RETH
Infelizmente, Reth não conseguiu voltar para a caverna até bem depois da alta lua, quando Elia já estava dormindo. Ele entrou furtivamente na caverna e estremeceu. O scent dela estava por toda parte e cada molécula em seu corpo respondeu. Ela deve ter passado bastante tempo lá hoje. Ele se perguntava o que ela teria feito.
Ele se lembrou da expressão no rosto dela quando ele fugiu do Mercado e a culpa o inundou como uma onda. Ela tinha parecido tão perdida – e mais do que um pouco desconfiada. Ele não podia culpá-la. Behryn estava certo – ele realmente não estava fazendo um bom trabalho em esconder suas emoções. Ela o deixara de cabeça para baixo e ela nem mesmo estava tentando. Mas ele fora pego de surpresa pela pergunta dela – o que a fez pensar que eles se conheceram antes? Ele deveria ter contado a ela. Ele teria que contar. Se ela descobrisse de outra pessoa, ela nunca confiaria nele. Ele sabia disso, embora não pudesse dizer como. Outro instinto dado pelo Criador.
Ele suspirou, mas a respiração profunda puxou o odor dela para seu nariz e o fez ansiar novamente.
Não era natural para um Anima reprimir o impulso de acasalamento, especialmente após a cerimônia. Ele se entregara a ela, corpo e alma. Ele sabia o suficiente sobre os costumes humanos para saber que ela não tinha como saber disso. Mas para ele... para ele estar longe dela, não unidos, era como perder o uso de um membro.
Um membro muito insistente, exigente, que queimava com desejo e podia ser muito inconveniente.
Reth engoliu. Ele precisava falar com ela. Mas como? Quando?
Ele passou furtivamente pela caverna, até o quarto. Não havia luzes acesas, mas seus olhos não precisavam delas. Então ele entrou silenciosamente, se despiu e caminhou até a plataforma de dormir, sentando-se na borda enquanto a considerava.
Ela estava enroscada como uma criança entre as peles, quente e pacífica. E, se ele não se enganasse, completamente nua.
Reth deixou um baixo rugido de desejo surgir em sua garganta. Talvez ele devesse acordá-la – não para conversar, mas para—
—Reth?— a voz dela estava fina e áspera. Ela limpou a garganta enquanto se levantava, as peles caindo de si a princípio, até ela puxá-las rapidamente de volta. Tarde demais. Ele já tinha visto os belos seios dela e a fera dentro dele rugiu para tê-la. Ele teve que se virar. Seu odor—quente e ruborizado—era ruim o suficiente. Combinar isso com a visão da pele rosada dela iria romper o último fio do seu controle.
—Estou muito arrependido por ter te acordado,— ele disse, sua voz mais profunda que o normal. —Foi um dia cheio de acontecimentos e eu preciso te contar o que está acontecendo.—
Ela piscou e afastou o cabelo do rosto. —Ok,— ela disse. —Você está bem?—
Sua pergunta o humilhou. Ele deveria ter sido o primeiro a perguntar isso a ela. Antes de qualquer coisa.
Ele suspirou e enterrou o rosto nas mãos. —Sinto muito, Elia,— ele soprou em suas palmas. —Sinto muito por você ter ficado sozinha hoje. Eu lidei com tudo isso tão errado. Por favor me perdoe.—
As peles se mexeram quando ela se moveu, indo até a ponta da plataforma de dormir. Então, com uma lufada do scent dela, a mão dela apareceu em seu ombro. —Admito que desejava ter te visto hoje. Mas eu sei que você tem que fazer seu trabalho. Candace foi... muito útil. O que aconteceu? Você não precisa me proteger, Reth. Conte-me. Eu quero... Eu quero ser a mulher certa para isso. Para ser rainha.—
Luz do Criador, ela era incrível. A onda de possessividade, de necessidade de provar a todos que ela era sua, foi tão avassaladora, Reth engoliu de volta um rugido de posse. Ele levantou a cabeça, virou-se para encontrá-la bem ao seu lado, olhando para ele, o cabelo dela caindo em ondas suaves ao redor do rosto e abaixo dos ombros.
Ele queria lamber eles.
—Você é a mulher certa, não deixe nenhum deles te dizer o contrário,— ele rosnou forçando seus olhos para longe dos ombros dela. —Eles só não estão acostumados com mudanças. Tudo aconteceu de forma diferente do que todos esperávamos ontem. Os Anima... nós olemos coisas, nós sabemos coisas, estamos tão acostumados a ver os eventos à frente que quando somos pegos de surpresa pode levar algum tempo para ajustar. A maioria deles nunca conheceu um humano puro antes. Eles não entendem as diferenças em nossos mundos. E muitos também não estão cientes das tramas que estão se espessando no Bosque Selvagem hoje. Então... dê-lhes tempo. Seja paciente. Eles vão aceitar você uma vez que tenham a chance de te ver como eu vejo.—
Ela tensionou, mas assentiu. —Você pode me contar, no entanto? Como você me vê? Eu tenho medo... Ontem foi um choque tão grande... Eu tenho medo de ter te decepcionado. Eu não entendi o que estava acontecendo e—
—Não peça desculpas, Elia. Ambos fomos lançados em circunstâncias para as quais não estávamos preparados. Eu deveria ter explicado melhor.—
A mão dela deixou o ombro dele e ela se moveu para sentar, de pernas cruzadas, bem ao lado dele, puxando as peles para cima até envolvê-la até o pescoço, o que era um alívio. Reth virou-se mais em direção a ela na beira da plataforma, com o joelho pressionado contra o dela, e manteve o olhar dela. Ele percebeu que ela provavelmente não conseguia vê-lo claramente. Para os olhos dela, ele provavelmente era apenas uma sombra móvel no escuro. Mas talvez isso a ajudasse. Ela parecia muito mais aberta hoje à noite do que tinha estado ontem.
—Você pode explicar agora?— ela perguntou baixinho.
Reth suspirou.