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Prólogo

Me chamo Rafael, sou apenas mais uma pessoa comum que vive no Brasil. Tenho 24 anos e gosto de caminhar à noite pelas calçadas de Cuiabá — a capital de Mato Grosso.

Trabalho como carregador de mercadorias domésticas para um caminhoneiro que faz entrega por toda Baixada Cuiabana. Por causa disso eu fico até 2 dias por semana sem aparecer em casa. Mas em compensação, eu sempre ganho várias verduras e frutas dos mercadores que contratam o serviço do meu patrão.

Atualmente estou caminhando por uma rua bem movimentada, cheia de pessoas entrando e saindo de várias lojas e botecos. Na minha mão esquerda está um copo descartável cheio de sorvete de sabor abacaxi, na outra mão está uma colher de plástico que leva o sorvete sabor abacaxi à minha boca.

Odeio sair a noite em festas, a muitos bebuns nelas. Muitas vezes acontece brigas pesadas, e quem está por perto sempre se ferra junto com eles…

Lembro-me de quando eu era mais jovem, eu fui tentar sair algumas vezes nessas festas, e nelas sempre via pessoas se ferindo. Já vi até alguns casos de que tiveram que chamar o SAMU para levar os feridos dessas brigas…

"Não que eu seja uma pessoa que gosta de silêncio, mas é por não gostar de silêncio que eu não vou em muitas festas…"

Enquanto estou caminhando percebo que várias mulheres me encarando com olhares perversos.

Não olho diretamente para elas, mas mesmo assim dou um sorriso bobo automaticamente. Até imagino o porquê estão me olhando, quer dizer, eu sei o porquê estão me olhando.

Estou usando uma camisa preta apertada que deixa meus músculos do peito e braços bem destacados…

Também estou usando uma calça preta bem larga e um tênis branco.

Mas de verdade, só fico animado com os olhares das mulheres mais velhas. Sério, isso deve estar no sangue; Meu pai só pegou mulheres mais velhas — exceto minha mãe — meu irmão até pega mulheres mais novas, mas só se pagarem para ele — e olha que pagam muito bem.

— TSC…

"Acorda pra vida, mané"

Agora estou em um namoro, não posso ficar dando ideia para qualquer mulher que eu ver na rua.

"Jezabel"

Já namoro ela há 1 ano. A conheci em uma festa na casa de um amigo meu. Por muito tempo fiquei secando ela, até que um dia tomei vergonha na cara e pedi para namorar comigo, desde então nunca mais fiquei com outra garota.

"He He"

Além de ser bastante carinhosa, ela também sabe me fazer feliz na cama, principalmente com aquela boquinha de veludo.

Não faço amor com ela todo dia por motivos óbvios — trabalho — mas sempre que fazemos… se torna uma grande festa a noite toda.

GRRR…

Fome! Eu sabia que não deveria sair de casa com a barriga vazia.

Tomara que Jezabel tenha feito algo para comer.

— Hmmm…

Adoro quando ela faz um "Arroz com Pequi" e um "Pacu assado." Ela tem uma mão tão boa…

Depois de mais alguns minutos caminhando, eu consigo chegar no condomínio onde ela mora.

Jezabel não é tão esforçada, a maioria das coisas que ela possui hoje em dia foi conquistada com ajuda do pai dela. Mas mesmo assim eu a vejo tentando ser uma garota independente no dia a dia.

O porteiro me permite entrar para ver Jezabel.

Já vim aqui várias vezes, talvez seja por isso que ele age assim comigo. Mas sabe, acho bem ruinzinho o trabalho que ele faz por aqui. Tipo, se eu fosse um porteiro, acho que o certo seria ligar para o inquilino para analisar se alguém pode entrar ou não, mesmo que o visitante seja uma pessoa conhecida na residência.

Bom, eu não quero dizer algo assim para ele, sabe, eu perderia muito tempo para ver meu xuxuzinho.

Caminho tranquilamente pelo pátio do condomínio, por lá vejo carros de várias marcas e tamanhos. Ao lado de alguns carros eu vejo algumas pessoas conversando e se beijando, a maioria parece ter a minha idade ou algo parecido.

Enquanto estou caminhando tranquilamente, uma gostosa passa ao meu lado. Ao ver aqueles peitos enormes, bunda maravilhosa, coxas — e que coxas — bem marcadas pelo vestido rosa, um cabelo preto liso que cai sobre aquelas costas torneadas e uma boca carnuda em um corpo de 1,60, dou um grande sorriso perverso cheio de malícia. Ela olha para mim e ao ver minha expressão, retribui com um sorriso bem quente e um olhar bem pervertido.

Meu Deus do céu, que mulher maravilhosa. Certeza que deve estar na casa dos 30 anos.

" Se concentra, seu cabaço"

Tenho que me controlar, eu ainda namoro. O bicho carnívoro que existe dentro da minha cueca se alimenta da carne de só um pote de carne hoje em dia.

Que Jezabel esteja preparada, porque hoje eu vou devorar a carne dela a noite toda.

Adentro no prédio onde minha namorada mora, entro no elevador e aperto o botão do décimo andar.

Enquanto espero o elevador chegar no andar, vejo meu reflexo pelo espelho do lugar.

Viro meu rosto para um dos cantos e vejo uma pequena lixeira, com uma mão eu jogo o copo descartável e a colher de plástico nele.

Logo depois eu suavemente passo minhas mãos pelos meus curtos, pretos e pequenos cabelos cacheados que caem lentamente sobre minha testa branca. Tento abrir mais meus olhos castanhos cheios de olheiras.

Hoje em dia eu com certeza me acho um lindinho, um lindinho fruto de um amor forçado de uma menina de 16 anos e um velho de 40.

— ECA!!!

Se eu tivesse o poder de voltar no tempo, mudaria tanta coisa…

Eu me adoro atualmente. Adoro meu corte de cabelo, adoro minhas roupas, meu trabalho, meus amigos. Estou realmente contente com toda minha vida.

PLIM!!!

— Até que enfim chegou!

As portas do elevador se abrem.

Em minha frente eu vejo um grande corredor branco, cheio de portas vermelhas para cada lado. Enquanto caminho pelo local, vejo alguns quadros de fotos de homens, mulheres e crianças pendurados ao lado dessas portas.

Isso é assustador. Isso seria com certeza um cenário de filme de terror.

Depois de dar alguns passos por alguns minutos, eu chego no fim do corredor. Jezabel adora ficar em paz, talvez seja por isso que ela escolheu morar no final do corredor desse andar. Quem teria coragem de subir aqui todos os dias?

Bato uma vez na porta.

TOC…

Ao bater na porta, ela se abre sozinha — bem devagarzinho — fazendo as velhas dobradiças rangerem.

CRRRR…

"Estranho! Ela nunca deixaria a porta da casa aberta. Que merda tá acontecendo aqui?"

Ao entrar no local, vejo algumas roupas íntimas femininas espalhadas pela sala. Uma calcinha preta em cima da televisão, um sutiã no sofá de couro, calça e camisa no chão.

Arqueio uma de minhas sobrancelhas.

O que será que aconteceu aqui? Espero que não seja oque estou pensando…

Silenciosamente eu caminho para o cômodo ao lado, a cozinha.

TUM-TUM TUM-TUM TUM-TUM

"Então é isso?"

Olhando a cozinha, eu vejo várias peças de roupas masculinas espalhadas por todos os lados. As batidas do meu coração se intensificam, minha respiração se torna mais pesada.

Não pode ser possível isso. Eu não quero acreditar.

Cerro meus punhos.

Meus olhos se enchem de lágrimas, veias crescem na minha testa e braços. Esboço uma feição de ódio e tristeza misturada com medo.

Caminho em passos largos e pesados até a porta que está à minha frente.

Com a sola do meu pé esquerdo, dou um chute com toda minha força no centro da porta, fazendo ela se quebrar e ir voando para frente até acertar algo que parece ser um armário.

BLAM!!!

Entro no quarto com toda a minha raiva estampada na cara. Em toda minha vida eu sempre fui traído, por amigos e família, mas é a primeira vez que sou traído por alguém que me fez acreditar no amor.

Viro meu rosto para o lado, e lá vejo na cama de casal, Jezabel e um cara, deitados na cama.

Parece que acordaram agora por causa do barulho.

Que dor horrorosa é essa que sinto no meu peito? Não entendo o porquê ela fez isso. Se ela não me ama, então não faz sentido continuar comigo, né?

Uma faca quente entrou dentro do meu coração e me fez sangrar novamente.

Eu não faço amor com ela todos os dias por causa do meu trabalho. Se for por isso então é só terminar.

Quer saber, que se dane! Eu não vou perder tempo perdoando mais alguém — não vou mesmo.

Me lembro que uma vez meu avô disse que eu nunca deveria bater em uma mulher, em hipótese alguma eu deveria levantar a mão para uma mulher. Então é por isso que vou espancar esse cara 2 vezes mais.

Olho no fundo dos olhos de Jezabel. Uma lágrima cai de um dos meus olhos.

Meu corpo inteiro se contorce de ódio. Em meus pensamentos eu a praguejo com todas as minhas forças.

— Amor… eu… — Jezabel tenta falar algo, mas é cortada ao ver que Rafael dispara em direção ao seu amante maldito.

Salivando de raiva eu pulo na cama e subo em cima do cara deitado ao lado de Jezabel.

Antes que ele consiga se defender, eu dou um soco na cara dele, fazendo uma grande quantidade de saliva sair voando da boca.

Jezebel cai no chão gritando, ela — mesmo nua — se levanta e corre para perto do armário.

Sem me importar eu continuo a dar uma sequência de socos nele.

Isso não é pelo que você fez, Jezabel.

É por mim! Pelo meu respeito próprio.

Eu não deveria confiar nela. Eu não deveria amar ela. Eu já deveria saber. Eu não posso confiar em ninguém.

Enquanto estou dando a sequência de murros no desgraçado, sou surpreendido com a sola dos dois pés dele acertando meu peito e me derrubando na cama.

Por um segundo me veio na cabeça que eu deveria ir embora.

Ensanguentado, o cara se joga no chão e tenta se levantar. Ele já mostra estar com uma respiração pesada.

- Ei… calma aí! — gritou ele.

Calma é o caralho, agora que eu estou começando!!!

Em frenesi, corro para cima dele. Chutes fortes vão em direção ao rosto pálido, saliva e sangue saem da boca torta desse babaca. Ele vai para o chão, mas mesmo assim continuo. Com a sola do meu pé dou golpes na cabeça dele que bate no chão e volta repetidas vezes.

O piso branco do chão se pinta de vermelho carmesim.

Ao virar meu olhar para o lado esquerdo, vejo uma estátua de 30 centímetros em formato de anjo em cima de uma estante.

Dou dois passos pesados para perto da estante, com um movimento rápido eu seguro a estátua com uma das minhas mãos. Suspiro fundo e chego perto do "pedaço de estrume" à minha frente.

Há um mês atrás eu dei essa estátua para Jezabel. Hoje ela volta para minhas mãos, mas para um propósito não tão justo.

CRACK! CRACK! CRACK

3 golpes fortes foram feitos. Um silêncio dominou o lugar. A cabeça dele parece que se abriu.

Minha respiração pesada diminui. Mais calmo eu vejo a merda que eu fiz. Calmamente me levanto.

Os últimos 3 anos de vida foram os melhores. Aprendi uma língua nova, artes marciais, fiz academia. Mas parece que o destino não curte me ver feliz.

Caminho lentamente para fora do lugar. Olho para meus braços e peito. Sangue! Faz tempo que o cheiro de sangue não entrava pelos nariz.

— Rafael…o'que você fez? — Jezabel fala tremendo e chorando, enquanto rasteja para o canto do quarto.

Não dou ouvidos, muito menos olho para ela.

****

Enquanto ando na rua escura da madrugada, levo minhas duas mãos ao rosto. Soluços tensos e pesados saem da minha garganta. Meus olhos se enchem de lágrimas tão profundas quanto os oceanos.

"Quando? Quando as coisas começaram a dar errado para mim?"

Ah sim, eu me lembro. Tudo começou a dar errado quando eu nasci.

Eu pareço mais com a minha mãe do que com meu pai, por isso ele sempre me odiou, sempre falou que eu não era filho dele.

Na minha primeira semana de vida, ele quis me esfaquear. Por sorte os vizinhos me salvaram. Por muito tempo eu não acreditei nessa história, porém depois que eu vi algumas fotos da época, alguns vídeos…

Quando mais velho, minha mãe sempre me levava ao médico todo mês.

Ele sempre me deixava dentro de uma bacia de água fria. Não sei como eu consegui sobreviver a isso tudo com 3 anos de idade.

Meu pai é mecânico, sempre me levava toda vez que ia consertar o carro dele no quintal de casa.

Ele consertava tudo do carro, menos o freio, por causa disso ele sempre colocava um tijolo atrás de algum pneu. Eu, com 3 anos e meio, ficava atrás de outro pneu.

Ele sempre falava "Se o carro voltar, essa criança segura ele."

Com 4 anos de idade eu fui tirado daquela casa. Meus avós me adotaram depois de saberem as cagadas que ele fazia.

"E pensar que ele foi o menor dos meus problemas"

****

enfim cheguei no meu bairro.

Fecho o portão de ferro verde do muro que separa a calçada e meu quintal, me direciono para a minha casa.

Minha casa é bem modesta, mas ainda assim é bem linda. Tenho uma TV de 30 polegadas, 3 sofás de couro, uma cozinha grande, e dois quartos, um para dormir e outro que eu transformei na minha própria academia.

Só querendo chorar um pouco, eu vou direto para meu quarto. Sei que posso tomar um processo pelo que fiz. Mas dessa vez eu não ligo, tô cagando e andando pra isso.

Abro apressadamente a porta do meu quarto.

— PARADO AÍ!!!

Um barulho alto ecoa por toda a minha casa. Tomo um susto e arregalo meus olhos rapidamente. O que está acontecendo?

À minha frente eu vejo um homem em cima da minha cama. Ele está vestindo tudo da cor preta, desde os tênis até a camisa de manga longa. No rosto vejo uma máscara de esqui da mesma cor, uma bolsa na costa dele me faz saber na hora.

"Ladrão! Faz bastante tempo que duas surpresas nesse nível não me acontecem no mesmo dia"

O homem retira uma arma da cintura — parecendo ser uma pistola — e aponta na minha direção. Os olhos esverdeados dele me encaram fortemente, enquanto todo o corpo dele se treme. Parece que ele não está tão bem assim, provavelmente deve estar drogado.

Olho para os lados.

"Até meus action figures ele roubou"

POW! POW!

Dois tiros são disparados. Um vai em direção certeira a meu coração, outro acerta a parede ao meu lado.

Dou um grande grito e com o impacto da bala dou dois passos para trás. Escuto apenas um fino e aguçado barulho, levo minha mão esquerda no meu peito.

Sangue! Só que dessa vez é meu sangue.

Uma dor forte se forma, como se meu peito estivesse sendo queimado por uma grande quantidade de fogo. Suor se forma por todo meu corpo.

Tenho certeza que esse é o meu fim. Droga! logo agora? Não! Eu não vou morrer, eu não posso morrer. Mas se eu morrer agora, eu não vou sozinho.

— Porra nenhum! Eu não vou morrer sozinho!!!

Ódio! É isso que meu rosto emana. Veias saltam por todo meu corpo. Com o sangue do meu ferimento jorrando do meu peito, corro com tudo na direção do ladrãozinho.

Ele tenta dar mais um tiro. Porém dessa vez a arma falha. Nesse belo momento, eu seguro o pulso dele e o destruo com toda minha força. Ele solta um grande grito de dor como se tivesse tomado um belo tiro no peito. "HEHE"

Com o punho cerrado eu disparo um soco bem no estômago dele, fazendo-o cuspir saliva em grande quantidade. Com minhas duas mãos eu faço um movimento rápido e jogo ele no chão com tudo. Logo depois dou um salto e caio com as duas solas do pé bem no peito dele, fazendo sair do corpo um grande barulho de ossos se quebrando. Da boca dele voa uma grande quantidade de sangue.

- MORRA!!

Sem dar tempo para ele se levantar, eu disparo uma sequência de socos bem no rosto. A cada golpe sangue e dentes voam para todos os lados.

Banhado de ódio e sangue, uso meus dois dedões para furar os olhos desse cara. Ele grita de dor, implora por perdão, porém não paro. Mais e mais, cada golpe mais pesado que o outro, toda minha ira desse dia vou descontar nele.

Ele já estava sem a máscara.

— Tire isso do seu rosto, tire logo — falo gritando bem perto do rosto do ladrão.

— Tirar? Tirar o'que?

— Sua pele! — afirmo sorrindo, com um olhar cheio de ódio.

Usando uma das minhas mãos cheia de sangue, puxo toda a pele do rosto do cara, fazendo ele ficar com a cara na carne viva.

Minha visão já está turva. Mas mesmo assim continuo a atacar.

Mais socos foram efetuados no rosto desse coitado. Os gritos dele cessaram. Os movimentos dele se foram.

Dou dois passos para o lado e me deito no chão, já estou sem forças para continuar. Não tenho certeza se esse ladrão ainda vive, mas sei que se ele estiver vivo, ele provavelmente nunca mais vai roubar.

Igual a uma lesma eu me arrasto dali, deixando um rastro no chão — rastro de sangue. Usando todas as minhas forças vou até a cozinha. Minha respiração está se tornando cada vez mais fraca, meus olhos estão se tornando cada vez mais pesados, não vejo quase nada na minha frente além de uma grande escuridão dominando tudo.

— Até que enfim…

Quais serão minhas últimas palavras? Amaldiçoar Jezabel? Pedir perdão por alguma coisa? Não! Isso seria muito chato. Bom, meus irmãos ficaram bem, já que todo meu dinheiro vai para conta deles por causa do meu testamento. Espero encontrar meu avô do outro lado.

Será que eu falo um desejo que não consegui realizar? Tipo, comer as atrizes porno? Isso! Até mais pessoal.

Fecho meus olhos e com um pequeno sorriso solto minhas últimas palavras.

— Queria ter comido minha professora de matemática…

Eai pessoal. se possível dá uma passada lá no site da obra pra dar uma ajuda! https://webemoutromundo7.wordpress.com/

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