindo sua foice em alta velocidade, rasgando seu inimigo sem piedade.

Não posso parar...

Aproveitando o momento, a garota usou cada fibra de força de vontade para se transformar novamente e repetir o processo mais uma vez.

Ela cortava um de seus inimigos e usava essa sua habilidade especial para ir atrás do próximo. Cortando e voando, essa fora a forma com a qual a garota estava a lutar.

Antes que ela percebesse, sobraram apenas mais algumas criaturas em seu campo de visão, três desses monstros. Porém, diferente dos outros, um exoesqueleto tomava conta de certas partes de seus corpos.

— ... Ha... Ha... — A garota usou cada gota de sua energia para enfrentar aqueles monstros. Seu corpo estava cansado, doendo e sua visão parecia estar embaçando.

Notando essa fraqueza e cansaço, as criaturas a sua frente rapidamente avançaram em sua direção.

Eles estavam esperando!?

Antes que a garota pudesse reagir, a primeira criatura acertou suas garras contra seu rosto, fazendo com que sua cabeça se chocasse contra o chão.

Tentando reagir, a garota fez com que sua foice voltasse a ser um rifle e colocou sua ponta contra o sono, puxando o gatilho rapidamente, assim permitindo que o recuo lançasse seu corpo para trás, se afastando da criatura enquanto permitia que sua cabeça se libertasse do solo.

Apesar de agora estar com sua visão livre, ela não podia enxergar as outras duas criaturas, apenas a que havia acabado de a atacar.

No momento que seu corpo se chocou contra uma das árvores congeladas, ela pode sentir uma respiração em seu pescoço.

Como!?

Antes que ela virasse seu corpo, as garras do monstro cortaram através da árvore congelada, perfurando a roupa da garota e rasgando a pele de suas costas, até mesmo a carne e músculos.

— Ahhh! — Um grito de dor a escapou enquanto seu corpo se viu forçado a se agachar.

A jovem fechou sua boca, mordendo seus lábios o bastante para que os mesmos sangrassem e agarrou sua arma.

Sem pensar duas vezes, a garota transformou sua arma em foice novamente e apertou o gatilho. Ela não conseguia mais se mover pela dor, mas usando o recuo, ela pode girar seu corpo com velocidade o bastante para cortar a criatura que havia a ferido.

Após cortar a criatura, a garota caiu no chão, seu corpo estava totalmente tomado pela cãibra e dor.

Não... Não acabou...

Usando cada fibra de seu ser, a garota agarrou sua foice com força, levantando-se mais uma vez, enquanto usava a mesma para se apoiar no chão.

Uma das criaturas ainda estava em sua frente, mesmo que distante, aquele era o primeiro monstro que tentou a atacar. Porém, o outro havia desaparecido completamente enquanto esse apenas parecia observar os movimentos da jovem, esperando por algo.

Aonde tá o outro...

Mesmo que até seus pensamentos estivessem abafados e confusos, ela se forçava a ficar de pé, se forçava a observar a situação, se forçava a lutar.

Não está nos arredores... Aonde que...

Seus olhos se arregalaram por um momento, rapidamente virando seu rosto para cima, notando que a criatura já no topo de uma das árvores, preparada para se jogar em direção a jovem.

No momento que a garota percebeu a criatura, a mesma rapidamente saltou em direção ao solo, buscando atingir a jovem.

Rangendo seus dentes, a garota apertou seu gatilho mais uma vez, brandindo sua foice verticalmente, o que a permitiu cortar o monstro antes que ele a acertasse.

Nesse exato instante, ela pode ouvir os passos do último inimigo restante, que corria em direção a ela.

Mais uma vez, usando cada gota de sua determinação, ela usou seu poder mais uma vez.

No momento que as garras do monstro encostaram ela, seu corpo se dispersou em pétalas, permitindo que ela aparecesse logo atrás do seu inimigo.

Finalmente...

Apertando mais uma vez no gatilho, ela rodou seu corpo e cortou a última criatura que ali estava viva.

... Acabou...

Ao terminar seu ataque, a jovem rapidamente caiu no chão, seu corpo não mais conseguia se mover ou levantar, ela apenas conseguia sentir dor e frio naquele momento.

Mas algo ao longe fez com que um sorriso surgisse em seu rosto, um barulho que ela reconheceria de longe, o barulho do motor de uma Mota familiar a ela.

— Você tá atrasada, idiota... — Murmurou a garota enquanto desmaiava em meio a neve, manchada com seu próprio sangue.