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Aleksander Petrov

Estou fazendo todo o possível para não matar cada um dos insetos que se encontra nesse restaurante, eles nem sequer têm a decência de disfarçar, eles comem a minha esposa, mesmo com a barriga enorme e um anel visível para todos os cães, eles não param de olhar para ela.

— O que foi? Por quê parece que vai cometer um assassinato a qualquer momento? — Isabella Indaga surpresa, com olhos atentos também. Ela procura com a cabeça o que está acontecendo. 

— Porque eu vou, todos estão comendo você, se importaria se eu levasse você de volta para casa? — retruco sem me importar com mais nada, a vontade que eu tenho é de explodir o restaurante inteiro.

— Você não precisa fazer isso amor, eu sou sua — suas palavras me pegam de surpresa e porra! Atingem directamente no meu pau.

Eu esperei tanto por esse momento, o momento em que eu escutaria palavras como essas saindo de sua boca.

— Fala mais outra vez! — meus ouvidos estão tão alegres por ouvir algo assim, eu quero e preciso ouvir novamente.

Isabella ri da minha cara de cachorro pidão, estou parecendo uma criança mimada. Mas poxa, como não ficar feliz assim? O amor da minha vida e minha mulher está deixando claro que me ama e que é minha, mesmo que passem anos, eu nunca vou me acostumar com isso, nunca vou me acostumar com a ideia de ser um homem apaixonado.

— Eu não preciso falar duas vezes para que você saiba que te pertenço amor, mas e você? Me pertence? — Isabella une as nossas mãos e  murmura com um sorriso maior.

Seu sorriso é tão lindo que poxa, é impossível não sorri também. Sua questão me faz refletir desde o primeiro dia, desde o dia em que coloquei os olhos nela. Desde quando pensei que fosse apaixonado por Fiorella, eu nunca tive dificuldade em achar ela linda, nem a ideia de ficar com ela me pareceu repugnante, a verdade é que o meu corpo sempre soube a quem pertencia, mesmo que o meu coração e mente não pensassem o mesmo.

— Desde o primeiro dia — Murmuro com um sorriso sugestivo, deixando claro com as minhas palavras que sempre fui dela, mesmo que não soubesse de nada antes.

O nosso jantar corre com tranquilidade, até que o meu celular toca e eu tenho que atender. É um dos meus seguranças, desde que a guerra tornou-se algo tão vivo e próximo, não tenho desprezado as chamadas dos meus soldados, qualquer momento pode ser fatal.

— Volto já amor, preciso atender essa ligação — me despeço de Isabella deixando um beijo em sua bochecha.

Saio de perto das mesas e vou até os banheiros, as conversas relacionadas a Bratva, não podem ser feitas perto de pessoas que não estão envolvidas com a Bratva.

— O que foi? — atendo chateado, não gosto de ser interrompido, ainda mais quando eu estou num jantar romântico com a minha diabinha.

— Senhor! É o seu sogro — o soldado atende assustado e com a voz bastante trémula, já vi que coisa boa não é.

— O que houve com o velho? Ele quer voltar para casa? Dêem um soco nele, que ele dorme logo — não acredito que ele só me interrompeu para reclamar das loucuras do velho desgraçado, ele é realmente um peso na minha vida.

— Não é isso senhor, seu sogro está morto — o soldado finalmente fala a coisa que esperei a vida toda ouvir, confesso que eu desejei a morte dele, mas por quê não sinto vontade de gritar de alegria?

Várias vezes eu sonhei quando finalmente teria a cabeça do homem responsável por deixar o meu rosto desfigurado e por colocar meu pai em coma, eu pensei que seria o dia mais feliz da minha vida, eu até tenho um champanhe para o momento, eu tenho a roupa ideal para o velório dele. Mas isso não parece tão atrativo como eu pensei que seria, só de imaginar o olhar triste e desolado da minha Zayka, o meu coração dói, ela não merece passar por isso, ela é o ser  meu mais puro que eu alguma vez conheci, não merece passar por tamanha dor e angústia.

— Cuidem do corpo e reúnam todos os soldados, isso foi uma declaração de guerra — completo e encerro a ligação na hora.

Não sei como vou voltar para a mesa, não sei como vou encarar a minha esposa, ela trouxe o pai dela até o território inimigo, com o intuito de proteger ele e no final das contas, ele estava mais protegido na casa dele. Inspiro e não expiro, preciso ficar calmo antes de voltar a mesa, não posso deixar claro para o meu anjo que as coisas não estão boas, se ela ficar preocupada, o nosso bebé também ficará.   

— O que aconteceu? — Isabella Indaga surpresa, assim que finalmente decido me juntar a mesa.

Parece que eu falhei na minha missão de parecer calmo ou minha diabinha me conhece muito bem.

— Falo assim que chegarmos a casa — tento parecer calmo, mas o meu rosto está totalmente transtornado.

Mesmo que sem intenção eu estou deixando ela preocupada, mas eu não sei o que fazer nesse momento, estou em conflito comigo mesmo, não sei se celebro a morte dele ou se choro junto dela. Eu sinceramente, não sei o que fazer, estou em guerra comigo mesmo.

Isabella não discute mais e decide me acompanhar, acho que ela me conhece melhor do que eu mesmo. Saímos do restaurante num silêncio fúnebre, dou a mão para  ajudar  a minha esposa a entrar no carro e fico quieto, estou tentando ao máximo parecer calmo, mas as minhas emoções parecem areias finas em dias de tempestade. Eu estou num grande conflito comigo mesmo. A viagem até a nossa casa e feita em silêncio, Isabella em nenhum momento, tenta puxar assunto ou reclamar do meu silêncio. Acho que no fundo, ela sabe que algo não está bem, ela sabe que algo muito grave aconteceu, por isso não está tentado parecer boa esposa ou uma esposa carente, ela sabe que algo de muito grave está por vir. Assim que chegamos perto da nossa propriedade, é possível ver o cenário de guerra, as ruas estão bloqueadas por excesso de soldados e na porta de casa parece a muralha da China, os homens estão adequadamente posicionados.

— Aleksander o que está acontecendo? — Isabella insiste mais uma vez, acho que ela já percebeu que as coisas não está realmente bens.

— Eu conto quando estivermos dentro de casa, relaxa — tento parecer tranquilo para ela, mas a verdade é que eu quero gritar, porque o que está acontecendo é uma verdadeira bagunça.

Se os desgraçados conseguiram entrar na minha casa e matar o meu sogro, isso quer dizer que nós não estamos seguros, principalmente a minha coelhinha, ela não está segura aqui, ela pode ser tirada de mim a qualquer momento, ela pode sofrer as consequências dos meus actos a qualquer momento.

Ajudo minha esposa a descer do carro, suas mãos estão trémulas, ela está nervosa. Com passos calmos e vacilantes, nós dois entramos no interior da casa. O cheiro de morte e sangue fresco é totalmente tenebroso. O cheiro fresco de sangue me agrada, mas o cheiro do sangue dos meus, nunca será agradável, eu quero sentir o cheiro dos assassinos que mataram o meu sogro.

— O que aconteceu Aleksander? — Isabella Indaga mais uma vez, dessa vez tapando o nariz.

O cheiro de morte e sangue é tão forte e vivo que a minha esposa se afasta para vomitar.

— Fica calma amor, isso não vai te fazer bem, nem ao nosso bebé, relaxa, eu vou cuidar disso para você — tento parecer calmo, mas Isabella não me escuta.

Ela se solta dos meus braços e sobe as escadas correndo, até o quarto do velho Constantine.

— Isabella não corre você está grávida — corro atrás dela, tentando alcança-la antes que chegue no quarto.

Isabella é mais rápida do que eu, ela corre com força, como se soubesse o que lhe espera no quarto, eu não consigo chegar até ela, Isabella abre a porta do quarto do velho. Seus olhos se arregalam, suas mãos tremem de medo. Consigo chegar até ela, antes que os joelhos dela cheguem ao chão. Seus olhos estão cheios de lágrimas e porra! A cena a minha frente é vibrante e assustadora. O corpo do velho está sem vida na cama, com o pescoço totalmente degolado, o sangue está por toda a parte e como eu bem imaginei, isso foi só um aviso.

— Quem fez isso, por quê fizeram isso com ele?  — Isabella chora abraçada a mim, ela está realmente triste.

Eu não sei o que fazer para acalmar ela. Mas isso está claro para mim que é um verdadeiro aviso, as paredes estão tingidas de letras vermelhas, elas foram escritas pela pessoa que matou o velho Constantine, alguém que não quer para o velho ver a filha infelizmente, alguém que teve coragem de passar alguém na pista. As letras estão totalmente claras que são uma intimidação para mim. Elas estão vivas escritas com o sangue do meu sogro.

— Eu não sei minha diabinha, eu não sei — sussuro com seu corpo junto ao meu. Isabella chora copiosamente.