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Vila Lopus

Em uma densa floresta, preenchida por uma grossa camada de névoa, havia uma vila pouco conhecida pelo resto do reino. Aqueles que a conheciam, a chamavam de a vila dos guerreiros lendários, pois, dessa mesma vila surgiram inúmeros homens e mulheres de grande poder que abalaram o continente com suas artes marciais.

Na vila Lopus havia pouco mais de 500 famílias, e todos sabiam ao menos defesa pessoal, esse era o nível mínimo para se poder viver ali. A floresta que cercava a vila estava quase o ano inteiro coberta de neve, fazendo com que a escassez de alimentos estivesse sempre presente.

Devido à escassez de recursos, os animais que viviam na floresta eram todos de grande poder, onde até mesmo os herbívoros eram agressivos e ferozes. Por esse motivo, poucas pessoas ousavam viver ali, e as que viviam, eram pessoas poderosas que sabiam muito bem como se defender.

Em uma cabana, um pouco afastada da vila, dentro de um quarto, havia um jovem rapaz que dormia tranquilamente como se não soubesse do perigo que aquele lugar representava para humanos.

Ele estava deitado em uma cama simples, feita de madeira e coberta com pele de animais e coberto por um confortável lençol de lã. O jovem era magro, com pele branca com um tom levemente avermelhado, tinha uma altura um pouco mais baixa do que as pessoas teriam em sua idade. Ele tinha longos cabelos loiros lisos que chegavam até o meio de suas costas. Apesar de não ter uma estatura elevada, seu corpo era esguio, com braços e pernas sem grandes músculos aparentes. Seu rosto era um tanto quanto afeminado, com traços finos geralmente vistos em meninas.

Ainda com olhos fechados, eram aparentes os grandes olhos do rapaz, com um nariz pequeno e boca bem desenhada. Em sua orelha esquerda havia um brinco em formato de pena de cor branca, a qual ia até à altura dos ombros.

Quando o rapaz abriu os olhos preguiçosamente, era possível ver que cada um dos seus olhos tinham uma com um de seus olhos era de um lindo amarelo cor de mel, que brilhava lindamente, enquanto seu outro olho era de cor violeta, que parecia brilhar com inteligência.

–Bell, eu sei que você está aí, se você não se levantar logo, juro que conto para a sua avó que você está fazendo corpo mole.– Disse um rapaz que estava do lado de fora da cabana de madeira.

Ouvindo essas palavras, Belionte sentou-se na cama ainda relutante, mas logo se deitou novamente. Com muito esforço, saiu da cama se arrastando, enquanto ia abrir a porta para o rapaz barulhento que perturbava o seu sossego.

O rapaz abriu a porta da pequena cabana, ainda com olhos sonolentos, enquanto levantava uma parte da sua camisa e coçava seu lado preguiçosamente.

– Caim, você precisa parar com essa mania de vir na minha casa de madrugada, sabe? Estou cansado da viagem e preciso de boas horas de descanso para manter a boa aparência. Ou você acredita que esse belo rosto é por acaso? – Perguntou Belionte com um tom irritado.

O rapaz que antes gritava na porta estava agora olhando para seu bom amigo Belionte, chocado com suas palavras.

–'Ele realmente se acha bonito?'– Se perguntou o rapaz olhando para os cabelos desgrenhados de Belionte e seus olhos com profundas olheiras.

–Primeiro, o sol já quase em seu ponto mais alto, não é madrugada, e segundo, você deve saber que o único motivo pelo qual a sua avó voltou para vila com certeza foi pelo torneio dos jovens.–

–E que raios de torneio é esse que assim que ela recebeu a mensagem me fez vir correndo? Sabe, a vila tem muitos jovens talentosos. Você é uma deles Caim, só não é mais que eu por conta dessa sua altura ridícula.–

Caim, o rapaz que veio chamar Belionte, completava 15 anos esse ano. Pelas leis do reino, ele já seria considerado um adulto. Caim tinha cabelos curtos negros como a noite e espetados. Ele era alto, com 1,80 ainda em sua adolescência. Seus olhos eram negros e pareciam penetrantes enquanto encarava Belionte. Ele tinha traços fortes com sobrancelhas da mesma cor que seus cabelos em formato de espada, e com todas as suas características em seu rosto bem marcadas.

–O grande dia chegou Bell! Esse é o torneio que definirá os jovens que poderão sair da vila e representar a vila Lopus perante todo o reino!– Disse Caim com os olhos cheios de emoção e antecipação.

–Oh? Então, quer dizer que esse torneio finalmente chegou. Bom, boa sorte. Não posso participar e você deve saber. Ainda tenho 12 anos e estou longe da maior idade. Torcerei por você, adeus!– Disse Belionte com um leve sorriso enquanto fechava a porta.

Belionte já pensava em suas cobertas e no longo dia de sono que lhe aguardava. No entanto, parecia que Caim não concordava com seus planos enquanto com uma mão e sem o menor esforço, abriu a porta e entrou. Belionte fez uma careta e já preparava seus xingamentos quando algo que era sempre aterrorizante para ele foi dito.

–Foi exatamente por isso que vim. Sua avó falou com o chefe da aldeia e ele está esperando para ter uma conversa com você sobre o torneio.

Belionte arrepiou-se da cabeça aos pés sabendo que sua avó tinha se metido nesse torneio.