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Escuridao

Escuridão - Cap 03

Escuridão.

De primeira mão apenas um vazio sem fim composto pela mais densa e gelada escuridão

pode ser visto. Mas se nos aprofundarmos nesse vazio veremos que entre a solitária

escuridão estão centenas de milhares de corpos humanos caindo sem parar em direção ao

mais profundo dos abismos.

Os únicos sons que podem ser ouvidos são os gritos de agonia e sofrimento daqueles que

perderam sua sanidade para o abismo.

"Quanto tempo já se passou, anos, décadas? Não muito mais" Entre os milhares de corpos

humanos caindo sem nenhum destino, um deles se destacava já que, diferentemente de

seus companheiros, mesmo caindo por mil anos seguidos ainda mantinha o que restou de

sua sanidade de certa forma intacta.

Este especial corpo humano era de um idoso que tinha uma composição física antiga e

desnutrida, tendo a maioria de seus ossos aparentes pela fome que o consumia por tanto

tempo. Além disso, ele também tinha olhos negros como o próprio abismo e um cabelo

branco longo. Por fim, em sua característica mais marcante, este antigo homem vestia o

que aparentava ser uma rasgada e desbotada roupa de hospital.

"O que eu fiz de tão ruim para ser jogado nesse inferno?" Era a pergunta que o homem fazia a si mesmo todos os dias, mas como de costume, ele nunca achou a resposta.

Este idoso não se lembrava muito sobre si mesmo ou seu passado, mas ele se lembrava de

um acontecimento específico. Mesmo passando-se mil anos ele ainda lembrava de sua

última visão antes de cair no vazio que hoje se encontrava. Em outras palavras, ele se

lembrava daquele maldito deus.

Aquele maldito corvo humanoide que arrancou seu coração e que alegremente o deixou

para cair eternamente na escuridão sem fim. A cada minuto naquele vazio o homem se

lembrava daquela criatura, e a cada vez que se lembrava dele, um ódio descomunal enchia

seu corpo.

Ele odiava aquele deus com todas as suas forças, um ódio tão grande que seu maior

entretenimento naquele vazio era se imaginar torturando aquela criatura de todas as formas

possíveis. Nesses mil anos ele já tinha pensado em milhares de formas de acabar com a

vida do corvo, separando elas entre as menos e mais dolorosas na esperança de um dia

poder usá-las fora de seus pensamentos.

Mas mesmo que um pouco contraditório, a única coisa que ainda o deixava sã nesse

abismo sem fim era este imenso ódio que sentia pela criatura que o colocou lá, sem ele o

homem já teria perecido a loucura a muito tempo.

"Quando eu sair daqui vou fazer você pagar seu filha da puta" Pensava o idoso relembrando o quem o trouxe ao vazio que habitava já por muito tempo.

"- HAHAHA, sim, sim eu vou te matar seu cuzão." Dizia a si mesmo o homem.

"- Nem que eu tenha que subir o próprio inferno eu vou achar você e tirar esse seu maldito

sorriso do seu rosto!" Gritava ele para si mesmo se perdendo em sua própria fúria.

"- Ria enquanto pode corvo maldito, por que quando eu te achar eu vou arrancar cada

membro do seu corpo e deixa-lo sangrando até morrer naquele deserto, HAHAHA!" Perdido

em seus pensamentos mais profundos, o idoso acabou não percebendo uma pequena, mas

importantíssima mudança no vazio em que se localizava.

Entre a gélida escuridão, pela primeira vez em mil anos, um pequeno feixe de luz apareceu e começou a esquentar aquele ambiente. Era quase imperceptível, mas significava que

finalmente depois de cair por tanto tempo, aqueles infelizes corpos humanos estavam

chegando em algum lugar.

Em poucos segundo o feixe começou a aumentar drasticamente como um buraco sendo

feito entre a escuridão, o que finalmente despertou a atenção do nosso protagonista.

"Isso é luz? Pera como tem luz aqui?!" Impressionado e emotivo, o homem começa a

lacrimejar por ver algo que não via há tanto tempo.

"- É mais lindo do que eu lembrava..." Falou ele em um tom baixo com lágrimas saindo de

seus olhos.

"Este calor... realmente é diferente sentir na pele" Pensava alegremente o agora idoso sentindo um calor que quase nem mais se lembrava.

Mas antes que ele pudesse refletir mais sobre o acontecimento, em um piscar de olhos,

todos os seus arredores mudaram. O que antes era uma escuridão sem fim agora era um

céu vermelho e preto com uma quantidade infinitas de corpos caindo em direção ao que se

parecia com um local muito parecido em com a Terra, mas diferentemente da mesma, esta

nova paisagem era coberta por oceanos de lava, cadeias montanhosas imensas e vulcões

que nunca parava de explodir soltando fumaça incessantemente.

Além disso este lugar tinha um solo árido com cores quentes puxadas para o vermelho e

preto, explosões ocorriam em todas as partes e podiam ser ouvidas mesmo quilômetros

acima do chão. Gritos e sons macabros podiam ser ouvidos de todos os lados, o que

deixava o cenário cada vez mais estranho e sinistro.

"- Puta merdaaaaa!" Entre estes corpos que gritavam de desespero estava o de um homem

bem familiar, o qual mesmo sem entender nada do que estava acontecendo e estando

assustado por estar caindo do céu em um lugar nunca antes visto, ainda assim, levava

consigo o mais alegre sorriso por ver que finalmente tinha escapado da escuridão gelada e

solitária que o cercava por tantas décadas.