webnovel

Capítulo 22- Sobrevivência(parte 1)

Rixas e sua equipe correm atravessando a floresta e desviando dos obstáculos, logo atrás deles, derrubando o que estivesse no caminho, a um minotauro enfurecido. 

Ricardo vê a aproximação do monstro, balança o cajado, e usa a magia da paralisia, mas só deixa o minotauro ainda mais irritado. 

-Como vocês conseguiram irritar um bicho desses!? 

Rixas tinha um sorriso forçado no rosto.

-Acontece né!? 

Nós fizemos várias curvas na tentativa de despistá-lo, mas o minotauro não perdia nosso rastro. Sentíamos os tremores cada vez maiores, seu rugido cada vez mais barulhento e raivoso. Sendo bem claro que o monstro está prestes a nos alcançar.

Desembainhei minha espada, balançando-a para criar alguns ataques de vento, todos os meus ataques atingiram o minotauro, mas não causaram nenhum machucado. 

Matheus via que a criatura está mais rápida.

-Rixas, não importa o quanto corremos, ele não vai nos deixar em paz! 

Rixas olhava para o minotauro, notando que realmente não havia sinal de desistência.

-...

-Tem razão.

Rixas solta sua filha que parou em pé.

-Pessoal! 

-Ao ataque!

Toda a equipe.

-Sim!!!

Matheus que segura um escudo, imediatamente retira do anel de armazenamento, uma lança, empunhando na outra mão. 

Logo fala magia de fortificação para o corpo, e a magia de escudo, que cobre o escudo. Corre na direção do minotauro.

O minotauro abaixa a cabeça, apontando os chifres para Matheus, que por sua vez, levanta o escudo, o impacto treme um pouco o chão, afundando os pés de Matheus na terra.

Matheus tremia todo, sentia dores pelo corpo, mas estava firme, logo, empurra o escudo e o minotauro, foi obrigado a dar alguns passos para trás, perdendo o equilíbrio, quase caindo, mas o minotauro consegue se firmar.

Ricardo invoca uma serpente de fogo, que estoura na cabeça do monstro.

Rixas avança, empunhando a espada e retira outra espada do anel de armazenamento.

Passei perto de Matheus, balançando as espadas e várias ondas de vento acertando o minotauro, não tiveram muito efeito, mas eu insistia, causando-lhe várias feridas superficiais. 

Lancei mais lâminas de vento, mas o minotauro balança o braço, criando uma forte correnteza de ar, que conseguia bloquear meus ataques.

Rixas levanta o braço direito, protegendo um pouco os olhos.

-(Monstro!)

-(Só com o balançar do braço, repeliu minha habilidade?!)

Furiosamente o minotauro pisa no chão, causando terremotos que nos desequilibram. Na mão dele, vimos pegar fogo, e as chamas foram lançadas em nossa direção.

Matheus e Ricardo rapidamente avançam, ficando na frente do grupo, eles invocam em conjunto uma magia do escudo.

O ataque de fogo no minotauro estoura, fazendo várias rachaduras no escudo.

Logo, minotauro instantaneamente chega perto da equipe Rixas, sua mão colide na barreira, destruído-o na hora.

Matheus levanta o escudo, tentando aguentar o peso do golpe, mas assim que a mão do minotauro veio, ele foi arremessado longe, voando para trás, batendo as costas nas árvores ao fundo. Sangue escorria de sua boca, imediatamente a magia de Camila o curava.

Ricardo que está ao lado do minotauro, via que sua magia de fogo anteriormente lançada não causou ferida alguma.

-Se magia de fogo não causa danos, então…

Com o balançar do cajado, Ricardo invoca magia de gelo. Lançando-a no monstro, e o gelo consegue perfurar seu corpo. 

Rapidamente o minotauro avança até Ricardo, mas uma flecha perfurou seu olho, e várias lâminas de vento empurram o monstro.

Suas pernas quase se desequilibram, mas o minotauro mostra ser um indivíduo difícil de derrubar.

Maria de longe, tinha um arco e flecha, mais flechas voaram até o minotauro, perfurando seu braço direito, e Matheus correu na direção dele.

Rixas prossegue com ataques sem fim de sua habilidade.

A mão do monstro invoca o fogo, mas antes que fosse completamente liberada, Ricardo usa sua magia de gelo, lançando-a na mão do minotauro, impedindo o carregamento da habilidade.

Já bem perto, Matheus, empunha a lança, causando uma ferida profunda no estômago do minotauro.

E Rixas perto de Matheus, saltou, fincando suas espadas no topo da cabeça do minotauro, mas não conseguiu causar machucados profundos.

A dor só deixa o minotauro mais raivoso, seu olho ficou vermelho, entrando no modo berserk.

Em um instante, o rugido do minotauro empurrou todos para longe, seu corpo crescia em músculo e tamanho, feridas desapareciam, as flechas presas em seu braço e olho, saltaram para fora e chamas brotaram de sua pelagem.

Os ouvidos de toda a equipe já estavam sangrando, Camila apressou-se em usar magia de cura, mas como o minotauro ainda rugia, o sangramento persiste.

Rixas cai no chão perto do minotauro, ele crava as espadas no solo, impedindo-o de ser jogado para longe.

Matheus levanta o escudo, bloqueando a onda de vento. Levemente está sendo arrastado. 

Matheus força seu corpo a ficar no lugar.

-(Agora sim, que o trem vai piorar!)

Maria cai no chão, rolando, mas consegue se segurar no tronco de uma árvore.

Camila não consegue se manter no lugar, seu corpo já está voando, mas Ricardo consegue segurá-la, e como balançar do cajado, junto com o nome da magia, Ricardo levanta um escudo de proteção para ambos.

Após a transformação do minotauro, Rixas que está mais perto, foi o primeiro a ser atacado.

A velocidade deixou Rixas surpreso, em instantes, Rixas levanta e se afasta, fugindo do golpe.

A mão do minotauro deixou um buraco profundo no chão, a força das chamas e do magma explodiu, empurrando Rixas para longe.

Rixas cambalhota no ar e pousa em pé, sentindo que seu corpo foi superficialmente queimado. Olha para o seus braços que estavam severamente machucados.

Sangue escorria das enormes feridas.

-(Nem foi um ataque de raspão!)

-(Isto foi gerado só pela pressão do golpe?)

Camila imediatamente cura os braços e as queimaduras de seu pai e logo, livrou toda a equipe do sangramento e das possíveis anomalias que o grito do monstro possa ter gerado.

O próximo foi Matheus, que quase não teve reação, o minotauro já tinha feito um raio de magma que foi lançado em sua direção.

Matheus saltou com toda a sua vontade, saindo do alcance do golpe.

O lugar onde Matheus estava, só restou cinzas e chamas.

Matheus rola no chão, parando em pé, logo o minotauro fervia de fogo, pronto para lançar outro ataque, mas a magia de gelo de Ricardo acerta o minotauro.

De longe, Maria lança mais flechas, mas são ineficazes, além do corpo do monstro estar coberto de chamas, sua pele ficou muito mais dura, até mesmo seus olhos se tornaram mais resistentes.

Notando que as flechas não terão mais resultado, Maria troca seu arco e flecha, para duas espadas e corre para ajudar.

Ricardo prepara mais magias de gelo, jogando-as no monstro, mas o minotauro está coberto de fogo, não causando dano nenhum.

O minotauro corre na direção de Matheus, assim que as magias acertaram, mudou de direção, correndo em direção a Ricardo.

Em um instante, já tinha chegado perto de Ricardo, seu chifres colidem na barreira. Com agilidade e velocidade (graças ao reforço das magias), Ricardo pega Camila e corre. 

A barreira foi quebrada igual a vidro fino, mas Ricardo consegue fugir do golpe e da onda explosiva do magma.

Mas o minotauro não parava, avançando uma corrida na direção de Ricardo e Camila.

Rixas e Maria saltam um no lado do outro, e seus golpes em conjunto empurram o minotauro.

Ambos pousaram no chão, mas não paravam de atacar, cada golpe era fervoroso, não dando brecha para o minotauro.

Mais vento era acumulado e liberado, o uso da habilidade é tanta, que ambos estão tendo feridas, causadas pela própria habilidade, mas eles não param só por conta disso, Rixas e Maria liberam mais ondas de vento.

Maria rapidamente retira a rolha de uma poção de recuperação de mana, tomando-a toda.

-Aceleração!

Em instantes, Maria se movimentava mais rápido, balançando as espadas tão rápido, que quase não se vê as lâminas.

Rixas fez o mesmo, tomando uma poção de recuperação de mana, a mana de seu corpo foi restaurado, dando um gás para poder invocar mais vento. 

Mais dois pares de frascos vazios de recuperação de mana caíram na terra, Rixas e Maria traziam um forte fluxo de vento.

Rapidamente o vento é comprimido em torno das espadas, é tanto vento acumulado, que fez várias rachaduras em sua arma. Rixas percebia isto, mas não pode parar agora, prosseguia com seu ataque, rezando que sua arma suporte.

Respirava fundo, disse a magia de fortificação. 

Rixas deu uma passada, sua pisada fez rachar o chão.

Moveu seus braços para frente do corpo, e as pontas das espadas, apontavam para o minotauro, segundos depois, o vendaval acerta o monstro.

O turbilhão é tão denso, que varreu a floresta na frente deles, várias árvores e pedras foram cortadas e outras, gravemente danificadas.

Muita poeira se levanta, obstruindo a visão de todos.

Rixas e Maria, suavam muito, cansados e desgastados, quase não se mantendo de pé.

Rixas respira pela boca, sentindo que seu corpo a qualquer momento vai desmoronar. 

-...

Maria contra sua vontade soltou as espadas, pois suas mãos estão trêmulas e sangrando.

-Aii, ki… ki…

Atrás de Ricardo, Camila balança o cetro, lançando magia de cura em Rixas e Maria, eles foram envolvidos por uma aura dourada e instantaneamente, viam seus machucados sendo curados e o cansaço desaparecer.

Matheus apressou-se em se juntar a todos. 

Assim que eu e Maria melhoramos, nossa atenção foi voltada para a poeira levantada, mas não havia nenhum sinal do monstro.

-(Espero que ele tenha caído morto no chão).

Ricardo é o primeiro a ver.

Arregalou os olhos de espanto.

-Desgraça!

Maria expressa desgosto no rosto.

-...

Mas para nossa infelicidade, ondas de fogo varre a poeira, revelando para nós, o minotauro, com leves feridas, as feridas mais profundas em seu corpo, se encontram na cabeça e no peito, foram causada pelos dois turbilhões que invoquei, mas mesmo esses, estão longe de serem feridas letais.

Para piorar, com o piscar de olhos, todas as feridas que nossos ataques causaram, desapareciam, e as chamas que envolvem o corpo do minotauro, o cobrem novamente. 

Mesmo que Rixas esteja fisicamente melhor, mentalmente dizendo, se sente cansado.

-...

-(O que faremos?)

Suor frio escorre do rosto.

-(Não sinto um pingo de mana em meu corpo para continuar lutando, enfrentar uma criatura dessa só com a força física e nada mais, é impossível para mim).

Na equipe, os únicos com condição para fugir, são Ricardo e Matheus, que têm mana suficiente para usarem magia de aceleração.

Neste momento é perfeito para que ambos possam correr e deixar o resto para trás, afinal, eles podem fugir quanto o minotauro se distrai matando Rixas, Maria e Camila.

Matheus.

-...

Ricardo.

-...

Matheus avançou na frente de Rixas e Maria. Ricardo logo fica ao lado de Matheus.

Abandonar o grupo? Isto nunca foi uma opção, ganham juntos e se arriscam juntos.

A aproximação do minotauro é acelerada, será morte certa para eles.

Matheus levanta o escudo e direciona a ponta da lança para o monstro, seus pés se posicionam para correr de frente.

Ricardo suava, mas não de medo.

-(Bom, queria ter mais tempo para isto, mas estamos em uma situação terrível, é tudo ou nada).

Ricardo inspira o máximo de ar que seu pulmão aguenta, e a expiração pela boca é alta, preparando-se.

O minotauro já está frente a frente, os pés de Matheus deram o primeiro passo.

Lentamente, na pele de Ricardo, surgem linhas pretas. Leves faíscas azuis surgem nas palmas de suas mãos.

-Agora…

-Graaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!

 

Um rugido repentino chama a atenção do grupo e a do minotauro.

A Equipe Rixas olhava para o céu.

-...

Minotauro fazia o mesmo.

-...

No céu ao longe, eles vêem alguma coisa voando, aproximando-se rapidamente. Puderam reconhecer que figura é esta, quem voava é um ogro.

Que acaba de colidir no minotauro, e os dois desaparecem da nossa presença, sumindo na mata.

Alguns longos minutos se passaram, e a equipe Rixas não se mexia, eles olhavam para a direção que o ogro e o minotauro foram.

Rixas que olha descrente para o ocorrido.

-...

O batimento do coração de Camila é acelerado.

-...

Maria pegou sua espada caída no chão, mas os olhos estão atentos, e em sua mente, tenta processar o que acaba de acontecer.

-...

Ricardo, que já estava para atacar, acalmou-se, desfazia a magia.

-Ufa…

-(Ainda bem que não foi preciso, não sei se conseguiria usá-la mesmo).

Matheus mesmo vendo o que aconteceu, não acreditava, vira a cabeça para sua equipe, vendo que eles estão tão confusos quanto ele. 

Rixas desperta.

-Vamos embora gente!

-Essa foi uma oportunidade que veio literalmente do céu!

Toda minha equipe está olhando para mim, concordaram com o balançar da cabeça, indicando aprovação, logo nos locomovemos para a direção oposta ao que o ogro e o minotauro foram.

Assim que começamos a correr, escutamos os grunhidos do ogro e a do minotauro, o chão passou por muitos tremores e de muito longe, vemos explosões de fogo e de eletricidade que subiam até o céu, claramente as duas criaturas estão se matando.

Mesmo como elas estando bem longe de nós, julgando pela distância que vejo a eletricidade e o fogo, a colisão dos golpes desses dois, está sendo tão intensa que podemos até sentir tamanho poder que a luta causa. 

Mais um golpe estoura no céu, que abala a terra, nos derrubando ao chão. 

No céu, podíamos ver algo voando em nossa direção, o objeto pousou bem na nossa frente, seja o que for, está muito carbonizado e saindo fumaça preta e leves faíscas azuis, com claros sinais de que sofreu ataques de eletricidade.

A fumaça preta diminui, permitindo que todos vissem.

Os pelos de Matheus se arrepiaram, percebendo o que é.

-É-é a cabeça do minotauro!?

Não querendo perder um milésimo de segundo sequer, rapidamente nos levantamos e batemos em fervorosa retirada.

-(Um monstro que pode matar um minotauro, que nós mal conseguimos machucá-lo, não teremos nem sequer um pingo de chance, se essa criatura decidir vir para cá!)

Até mesmo Camila, que não tem todo o treinamento, está empatado com Matheus na questão de correr.

….

..

.

Dois dias se passaram desde a luta com aqueles monstros, e Nagaro caminha tranquilamente pela floresta.

A noite já está chegando, e à medida que o sol se põe, a floresta fica mais silenciosa e parada.

Nagaro para de seguir seu caminho, notando algo estranho à sua direita.

-(O que é aquilo?) 

Ao longe, vejo uma terra branca(parecendo neve) com árvores mortas e… esqueletos?! Sim, são esqueletos! E pelo formato do corpo que vejo, parece ser de humanos!

Aproximei das terras brancas, identificando com melhor clareza, o que eu já havia visto, são realmente vários esqueletos humanos, mas noto que também tem alguns esqueletos estranhos, perto dos esqueletos humanos, têm esqueletos com dois chifres na testa e outros com um chifre no meio da testa. 

Olhei mais a frente, vendo alguns esqueletos com a estrutura óssea muito alongada e grossa, além de terem característica animalesca, como dentes e garras afiadas. 

Deduzindo e lembrando de algumas informações prévias sobre este mundo que obtive na biblioteca élfica, posso dizer que os que têm chifres são da raça dos onis e a outra são provavelmente dos homens fera, não tenho total certeza disso, já que não as vi pessoalmente, mas se eu pensar, tendo como base as informações que tenho, esses esqueletos provavelmente são dessas respectivas raças. 

Caminhei mais um pouco em torno deste lugar, notando que a maioria desses mortos, estão intactos, não tendo nem sequer um único osso quebrado ou faltando partes.

Mas mesmo estando inteiros, são facilmente quebráveis, toquei em um desses esqueletos, e quase que em instantes, ele virou pó, indicando que provavelmente morreram já faz muito tempo. 

Me aproximei de outro esqueleto, assim que olhei com mais atenção, percebi que esse outro está poroso, cheio de buracos nos ossos, isto pode ser um sinal do que pode ter ocorrido aqui, ou é só a ação do tempo.

-...

Há muitos outros esqueletos de diferentes formas e tamanhos, nos que eu olhei com atenção, estão com as mesmas condições, porosos.

O mais notável aqui, é que a maioria dos mortos são de humanos e humanóides, eu quase não vejo a dos "seres mal compreendidos" aqui. 

Olhei para um lado e para outro, não percebendo nada muito concreto, na qual indica, o que possa ter causado essa chacina.

-(Mas também pode ser que, o que tenha causado isso, já não esteja aqui).

Nagaro prossegue.

….

..

.

Nagaro toca em uma árvore, sentindo a mana.

-(Não está morta).

-(Parece que a única forma de vida nesse lugar são as árvores).

-(Não há plantas rasteiras, arbustos e relvas, só árvores).

Quanto mais eu caminho, menos esqueletos eu via, e mais eu percebo o que houve aqui.

Fechei os olhos, vendo o fluxo de mana, ou melhor dizendo, a falta dela.

-(Não há mana aqui).

-(As árvores quase não tem mana, é por isso que elas têm uma aparência tão fina e seca).

Mas a pergunta que gera é, "Por que aqui não tem fluxo de mana?". A questão é fácil de responder.

-(Porque o causador dessas mortes toda, é o mesmo que está roubando a mana).

Que por sua vez, gera a última pergunta a se fazer: "Então quem está roubando?".

Nagaro aponta o dedo para o chão.

-(Ele se encontra bem aqui).

Nagaro abre os olhos, ao mesmo tempo, pega um pouco da terra, e a deixa cair, deslizando em seus dedos.

-O solo.

Com o decorrer que me aprofundo, sinto que minhas energias estão sendo drenadas pela terra, quando pisei neste lugar, a sensação era quase imperceptível, mas com o tempo e quanto mais eu avanço, mais claramente sinto que minha energia vital está sendo sugada, e em um ritmo acelerado, mas graça a minha amada regeneração, não sinto ainda nenhuma consequência, apesar de que gera um desconforto.

-(A sensação que tenho, é como se vários canudos estivessem me sugando).

Por conta disso, eu não posso ficar aqui por muito tempo, minha mana também está sendo pega, e se minha mana acabar(e parar de ser produzida), não conseguirei regenerar. O lado triste de minha regeneração, é que infelizmente ela não repõe a mana no mesmo ritmo que cura meu corpo.

-(O único motivo de eu ainda permanecer, é a curiosidade de saber o que houve para que esses esqueletos acabassem assim).

-(Agora que eu já sei, não há motivo para ficar).

Olhei para o único esqueleto aqui.

-(Essas pessoas morreram, porque quando perceberam que estavam sendo drenadas, já era tarde demais).

-(Olha, eu só percebi que meu vigor está sendo roubado, quando já estou bem fundo na floresta).

-(E provavelmente elas não tinham uma capacidade igual a minha, então…)

Sei que é muito triste ver que tantas pessoas morreram por causa dessas terras amaldiçoadas, mas sabe, se alguém morreu nesse lugar, sabe o que isso significa?

Significa que estou ainda mais perto de sair dessa floresta, se tanta gente morreu aqui, então quer dizer que pessoas caminharam nesse lugar, ou seja, entraram na floresta. 

-(E se entraram, quer dizer que há uma saída).

Um pensamento veio à mente.

-(De novo eu expliquei as coisas comigo mesmo).

-(Estranho… Por que eu tenho que ficar explicando?)

-(Até parece que tem algo ou alguém que precisa que eu dê explicações).

Nagaro olha.

-...

Mas só vê o ar e nada mais.

-...

Suspira.

-Esquece.

-Como eu já disse antes, provavelmente deve ser algum hábito ou mecanismo de minha mente para eu não enlouquecer.

-Já estou há tanto tempo nessa floresta que nem vejo mais diferença se é de dia ou de noite. 

Olhei novamente em volta, percebendo que o vento fazia leve sons, um som esquisitamente relaxante.

-Hum?

-Vento fazendo barulho?

-(Nessa floresta em que quando anoitece, não se escuta nem o vento, mas aqui em especial, é possível escutar?)

O vento pode fazer um som relaxante, mas para mim, é motivo para manter a guarda alta. 

Olhei com cautela. 

-(Tem algo errado).

-...

O som do vento reabre minha curiosidade, mas em contrapartida é perigoso, não é bom eu ficar mais tempo aqui, então eu decidi ir embora, já estava para correr.

O vento balançou os meus cabelos. Cada vez mais ondas de vento surgem, batendo em meu corpo, parecendo querer me levar para algum lugar.

-...

-(Não sei o porquê, mas isto parece um déjà vu).

O vento empurra Nagaro.

-(Quer me guiar?)

As ondas e vento se tornam mais agressivas.

-Rum!

-Não vou!!

Nagaro firma os pés no chão, e vai no caminho oposto, em resposta, usando tudo que tem, o vento se torna uma ventania, empurrando Nagaro.

A força do vento arranca as árvores do solo que batem em Nagaro.

Várias pedras e terra voam, acertando-o.

Até mesmo alguns esqueletos que Nagaro tinha visto lá atrás, vieram voando e bateram nele.

-Ora!

-Se eu disse que não vou...

Nagaro bate o pé no chão, causando rachaduras no solo e tremores.

-É porque eu não quero!!!

A lava sai do meu corpo e explode a floresta em minha volta, deixando uma enorme cratera no lugar, saltei, saindo da cratera. 

Olho em volta, e o vento não mais produzia som e muito menos ventania.

Olhei novamente a floresta, assentindo.

-(Tudo está silencioso, como deve ser).

Nagaro se apercebe.

-(Que estranho… ultimamente estou ficando bem mais emotiva ou é impressão minha).

Em instantes, juntando forças, para a última tentativa, uma onda de vento veio, acertando a cara de Nagaro. Fazendo-o virar o rosto na direção que queria.

Nagaro iria virar o rosto de volta, mas o que ele viu, chamou sua atenção.

Assim que meus olhos vêem ao longe, vários esqueletos caídos no chão, parecendo que estavam se arrastando, tentando fugir para cá.

Esses esqueletos, em especial, estão vestidos de preto e armados.

Rapidamente me aproximei de um deles, tocando na roupa.

-(Sua roupa está desgastada e esfarelando, deve ser devido ao tempo).

Continuei verificando o esqueleto, pegando sua arma, uma faca curvada, mas estava muito desgastada e enferrujada, coloquei de volta no lugar.

Meus olhos se direcionam para seu corpo e vejo que debaixo de suas roupas, ele está sem as pernas.

-(Não entendo de armas, mas parece que alguém cortou suas pernas com alguma espécie de lâmina).

Afastei-me do morto e olhei para os outros, percebendo que eles estão com partes do corpo faltando, alguns foram acertados por shurikens, já outros estão sem a cabeça, tem outros que estão até despedaçados.

Caminhei mais um pouco e vejo que tem outros esqueletos que vestem outras cores de roupa, tendo os de cor roxa, cinza e branco. 

Nagaro vira o rosto para cima.

-O que houve aqui?!

-Uma luta?!

Mas o vento já tinha parado de fazer som, a tempos. Não houve nenhuma resposta.

-...

-...

-Está bem… Você já tinha aberto minha curiosidade, mas agora, você conseguiu puxá-la com a corda.

-Vamos ver então o que me espera.

Começou então a andar cautelosamente, seguindo o caminho em que esses esqueletos estavam vindo.

-(Do que vocês estavam fugindo?)

…. 

… 

.. 

.

À medida que avançava, mais esqueletos via.

-(Agora eu entendo).

-(Houve realmente uma batalha aqui). 

Meus olhos viam uma quantidade surpreendentemente enorme de mortos, onde quer que olhe, há esqueletos, desde em cima das árvores até soterrados no chão. E o lugar está cheio de várias crateras e árvores despedaçadas, indicando que houve uma batalha sangrenta.

Mas tem algo a se notar, os mortos vestidos de roxo, cinza e branco, parecem que estavam lutando juntos contra os de roupa preta.

-(Uma emboscada?)

Andei mais um pouco, vi mais uma porção de esqueletos, mas só isso mesmo, não tem nada de único por aqui.

Esfreguei minha mão no queixo.

-(Porque o vento queria me levar até este lugar?)

Caminhei mais um pouco em volta, passando rápido olhar nos mortos, mas continuo não vendo nada de super importante ou extraordinário por aqui, como um tesouro antigo, um artefato místico ou alguma arma lendária.

Nagaro pensou naquele tesouro que ele tinha pego do líder goblin, lembrando dela com carinho, mas infelizmente a perdeu tão rápido.

-(Que pena).

-(Mas fazer o que né?)

O vento ressoava chamando minha atenção, batendo em meu corpo, mas em vez de ventanias fortes, ele tenta me guiar por meio de suaves brisas.

-...

-Rum.

Nagaro segue o vento que guia o caminho.

….

..

.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------