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Capítulo 4: O Começo do Ritual

─ Eu aceito.

Essas palavras saíram da minha boca enquanto estava entorpecido com a sensação de poder. Não consegui parar de pensar no momento em que finalmente completasse esse treinamento e me tornasse um mago poderoso. Vou invadir a capital. Vou matar todos que ousarem entrar na minha frente e me impedir. Vou fazer a princesa se ajoelhar e pedir perdão por tudo que ela fez. Mas é óbvio, não vou perdoá-la.

─ E como funcionará esse contrato? Assino onde?

─ A última coisa que preciso explicar. Você já deve ter ouvido sobre as divindades do nosso mundo, ninguém além de magos que já cruzaram o plano físico podem dizer se tudo é real ou não. Mas enfim, existem energias e coisas no universo que não podemos controlar. Elas apenas existem e se balanceiam. as principais variáveis do universo são a Vida e a Morte.

─ Você pode se referir a mim como um Lich. Nos contos, dizem que somos imortais. Pelo menos eu só mantenho a minha imortalidade quando faço contratos com outros e tomo para mim seus anos de vida. Agora, deixe-me te explicar a variável da morte.

─ Pense em um cubo mágico completo. Agora, imagine que você está de frente para ele, sendo possível ver somente uma face, e essa face, seria a sua morte. A cada ação que você toma, como segurar e soltar um copo, faz a face que você viu mudar de cor e lado. Isso significa que seu futuro mudou. Que sua morte mudou. Essa face é calculada em uma velocidade que nem podemos imaginar em acompanhar. Então, basicamente, essa é a variável da morte.

─ Também existe a da Vida, que prevê toda sua vida. Existe uma lenda de que se você se tornar poderoso o suficiente, pode dominar essas variáveis e pegar a melhor rota para sua vida e morte, mas isso é história para outro dia.

─ Irei criar um ambiente propício para te dar a morte mais longínqua que eu conseguir no momento que você for assinar o contrato. Assim, todos os anos, daqui até sua morte, irão pertencer a mim.

Era muita informação para minha pequena mente assimilar. Cheguei a ficar com dor de cabeça tentando entender. Mas pensando agora, existem todas essas lendas e mitos sobre Deuses, mas aparentemente, não passa de como o universo e a magia interagem? De qualquer forma, não tenho planos de me tornar uma divindade ou controlar as forças cósmicas. Vou me concentrar em ser poderoso o suficiente para varrer um reino da terra.

─ Acho que entendi, estou de acordo. Quando vai acontecer?

─ Daqui a três dias.

***

Passamos os últimos três dias conversando, Crzeck se soltou um pouco mais. Ele me ensinou o básico sobre a Teoria da magia e um pouco sobre ele e seus poderes. O Foco da magia dele é o Vazio e a Morte. Ele consegue não só controlar a morte, mas também usar os mortos. Eu não entendi muito bem sobre o que ele falava, mas gostei, ele disse que me ensinaria sobre isso no final do treinamento.

─ Tudo certo. O Ritual irá começar.

Estávamos no centro de um círculo mágico. Quando o círculo se acendeu, havia dois brilhos que se misturavam, verde e roxo. Ele me ensinou que as magias também tinham cores, elas representavam suas afinidades. Após alguns minutos quietos, fui atingido por um copo de vidro na cabeça que a fez começar a sangrar. Tentei gritar, mas nada saiu, e apenas ouvi a voz do mago em minha cabeça.

'Fique quieto e aguente.'

Diversos outros tipos de coisas foram acontecendo comigo ao longo do ritual. Parecia que cada coisa que me atingia, a minha morte mudaria por algum fator que eu desconhecia. Crzeck conseguiu achar o melhor futuro após gastarmos quase 2 horas nesse ritual. Era um futuro onde eu morria de velhice. Quando ele encontrou o meu destino, ele parecia visivelmente feliz. Talvez da mesma forma que eu precisasse de poder, ele também precisasse de vida. Que bom que será uma troca mútua.

***

Acordei no outro dia me sentindo quente. Senti algo novo fluindo dentro de mim. Eu parecia uma nova pessoa. Me levantei e saí do quarto cavernoso e andei até um lugar que imaginei que fosse a Sala do lugar. E lá estava o Mago, meditando. Como sempre fazia quando ninguém estava por perto.

─ Estou me sentindo quente e um pouco mais forte, o que isso quer dizer?

─ Quer dizer que agora a mana está correndo solta dentro de você.

─ …

─ E como controlo ela?

─ Fazendo exatamente o que estou fazendo agora.

Sua dica foi útil e inútil ao mesmo tempo. Quando eu me concentrava, pude sentir a mana fluindo por meus canais de mana pelo corpo. Crzeck havia me dito para controlá-la e conduzi-la para dentro do meu núcleo, que se encontrava no meio do meu tronco.

O reservatório não existia fisicamente, mas era possível visualizá-lo e era lá que toda a mana ficava. Como meu corpo foi exposto para a mana sem preparo, digamos que meu reservatório não tinha um portão, era literalmente um barco furado que eu teria que consertar.

***

Uma semana se passou. Só fui capaz de estocar metade da mana que corria livremente pelo meu corpo. Crzeck mal se mexeu em todo esse tempo. Comecei a ficar impaciente e frequentemente resmunguei com ele. No sétimo dia de meditação, deixei meus sentimentos levarem o melhor sobre mim. Dizem que mente vazia é oficina do diabo, e sim, é. Com o tanto de tempo livre que eu tinha enquanto treinava, meus pensamentos sobre meu passado estavam fluindo e me deixando nervoso.

Era quase impossível controlar a onda de raiva que tomava meu corpo, ansiando por terminar logo essa tarefa, ansiando por poder e ansiando para matar. Graças a minha fraca força de vontade e paciência, todo meu progresso foi perdido, a mana sentiu que eu estava me preparando para lutar e foi liberada inconscientemente.

─ Ótimo. Você fez um bom progresso.

─ O que? Como assim você chama isso de progresso? Eu vazei tudo que eu guardei durante todo esse tempo.

─ Você conseguiu estocar metade da mana que circulava no seu corpo, você está um pouco acima da média. E também viu como os sentimentos podem influenciar no uso da sua magia. O que chamamos de afinidade na magia, é como o universo nos atribui um elemento, ou os elementos. Eles representam nossa essência e nossas vontades.

─ Por exemplo, se você tem uma vontade forte, ganhará afinidade com o fogo. Se você é uma pessoa calma, ganhará afinidade com o vento. E por aí vai. Eu sei exatamente quais são as suas afinidades, mas vendo como você se descontrolou só com os seus próprios pensamentos, sinto que você não tem força de vontade o suficiente para aguentar o fardo de carregar essa informação. Prove-se e lhe direi. Mas sendo capaz ou não, temos um trato, te guiarei no caminho das suas afinidades.

Eu não conhecia muito sobre a magia e o universo, então eu não tinha ideia de qual ou quais seriam minhas afinidades. Porém, fiquei pensando, se uma vontade leva ao fogo, que tipo de vontade te leva ao Vazio e a Morte? Se eu puder descobrir, eu ficarei tão forte quando Crzeck.

Após começar a sentir a magia ativamente, uma aura sombria saía dele, e também era uma aura forte e esmagadora. Tenho certeza que esse é o máximo que consegue encobrir de sua própria força. Espero nunca cruzar com ele em um campo de batalha. Tenho sorte de tê-lo como meu mestre. Os que uma vez me humilharam, esperem só.

─ Vou ajudá-lo a construir a represa do seu núcleo, então, volte ao treinamento.

─ Sim, mestre!

Falei com entusiasmo, pude sentir Crzeck se afastar após ouvir a palavra mestre. Mas não estranhei, talvez ele não esteja acostumado com isso.

─ Cale-se e concentre-se no seu trabalho.