Torak surpreendido pelo pedido dela. Ele levantou seu queixo e olhou-a mais profundamente nos olhos, acariciando com o polegar seus lábios pálidos com fascinação.
"Você realmente quer ver meu lobo?" Torak perguntou roucamente. De maneira alguma, ele não queria assustá-la.
Raine pediu para ver seu lobo, algo que estava além de suas expectativas. Pelo que ele podia dizer, e ele ainda não sabia muito sobre ela, o medo era uma das razões pela qual ela havia perdido a voz. Aquelas criaturas sujas que tentavam matá-la, a deixaram com um trauma.
Mas, agora sua parceira estava de fato pedindo para ver seu lobo. Torak mal podia compreender isso, mas apesar disso, ele estava encantado.
Um sorriso vitorioso apareceu em seus lábios que fez Raine olhá-lo em transe. O jeito como ela olhava para ele era adorável, Torak não pôde evitar de se inclinar para beijar seus olhos e o suspiro abafado dela o fez sorrir com sua reação.
"Você tem certeza?" Torak a assegurou novamente.
Um leve aceno foi tudo que ela deu a ele.
Raine tinha esse sentimento por ele, algo sobre Torak simplesmente trazia conforto para ela, a sensação de segurança e de ser desejada, coisas que ela nunca sentiu nos últimos oito anos.
Toda vez que ela olhava nos olhos dele, eles brilhavam com adoração e saudade, a atraíam para olhar para ele mais tempo já que ela gostava do reflexo de si mesma nos olhos dele.
Além disso, ela raramente via um transmorfo lobo e como eles sempre a ignoravam, Raine não tinha uma má impressão deles em comparação com outras criaturas.
Embora ambos estivessem sentados retos, Raine ainda precisava levantar a cabeça para encontrar os olhos de Torak.
"Apenas lembre-se disso, eu não vou te machucar, certo?" Torak beijou a testa dela carinhosamente mais uma vez. Dessa vez, Raine não se recusou ou se contraiu, ela apenas baixou a cabeça e saboreou a fagulha que irrompeu do beijo.
Torak se afastou dela, apenas para dar espaço suficiente para ele se transformar.
Quando Raine levantou a cabeça e olhou para Torak, seus olhos azuis oceânicos iam ficando gradualmente mais escuros até que eles viraram pretos e permaneceram assim. Seu sorriso se alterou à medida que seus caninos se alongavam. Seu corpo se inclinou para a frente à medida que pelo lutava para sair dos folículos de sua pele.
O pelo branco brotou por todo seu corpo através da camiseta que ele usava. Essa deslumbrante transformação aconteceu em menos de um minuto, mas aos olhos dela, esse curto período pareceu uma eternidade. E na frente dela, em vez de Torak, havia um enorme lobo branco.
Em termos de tamanho, o lobo era três vezes maior do que ela, como se ele quase tivesse o mesmo tamanho que um urso. Suas patas ficaram profundamente cravadas na macia cobertura de cama marrom, contrastando com seu pelo puro branco.
Raine não percebeu que havia segurado a respiração. Ela não conseguia tirar os olhos da criatura mais bela que ela já havia visto e que estava ali, ao alcance de seu braço.
O lobo emitiu um choramingo suave quando viu que Raine não dava nenhuma reação e ainda não respirava. Ele colocou seu focinho entre suas patas dianteiras e abaixou o corpo, para que seu tamanho não a intimidasse.
Em toda a sua existência, nada conseguia assustá-lo, nenhum ser poderia fazer com que a besta abaixasse sua cabeça arrogante. Mas na frente de sua tão esperada parceira, ele fez isso de bom grado, obediente.
Ele gemeu mais uma vez quando Raine continuou imóvel em sua posição, mas ele não se moveu para se aproximar dela, com medo de que ela se assustasse.
Seu lamento desta vez tirou Raine do transe em que se encontrava e fez com que ela se concentrasse nos olhos preocupados da besta. Mesmo em sua forma de lobo, ela podia dizer que ele estava preocupado e esperando sua reação.
Respirando fundo, enchendo seus pulmões vazios que faltavam oxigênio, Raine se arriscou quando estendeu a mão.
O lobo olhou para a mão dela e para seu rosto franzido alternadamente, antes de fechar os olhos.
No momento em que Raine tocou seu pelo, o lobo ronronou de deleite e cutucou sua mão, encorajando-a a fazer o que quisesse.
Seu pelo era tão macio, as coisas mais macias que Raine havia tocado. Ele era tão branco sem uma única mancha, branco como a neve.
Ela usou ambas as mãos para acariciar seu focinho, explorando seu rosto, afundando os dedos mais profundamente em seu pelo.
Sua aventurança repentina fez a besta estremecer levemente, ele amava a forma como ela o tocava. Lenta e graciosamente, ele se levantou sobre suas patas dianteiras, tornando-o mais alto do que ela.
Raine baixou a mão e olhou para ele, em seus olhos não havia medo, mas curiosidade sobre o que ele queria fazer.
O lobo de Torak colocou suas patas para a frente enquanto se aproximava dela; ele cutucou o nariz de Raine que provocou um sorriso em seus lábios, o primeiro sorriso genuíno de sua parceira deixou-a ainda mais deslumbrante do que nunca.
Ele cutucou suas bochechas mais uma vez para fazer com que o sorriso durasse um pouco mais e assim foi, era quase como se ela estivesse rindo.
Tudo parecia bem e estava em um clima agradável até que o lobo percebeu a presença de algo, ou melhor, alguém, que estava a poucos metros de distância de sua cama.
Seus olhos negros ternos se endureceram quando ele olhou por cima do ombro de Raine enquanto um rugido trovejante irrompia de seu peito.