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Capítulo 2

Seus sonhos vieram em um turbilham, sombrios e pesados, sua cabeça doía enquanto permanecia sentado em um salão, a sua frente uma figura encapuzada, nada falava, o observava inquieto, a esquerda cinco pessoas sentadas, todas enegrecidas. Suas figuras sem faces, com exceção de uma, a maga que salvara sua vida, vestida com o mesmo manto amarelado de antes.

Preso pelos pulsos tentou escapar mas sem qualquer sucesso, as amarras nem sequer rodavam ou roçavam contra sua pele. O homema sua frente então soltou um pequeno riso de desprezo, ele se levantou da cadeira de forma leve e enoava, com elegância passou pelas cadeiras a esquerda, suas mãos lentamente tocando cada uma sentada ali, não se mexiam presas em um transe.

- Será você quem procuro, depois de milênios?- disse a voz em um tom calmo e penetrante.

Os pelos de Gheldwyn se eriçaram, sentia a respiração fria, vapores quentes surgindo a sua frente, começou a sentir sede, fome, queria água, vinho, pão, o que fosse necessário para saciar. Na mesa estava posto um banquete, bolos com coberturas coloridas, diferentes cores de vinhos e outras bebidas, uma vonte encrustada na parede fazia água jorrar. As mãos do homem então pararam em seus ombros, repousando por um breve momento, o toque era gosmenot, fedia a putrefação, de relance ele olhou acima de sua cabeça.

No lugar do rosto uma máscara, pintada em branco e azul, um rosto com grandes presas e buracos para os olhos. Medo atingiu o jovem, e também o frio, o toque era congelante, as mãos tocaram em seu rosto, analisando seus olhos, o homem tocou a face, olhos a boca, dentes, cabelo, então afastou com delicadeza sua cabeça das mãos.

Voltou a contornar a mesa, a sua direita cadeiras vazias, repartidas, quebradas e tomadas por algo que poderia ser descrito apenas como necrótico, o cheiro revirou no estômago vazio, Gheldwyn tentou vomitar mas nada saia de sua boca, 'apenas um pesadelo' pensou em sua mente, mas parecia ter falado em voz alta.

- Acha mesmo?, se é mesmo um sonho como pode estar sentindo dor.- o homem lhe dirigiu a palavra enquanto mechia suas mãos em um semicírculo.

O jovem começou a sentir seu corpo esquentar, como algo queimando de dentro para fora, começou a se debater contra a cadeira, se agitando até cair para trás quebrando a mobília contra o chão.

Então se viu em uma nova sala, uma lareira queimava ao fundo, um fogo forte sendo a única fonte de luz, todo resto tomado por sombras, lá parada de frente a lareira uma mulher carregava um pequeno bebê. Suas mãos tocando-lhe o rosto de forma gentil, sentindo a final e fofa pele contra os dedos. A criança se mexeu com cada toque, respondendo as carícias de sua mãe.

-Ele não é lindo amor?- disse a voz olhando diretamente para Gheldwyn.

O jovem fez menção de responder, mas uma figura passou a sua frente, não conseguiu ver seu rosto, coberto por uma névoa, o homem pegou a criança em seus braços, apertando-a contra seu peito em busca de aquece-la. O bebê se acomodou, fechando os olhos como se para adormecer.

- É mesmo meu amor, e será tão belo quanto você e forte como o pai- a voz do homem respondeu, tranquila e quente aos ouvidos.

- Como devemos chamá-lo?

O homem respondeu aos ouvidos da esposa, inaudível para Gheldwyn escutar, então as imagens foram desfeitas como a névoa, seu corpo estava novamente naquela sala de jantar, mas a mesa havia mudado, não mais as figuras estavam presentes. O homem de preto sentado em frente a uma lareira, seus pés sobre uma mesa de madeira bem trabalhada, mexia com um pedaço de ferro mantendo a brasa acesa, ele novamente olhou paea Gheldwyn, dessa vez sem seu capuz.

O rosto não possível de ser reconhecido, um vazio profundo parecia puxá-lo, sentiu que precisava se agarrar a alguma coisa, com suas mãos em um rápido movimento se segurou em uma das cadeiras na mesa. Ele se assustou, todas as cadeiras estavam ali, intactas, quando tornou a olhar o homem, já de pé ele estava caminhando novamente a sua direção.

- Podemos retornar a nossa conversa anterior, acredita que é um sonho mesmo?- a voz novamente calma por[em sobria, fez seus pelos eri;arem outra vez mais, n'ao havia escapatória.

Gheldwyn apenas fechou seus olhos tentando se tranquilizar, tentando acordar deste sonho, não, não era um sonho, era um pesadelo. Podia mesmo sem ver, sentir a presença maléfica próxima a ele, o gelído ar que estava presente, sentia seu coração bater palpitando cada vez mais. Não conseguia sentir suas mãos, estava estático, amedrontado demais para realizar qualquer ação, e o homem tornava a gargalhar, desta vez alto para que ele pudesse ouvir.

Mas os risos mudaram de tom, se transformando em risos femininos, abrindo os olhos se viu diante de uma fonte termal. As águas caiam de uma pequena cachoeira em direção a algumas pedras, o vapor subia e relaxava Gheldwyn. O jovem nada trajava naquele momento, assim como também as mulheres ao seu lado, novamente cinco delas, esfregando seus corpos contra o dele, o jovem se avermelhou de vergonha, 'pare de idiotice, é apenas um sonho, nada demais'

- Jovem mestre, porque não nos ajuda a limpar- uma voz disse

- Acho que ele ainda precisa de limpeza- outra voz sussurrou próximo ao seu ouvido

- Parem com isso- disse Gheldwyn sem mesmo perceber as palavras saindo de sua boca e novamente como névoa a imagem se desfez.

- Pare de teimosia seu verme, você é meu, como sempre foi- o homem de preto disse em fúria, suas mãos se movendo rapidamente, prendendo o jovem contra a parede.

Gheldwyn sentiu a pressão contra o seu corpo, olhou para seus arredores em busca de algo para ajudar a se salvar, mas o homem caminhou e colocou suas mãos gélidas em sua face novamente. Garras puderam ser vistas, assim como dentes grandes, amarelados, afiados e tortuosos, insetos saíram de sua carne, formando uma face de puro terror. O rosto retorcido, coberto de feridas e cortes, a carne se tornando negra e descamada, a criatura o prendeu pelo pulso, seu bafo era quente e embrulhava o estômago, o cheiro de putrefato tomando conta de suas narinas.

- Acha que pode escapar de meu mestre, do que está por vir, logo todos os magos e o mundo será meu, meu mestre anseia por retornar, e consigo trará as trevas, uma sobra que irá engolfar o mundo em mais uma Era de morte e destruição, mães irão chorar e lamentar a morte dos filhos, homens e mulheres lutarão e perecerão por mil e uma lanças. As tropas nascidas das cinzas dominarão a todos, e os poderoso Magis que dizem proteger o mundo das trevas, se unirão ao meu senhor, pois está escrito seu verme, agora beba de minha água e se torne meu.

Um grande cálice surgiu nas mãos da criatura, Gheldwyn sentiu sua garganta secar, coçar e seu corpo pedir por aquilo, ansear o líquido descendo e nutrindo seu corpo. Seu corpo se desprendeu da parede, aquel homem de preto ergueu o cálice para ele, esperando que tocasse e se juntasse a criatura.

- Eu recuso- Gheldwyn disse primeiramente, sua voz franca, ainda se recuperando do que lhe ocorrera, e novamente, agora se erguendo diante da criatura proferiu novamente as palavras- Eu me recuso a aceitar as sombras- a criatura soltou um intenso grito que fez seu corpo estremecer.

Mesmo que nunca tivesse visto em pessoa, todos sabiam das histórias, sobre o grande lorde do Caos, o traidor dos Deuses, como ele sempre busca as trevas e convence outros a cometerem atrocidades em seu nome, como em um lar de pura escuridão, planeja silenciosamente seu retorno ao mundo e uma nova Era de trevas. De seus legionários encapuzados, com rostos decrépitos e corpos feitos de cinzas, os Gouls, e é claro de seu exército criado a partir de osso e carnes mortas, criaturas cujos rostos animalescos causam terror aos homens. Aquele que se juntasse a ele estaria condenado a uma vida de servidão as trevas, nunca mais estaria livre de seu destino, e era sempre o mesmo, a morte eterna.

Com as histórias em mente Gheldwyn recusou a água do Goul, derrubando o cálice ao chão, a taça de cristal se despedaçou em mil pedaços, a critura novamente gritou, dessa vez nada lhe provocou medo, mas ainda assim recuou três passos para trás.

- Nos veremos novamente seu verme, e você assim como todos que irá passar a amar serão meus, nos fins dos tempos você se ajoelhará e verá o mundo perecer.

Gheldwyn acordou em um susto, estava em uma confortável cama, ao seu lado uma garota dormia em uma cadeira de madeira, podia ouvir sua calma respiração, estava com uma simples roupa de linho cinza, seus cabelos pendiam a altura dos ombros, de um belo castanho que brilhava com os raios de sol. O quarto era pequeno e confortável, a cama melhor doque jamais poderia esperar, olhou pela janela, ainda estava na vila, retirou as cobertas, e tentou se pôr de pé, mas uma dor vei a lhe impedir.

Olhou para suas costas, um pedaço de faixa estava presa no local onde fora esfaqueado, seus músculos estavm em pura dor, não havia sentido eles, talvez pelo choque de seu sonho, mas ainda assim lutou para ficar em pé.

Atrás dele ouviu um barulho rangendo, rapidamente se virou sentido a dor tomar conta, seus pés falhando e quase caindo de joelhos, apoiando contra uma pequena mesa. A garota acordou com olhos castanhos o fitando, ela se sentiu envergonhada, pode perceber seu rosto avermelhar sobre a pele cor de creme, então percebeu seu também arder, virou-se para a janela olhando o lado de fora, as ruas movimentadas como um dia comum de verão.

- Estão todos bem- disse a garota em uma voz tímida, as últimas palavras se assemelhando a sussurros.- Obrigada, por nos salvar, o que fez foi corajoso.

- E estúpido- completou Gheldwyn observando a todos que continuavam com suas vidas mesmo após quase serem mortos.

- Mesmo assim, foi corajoso, ninguém teria se movido, e provavelmente estaríamos mortos ou pior nesse momento.- a garota tornou a falar, dessa vez com uma voz mais confiante.

- Sim, creio que sim.- respondeu de forma soturna.

- Eu devo chamar a Senhorita Laurean para cá, avisar de que acordou. disse a garota antes de se retirar.

Gheldwyn se virou para a garota, acenando com a cabeça e um sorriso no rosto, um pouco forçado ele pensou, afinal nada mais podia sentir a não ser a dor de seus machucados, a jovem se virou para se retirar, mas antes de sair foi em direção ao jovem, tcou-lhe o reosto e lhe beijou na bochecha, depois deu alguns risinhos.

- Apenas um gesto de agradecimento- ela disse antes de se retirar com um grande sorriso brilhante como o sol no rosto.

Gheldwyn se sentou na cadeira, seu rosto em chamas, um espelho estava preso na parede, ele parou para olhá-lo, nada parecia diferente nele com excessão de algo, seus cabelos estavam avermelhados, seus olhos também, a íris em um vermelho que se misturava ao laranja, em cores semelhantes as brasas de uma lareira queimando em um dia sombrio. Pegou o espelho intrigado com a imagem, passou suas mãos pelo rosto, nada estava diferente, não se sentia diferente, mas estava diferente, aqueles olhos não eram naturais.

Sentou-se na cama novamente, tentando relembrar dos sonhos, nada muito claro veio a mente, um casal e sua criança, mulheres em uma fonte termal, a criatura e seu sombrio e gélido toque. Só de pensar no Goul sentia seu corpo eriçar, nada parecia fazer sentido naquele momento, e porque faria, apenas desejou retornar a sua vida normal.

Passos se aproximaram de seu quarto, vozes abafadas do lado de fora inaudíveis para Gheldwyn. A porta abriu lentamente, com um barulho de madeira ragendo, a sua frente a figura encapuzada daquela noite, e ao lado dela um homem de roupas verdes e marrons. Com mais clareza pode ver seu rosto, uma mulher feita, uma minúscula figura ao lado de seu companheiro, seus cabelos amarrados em uma trança enrolada na parte posterior de sua cabeça, olhos amarelados e com leves tons de laranja, seu cabelo de um loiro dourado, nem muito claro e nem muito escuro.

- Então te encontramos, suspeito que tenha perguntas.- disse a jovem entrando no quarto.