02 - Ecos II

O golem balançava a sua alabarda com força, tentando me acertar. Seus golpes eram pesados e faziam a dungeon tremer. Eu sabia que se eu fosse atingido por um deles, eu perderia a mão ou o braço. Mas eles também eram lentos e previsíveis. Eu conseguia desviar deles com agilidade, usando a minha habilidade de esquiva.

Eu observei as marcas alaranjadas que o golem tinha nos pulsos e nos tornozelos. Elas pareciam ser os seus pontos fracos, os lugares onde a sua armadura era mais fina e onde a sua energia fluía. Eu decidi atacar ali, usando a minha magia.

- Excalibur!

Eu gritei o nome da minha técnica, invocando uma lâmina de pura energia, conhecida como mana. Era uma espada invisível que podia cortar quase tudo. Eu esperei o momento certo e dei um golpe no tornozelo do golem, fazendo-o perder o equilíbrio e cair no chão. Aproveitei a oportunidade e corri por cima dele, mirando no seu núcleo. Com um movimento rápido, eu cravei a minha espada de mana no seu peito, atingindo o seu coração artificial. O golem soltou um rugido e depois se calou. Ele estava derrotado.

Eu respirei aliviado e continuei andando até chegar na grande porta de pedra. Ela parecia antiga e pesada, mas abriu facilmente com um empurrão meu. Eu estranhei tanta facilidade, mas entrei na sala escura que se revelou atrás dela. A porta se fechou atrás de mim com um estrondo. Depois disso, eu ouvi uma voz falando comigo. Ela disse:

-Garoto, o que você busca aqui? A minha vida ou o meu tesouro?

A voz ecoou pela sala escura, me fazendo estremecer. Eu não sabia de onde ela vinha, mas sentia que era poderosa e antiga. Eu tentei me lembrar do motivo de estar ali, mas só conseguia recordar um nome: Charlotte.

-Eu não me lembro… O que eu busco… Só um nome… Charlotte.

Eu respondi, confuso e hesitante. Assim que eu disse isso, a sala se iluminou, revelando uma cena surpreendente. No fundo da sala, havia um trono de ouro e pedras preciosas, onde estava sentada uma mulher de uma beleza incomparável. Ela tinha cabelos brancos como a neve e olhos azuis como o oceano. Ela usava um vestido negro que contrastava com a sua pele pálida e delicada. Ela se levantou do trono e caminhou em minha direção, com uma graça e uma elegância que me hipnotizaram. Ela estendeu a sua mão para mim e disse:

-Garoto, nunca vi uma alma tão bela quanto a sua. Infelizmente, você nasceu humano e perdeu aqueles que eram preciosos para você. Mas você nunca desistiu do mundo e tentou salvá-lo. No entanto, foi traído e abandonado aqui por aqueles em quem confiava. Você faz jus ao título de santo. Me diga, o que você quer de mim, humano? Como você sabe o meu nome, humano?

-Charlotte… Só lembro do seu nome e da minha missão. Eu preciso destruí-la para trazer a paz ao mundo. Mas depois de vê-la, eu não tenho certeza se devo fazer isso. A sua alma não demonstra maldade ou malícia, apenas tristeza e dor. Me diga, o que eu devo fazer?

-Garoto, você é mesmo digno do título de santo. Então, segure a minha mão e você salvará o mundo. Mas você não poderá continuar a existir. Ou lute comigo até um de nós deixar de existir.

Ela me ofereceu duas escolhas: sacrificar a minha vida ou lutar contra ela. Eu olhei para a minha espada de mana, que ainda estava em minhas mãos. Era uma arma poderosa, capaz de cortar quase tudo. Mas eu não sentia vontade de usá-la contra ela. Eu sentia uma conexão com ela, como se fôssemos almas gêmeas. Eu tomei a minha decisão e joguei a minha espada no chão. Ela se desfez ao tocar no chão e eu segurei a mão da bruxa. Eu senti a minha mana se esvaziar e a minha vida desaparecer. Eu fechei os meus olhos lentamente e vi que ela estava na mesma situação. Ela sorriu para mim e eu sorri para ela. E quando fechei os meus olhos completamente…