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22 - Ecos IV

Astracar caminhou pelos corredores da fortaleza pandemônio com um peso em seu coração. As paredes de pedra negra, entalhadas com símbolos antigos, pareciam observá-lo com uma curiosidade silenciosa. Ele refletia sobre as histórias que essas pedras poderiam contar, sobre os séculos de segredos que elas guardavam.

Ao entrar no grande salão do trono, a majestade do Rei Demônio Belial o atingiu como uma onda de calor. O trono, esculpido em obsidiana e adornado com rubis que brilhavam como olhos vigilantes, era um monumento ao poder e à história demoníaca. Belial, com sua armadura negra que absorvia a luz ao redor, era a personificação da força e da sabedoria.

"Rei Belial," começou Astracar, sua voz ecoando no vasto salão. "Venho em busca de entendimento. Por gerações, nossos povos têm vivido em desconfiança e conflito. Mas, o que realmente sabemos um do outro?"

Belial levantou-se, sua presença imponente preenchendo o espaço. "Astracar, Heroi dos humanos, traz consigo a chama da curiosidade, algo raro em sua espécie. Nós, demônios, somos frequentemente mal interpretados, vistos como criaturas de pura maldade. Mas assim como vocês, temos nossas paixões, nossas artes, nossas famílias."

Astracar absorveu as palavras, sentindo a verdade nelas. "E sobre a Bruxa do Caos?" ele perguntou. "O que ela representa para nós?"

Belial olhou para o horizonte distante, visível através das janelas altas do salão. "A Bruxa do Caos é a antítese de tudo o que conhecemos. Ela busca desfazer a ordem, desfazer a própria realidade. Se permitirmos que ela prevaleça, tanto demônios quanto humanos perecerão no vazio que ela deseja criar."

A conversa se aprofundou, e Astracar sentiu-se dividido entre seu dever e a nova perspectiva que se abria diante dele. Ele começou a questionar não apenas as motivações do Rei humano, mas também as possibilidades de um futuro onde humanos e demônios poderiam coexistir em paz.

"Você fala de um mundo que eu gostaria de ver," disse Astracar, "mas como podemos alcançá-lo quando a traição e o medo governam nossos corações?"

Belial assentiu, compreendendo a complexidade do coração humano. "A resposta está na união," ele declarou. "Contra a Bruxa do Caos, devemos nos unir, não como inimigos ou aliados relutantes, mas como iguais."

Astracar deixou o salão do trono com muito em que pensar.

Quando Astracar deixou o castelo do rei demônio, a noite já havia caído como um manto escuro sobre o mundo. Com a mente turbulenta por pensamentos conflitantes, ele se dirigiu à taverna local, onde seus companheiros o aguardavam ansiosamente. "Derrotou o rei demônio?" perguntaram eles em uníssono. Astracar hesitou, seu olhar perdido no vazio antes de responder. "Não, ele revelou algo... algo que precisamos investigar mais a fundo," disse ele, com uma seriedade que fez o ar pesar.

Orion, sempre direto e impetuoso, bateu na mesa com força. "Não há nada para pensar! Devemos seguir a profecia, é o que nosso rei deseja," declarou, sua voz carregada de uma determinação férrea que surpreendeu até mesmo Astracar. Layra, por outro lado, permaneceu pensativa, seus olhos refletindo as chamas da lareira. "Vamos descansar," sugeriu ela finalmente. "Amanhã, exploraremos as dungeons para encontrar respostas."

Concordando com a proposta, cada um se retirou para seus aposentos. Na manhã seguinte, Astracar despertou com o nascer do sol, saboreando seu café enquanto ponderava sobre os eventos que estavam por vir. Ao se preparar para partir e acertar sua conta na pousada, o atendente lhe transmitiu uma mensagem inquietante. "Herói humano, cuidado com seus aliados. Foi o rei demônio quem pediu para lhe avisar. Seus companheiros que já partiram."

Essas palavras plantaram a semente da dúvida no coração de Astracar. Será que o rei demônio estava tentando semear a desconfiança entre eles? Com essa preocupação em mente, ele se dirigiu ao portão da fortaleza, onde encontrou Layra e Orion. "Bom dia, dorminhoco," saudaram-no com um sorriso. "Bom dia. É hora do espetáculo!" respondeu Astracar, tentando esconder sua inquietação.

O grande portão de aço negro se abriu, e eles partiram em direção à dungeon mais temida da região demoníaca, uma jornada de quatro horas a pé. Durante o caminho, Astracar notou comportamentos estranhos em Layra e Orion; suas emoções pareciam descontroladas, e seus desejos, antes puros, agora tinham um tom mais sombrio. Finalmente, chegaram à entrada da dungeon, um imponente portão de mármore e obsidiana, adornado com inscrições ancestrais. Com um empurrão, Astracar abriu a porta, revelando...