Capítulo 11: A Ficha Prateada

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Capítulo 11: A Ficha Prateada

— "Com licença, caro cliente, deixe-me verificar algo num instante..." — disse o senhor, sua voz carregada de um tom que misturava nervosismo e urgência.

Sem esperar qualquer resposta, ele se retirou para um dos quartos localizados nos fundos da loja. Fiquei sozinho no balcão, encarando o vazio enquanto tentava entender o que poderia ter causado aquela súbita mudança de comportamento.

Alguns minutos se passaram, e então ouvi um som abafado vindo do cômodo. Primeiro, parecia que ele estava falando sozinho, mas logo percebi que os murmúrios tornaram-se algo mais metódico. Orava? Era difícil dizer.

— 'O que esse velho está fazendo?'

— pensei, intrigado.

Logo depois, ele reapareceu. Seu rosto havia mudado completamente. Parecia alguém que havia acabado de se livrar de um grande peso, com uma expressão de alívio quase palpável.

Ele colocou as linhas de lã sobre o balcão e, com um sorriso, disse:

— "Aqui, garoto. Pegue... são as linhas que você pediu."

Observei-o em silêncio, tentando entender o que poderia ter acontecido naquele quarto. Sua mudança de comportamento era tão drástica que eu quase fiz a pergunta diretamente, mas optei por guardar minha curiosidade. Peguei as linhas e as guardei cuidadosamente na mochila.

Quando me preparava para sair, ele me interrompeu:

— "Espere um instante..."

O idoso sacudiu a cabeça como se tentasse se recompor de algo. Sua voz agora estava mais firme, carregada de seriedade.

— "Vou lhe fazer um desconto pela informação que compartilhou comigo."

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele devolveu um dos lingotes de cobre que eu havia pagado.

— "E tem mais uma coisa."

— continuou ele, apontando para minha mochila. — "Notei que você carrega uma lança de madeira. Não é mesmo?"

Assenti, um pouco surpreso com sua observação.

— "Sim, eu a trago comigo. Uso como arma de defesa para situações de emergência."

O velho sorriu, parecendo admirado.

— "Interessante, jovem. Já que você me ajudou, quero lhe conceder uma oportunidade especial."

Ele se abaixou atrás do balcão, e ouvi o som de algo sendo puxado. Quando ele retornou, segurava um objeto pequeno e brilhante.

— "O que é isso?" — perguntei, curioso.

O senhor exibiu o item com orgulho, como se fosse um troféu.

— "Isto, garoto, é uma ficha para o grande torneio anual! Um evento que reúne pessoas da vila e das aldeias vizinhas para competirem por um prêmio de alto valor."

Meus olhos se arregalaram.

— "Uau... que incrível! Algo assim deve ser difícil de conseguir, não é?"

Ele assentiu, um sorriso divertido surgindo em seu rosto.

— "Com certeza! E é exatamente por isso que quero dá-la a você."

Demorei alguns segundos para processar o que ele havia dito. Quando finalmente entendi, exclamei:

— "O quê?! Senhor, mas isso é seu, não é?"

O velho deu de ombros, como se o objeto não tivesse grande importância para ele.

— "Comprei essa ficha para meu filho, mas ele teve que partir em uma viagem urgente. No fim, ela ficou aqui sem utilidade."

— "Humm... entendo. É uma pena que ele não tenha podido usá-la."

— "Exatamente por isso quero dá-la a você. Assim, ela terá algum propósito e não será desperdiçada." — balançou sua cabeça, decidido.

Apesar de todo o estranhamento da situação, não pude deixar de admirar sua generosidade. Ele era excêntrico, sim, mas tinha um grande coração.

— "Tudo bem, senhor. Vou usá-la em seu nome! Mas diga-me, quanto foi o preço? Quero reembolsá-lo."

Ele deu uma risada curta e respondeu casualmente:

— "Não se preocupe, rapaz. Foi baratinho... só seis lingotes de ferro!"

Senti uma pontada no peito. Por um breve momento, considerei seriamente devolver a ficha, mas, no fim, acabei rindo nervosamente:

— "Hahaha... está bem! Vou reembolsar isso algum dia, quem sabe..."

Ele me entregou a ficha prateada, e eu a segurei com cuidado, observando-a de perto. Era um objeto simples, mas parecia carregar grande importância.

Antes de sair, mudei de assunto para aliviar o constrangimento.

— "Senhor, poderia me dar mais informações sobre esse torneio anual? Sou novo na vila e ainda não conheço muito bem como as coisas funcionam por aqui."

O velho assentiu, visivelmente animado com minha pergunta.

— "Claro, garoto! Vou te contar tudo o que precisa saber."

Então ele se apoiou no balcão, ajeitando-se para fazer uma longa explicação, bem detalhada.