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Harry Potter em Changed Prophecy. -- Livro 01

Harry Potter, o-menino-que-sobreviveu! Após a derrota humilhante do Lorde das Trevas mais temido e poderoso das últimas eras, Voldemort, ou melhor, dizendo: aquele-que-não-deve-ser-nomeado. Os bruxos acabaram por se reunir por todo o país oferecendo brindes e celebrações ao herói e salvador da guerra, Harry Potter, tal criança que teve a enorme dádiva de ricochetear um feitiço mortal vindo diretamente do lorde das trevas, um fato nunca antes feito. Tal dádiva havia deixado o usuário incapacitado ou até morto, o importante de tudo era que enfim estavam livres da era das trevas, livres do medo de serem pegos em uma guerra entre bruxos e comensais da morte. Todos festejavam alegremente e imaginavam que tal garoto cresceria forte e saudável como uma criança normal, o que ninguém sabia era que longe dali, Albus Percival Wulfric Brian Dumbledore acabara de entregar tal criança a um lar de dor e sofrimento que o formularia em alguém nada imaginado por seus fás ou seus guardiões, fazendo assim as linhas que tecem o destino serem alteradas para algo nunca antes visto ou previsivelmente traçado.

zBloodDemon · Anime et bandes dessinées
Pas assez d’évaluations
18 Chs

O-Vidro-Que-Sumiu.

Quase dez anos haviam se passado desde o dia em que os Dursley acordaram e encontraram o sobrinho no batente da porta aconchegado em uma cesta de frutas empacotado em um cobertor magicamente aquecido, tendo consigo somente uma curta carta informando-os sobre toda a tragédia e suas novas obrigações forçadas para com o garoto e sem chances de devolução da mercadoria, pois nenhum deles sabia a quem recorrer.

Porém, a Rua dos Alfeneiros não mudara em praticamente nada. O sol nascia para os mesmos jardins cuidados e iluminava o n.º04 de bronze à porta de entrada dos Dursley, e penetrava sorrateira a sala de estar, que continuava quase igual ao que fora na noite em que o Sr. Dursley ouvira a funesta notícia sobre as hordas de corujas e esquisitices ocorrendo entre a madrugada da queda do Lorde das Trevas e o restante de um dia tão marcante e importante, porém que estava oculto da compreensão deles.

Somente as fotografias sobre o console da lareira mostravam o tempo que já passara. O que antes aparentava ser mais uma família comum, saudável e bem-sucedida, hoje aparentava completamente o contrário. Válter, que antes era alto e robusto como um atleta de boxe, hoje substituíra todo seu tamanho e dobrara isso em gordura. Petúnia aparentara envelhecer bem mais que sua idade apresentava, e a figura outrora semelhante a de uma modelo, substituída agora por uma repleta de amargura, inseguranças e inveja, isso com base em suas feições severas a todo momento nas fotografias, e o que antes era uma bolinha colorida amontoada num monte de roupas, hoje crescera em um garotinho robusto que aparentava seguir o caminho do pai.

 

E de todas as fotografias em família, apenas em uma tinha uma figura diferente, nela estava uma criança baixinha e rechonchuda com ambos os pais ao lado… e um pouco mais distante, um adolescente portador de um par de óculos arredondados com misteriosos e cativantes olhos esmeralda.

Era estranho, pois de todas as fotos, essa era apenas uma das quais o adolescente estava presente, sendo tal garoto: Harry Potter, ou mais conhecido: O-Garoto-Que-Sobreviveu, logicamente que isso não havia chego a seus ouvidos, porém era notável que Duda mostrava grande felicidade por estar ao lado de Harry em tal fotografia, muito diferente dos outros dois adultos que aparentavam se prostrar a contragosto na presença de uma criança de quase onze anos, mas de estranhamente aparência amadurecida e quase formada na de um adulto.

 

 

Deixando isso de lado, situado em um dos armários de despensa da residência dos Dursleys, Harry Potter acabara de acordar com os gritos estridentes de sua tia que não media modos de incomodá-lo logo cedo:

 

- Acorde! Levante-se! Já! - Petúnia exigiu com sua voz extremamente irritante quase gritando do outro lado da porta.

 

 

E para sua surpresa, Harry Potter já estava acordado e devidamente vestido quando abrira a pequena porta e se esforçara para sair dali, ela ainda não acreditava em como o garoto amadureceu aceleradamente nos últimos quase quatro anos, pensava que dando menos comida para ele iria lhe fazer parar de crescer tão depressa, porém isso se mostrou inútil devido ao mesmo alcançar uma altura de um metro e oitenta centímetros aos dez anos, com uma fisionomia muscular definida que o mantinha com uma bela aparência, estando no ponto ideal acima de uma musculatura admirável e abaixo de um atrofiamento exagerado como muitos fisiculturistas adoravam expor-se em torneios de tal categoria, com cabelos curtos e um pouco bagunçados, óculos redondos situavam-se em seu rosto e o mais marcante, um estilo de cicatriz em forma de relâmpago se situava escondida pela franja em sua testa, algo como se parecesse uma cicatriz recente, porém que já existiam fazia quase onze anos, com um leve acréscimo de uma barba a se fazer que ele sempre visava cuidar antes de sair para suas obrigações.

 

 

- Bom dia, não é? - Harry anunciou com um sorriso, mas era notável em seus olhos esmeralda que ele não queria em nada estar na presença incomoda da mulher. Isso era completamente normal, mesmo sendo alvo de todo o preconceito e humilhação de tal residência, sempre decidira tratar falsamente as pessoas bem e se manter quieto sobre seus problemas a fim de não piorar sua situação. Algo que com certeza irritou a seus parentes por serem um dos poucos a notarem seu sorriso ser falso e seu sarcasmo presente naquele olhar brilhante que mais pareciam exalar puro poder oculto, mas que atualmente de nada podiam fazer com certas mudanças em seu estilo e atitudes dos últimos anos.

 

 

- Bem! Ande depressa, quero que você tome conta do bacon. E não se atreva a deixá-lo queimar… quero tudo perfeito no aniversário de Dudinha. - Petúnia exasperou-se depressa enquanto subia para se aprontar, não aguentando nem ao menos estar na presença do conhecido peso morto da família, que era alvo de fofocas sobre ser algum tipo de marginal valentão, quando em nada isso refletia a sua verdadeira personalidade.

 

 

- "O aniversário de Duda, não é?… Espero que goste." - Harry pensou em um suspiro cansado da atitude medíocre de sua tia, retirando no processo uma pequena caixa de cima de uma mesinha colada à cama que eram seus únicos pertences de tal "quarto", e assim andou apressadamente em direção à cozinha, onde os bacons estavam fritando ao ponto certo. Para ele seria mais do que fácil deixar tudo queimar e estragar o dia dos dois adultos inúteis, porém em si Harry não era mal, onde visara se conter por ao menos ter alguém com quem ele se importasse na casa.

 

 

Meio complicado chegar ao fogão devido aos números incontáveis de presentes, tinha de todos os tamanhos. Pelo que via, Duda ganhara o novo computador que queria, para não falar na segunda televisão e na bicicleta de corrida. Para o quê, exatamente, Duda queria uma bicicleta de corrida era um mistério para Harry, porque Duda era um pouco rechonchudo e detestava fazer exercícios, a não ser, é claro, quando Harry saia para correr antes do amanhecer e Duda às vezes insistia em segui-lo, fazendo assim Harry dobrar sua rotina para o garoto abrir a mente e se preocupar mais com sua saúde, forçando-o mesmo inconscientemente a praticar longos exercícios sem ao menos se ligar em tal questão.

Algo que no fim Harry o parabenizava com um pequeno doce de uma padaria, parecendo mais que ele domesticava um cãozinho por dar a pata e rolar, elevando de tal forma a fúria de seus tios ao extremo em verem tais cenas matinais.

Mesmo Harry sendo discriminado dentro de sua própria casa e hostilizando ao ponto de ter que dormir em um apertado armário de vassouras empoeirado embaixo das escadas, o mesmo trajava vestes boas e comuns como as de um adolescente, eram poucas, porém de qualidades… algo que com certeza não foi vindo por parte de seus tios, isso devido à aparência de Harry, na qual foi obrigado a arrumar um emprego e se sustentar nos últimos quatro anos, claro que ele recebia comida em casa, mas se dependesse daqueles dois acabaria morrendo de fome pelas quantidades ínfimas comparada as porções que todos comiam esfomeadamente, tudo isso, pois eles se negavam a sustentar um adolescente que poderia muito bem se virar sozinho ao invés de ser um peso morto indesejável na "considerável moradia natural dos Dursleys".

 

Sem nenhuma escolha, um Harry do passado que completara sete anos teve que procurar emprego no centro da cidade, procurou em lojas, restaurantes, bares, escritórios, supermercados, postos de gasolina, porém o único local que o aceitou de acordo com suas pouquíssimas capacidades em currículo devido à ainda ser um jovem, foi o zoológico central da cidade, e até mesmo Harry desconfiara de que algo estava muito estranho lá, pois no dia da entrevista o gerente mostrava ceticismo e até sarcasmos perante as informações de um garoto de sete anos com aparência de adolescente e sem nenhuma qualificação no currículo pedindo um emprego, mas que quando o Potter desejou muito para si que fosse contratado sabendo que voltar de mãos vazias seria mais uma seção de surras em casa, o gerente de tal local lhe pareceu levemente entorpecido com o olhar vidrado no garoto, como se algo o mantivesse totalmente relaxado e maleável que Harry até desconfiara, mas no fim o Potter abandonara todos seus temores e divagações de lado quando o homem realizou sua contratação imediata e ainda estranhamente lhe implorou a aceitar um mês de salário adiantado para que imediatamente começasse a trabalhar.

Algo muito estranho, é claro. Mas se arrumar um emprego e ainda poder retornar já com um salário na carteira era o que ele recebera, era melhor do que sofrer as consequências em casa e Harry em nada quis contestar sua "sorte".

Junto a isso, Harry estudava no mesmo colégio de Duda no período matutino, almoçava em uma lanchonete as 12:00 sem interferência dos Dursleys que sempre implicavam com o mesmo, entrava no serviço as 13:00, tinha uma hora de intervalo a partir das 16:00 na qual ele gastava perto das jaulas dos répteis onde se tornara uma rotina a pedido de seu chefe que sempre notava as cobras se tornarem extremamente mansas em sua presença, assim finalizando seu expediente as 21:35 com uma rotina incrível de seu chefe sempre olhando para ele como se fosse um subordinado do garoto, mas que no fim Harry sabia bem fingir ignorar a fim de não testar a sorte que tinha e vendo que seu chefe sempre parecia retornar a normalidade quando ele se afastava, de nada iria tocar no assunto que até o momento não machucara ninguém.

 

No zoológico era encarregado especificamente da limpeza das gaiolas e alimentação dos animais na seção cinco, o porquê disso? Pois simplesmente todos os animais detinham de um grande afeto com o garoto, principalmente os répteis de tal setor que só passaram a aceitar serem alimentadas pelo jovem e atacavam hostilmente qualquer outro funcionário que tentasse algo com elas. Sendo esse um dos motivos que Harry acreditava ser um funcionário permanente no serviço até hoje, independentemente de suas faltas de registros e certidões afirmando quem ele realmente era, o mesmo também estranhava os baixos sussurros a sua volta sempre que ia em tal setor, porém que também não tentara se aprofundar desde que aprendera desde cedo a não contestar muito sua sorte ou ela podia se irritar e virar o mundo contra ele.

 

A vida do garoto era bem corrida, diferente de poucos anos atrás, antes de seus sete anos e quando ele ainda não tinha seu metabolismo acelerado de um adolescente, portando uma aparência baixa, anêmica, franzina e submissa na de uma criança abusada, isso é claro na época de um evento onde ele fugia de seu primo no estado imbecil dele e dos capangas gorduchos que lhe seguiam em um jogo chamado de: Caça a Aberração.

Uma época que principalmente ele nem sabia que seu nome era Harry, desde que só o chamavam por fracassado ou até aberração maldita.

Essa época em questão, foi que ele começará a desconfiar de certas coisas a seu redor, pois um dia estava fugindo desesperadamente dos valentões, repleto de lágrimas nos olhos e um desespero crescente em seu interior, e no próximo segundo onde piscara, se situava no mais alto telhado da escolinha após sentir ser puxado velozmente pelo ar como se incrivelmente voasse, mas que não vira nada. Algo é claro que seus parentes descobriram quando os funcionários o encontraram-no, assim lhe dando uma grande detenção e bronca aos Dursleys, e assim ele passara a sentir certo receio por ser "diferente", com base no que seus parentes afirmavam após uma longa e tortuosa seção de "educação".

Ato que consistia em seu tio lhe açoitando com um cinto pelo lado do fecho de ferro e sua tia com uma vara de planta com grandes espinhos até a inconsciência, marcando assim muitas vezes suas costas e tórax com dezenas de cicatrizes dolorosas em seu frágil e franzino corpo.

 

Era uma rotina esse sistema de surras que seus parentes afirmavam ser uma forma de educá-lo para o "bem maior", seja quando teve tal incidente do telhado, ou quando sua tia tentou domar seu cabelo deixando-o extremamente curto e quase careca em certas partes com outras longas e bagunçadas, mas que no dia seguinte já se encontrava novamente no padrão normal, ou quando eles notaram que seu corpo em si não mantinha as cicatrizes de suas seções de "educação", assim aumentando suas seções até o ponto que encontraram conseguir manter as cicatrizes marcadas de dezenas de maneiras diferentes para que "aprenda de uma vez a ser normal".

Nessa mesma época foi que Harry mudara permanentemente seu intelecto, isso após ele ser abandonado por seus tios assim passando fome e tendo de se humilhar para conseguir algo de latas de lixo atrás de restaurantes, com dia após dia ele sentindo que podia realmente morrer… em meio a isso em mais uma de suas aventuras de sobrevivência noturna em busca de um jantar, uma mulher se dispôs de ajudá-lo quando o encontrou anêmico em um beco escuro, tal mulher que agia como ele nunca havia visto: O encarando com um olhar extremamente estranho e um sorriso arrepiante, mas que ele já não sabia ao que fazer para poder se alimentar, assim aceitando tal ajuda.

O que marcaria a vida dele para sempre, pois a partir disso na visão de seus parentes que retornaram de viajem de férias e não um abandono, o encontraram com um metabolismo aprimorado nessa aparência madura quase como a de um adulto, sua personalidade se fortificou deveras independente, ele aparentava estar mais focado e com uma frieza inabalável para com todos caso examinassem profundamente seus olhos, foi uma época em que ele entrará na escolinha, que ele descobrira enfim seu nome através da chamada de presença da classe, uma época que se passava lentamente, porém seu corpo acelerava seu crescimento absurdamente, até mesmo em tais ocasiões os professores indicavam o garoto a pular algumas séries, pois junto a seu metabolismo acelerado ele descobrira uma capacidade incrível de nunca esquecer aquilo que lia, via, escutava ou sentia, porém, que ele se negou de forma irritada com estar sendo notado por isso, e continuou tentando ser um "garoto normal", algo exigido por seus parentes que sempre estavam prontos para "educá-lo fisicamente", agora que acreditavam nele aguentar as surras e elas poderem ser intensificadas para o bem maior.

Tudo isso que ocorria a ele, o fez ter mais atenção dos parentes, junto a tal veio o maior ódio e hostilização quando a forma de "educação" dos mesmos visou se fortificar com surras maiores, humilhações prolongadas quando a irmã de Válter visou entrar no meio, seja com queimaduras de cigarro em seus braços, mordidas de seu cachorro demoníaco em suas pernas, ou qualquer coisa que eles quisessem devido a talvez seu dia ter começado ruim ou que não gostaram de como a "aberração" andava, olhava, respirava, falava, tudo ao ponto dele próprio passar a sentir raiva e ódio de si por ser diferente e tudo somente ferrar com a vida do mesmo, no qual somente queria viver em paz sem atenção de nada e de ninguém.

 

Foi uma época em que sua personalidade estava se tonando mais dominante e certos ocorridos que seus tios não sabiam, o afetavam furiosamente a respeito "daquela mulher", e ele sendo mais curioso e com falta de medo a seus tios a cada seção de educação superada, pois realmente até já se acostumava com esse tipo de "vida", optou por perguntar para seus tios o motivo de seus pais nunca estarem com ele, o abandonando ali naquela maldita casa.

Para choque dele: eles simplesmente jogaram na cara da criança de aparência madura que ambos foram mortos em um acidente de carro, isso, pois eram igualmente aberrações anormais, sendo o pai um desempregado, bêbado e vagabundo, junto a mãe prostituta e sem valor na qual devido a mesma "esquisitice" de Harry, não conseguirá nada na vida e agora estava enterrada em Godric's Hollow, algo localizado no sudoeste da Inglaterra e que se fixará completamente em sua mente como um objetivo único a ser alcançado.

 

Junto, é claro, tal ocorrido que novamente serviu para Harry inconscientemente se frustrar e odiar parcialmente o que quer que existisse dentro dele para ser tratado de, tal forma, tendo dessa forma medo de que essas "esquisitices" dele, realmente o faria ser morto igual a seus pais, sem descobrir sobre suas raízes ou finalmente sair da prisão infernal que era essa casa.

E após isso, o resultado de tudo que vinha tendo na época em que ele ainda estava crescendo absurdamente e algo em seu interior realizava o primeiro ciclo de amadurecimento, o tornou alguém sério, de poucas palavras e só mostrava algum sorriso para pessoas de sua confiança ou até sorrisos falsos para os que ele não gostava, o que na real só eram falsos desde que ele não confiava em ninguém. Sempre que via seus parentes, parecia que uma chama de puro ódio se acendia dentro de si com seus olhos brilhando inconscientemente e que lhe rendiam mais surras, junto ao mesmo momento que ele se culpava pelo fato de não ser "normal" como deveria ser, querendo muito que todas as esquisitices ao seu redor parassem de ferrar com sua vida, mal sabendo ele que tais pensamentos, ódio para com si e descarte de emoções, só estavam servindo para mesclá-los unicamente em um ponto profundo de seu ser junto a qualquer "esquisitice" dele que somente era retraída e não amadurecida naturalmente, sempre assim evitando tocar ao mesmo e lhe fornecendo uma minúscula fração do que poderia alcançar em tal idade e se acumulavam ao longo dos anos um dia podendo explodir numa mistura condensada de emoções negativas e poder de sua conhecida "esquisitice que o tornava em uma verdadeira aberração".

 

Assim, deixando esses pensamentos de lado quando mais uma vez sentiu-se segurar firmemente o cabo da frigideira ao ponto de quase parti-la ao meio enquanto rangia os dentes por perder tempo se recordando da merda de sua vida, Harry se focara em terminar de preparar a comida, suspirando assim quando ele pensou em sua esquisitice e visou concentrá-la no que era um método de calmante mental próprio dele, descartando toda negatividade e impondo um sorriso mínimo e falso em sua face, podia odiar tal esquisitice e como ela sempre lhe ferrara em vida, mas se já estava tudo na merda, porque não usar e abusar dela quando poderia realmente manipulá-la para se livrar de seu ódio, raiva, rancor, e qualquer emoção inútil que ele não precisava? Pois hoje sendo sábado, teria que entrar no serviço as 08:00 e não queria estragar todo seu dia pensando na desgraça que era sua vida e no fim do dia somente se amargurar com um pensamento de que realmente nunca iria sair dali, morrendo assim sozinho e amargurado por não conseguir nada de valor em sua curta vida, mas, ao mesmo tempo, fodidamente amaldiçoada por sua tão aclamada esquisitice.

 

 

[ ... ]

Harry estava fritando os ovos quando Duda chegou animadamente à cozinha com a mãe. Duda se parecia muito com Válter. Tinha um rosto grande e rosado, pescoço curto, olhos azuis pequenos e cabelos louros muito espessos e assentados na cabeça enorme e densa.

 

 

Harry pôs os pratos de ovos com bacon na mesa, o que foi difícil, pois não havia muito espaço. Entrementes, Duda contava os presentes e aparentou ficar desapontado:

 

- Trinta e Seis? - Disse, erguendo os olhos para o pai e a mãe. - Dois a menos do que no ano passado. - Duda continuou escandalosamente.

 

 

- Querido, você não contou o presente de tia Guida, está aqui debaixo deste grandão do papai e da mamãe, está vendo? - Petúnia tentou explicar como se fosse o garoto quem ditava as ordens da casa ao invés dos adultos.

 

 

- Está bem, então são trinta e sete. - Respondeu Duda ficando vermelho. Harry, percebendo que Duda estava preparando um enorme acesso de raiva ao estilo de seus tios, resolveu dar logo seu presente de imediato.

 

 

- Aqui! Não se compara aos presentes que seus pais te dão, mas deve servir para alguma coisa. - Harry disse ao garoto com um olhar frio de aviso: que era melhor ele não fazer birra ou a coisa iria ficar feia, isso enquanto entregava uma caixinha embrulhada para o botijãozinho de aparência extremamente alegre agora.

 

 

- Obrigado, primo! - Duda disse enquanto abraçava Harry. Ou pelo menos tentava, pois o garotinho rechonchudo se agarrou as pernas do outro de mesma idade, porém de altura deveras maior que o olhara, estranhamente tendo um sentimento incomodo por esse contato repentino quando ele desprezava qualquer contato humano, algo que ele em si nunca recebera positivamente em vida. Mas querendo aproveitar a oportunidade, Harry fez um leve afago nos cabelos louros do garoto e olhou para Petúnia como se ele estivesse cuidando de um cachorrinho dócil, o que com certeza deve tê-la deixada muito puta da vida com base em sua expressão, elevando ainda mais o brilho sádico e esmeraldas presentes na face do Potter.

 

 

Sim, Duda não era nenhum pouco ignorante com o Potter, isso, ao menos isso nos últimos tempos, pois uma vez Duda tentou fazer birra para cima dele e de seus pais antes dos nove anos. Os Dursley não conseguiam o controlar e todos a sua volta já estavam de saco cheio disso, isso até Harry simplesmente acertar um forte tapa no rosto rechonchudo do garoto, era notável toda a irritação do Potter naquele momento, e o alvo principal disto era por essa birra quando recebia tudo de todos a sua volta, causando certas lágrimas no menininho e fúria nos Dursley.

 

 

{ Era Passada }

- Dudinha, querido, fique em silêncio, nós iremos comprar seu sorvete mais tarde. - Petúnia tentava dizer, porém, o garoto continuava esperneando grotescamente, causando certos olhares de repulsa por parte das outras pessoas.

 

 

Duda que estava chorando e fazendo birra, parou com isso ao ver Harry se aproximar enquanto saboreava um sorvete de leite condensado, como ele sabia que Harry trabalhava, com certeza o forçaria a gastar seu dinheiro todo com sorvetes para ele, desde como seus pais o tratavam e ele nunca reclamava, sendo na visão do garoto algo natural desde que eram os atos dos pais que principalmente moldavam aos da cria.

 

 

- Mamãe! Faça a aberração me pagar um sorvete. - Duda disse escandalosamente, porém o que seguiu surpreendeu todos a sua volta. Pois o Potter realmente não sentia mais uma sensação de apresso por consequências devido a praticamente descartá-la no fundo de sua mente durante anos, sendo tal: O Medo.

 

 

Harry simplesmente puxou o garoto e estapeou o rosto dele com força, causando certa vermelhidão e inchaço no local, sob atenção de todos que arregalaram os olhos e certa fúria no olhar dos dois Dursleys adultos.

 

 

- Escute seu moleque mimado! Pare de fazer birra, seus pais já disseram que irão comprar mais tarde, apenas cale a boca e espere ou não ganhará porcaria alguma. - Harry gritou se abaixando contra o garoto que tremia da cabeça aos pés, para surpresa e irritação dos Dursley, pois eles nunca conseguiam controlar seu filho, onde foi só a aberração chegar que conseguiu calar toda a situação ao verem o moleque rechonchudo de lágrimas nos cantos dos olhos, mas que em nada reclamara e se negava a começar um novo berreiro de choro.

 

 

Logicamente que tal ocorrido não seria esquecido pelos Dursleys mais velhos, pois ao Potter chegar em casa durante a noite após se separar deles cedo, Válter visara prensar fortemente Harry pelo pescoço contra a parede, a fim de sufocá-lo temporariamente, algo como aviso de sua "soberania na casa".

E o pior de tudo para o mais velho, foi ver o sorriso da aberração em tal situação, a porcaria do sorriso estampado em sua face quando só demonstrou um sarcasmo aparente naqueles olhos esmeralda, o desafio aparente de que ele só esperava para seu "querido titio" lhe dar um motivo para reagir fisicamente, onde sua face detinha da falta da emoção que Válter tanto adorava em ver no que antes era um garotinho assustado: O Medo.

 

 

- Que foi, Válter? Vai me bater? - Harry indagara sarcasticamente com sua pupila brilhando reluzentemente naquele tom poderoso de esmeralda, junto a esclera em um preto tão escuro que mais aparentava serem olhos demoníacos representados nas ficções cinematográficas. Algo que servira para o mais velho tremer na base e largar o garoto abruptamente. - Irei dizer uma única vez... - O Potter continuará levantando o dedo em aviso quando se aproximara e sussurrara no ouvido do homem mais velho. - Não me toque novamente... ou juro que irei usar essa belezinha que comprei para te "educar fisicamente" - Harry explicou em finalização com um sorriso falso e sarcástico no fim, onde só agora Válter virá que a aberração detinha de uma espada presa a uma bainha em suas costas. Algo que ele não compreendeu o motivo de não ter notado isso antes, mas que seu subconsciente captara perfeitamente o aviso de que podia ser fatiado ao meio se continuasse brincando com o perigo e que após anos de abuso, o Potter enfim desenvolvera uma espinha dorsal e retaliaria qualquer ataque físico.

 

 

Mal sabendo Harry que neste mesmo momento mais uma de suas "esquisitices" atuavam, com o tio do garoto prontamente afirmando velozmente com uma face irritada, porém aparentando recuar forçadamente para longe daqueles olhos malditos e aterrorizantes, indo ao caminho que seu instinto de sobrevivência o guiava: Para Longe do Perigo.

Pouco notando assim que Harry fora direto para seu quarto minúsculo e mofado situado abaixo das escadas em um armário de vassouras, e dessa forma ele batera as costas contra a porta quando a trancara para ninguém invadir e assim começara a soluçar silenciosamente com os olhos fechados, em uma sensação repugnante de não ser só alguém esquisito, mas sim agora provar a seus parentes que ele era uma espécie de aberração monstruosa e psicótica que ameaçava de morte o que deveria ser sua própria família.

Sabia que era errado, mas depois do que seu tio e tia vinham lhe fazendo, do que ele passara anos atrás quando aquela mulher alegara o ajudar em um estado deplorável para no fim ela fazer "aquilo", nunca mais ele queria se sentir fraco e fragilizado, submisso e com um sentimento de que o mundo todo estava conspirando contra ele, forçando-o a se tornar um adulto desde os atos repugnantes de tal mulher com uma criança, perdendo sua inocência antes da hora e a vida lhe derrubando sempre que fazia algo mínimo de errado e até mesmo que às vezes nem era sua culpa, forçando-o a comprar dessa forma algo perigoso no qual ele passaria a treinar e dignar todo seu instinto de sobrevivência e segurança para nunca mais se ferir perto dessas pessoas podres, ou ser ferido propriamente por elas.

 

{ Era Atual }

Desde esse dia em que Harry mudara permanentemente sua personalidade, seus parentes se afastaram ainda mais do mesmo, porém, em contrapartida, Duda mostrou uma grande admiração pelo mesmo assim se aproximando do Potter, ele se mostrava mais forte que todos a qual conhecia e tudo isso se tornava mais incrível com o decorrer do tempo para maior admiração do garotinho, onde Harry simplesmente ficou com uma aparência total de dezessete anos, ou até mais, pois sua musculatura crescera velozmente com base em seus treinos físicos e marciais, sendo que tinha quase onze anos e mesmo assim portava uma lâmina perigosa para todo lado, com estranhamente ninguém praticamente notar ela ali, ao menos exceto quando ele a empunhava e atraía bastante atenção, o deixando ainda mais com uma popularidade de delinquente e valentão da cidade.

 

 

Assim, dispersando novamente as inutilidades de sua mente, o Potter prontamente retirara qualquer emoção presente em sua face, com ela se tornando nula como a de um boneco de porcelana, assim ele se virara para o patriarca Dursley que acabara de descer as escadas:

 

- Válter, sei que não gosta de fazer favores para os outros e muito menos gosto de pedir, mas poderia me levar no zoológico, meu expediente começa em meia hora e já que vocês planejam ir lá comemorar o aniversário de Duda…, poderiam me dar uma carona enquanto termino de lavar tudo aqui? - Harry perguntou enquanto ia em direção à pia e começava a lavar as panelas e frigideiras usadas para preparo do gorduroso café da manhã.

 

 

O Sr. Dursley apenas respondeu com um aceno de mão e um múrmuro de desprezo, seguidamente de todos tomarem seus cafés e assim partirem em direção ao zoológico, onde três deles teriam um longo passeio em comemoração ao aniversário de Duda com seu amigo, e Harry iria para mais um dia de trabalho, sendo dessa vez desde cedo até a noite por ser fim de semana e um dos dias mais movimentados.

 

 

[ ... ]

Meia hora mais tarde, todos eles estavam em frente ao zoológico, Harry se prontificou em ir para a área dos funcionários, porém o Sr. Dursley o impediu quando apertara fortemente seu ombro:

 

- Estou-lhe avisando! - Disse, aproximando a cara grande e vermelha de Harry. - Estou-lhe avisando, aberração..., a primeira gracinha que fizer, a primeira esquisitice perto de nós, vai ficar preso naquele armário até o Natal.

 

 

- Não tente me ameaçar, Válter... - Harry respondeu friamente à Petúnia que era sua tia e os escândalos dela, porém esse cara era repugnante, só pensava nele mesmo e ainda se queixava de seu filho gostar do mesmo. - Cuide de seu filho e de seus negócios, me deixando em paz no trabalho, pois só estão aqui devidos a mim pedir para meu chefe permitir a sua entrada e daquele garoto mimado amigo do Duda, ou devo relembrá-los da bagunça que fizeram quando o imbecil decidiu invadir uma das gaiolas dos gorilas? - Finalizou o Potter continuando seu caminho, enquanto deixava seu tio de face extremamente avermelhada e furiosa para trás, mas que em nada podia argumentar a fim de evitar uma cena, pois realmente o amigo do Duda havia feito merda e fora Harry quem ficou ferido quando foi salvá-lo do ataque de um animal.

 

 

Mesmo com todos os acontecimentos acidentais envolvendo o Potter, Válter acreditava que nada iria dar errado em seu dia, estaria com sua esposa, seu filho e o melhor amigo dele no zoológico, passeariam pela cidade, comeriam incontáveis caixas de pizzas ao fim do dia enquanto assistiriam a seus programas favoritos de televisão, e no fim o peso morto da família só trabalharia e no fim do dia iria se excluir no que era seu quarto no armário de vassouras abaixo das escadas.

Já Harry, ele passou a maioria da manhã ocupado. Cuidou de andar um pouco afastado dos Dursley sempre que os via, de modo que seus tios não tentassem atrapalhar seu serviço em qualquer coisa.

Harry acreditava que tudo correria bem, estava almoçando no canto perto dos répteis que era o mais próximo da lanchonete, seus tios comiam diversos tipos de comidas diferentes no meio da praça de alimentação, Duda saboreava um sorvetão de diversos sabores, junto a seu amigo Piers, e também eles riam juntos como se aparentassem ser uma família normal.

Harry até sentirá um leve sentimento de ciúme quando vira tal cena que ele nunca participou e acreditava que nunca participaria, mas que tudo fora descartado quando ele se lembrara do lixo que era a verdadeira personalidade de seus tios e achava preferível tê-los como inimigos jurados, do que aliados que podiam atacá-lo de surpresa pelas costas. Fazendo-o se recordar de verdadeiramente nunca ter uma noite tranquila por esperar qualquer coisa que atacasse à noite, desde que sempre visava estar de guarda alta para qualquer perigo, sempre vivendo uma rotina preocupada, paranoica de alerta e vigilância constante perante tudo e todos a sua volta.

Assim, acelerando o término de seu almoço, Harry visara voltar seu foco ao serviço, desde que teria que alimentar os répteis, ou seja, a melhor função que ele poderia receber. Adorava os répteis por parecer que elas inteligentemente se comunicavam entre si, mas que também odiava ver tais seres aprisionados em gaiolas.

Do outro lado do zoológico, terminado o almoço, os Dursley decidiram visitar o alojamento dos répteis ao mesmo tempo que o Potter fora designado a tal. Era fresco e escuro ali, com quadrados iluminados ao longo das paredes. Por trás dos vidros, rastejavam e deslizavam em pedaços de troncos e em pedras todos os tipos de cobras e lagartos. Duda queria ver as enormes cobras venenosas e as grossas que esmagavam um homem por completo. Duda e Piers logo encontraram a maior cobra que havia. Poderia dar duas voltas no carro de tio Valter e amassá-lo até reduzi-lo ao tamanho de uma lata de lixo, mas naquela hora ela não estava disposta a fazer nada. Na realidade, estava dormindo nem ligando para todos que estavam ali.

 

 

Harry, que havia acabado de chegar à ala dos répteis, simplesmente pode perceber que seus tios e primo estavam se aproximando, assim antes dele pensar em algo, Duda se prontificou quando ele e seu amigo encostaram o rosto contra o vidro, observando as espirais marrons e reluzentes da cobra:

 

- Faz ela se mexer. - Duda choramingou para o pai que batera seus dedos gordos no vidro de proteção, mas que a cobra em nada dera atenção.

 

 

- Faz outra vez. - Mandou Piers com Válter batendo novamente no vidro com a ponta dos dedos, mas a cobra continuou dormindo. Harry até já planejava dar uma bronca pela irresponsabilidade do homem em tentar irritar a um animal tão perigoso, porém que deixara tudo para lá, pois se fossem expulsos novamente, era total problema deles.

 

 

- Deve ser devido à presença da aberração. - Valter disse enquanto saia, ao ver Harry se aproximar para trabalhar em tal ala, tendo o Potter rindo sarcasticamente para o homem num ato de desafio explicito, deixando-o com certeza furioso pelas veias que saltaram em sua testa com seu rosto rechonchudo se avermelhando.

 

 

- Que chato. - Queixou-se Piers. E saiu arrastando os pés fingindo birra.

 

 

Harry, que acabara de notar, simplesmente pode vislumbrar tal cobra a poucos metros que se rastejara para trás dele, tendo apenas o vidro de proteção os dividindo. Não era uma das comuns que ele conhecia, ela se mostrava entediada ou algo parecido, e com certeza deveria ter chegado essa manhã no zoológico, pois tinha um espaço privado somente a ela, demonstrado ser um animal hostil com outras de sua espécie.

A cobra abriu inesperadamente os olhos. Devagarinho, muito devagarinho, levantou a cabeça até seus olhos chegarem ao nível dos de Harry, com somente o vidro impedindo qualquer contato, mas que de algum estranho modo ela se sentia confortável em sua presença.

Assim, por fim, ela piscou um dos olhos.

Harry percebendo que isso não era normal, mas que também não podia teorizar nada desde que nunca esteve tão cara a cara com uma cobra aparentemente tão desenvolvida em fase adulta, sendo ocorridos estranhos apenas relacionados a répteis filhotes, enfim decidiu repetir o ato por brincadeira, assim com ele simplesmente piscando o olho direito como resposta, causando certo grunhido engraçado do réptil que para Harry pareceu sussurrar um riso divertido de: Seres Humanos.

 

 

A cobra acenou com a cabeça na direção de tio Válter que se afastava, depois levantou os olhos para o teto e finalizou lançando um olhar a Harry. Para as pessoas seria um ato comum ou até engraçado de um animal tão perigoso, porém Harry pode escutar ao mesmo tempo, um sussurro vindo da cobra e dessa vez ele aparentara compreender completamente, mesmo que fora uma comunicação abafada e baixa pelo vidro os dividindo:

 

- ss*Você os aguenta diariamente?*ss - Foi o que ele escutara onde pela primeira vez demonstrou realmente surpresa, isso por ser uma frase completamente formada vinda de uma cobra, e não meros sussurros de filhotes que ele sempre pensara estar imaginando coisas, assim nunca os levando a sério.

 

 

Harry, que não estava sabendo se imaginava coisas, simplesmente acenou com a cabeça e disse baixinho:

 

- ss*É isso, ou morar na rua.*ss - Harry respondeu enquanto ajeitava ao que alimentaria o réptil. Mal notando que ele não falou em seu idioma básico, mas sim sussurrou estranhamente como se cantasse um mantra sinistro. - ss*Deve ser bem chato ficar aqui, não é?*ss - Harry novamente continuou tentando saber se tal sussurro vinha mesmo da cobra, poderia parecer maluquice, mas com tantas coisas estranhas ocorrendo com Harry e os sussurros quase silenciosos de outras cobras, falar com uma adulta deveria estar em terceiro lugar de bizarrices da vida, sendo o segundo lugar que ele tinha certeza de no passado ter inconscientemente voado, e o primeiro lugar é claro sendo sua aparência que nada condizia com a idade.

 

 

E para fascinação do Potter, a cobra acenou com a cabeça lentamente enquanto somente ele entendia ao que dizia. Duda, que via tudo o que ocorria, e mesmo achando incrível, não decidiu se intrometer, pois sabia que caso seus pais vissem isso o tratariam mal, igual ele mesmo tratara seu primo anos atrás.

 

 

- ss*Mas de onde é que você veio?*ss - Harry perguntou curiosamente. - ss*O zoológico sempre só teve filhotes de répteis.*ss - Finalizara ele com a cobra apontando com o rabo para uma placa próxima ao vidro.

 

 

{ Boa Constrictor - Brasil }

Boa é um gênero de serpentes da família Boidae. Podem ser encontradas na América do Sul e Central, e em Madagascar e Reunião.

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Peso: 10 - 15 kg

Reino: Animalia

Filo: Chordata

Classe: Reptilia

Ordem: Serpentes

Família: Boidae

Aviso: Não se apoiem ao vidro de segurança.

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- ss*Era bom lá? Sente falta da família?*ss - Indagou ele com o réptil apontando novamente a placa com a ponta da cauda e Harry leu outra placa que estava mais oculto pelos galhos e folhas. - ss*Este espécime nasceu em cativeiro.*ss

 

- ss*Ah, entendo, então você nunca viveu no Brasil, mas sim sobreviveu, não é?*ss - A cobra sacudiu a cabeça, mas um grito ensurdecedor atrás de Harry fez a cobra pular de surpresa com Potter afiando seu olhar.

 

 

- DUDA! SR. DURSLEY! VENHAM VER ESSA COBRA! VOCÊS NÃO VÃO ACREDITAR NO QUE ESTÁ FAZENDO! - Piers que era o amigo de Duda, simplesmente gritou estridentemente, causando certo espanto em todos à sua volta e incomodando muitos animais ao redor.

 

 

- Caí fora. - Válter trombou propositalmente usando seu peso contra Harry para o lado, fazendo o mesmo tropeçar e cair com força no chão de concreto. O que se passou em seguida aconteceu tão depressa que ninguém viu como foi ou como evitar, num segundo, Pedro e Válter estavam encostados pesadamente apoiados no vidro de segurança, no segundo seguinte, estavam apoiados em nada, indo jaula adentro, soltando assim uivos de terror quando a cobra rastejou sob eles e fingiu um bote, mas que Harry pode escutar um sussurro sarcástico dela os chamando de: seres humanos imbecis.

 

 

Harry sentou-se e parou para respirar, o que via era o seguinte: O vidro da frente do tanque da jiboia havia sumido. A grande cobra se desenrolou depressa dos troncos e escorregou pelo chão, as pessoas no alojamento dos répteis gritaram e começaram a correr para as saídas. Quando a cobra passou rápido por ele, Harry poderia jurar que uma voz baixa e sibilante tinha dito:

 

- ss*Brasil, aqui vou eu... Obrigada, humano-falante.*ss - O sussurro veio da direção de onde a cobra estava, o deixando confuso em todo o alvoroço a seu redor que fugiam de tal réptil no qual não perdera tempo em sair pela porta da frente e se misturar a mata da floresta ao lado.

 

 

Um dos zeladores do alojamento vizinho ficou em estado de choque quando visara vir auxiliar o Potter a se levantar:

 

- Mas o vidro... - Ele não parava de repetir. - Para onde foi a porra do vidro? - Harry, que escutava isso, se sentia mal pelo zoológico perder um animal que com certeza era caro, porém também se sentia contente por ao menos alguém fugir de um lugar que não gosta, algo que em si ele ainda não podia, ou que somente não teve a coragem de fazer.

 

 

[ ... ]

O gerente do zoo em pessoa preparou uma xícara de chá forte para tia Petúnia, enquanto se desculpava mil vezes após todo o ocorrido se apaziguar, o mais estranho no homem, foi ele encarar Harry nos olhos quase pedindo ordens de como agir.

Piers e Válter só conseguiam balbuciar incoerentemente. Pelo que Harry vira, a cobra não fizera nada a não ser fingir abocanhar os calcanhares deles, quando passou, mas quando chegaram finalmente ao carro de Válter, o mesmo estava contando que a cobra quase lhe arrancara a perna a dentadas, enquanto Piers jurava que a cobra tentara apertá-lo até matar.

 

 

Mas o pior de tudo, pelo menos que Harry mais tarde descobriria, foi Piers ter se acalmado o suficiente para perguntar aos pais de Duda:

 

- Harry estava conversando com ela, não estava, Duda? - Piers indagou chamando a atenção de Válter, que só pudera olhar para onde Harry ainda trabalhava e praguejar furiosamente em como ele faria a aberração se arrepender de amaldiçoá-los com sua esquisitice.

 

 

[ ... ]

Válter esperou essa noite em casa quando retornaram, visando conversar seriamente com o garoto após seu expediente. Estava tão zangado quando o Potter mal demonstrava reação ao encará-lo, que mal podia falar adequadamente, principalmente quando tentara ameaçar estrangular o pescoço dele com as duas mãos, mas que seus olhos novamente, em anos, brilhara naquele padrão escuro e demoníaco da esclera com a pupila reluzente em um verde-esmeralda obscuro. Assim conseguindo apenas murmurar devido a perder toda a coragem que ele ensaiara desde cedo:

 

- Vá... Armário... Sua aberração... Sem comida. - Antes de desmontar em uma cadeira e tia Petúnia ter que correr para lhe servir mais uma boa dose de conhaque em meio as dezenas que ele já bebera desde o ocorrido no zoológico.

 

 

Muito mais tarde, deitado no seu armário apertado, Harry desejou ter um relógio. Não sabia que horas eram e não tinha certeza se os Dursley já estariam dormindo. Até que estivessem, ele não poderia se arriscar a ir escondido até a cozinha buscar alguma coisa para comer ou sair para comprar algo com seu dinheiro.

Decidindo optar pela segunda opção, Harry rapidamente pegou sua katana preta brilhante que ele sempre mantinha por perto desde que ela se tornara um símbolo de nunca mostrar medo e realmente não sabia se teria a mesma coragem sem ela por perto, amarrara ela em sua cintura junto à bainha e simplesmente saiu silenciosamente de casa.

Pouco percebia ele que tal lâmina era um aspecto físico de segurança a ele, desde que sempre antes das aulas treinava técnicas de esgrima e outros estilos livres de ataques enquanto exercitava seu corpo das 05:00 às 06:00, isso desde que ela o protegera da "fúria" de seu tio no passado, e poderia protegê-lo novamente. Lógico que ele não atacaria ninguém com tal arma mesmo se corresse perigo, ele sempre optava por utilizar estilos diferentes de luta, devido a seu porte físico definido e sua estatura avançada, com no máximo ele usando de sua lâmina embainhada para impedir qualquer pessoa mal intencionada.

Harry via como a noite estava linda, diversas estrelas, a lua cheia brilhante, algumas pessoas insistiam em caminhar com sua família pela praça central que era uma área segura desde que o bairro era muito monótono e pacifico, o garoto não podia deixar de imaginar estar com seus pais no lugar daquele garoto, mas, logo largando esses pensamentos de lado enquanto descartava suas emoções mais uma vez, visara assim rapidamente comprar um lanche que vendiam no meio da praça e se sentou em um dos bancos soltando um longo e profundo suspiro cansado, algo não muito natural para alguém de sua idade, mas que realmente agora aparentava estar cansado de tudo.

Era notável como ele chamava atenção das pessoas, não só pelo fato de estar com uma espada em seu colo, mas também por quão bonito ele era comparado a outros garotos, por um momento ele esquecia que se parecia com um garoto de 17 anos desde que sempre ele se prendia ainda na imagem fraca e franzina de anos atrás. Por esse motivo ele estranhava tais olhares direcionado a ele, principalmente vindo do público feminino, por mais que não fosse descaradamente ele sempre notou que era alvo de atenção por parte das mulheres, até mais ainda quando seus parentes o intitulava como delinquente, bandido e coisas do tipo, fazendo o Potter estranhar ainda mais essas garotas por se interessarem nisso.

Foi nesse momento que ele começou a pensar sobre toda sua vida, vivia com os Dursley havia quase onze anos, onze desgraçados anos desde que se lembrava por gente. Sempre que tentava recordar de alguma memória relacionada a seus pais, pois realmente conseguia se lembrar de muita coisa, se não tudo que já leu ou viu, estranhamente fazia-o escutar alguns gritos junto a lembrar de um relâmpago esverdeado que se chocava a sua face, sempre fazendo sua cicatriz doer de forma excruciante, lógico que a dor sumia no momento seguinte, porém era como se tivessem dado um choque no cérebro dele.

Quando era mais novo, Harry sonhara muitas vezes com um parente desconhecido ou algum conhecido de seus falecidos pais que vinha levá-lo embora dessa maldita prisão em que ele vivia, porém, isto nunca acontecera, os Dursley eram sua única família e amarguradamente ele tinha de aceitar esse fato quieto sem ter ninguém a recorrer.

 

Mas ainda assim, ele achava, ou talvez fosse só uma esperança, que estranhos na rua o conheciam. E eram estranhos muito estranhos mesmos. Um homenzinho de cartola roxa se curvara para ele uma vez quando estava fazendo compras com tia Petúnia e Duda. Após perguntar a Harry furiosamente se ele conhecia o homem, tia Petúnia empurrou os meninos depressa para fora da loja sem comprar nada.

Uma velha maluca toda vestida de verde uma vez acenara alegremente para ele no ônibus de volta da escola, isso após ele ajeitar seu cabelo da testa suada, e a mulher aparentar perplexidade ao ver sua cicatriz situada na testa.

Um careca com um longo casaco púrpuro chegara a pedir para apertar sua mão na rua um dia desses e ao Potter concordar, se afastara sem dizer nada, e ao que Harry estranhamente podia notar, parecia que o homem aparentava ter ganho o dia após isso.

E até mesmo teve uma vez que um homem estranhamente repugnante de vestes negras o seguira após o trabalho durante a noite, tal homem tentara abordar ele e arrastá-lo murmurando estranhamente sob encontrar ao inimigo das trevas, algo que Harry agira por puro instinto e velocidade chocando a parte segura de sua lâmina na nuca do inimigo antes de qualquer ação malévola que sentia estar correndo perigo, Harry estava com o coração a mil nessa época, pois nenhum estranho nunca agira de tal forma com ele, e inconscientemente o mesmo implorou em sua mente para tal homem se esquecer dele de modo a evitar problemas com os Dursleys, mal sabendo ele que quando foi embora, que uma das tais "esquisitices dele", simplesmente entrou em ascensão apagando totalmente a mente do homem, no qual meses depois seria encontrado por certas "forças policiais ocultas", descobrindo ser um seguidor fiel de alguém muito maligno que havia sido destruído no passado e caçavam há tempos por ele, sem saber a quem agradecer por conter tal escória da sociedade, mas que inconscientemente num ato inocente, salvara a vida de muitos inocentes.

 

 

A coisa mais estranha nessas pessoas era a maneira com que pareciam desaparecer no instante em que Harry tentava vê-los melhor.

Na escola Harry não tinha ninguém. Todos os garotos o discriminavam por ser mais alto e parecer um adulto, onde também isso se devia as tendências passada de Duda em hostilizá-lo, onde o garotinho pode ter mudado, porém, o resto das pessoas não.

As professoras sempre o encarava estranhamente, não era nada hostil, porém pareciam que elas tinham um brilho no olhar e sempre ficavam com as bochechas rosadas ao encarar a feição séria dele, no qual ainda sim evitava todo contato, mal sabendo que tais ações de não mostrar gostar de ninguém e viver dando patada em gente intrometida, só servia para atrair ainda mais atenção do público feminino de adolescentes inconsequentes daquela escola.

Muitas garotas de turmas mais velhas ficavam cochichando sobre ele, não diziam nada de ruim, porém ter que viver em um lar abusivo, trabalhar sendo tão jovem e ainda escutar seus tios o humilhando de todas as formas. Para uma criança, viver assim era um pesadelo, por esse motivo ele estivera juntando todo seu salário nos últimos quatro anos para ao menos poder bancar temporariamente sua fuga o mais longe possível dali, esperava que morasse em algum lugar pequeno e barato, porém o mais longe possível da Rua dos Alfeneiros.

 

Assim, deixando esses pensamentos de lado, Harry simplesmente terminou seu lanche e se levantou para seguir em direção a "seu querido lar", quando mais uma vez descartara a emoção e sensação melancólica dele em pensar tanto na sua vida, firmando uma face sem emoção escondida em um mínimo sorriso falso que ele aprendera muito bem formar para todas as situações.

Pouco sabiá ele que se sorrisse de tal forma de frente a um certo velho barbudo que condenara a vida dele naquela casa, iria aterrorizá-lo brutalmente sob como falhou com a criança de aparência adolescente, isso devido a aparentar feições extremamente idênticas a um certo adolescente sádico que tivera no passado uma vida parcialmente idêntica ao de Potter e assim se tornara conhecido como o lorde das trevas mais temido da história.

 

 

Ficando a dúvida a todos sobre qual caminho o Garoto-Que-Sobreviveu, ou melhor dizendo, Harry James Potter... realmente escolheria trilhar:

 

Se tornar um Herói bondoso e submisso a certas manipulações em sua vida, querendo sempre agradar a todos?

 

Ou se tornar um Vilão maligno e manipulativo que só se importa com seu próprio bem-estar? Não se importando de sacrificar Deus e o mundo no caminho.

 

Pois uma coisa era fato, crianças abusadas não ansiavam por serem heróis, porém Harry James Potter também não ansiava por ser uma aberração.

E com isso dou fim ao segundo capítulo da Changed Prophecy.

As coisas estão começando a se tornar mais aparentes, e acredito que irão gostar do que está por vir.

Harry constantemente vive em contato com dois lados opostos da sociedade, e mal sabe sobre uma delas ainda, seja trombando com pessoas amigáveis que o idolatram, ou pessoas perigosas que quase descobriram sua localização, mas que sua "esquisitice" visou apagar tal conhecimento da mente inimiga.

Para entendedores, irão saber qual esquisitice foi que causou isso, e acidentalmente ainda.

Realmente espero que esteja do agrado de todos, e peço que comentem suas opiniões logo abaixo, é nós. XD

Petúnia Dursley 1991 (Fiona Shaw): https://www.tafce.com/images/thumb/4/43/Aunt_Petunia_3_-_Edited.png/300px-Aunt_Petunia_3_-_Edited.png

 

Válter Dursley 1991 (Richard Griffiths): https://media.glamour.com/photos/57fcfb850e99243636a7ce58/master/pass/108553.jpg

 

Dudley Dursley 1991 (Harry Melling): https://hips.hearstapps.com/hmg-prod.s3.amazonaws.com/images/dudley-harry-potter-cambio-1574964152.jpg?crop=0.646xw:0.486xh;0,0.0921xh&resize=1200:*

 

Harry James Potter 1991 (Daniel Radcliffe): https://imgix.bustle.com/2016/7/5/b5bc5260-a386-0133-a04e-0e7c926a42af-c59f1867-6077-428c-8fbd-cd09a68d0923.jpg?w=1200&h=630&fit=crop&crop=faces&fm=jpg

 

Espada que Harry sempre usa:

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