Um Pesadelo Também é um Sonho (2)

Ela e Myrtle tinham aprendido isso em suas vidas anteriores, mas Myrtle era mais forte do que ela no aspecto físico. Essa habilidade que ela desenvolveu foi completamente perdida depois que se casou com Alistair, e sua resistência diminuiu ao longo dos anos.

Se os pais de Adrienne soubessem o que ela estava fazendo, eles se oporiam. No entanto, como seu pai não tinha um pingo de cuidado com ela e sua mãe estava em coma profundo, Adrienne só podia contar consigo mesma para proteção. Ela conhecia o básico, mas seu corpo precisava de força e resistência para utilizá-lo.

Amadores eram ensinados a se concentrar em habilidades básicas de boxe já que a maioria das pessoas encontra intuitivo golpear usando as mãos. Iniciantes também aprenderão como dar jabs, cruzados, ganchos e coberturas básicas de frente e de lado para defesa. Isso era o suficiente para Adrienne por enquanto. Ela não precisava usar habilidades complicadas para subjugar essas garotas arrogantes.

"Isso não é verdade, irmãzinha." Ela disse com um sorriso sarcástico antes de dar um tapa na primeira garota. A garota segurou sua bochecha e olhou para Adrienne com incredulidade. Ela fez Adrienne lembrar daquelas jovens mimadas de outras famílias abastadas que nunca experimentaram amargura na vida.

As outras três entraram em fúria e atacaram Adrienne simultaneamente. No entanto, seus movimentos eram fáceis demais para Adrienne ler. Ela recuou, desviou e deu um tapa forte nos pulsos das garotas. Adrienne atacou elas de volta quando elas queriam bater nela por defender Samantha, mirando em seus pontos fracos. Não demorou muito até que as quatro garotas se encontrassem espalhadas no chão, contorcendo-se de dor.

Adrienne voltou ao beco onde Samantha havia sido espancada anteriormente. Ela pegou um cano de metal tão largo quanto seu braço e testou seu peso na mão antes de retornar para as garotas. As quatro garotas ficaram atônitas ao vê-la vindo atrás delas, o medo estampado em seus rostos.

"O que você acha que está fazendo?!" Gritou a líder do grupo. "Não é da sua conta o que fazemos com Samantha Qin! Mesmo que a matemos, as autoridades não nos responsabilizarão!"

Ela bateu no peito com o punho, seu rosto se contorcendo em um de desespero, mas ela parecia patética aos olhos de Adrienne.

"Nós ainda somos jovens e os adultos acreditariam e nos dariam uma chance de nos arrepender! Até chegarmos à maioridade, ninguém pode nos perseguir! Mas você?" Ela riu. "Meus pais podem te processar por agressão! Samantha Qin não tem ninguém para defendê-la. É culpa dela ter nascido como filha de uma amante!" Ela continuou, apenas alimentando a raiva de Adrienne em relação a elas.

Então a lei as impedia de serem responsabilizadas pelas maldades que cometeram? E quanto àqueles que escolheram acabar com suas vidas porque não conseguiam mais aguentar? As vidas deles não eram tão valiosas quanto as daqueles que os intimidavam?

Enquanto seus agressores continuavam suas vidas e continuavam a prosperar, suas vítimas ficavam com uma cicatriz profunda que teriam que suportar pelo resto de suas vidas. Essas garotas ainda eram jovens, e já estavam se excedendo no poder. Esse tipo de atitude poderia causar danos irreversíveis a vidas inocentes.

Se Adrienne não tivesse encontrado Samantha hoje, a pobre garota terminaria sua vida tragicamente? Mesmo que os parentes de Lennox Qin não fossem atrás de Samantha, quais seriam as chances de a garota não tirar a própria vida depois de todo o sofrimento que passou?

Mesmo que Samantha escolhesse denunciar essas valentonas, Adrienne sabia que os pais dessas garotas apenas arrastariam o caso até a hora deles se formarem, o que significava dar um beijo de adeus em suas maldades. Também não ajudava o fato de que, enquanto a disputa estava em andamento, as vítimas e os agressores, muitas vezes colegas de classe, permaneciam na mesma sala de aula sem qualquer separação, o que adicionava ao tormento das vítimas.

Obviamente, a lei perdia algumas brechas. O bullying escolar permanecia desenfreado e continuava a aumentar ao longo dos anos. Se a lei ou o céu não pudessem ajudar alguém como Samantha, então Adrienne assumiria o assunto com as próprias mãos.

"Como irmã mais velha de Samantha, você acha que vou permitir que alguém a intimide na minha frente? Ela pode ser uma filha ilegítima, mas não se esqueça que ela ainda é uma Qin. Como ousam umas escórias como vocês pensarem que podem intimidar um membro da família Qin e sair impunes? O sobrenome da sua família é tão grandioso quanto o dos Qin, hmm?"

Adrienne arrastou a ponta do cano contra o pavimento de concreto, o som enviando calafrios pelo espinhaço das garotas. Elas estavam acostumadas a serem as chefes, então nunca pensaram que um dia se encontrariam na posição de Samantha.

As três garotas assistiram em horror enquanto Adrienne chutava a líder no peito e balançava o cano de metal em direção à amiga delas. O som estridente ressoou pela área, seguido por um silêncio ensurdecedor.

"Oh? Eu errei?" Adrienne falou friamente com um riso, olhando para a garota sob seu pé com diversão. "Eu estava mirando em quebrar sua mão."

Então ela sorriu, exibindo seus dentes perfeitamente brancos. "Talvez eu devesse atingir o seu rosto bonito. Um rosto tão bonito não combina com seu coração podre e boca fedida."

"Não… não… por favor…" A garota começou a chorar histéricamente. Se ela soubesse que algo assim aconteceria, não teria mexido com Samantha Qin. Quem no mundo era essa mulher?

"Irmãzinha, o que você disse antes é verdade. Você ainda é jovem, cheia de sonhos; daí você acha que nossos mais velhos não vão responsabilizá-la por suas maldades. Mas você sabe, mesmo que não seja eu, sempre haverá alguém lá fora mais poderoso do que você? Se você é tão arrogante por causa de seus pais, eles poderiam ser o alvo em vez disso. Você acredita que eu posso escapar mesmo se eu quebrar cada osso do seu corpo hoje à noite? Sabe por quê? Porque eu tenho mais recursos e influência do que você. Eu posso tornar sua vida um inferno como você fez com a minha irmã mais nova."

Adrienne se inclinou para a frente, seu peso sendo suportado pelo cano de metal. Ela então sussurrou. "Sonhos se realizam, mas querida, você não está esquecendo que um pesadelo também é um sonho?"