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Coroa de Brandon - [PT-BR]

Esperando ansiosamente, Brandon pensava em seu amado que havia partido para a guerra. Três longos anos foi o período que não o via. Eles se comunicavam às vezes por cartas, mas não era o mesmo que tê-lo ao lado em seu dia a dia. No entanto, o momento esperado havia chegado. O fim da guerra foi anunciado e era naquele dia que ele chegaria. Toda a mansão estava se arrumando para a chegada dos jovens mestres, e o casal Miller e o jovem James estava em frente a porta, pois foram informados que seu grupo havia chego às terras. Brandon não demonstrava o que realmente estava sentido em seu rosto, porém seu interior estava em um estado de euforia. E como se seus pensamentos felizes e animados fossem poeira ao vento, o que ele teve que ouvir foi chocante e perturbador para ele. O homem que ele amava estava noivo. * Desacreditado no que tinha ouvido da própria boca daquele que um dia amou lindamente, ele não conseguiu pensar além daquelas palavras. Como ele pensava que aceitaria aquilo? Era isso a extensão de sua consideração por ele? No fim, Brandon decidiu-se. Não havia como pensar, esquecer e até superar estando em tal lugar. Ele tinha que mudar. Um lamento cresceu em seu peito ao pensar nas pessoas com quem viveu por longos anos, mas era necessário para si e seu coração. O rapaz só não pensaria que ao se mudar, um lobo de olhos vermelhos eventualmente tomaria seu coração para si. {Boys Love | Fantasia Romântica}

MundosdeL · LGBT+
Pas assez d’évaluations
39 Chs

4.9

O salão de banquetes estava tão animado quanto no começo. Depois da chegada da família real, a festa havia realmente começado. A música tinha mudado de melodia e, agora, começava uma música animada, ótima para a dança entre parceiros, típica programação desses eventos. Grande parte dos nobres mais jovens, que vinham com aqueles com os quais estavam comprometidos ou que estavam em busca de tais compromissos, foram para o centro e começaram a dançar ao som da música.

Seus passos eram abafados perante a sonância dos instrumentos e seus movimentos eram todos ritmados, seguindo cada ação conforme foi lhes instruído na aula de dança. Os homens com a mão nas cinturas das damas e apertando para não caírem. As mulheres, por outro lado, seguiam os passos de seus parceiros e se permitiam ser conduzidas com graça e leveza. Os movimentos de ambos, quando sincronizados, eram elegantes e toda a dança tinha a atmosfera de ser algo da aristocracia.

No entanto, havia alguém que estava olhando para aquilo com tédio.

James estava sentado no mesmo lugar desde que seguiu sua mãe até a mesa das senhoras e as ouviu conversando sobre fofocas. De início, ele realmente ficou interessado sobre as ocorrências não tão famosas ou apenas rumores que rolavam solta na corte, mas se sentiu entediado depois de um tempo, com a expressão neutra e, de certa forma, desanimada. Ele estava cansado daquilo. Já havia comido o suficiente dos doces e não queria mais dar nenhuma mordida em algo que tinha açúcar e agora só restava ficar vendo o ambiente.

Sua mãe e as senhoras continuaram a conversar. Ele estava tentado a puxar a saía de sua mãe levemente para chamar sua atenção e pedir para fazerem outra coisa ou permitir que ele vá atrás de um de seus irmãos ou seu pai. Talvez até sair para ir a uma varanda e respirar ar puro, sem sentir as fragrâncias dos perfumes doces que sentia em todo o lugar. Além disso, a música o estava começando a irritá-lo, enquanto ficava vendo aquela multidão de pessoas demonstrar suas proezas artísticas na dança no centro.

Ele realmente não era um fã de dança e nem um bom dançarino, ainda que tivesse aulas disso. Assim, ele não conseguia apreciar os movimentos graciosos das mulheres e nem as habilidades dos homens. Os deuses lhe deram dois pés esquerdos e estava grato por isso.

Seus olhos vagaram por todo o salão, buscando algo que lhe interessasse. Sequer a realeza era um bom tópico de sua curiosidade. O imperador estava a todo momento sentado em uma cadeira no alto e a princesa e o primeiro príncipe estavam rodeados por seus seguidores e outros nobres que queriam conversar. O mais interessante era o segundo príncipe e o homem que ele viu na rua outro dia, o Grão-Duque, mas de sua posição não dava para descobrir onde estavam e observá-los discretamente.

Ele continuou assim, até que viu algo interessante. Seu irmão Phillip estava no centro junto com a multidão. Ele estava dançando com Johannes tão bem que se surpreendeu. Ele não imaginava que a noiva de seu irmão saberia como dançar a dança de alta classe do império, por ser uma estrangeira, e que seu irmão amante de espadas também soubesse como conduzir uma mulher. De fato, o tinha subestimado.

Ele observou um pouco mais. O vestido branco com a roupa de seu acompanhante quando esvoaçava era lindo. A fazia se destacar perante aqueles montes de roupas coloridas das outras senhoritas.

Tinha que admitir, os dois pareciam bem juntos.

Mesmo que continuasse a olhar sua performance, ainda ficou entediado depois de um tempo. Seus olhos desviaram-se de seu irmão e sua noiva para suas mãos brancas e pequenas procurando alguma coisa que lhe interessasse. Suas unhas eram muito bem feitas e sua mão tinha cor leitosa e um pouco rosada. Mas não era o suficiente para distraí-lo. Parecia que o tédio no banquete seria seu companheiro. Ele parecia o único, enquanto todos os outros estavam alegremente interagindo.

'Como queria que Brandon estivesse aqui.' Pensou, com o rosto um pouco para baixo.

Ele não tinha ninguém, já que não conhecia nenhuma das pessoas convidadas, com exceção de sua família e os poucos amigos de seus pais que viu ao longo da vida. Havia alguns adolescentes de sua idade e algumas crianças acima de dez anos, mas não tinha coragem de se aproximar. Era igual à pós-festa da premiação mais cedo, todas ou tinham um grupinho e pareciam tão antipáticas com seus narizes altos, ou sequer tinha vontade de ir.

O mais provável? Os dois juntos. Realmente, não queria fazer amizade com pessoas que não entendem seu amor pela magia e eram tão arrogantes.

Por fim, estava muito cansado de ficar ali no tédio. Ele decidiu. Não queria ficar sentado naquela cadeira por mais algumas horas. Jurava que sentiria sua bunda pinicar apenas por ficar mais alguns minutos. James queria andar, nem que fosse alguns metros da mesa de sua mãe. Timidamente, sem atrair a atenção das outras senhoras, estendeu sua mão até a roupa de sua mãe e puxou levemente para atrair sua atenção, com sucesso.

"Mãe, posso andar um pouco pelo salão?" Perguntou próxima a ela. Seus olhos castanhos piscavam tentando atrair compaixão. Ele queria permissão.

Seus pensamentos eram óbvios. Como sua mãe, Condessa Miller, não veria o que seu filho estava pensando? Mas tinha que admitir que para alguém da idade dele a acompanhando pode ser chato. Ainda mais sem alguém com quem conversar, já que ficou quieto desde que sentou-se ao seu lado, só comendo.

"Está com tédio?" Questionou, só para confirmar sua mente. James assentiu, é claro. "Tudo bem, você pode sair e andar um pouco. Mas não é para ir longe e sempre fica na minha linha de visão."

"Ok, mãe." Ele assentiu, levantando-se e dando os seus primeiros passos para longe da mesa.

As mulheres amigas da condessa obviamente viram tal situação e não puderam deixar de observar.

"Seu filho ficou tanto conosco, estou surpresa que ele não tenha ido antes, Claire." Ginus falou com surpresa expressa. "Queria que meu filho também ficasse um pouco comigo. Não vi ele desde que chegamos."

"Ele é muito jovem. Não gosto que ele se afaste muito de mim em um lugar desconhecido." Ela respondeu a Ginus. Seus motivos eram válidos e todos a entenderam. Também se preocupariam caso tivessem um filho de 13 anos e fossem sua primeira numa festa ao palácio.

"Nós entendemos. Eu também ficaria. Mas duvido que o meu ficasse comigo tanto quanto o seu ficou nesta idade. Ele teria sumido antes mesmo de eu me sentar." Reclamou Lanus, com um rosto um tanto mal-humorado. "Ele teria arranjado dor de cabeça para mim."

"Eu só tenho filhas, mas entendo como se sentem. As minhas também não eram tão boas assim." Riu Maliart, pensando nas confusões que as suas já fizeram.

"E você, duquesa? Como era o seu filho?"

"O meu? Oh, nessa idade… Não, Carlos nunca deu problemas." Duquesa Uersth disse, sentindo os olhares um tanto incrédulos de suas amigas. "É sério, ele sempre foi uma criança que gostava mais de passar seu tempo na biblioteca do que fazendo confusões. Eu muitas vezes saía com ele somente para ver o sol. Ele se parece comigo, mas se comporta igualzinho ao pai."

"Bem, creio que James seja parecido então. Você vai ver, Claire, não tem com o que se preocupar." Maliart disse para sua amiga sorrindo.

Claire viu suas amigas a olhando e sorriu, sentindo-se afortunada por ter feito amizades verdadeiras no meio da água lamacenta que é o círculo social aristocrático. Ao menos, isso indica que ela tem muito bons olhos para as pessoas. Ela riu, com o leque em sua boca, e tratou de mudar de assunto. No entanto, ainda havia um resquício de atenção sobre James em seu coração.

James, o filho que é tão pensado pela mãe, não se afastou tanto assim da mesa onde ela estava. Ele não estava próximo ao centro e mais afastado de onde a maioria das pessoas estava. Na verdade, ele caminhou até a mesa de comida que estava ali para matar sua sede com um copo de suco. As bebidas que os empregados tinham em mãos quando andavam pelo salão eram em sua maioria álcool, o que não era adequado para alguém de sua idade.

'Huh? O quê…?' Entretanto, assim que chegou à mesa, notou algo estranho e peculiar.

Uma mão parecida com a sua saiu debaixo da mesa, no lado oposto ao que estava, e apalpou a superfície plana até chegar em um prato cheio de bolinhos apetitosos e bem decorados. Ao, enfim, segurar a comida, ela puxou rapidamente, como se estivesse com medo de ser descoberta. Obviamente, seu propósito era agir discretamente e quase imperceptível, mas não foi possível.

James olhou para os lados e, como tinha percebido, não havia muitas pessoas próximas à mesa que estava, com exceção da de sua mãe.

Ele deu a volta no móvel e tudo o que viu do outro lado era o tecido luxuoso que ia até o chão. Não havia ninguém ali e muito menos viu alguém saindo pelas laterais e se afastando, como se nada tivesse acontecido. O que restava somente uma resposta. Quem quer que fosse o comilão misterioso estava embaixo da mesa.

Então, discretamente e em silêncio, ele abaixou-se até ficar agachado, com seus dedos estendidos em direção ao tecido, e sentir a textura leve e macia do pano. E puxou rapidamente, com medo de que a pessoa fugisse quando visse sua mão ali. A imagem que se revelou embaixo da mesa e coberto por sombras onde nem a luz chegava direito era um garoto em roupas um tanto luxuosas, mas não formais, com um último pedaço do bolinho em sua boca.

Ninguém reagiu e quase não houve som de respiração, já que ambos a prenderam.

O garoto virou a cabeça rigidamente e empurrou o pedaço em sua boca com o dedo indicador, arregalando os olhos pelo fato de ter sido descoberto e sequer ter notado. Ele quase morreu de susto, pensando que fosse um dos empregados ou, pior, um de seus irmãos. Teria se ferrado e muito caso descobrissem que entrou de penetra quando disse que não queria e como estava se comportando ao pegar lanches escondidos.

Não que ele não pudesse comer, mas sua babá não permitia muito tais comidas, o que lhe desagradava e muito.

Entretanto, o garoto ainda estava vigilante, ainda que aliviado. Quem apareceu fora um desconhecido que era filho de alguma família nobre se ele conseguia entrar no palácio. Ele deduziu isso pelas roupas que o outro usava, que não era muito inferior a sua, e pelo fato de estar na festa. Mas ele não reconhecia tal pessoa, embora tenha visto a maioria dos filhos dos nobres da capital.

"Sua alteza?" James falou, surpreso por quem encontrou ali. Era o terceiro príncipe, Bellus Yulard, quem estava debaixo da mesa. Ele o tinha visto nos livros que detalham a história da família real em seus estudos.

"Quem é você?" Questionou, com seus olhos claros e azuis fixados em James. Estava tentando ao máximo manter uma imagem digna e respeitável de um membro da realeza, mas falhando. Seu rosto estava vermelho por ter sido pego por um estranho e estava com medo que ele avisasse alguém.

"Hm, sou James." Apresentou-se em tom casual. A situação não parecia exigir cortesia e educação, embora o outro fosse de um status maior que o seu. "O que sua alteza está fazendo aí? Além de pegar alguns bolinhos escondido." Riu no final da frase.

O rosto de Bellus escureceu em mais um tom de vermelho ao ouvir o riso em conjunto com a frase. Seria uma mancha preta em sua história de vida.

"Eu estou me escondendo" Murmurou envergonhado. Não adiantava negar, afinal, ele o viu comendo um bolinho embaixo da mesa.

"De suas altezas? Por quê?"

"Eles queriam me trazer para a festa, mas eu não queria. Por que eu tenho que ficar conversando com um monte de gente que não conheço? Então recusei e disse que ia dormir." Falou, lembrando-se de quando o chamaram. Ele também não queria ficar perto de alguns garotos que conheceu que também viriam à festa do palácio. Ele não conseguia esquecer o menosprezo que fizeram a ele por suas costas. "Mas aí pensei que teria comida gostosa e quis vir, mas sem alertar ninguém e cheguei aqui.

"Entendo." Balançou a cabeça, notando mais detalhadamente a vestimenta que o outro usava. Uma camisa branca fina que ia até os pulsos e calça pretas com chinelos. Com certeza não era uma roupa para se vir a festa.

"Por favor, não conte a ninguém que estou aqui." Pediu, com um tom de súplica e medo. Ele realmente não queria ser descoberto.

James olhou para Bellus e pensou no que Brandon faria. Se fosse ele, ele o teria acobertado e no momento que fosse perguntado responderia como se não tivesse nada haver com ele. E, dependendo do momento, teria agido muito amigável para fazer amizade. O ruivo tinha talento em fazer amizade com crianças, talvez por tê-lo cuidado desde muito novo e se acostumado a sua forma de pensar e agir.

Ele suspirou, antes de seguir o exemplo de seu irmão.

"Não se preocupe, não vou." Falou, subindo um pouco e pegando o prato de bolinhos que estava em cima, bem como algumas outras comidas, e levando para baixo, na altura do terceiro príncipe. "Tome."

"Obrigado!" Sorriu para as comidas que era impedido de comer no prato. Ele concluiu que o garoto à sua frente era legal por ter feito isso.

"De nada." Respondeu, olhando para os lados para ver se chamou atenção. Notando que não, volta a falar. "Saía debaixo da mesa. Não importa se está escondido, mas não é um bom lugar para alguém da realeza se esconder. Fique aqui do meu lado e só me peça o que quiser comer."

Bellus o olhou e assentiu, saindo debaixo agachado e se sentando ao lado de James em pé. À sua frente estava uma parede e a luz do lugar não chegava até ele, já que sua figura era coberta pela sombra que se fazia. O garoto que lhe descobriu ficou mais visível de se ver e ele viu sua aparência. Os olhos castanhos no rosto gentil e seus cabelos cacheados roxos, parecia ter a mesma idade que ele e quase a mesma altura. A ideia de ter feito um novo amigo era agradável, ainda mais com alguém legal como ele.

"De que casa você é?"

"Da casa Miller, sua alteza." Respondeu, também estendendo sua mão entre os inúmeros lanches e pegando uma de massa com recheio de queijo. Os doces estão fora por enquanto por ter comido na mesa de sua mãe.

"Casa Miller, ok. Eu vou retribuir o favor." Disse firme, para mostrar para o outro que ele faria mesmo.

"Como quiser."

"E do que você gosta?" Questionou, curioso. Ele teria que procurar algo que lhe agradasse para lhe agradecer. E deu mais uma mordida em um dos lanches, observando a figura de perfil ao lado. "Para lhe dar algo que goste."

"Hm, pode ser algo sobre magia. Um livro ou pergaminho. Sempre é bom saber mais."

"Magia!" Exclamou surpreso, com um sorriso em seu rosto. "Eu também gosto de magia. É minha matéria favorita dos meus estudos. O último livro que li foi de Telbin sobre a fusão dos elementos naturais."

"Sério? Eu prefiro mais Jesia e sua ideia que a harmonia é capaz de trazer toda a potência deles."

"O quê? Mas…"

A conversa continuou animadamente entre ambos. Os dois defendiam suas opiniões sobre qual magia era melhor e como usá-la de maneira eficiente, além disso também comentavam sobre as ideias de autores que eram boas. Depois disso, passou para interesses mais em comuns, até sobre as histórias que leram e sobre os personagens dos livros. James lia alguns por curiosidade, já que Brandon era um amante de histórias do tipo, principalmente romances. E Bellus, bem, era a única coisa a se fazer além de estudar quando estava de castigo por ter feito alguma travessura ou brincadeira.

A noite passou-se assim. Com ambos criando uma amizade. E vez ou outra James acenava para sua mãe, que o olhava para confirmar sua posição.