Desde aquele primeiro ataque dos bandidos, a caravana continuava seu caminho por terras selvagens e estradas de terra batida, atravessando florestas densas e campos abertos.
A princípio, os viajantes estavam tensos, sempre olhando por cima dos ombros, temendo uma nova emboscada. Mas, com o passar dos dias, perceberam que Sekiro estava ali para protegê-los e que nenhum grupo de bandidos conseguia sequer arranhar a segurança da caravana.
No trajeto, cruzaram o caminho de outros três grupos de ladrões. Cada um deles avançava com uma confiança arrogante, certo de que um punhado de guardas jamais os deteria. Mal sabiam que enfrentariam Sekiro.
Rapidamente, ele derrotava os bandidos com uma calma fria e calculista, sem fazer alarde. E, como de costume, após cada confronto, pilhava tudo o que pudesse ter algum valor.
Assim, um dos vagões acabou se transformando em um "transporte de prisioneiros", cheio de bandidos amarrados, que seguiam cabisbaixos no fim da caravana.
Outro vagão, mais à frente, onde Anko e Sekiro passavam grande parte do tempo, transbordava de espólios de batalha, armas, armaduras desgastadas, joias e várias bolsas de dinheiro.
Ao lado da pilha de riquezas, Anko observava Sekiro com uma expressão divertida, enquanto ele mexia nos sacos cheios de moedas. "Vai me dar uma parte desse lucro, não vai? Sabe quantos dangos dá para comprar com isso?" Ela comentou, os olhos brilhando com um toque de malícia.
Sekiro, que caminhava ao lado da caravana, apenas sorriu e respondeu usando sinais de mão, sem perder o ritmo da Hinokami Kagura. Anko franziu o cenho, tentando interpretar os gestos rápidos dele.
"Como assim eu só penso em dango? E tem alguma coisa melhor para eu pensar além disso?" respondeu, lançando-lhe um olhar zombeteiro.
Sekiro fez outro gesto com as mãos, e Anko reagiu imediatamente, sua expressão assumindo uma falsa indignação. "Gorda!? Onde eu estou gorda!? Gorda é a baleia da sua mãe!"
A resposta de Sekiro fez Anko bufar e cruzar os braços. "Meus peitos não são gordura; isso é pura sensualidade e charme feminino!" Ela declarou, orgulhosa, dando uma piscadela.
Entre provocações e brincadeiras, o relacionamento dos dois continuava tão amigável quanto sempre, suas interações repletas de uma confiança mútua que poucos poderiam entender. Mesmo sem muitas palavras, ambos compartilhavam um respeito silencioso, como dois lobos que se conhecem tão bem que bastam gestos e olhares para se comunicarem.
Conforme a caravana avançava, o mercador, ainda ressentido pelas recusas de Sekiro em protegê-lo diretamente dos ataques de pedágio, e por ter quase decepado seu braço, olhava para ele com uma mistura de raiva e medo.
Mas Sekiro nem se incomodava. Sua missão era clara, e ele estava determinado a cumpri-la sem se deixar distrair pelos caprichos do comerciante.
*Vush! O som de algo cortando o ar rapidamente chamou a atenção de Sekiro e Anko, um ruído que ecoava como um alerta para ninjas experientes como eles. Imediatamente, Sekiro se virou, seus reflexos aguçados guiando seu braço ao lançar uma shuriken na direção do barulho.
Clang! A shuriken de Sekiro colidiu no ar com uma kunai, interrompendo seu trajeto. Havia algo preso ao cabo da kunai — um pequeno pedaço de papel que balançava no vento. Sekiro mal teve tempo de reconhecer o que era antes de...
Boom! A explosão se propagou com um estrondo, sacudindo folhas e galhos ao redor. O som se espalhou pelo campo, assustando os animais próximos e alertando os membros da caravana. Sekiro mal piscou; sua expressão era inabalável, como se aquilo não passasse de um inconveniente rotineiro.
Na sombra de uma árvore próxima, uma figura misteriosa surgiu. Ele vestia roupas escuras com um colete reforçado e tinha uma bandana amarrada firmemente na testa, indicando sua afiliação a Kumogakure.
"Chunin de Kumogakure," murmurou Sekiro, seus olhos fixos no intruso enquanto analisava a postura e o equipamento do inimigo.
O ninja da Nuvem sorriu com desdém, sua voz ecoando entre as árvores. "Você acertou minha kunai com bomba em pleno voo. Deve ser talentoso, garoto... pena que hoje é o seu azar."
Sekiro respondeu com um tom calmo e provocador. "Você fala como se fosse famoso, mas está atrás de uma caravana de comerciantes de tecido. É isso que anda caçando agora? Um verdadeiro ninja recorreu a roubar mercadores?"
O rosto do ninja se contorceu de raiva, perdendo a compostura por um instante. Seus dedos se apertaram ao redor de outra kunai, que ele girava entre os dedos como uma serpente aguardando o momento certo para atacar. "Parece que você ainda não entendeu a situação, garoto. Eu poderia acabar com você e todos esses tolos antes que percebessem."
Sekiro deu um passo adiante, seu olhar sereno não refletia nada além de determinação. Anko, ao lado, manteve a atenção, a mão discretamente sobre sua própria kunai. A tensão no ar era palpável, como o prelúdio de uma tempestade.
O ninja da Nuvem finalmente atacou, lançando a kunai com toda a força, a arma cortando o ar em alta velocidade em direção a Sekiro. Ele parecia vulnerável, sem demonstrar a mínima intenção de se desviar.
Então, num movimento fluido, Sekiro ergueu a mão esquerda e agarrou a kunai pelo cabo a meros centímetros de seu rosto. Sem hesitar, ele revidou, arremessando a kunai de volta com ainda mais força, como se estivesse devolvendo o insulto com juros.
Boom! A explosão reverberou no local, folhas queimadas e pedaços de madeira voando para todos os lados. A figura do ninja desapareceu na fumaça densa, mas Sekiro continuou a caminhar lentamente, sua expressão imperturbável.
Ele parou na borda da cratera formada pela explosão, encarando o que parecia ser um corpo carbonizado no chão. Sekiro franziu o cenho, sua intuição alerta.
"Se você quer fingir sua morte para baixar minha guarda, deveria ter se esforçado mais..."
Antes que pudesse reagir, um som sutil veio do chão abaixo dele. Crack! O solo se abriu, e duas mãos surgiram de repente, agarrando os tornozelos de Sekiro com força. Uma voz ecoou de baixo.
"Estilo Terra: Jutsu do Caçador de Cabeças!"
O chunin da Nuvem começou a aplicar força, tentando usar o Jutsu do Caçador de Cabeças para enterrar Sekiro até o pescoço e deixá-lo vulnerável. Seus músculos se contraíram, o suor escorria pelo rosto, enquanto ele se concentrava em dominar o adversário. Mas, por mais chakra que usasse, Sekiro não cedia. Era como tentar enterrar uma rocha.
O ninja da Nuvem, frustrado, intensificou a pressão, mas Sekiro continuava firme, aparentemente sem esforço. Um leve sorriso de desdém surgiu nos lábios de Sekiro enquanto ele refletia consigo mesmo: "Músculos três vezes mais densos são realmente poderosos."
Observando as mãos do chunin saindo da terra, Sekiro abaixou-se, pegando uma das mãos dele com firmeza. O ninja sentiu um arrepio percorrer seu corpo; a força de Sekiro não era algo com o qual estava acostumado a lidar. Em um movimento brusco e implacável, Sekiro puxou o chunin para fora da terra, deslocando o braço dele no processo. A dor foi insuportável, e o chunin soltou um grito agudo.
"Argh!" Ele caiu de joelhos, segurando o ombro deslocado, a expressão deformada pelo sofrimento e pelo choque. Nunca imaginara que alguém pudesse repelir sua técnica com tamanha facilidade.
Sekiro permaneceu parado, observando-o com uma expressão fria e calculista. Ele não mostrava nenhuma emoção; apenas estudava o oponente como se ele fosse um experimento fracassado. O chunin, respirando com dificuldade, lançou um olhar de ódio e medo para Sekiro, percebendo o abismo que os separava em habilidade e controle.
"Os ninjas desse mundo são muito... verdes," pensou Sekiro. "Mesmo com poderes especiais, esse chunin nem seria capaz de derrotar um capitão da guarda de Ashina."
Por um breve momento, o chunin tentou reunir forças para um último ataque, mas seu corpo estava exausto, o braço inutilizado. Ele se sentia impotente e vulnerável, uma sensação que há muito não experimentava.
Sekiro soltou a mão do chunin e deu as costas a ele, caminhando lentamente, como se o ninja fosse insignificante demais para merecer sua atenção. O vento soprava calmamente ao redor, criando um contraste entre a serenidade do ambiente e a intensidade da luta.
"Recue," disse Sekiro, em um tom baixo e desapontado. "Um bom shinobi sabe quando deve parar ou continuar… você não tem chances."
Essas palavras atingiram o chunin como uma sentença, algo pior do que qualquer golpe físico. Sekiro não só o havia derrotado; havia destruído sua autoconfiança. Por mais que quisesse se vingar, sabia que enfrentá-lo de novo seria inútil.
Enquanto Sekiro se afastava, ele refletia: "Será que os jonins são mais habilidosos ou também dependem do chakra como uma muleta?"
O chunin ficou ali, ajoelhado e humilhado, observando Sekiro se afastar como uma sombra, indiferente e imponente. A dor e o orgulho ferido do ninja da Nuvem se misturavam em sua mente, criando uma tempestade de emoções incontroláveis. Ele ainda tinha forças para lutar, mas sua determinação parecia se dissolver sob o peso da humilhação.
"Não me subestime!" gritou ele, num último e desesperado impulso. O ódio e a vergonha nublavam seu raciocínio, levando-o a agir impulsivamente. Ele sacou outra kunai com um selo explosivo amarrado, canalizando todo o seu ressentimento naquele ataque final. Mesmo que Sekiro desviasse, ele pensava, a explosão o pegaria desprevenido.
Sekiro sentiu um calafrio na espinha ao perceber a ameaça mortal que se aproximava. Esse tipo de perigo já era uma constante em sua vida; no entanto, seus movimentos não revelavam um pingo de hesitação ou pressa. Ele havia enfrentado a morte em incontáveis ocasiões e aprendido que temê-la era inútil. Cada derrota e cada vitória o haviam moldado, transformando-o em algo que poucos podiam compreender.
Com um movimento fluido e controlado, Sekiro inclinou a cabeça para o lado, permitindo que a kunai passasse perigosamente perto de seu rosto. Ele estendeu a mão e a pegou pelo cabo no ar, como se estivesse lidando com um objeto trivial.
Ao ver Sekiro agarrando a kunai com a mesma frieza com que alguém apanha uma folha ao vento, o chunin sentiu o desespero crescer em seu peito. Ele tentou se levantar, uma ideia de fuga emergindo em sua mente enquanto seus instintos gritavam por sobrevivência.
Mas Sekiro, sem sequer olhar para trás, lançou a kunai de volta, com uma precisão mortal, acertando a perna do chunin.
"Não-"
Boom! A explosão envolveu o chunin em um turbilhão de fumaça, sangue e estilhaços, silenciando-o de uma vez por todas. Os restos mortais se espalharam pelo chão e as árvores ao redor, testemunhas silenciosas da brutalidade da batalha.
Sekiro continuou caminhando em direção à caravana, seus passos firmes e serenos, enquanto as manchas de sangue secavam na terra. Ao se aproximar, encontrou Anko, que o esperava com uma expressão que misturava preocupação e respeito.
"Você está bem? Essa foi sua primeira morte, não é?" Anko perguntou, a voz calma, mas sem o tom provocativo e brincalhão de sempre.
Sekiro ergueu os olhos e a encarou por um momento, como se ponderasse sobre a resposta. "Estou bem. Matar alguém não é nada especial... Mas terei que rezar para Buda por alguns dias."
Anko franziu a testa, intrigada. "Você tem uma mente muito forte, Sekiro, mas por que rezar? É por piedade pela alma dele ou para purificar a sua dos pecados?"
Sekiro desviou o olhar, fitando o céu. Um brilho de lembrança passou por seus olhos, carregado de melancolia. "Não. Isso é apenas algo que um amigo me ensinou... para que eu não perca o meu caminho, como ele um dia perdeu."
Embora ela não tenha compreendido, aquela breve explicação foi suficiente para Anko perceber a profundidade dos sentimentos de Sekiro.
O vento soprou, levando consigo o cheiro de pólvora e sangue enquanto o silêncio voltava a reinar na floresta. Sekiro permaneceu imóvel por um breve instante, o olhar distante, como se refletisse sobre algo que apenas ele entendia.
Anko observava Sekiro enquanto ele se perdia em pensamentos, sua expressão revelando uma confusão interna. Para ela, era difícil entender como alguém que parecia tão jovem e que, pelo menos em aparência, não havia passado pela guerra, pudesse carregar uma carga emocional tão pesada.
Mas não era seu lugar questionar isso, se Sekiro diz que está bem, então isso já basta para ela.
Com a ameaça neutralizada, o grupo continuou sua viagem para terminar a entrega.
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