A filha do barão, Alessandra Barrett, usa uma máscara desde jovem devido a uma lesão. Muitos dizem que se você visse o rosto por trás da máscara, seria amaldiçoado e morreria logo em seguida. Ela é vista como um fantasma, evitada por todos que visitam a casa do barão, até se tornar esposa do duque. Ninguém conseguia entender por que o duque escolheria tal esposa. Será que ele desejava morrer? O que aconteceria com a garota que antes se escondia nas sombras, mas agora estava no centro das atenções como a esposa mascarada do duque? O que todos diriam se soubessem a verdade de que ela estava em um casamento contratado com o duque?
"Por favor, esteja bem", Alessandra repetia em sua mente várias vezes enquanto corria para fora para verificar o gatinho.
Kate chegou a um ponto muito baixo hoje por machucar um animal tão pequeno em uma conversa com o duque. Ninguém acreditaria em Alessandra se ela fosse dizer o que Kate acabara de fazer por causa de seu ciúme. Eles se concentrariam no fato de ela estar escondendo um gatinho quando Katrina odiava ter animais de estimação por perto.
"P-Por que ela está correndo por aí?"
Alessandra ignorou os sussurros das empregadas enquanto passava por elas. Este deveria ser seu último dia, e então ela e o gatinho iriam morar com o duque. Por que as coisas já estavam dando errado?
"Não," Alessandra se emocionou, encontrando o gatinho tremendo abaixo da árvore em que Kate o jogou. Ele era tão jovem que ela sabia que ele não seria capaz de sobreviver a isso, mas ela esperava o melhor. Ela se ajoelhou para tentar ajudar o pequeno animal. "Gatinho, estou aqui."
Seus olhos se encheram de água ao ouvir o gatinho chorar e tremer de dor. "O que eu faço?" Alessandra perguntou a si mesma. "Eu não quero te machucar ainda mais. Isso é culpa minha. Eu deveria ter escondido você melhor ou te levado comigo."
"Temos que levar você a alguém para ajudar", Alessandra pegou o gatinho com cuidado em sua mão.
Deveria haver alguém que pudesse ajudá-la. Seu pai deveria ser capaz de pagar alguém para ajudar já que isso era culpa de Kate. Alessandra voltou apressadamente para dentro em busca de seu pai.
"Aguente firme, gatinho. Eu vou me livrar da dor. Você viu meu pai?" Alessandra perguntou a uma empregada que passava, mas a jovem desviou o olhar para evitar encará-la e se recusou a responder. "Onde ele está!" Ela gritou de frustração.
A empregada estremeceu, surpresa com o tom alto de Alessandra. "Ele não está aqui. O barão saiu há muito tempo atrás."
"Por que você está gritando com uma empregada? Você perdeu a cabeça depois de sua viagem?" Katrina ouviu a confusão enquanto estava indo na outra direção. "O que é essa coisa na sua mão, Alessandra? Eu deixei bem claro que não quero animais de estimação nesta casa."
"Conserte isso," Alessandra mostrou a Katrina o gatinho. "Kate o jogou pela minha janela. Só precisa ser visto por um médico e eu encontrarei um novo dono."
"Você quer que eu acredite que minha filha fez isso? Por que estava aqui em primeiro lugar? Jogue fora, já parece morto-"
"Sua filha fez isso! Só uma vez na vida responsabilize-a pelo que ela fez!" Alessandra se recusou a recuar desta vez. Eles podiam machucar e atormentá-la, mas o gatinho era uma criatura inocente e indefesa.
"Sua insolente," Katrina se aproximou de Alessandra e deu um tapa no rosto dela, quase derrubando a máscara que estava usando. "Nunca fale da minha criação."
Alessandra não se abalou com o tapa, já que o esperava, mas não ia voltar atrás em suas palavras. Kate fez muitas coisas horríveis, mas aos olhos de todos, ela continuava sendo um anjo enquanto Alessandra era chamada de bruxa, demônio, fantasma e mais, tudo porque ela usava uma máscara.
Alessandra começou a rir, já que a vida não passava de uma piada. A ação pegou Katrina de surpresa e a empregada pensou que Alessandra realmente tivesse perdido a cabeça.
"Esta casa é frustrante", murmurou Alessandra depois que parou de rir.
Ninguém iria compensar pelo que Kate fez. Eles não tinham coração para sentir pena do gatinho. Seu pai não iria enfrentar Katrina e concordar em se livrar do gatinho.
'Isso é inútil', Alessandra percebeu. Ela se sentiu estúpida por pensar que alguém aqui seria capaz de ajudá-la, mas ela estava tão preocupada com o gatinho que se esqueceu do tipo de pessoas com quem morava.
Não havia nada que ela pudesse fazer pelo pobre gatinho no momento. Ela não tinha dinheiro para fugir e procurar um médico, e ao ver a máscara dela, ninguém a deixaria entrar em seus estabelecimentos. A única coisa que ela poderia fazer por enquanto era cuidar do gatinho e, quando o duque chegasse amanhã, ela o entregaria a ele para que pudesse ajudá-lo.
"Você não vai pedir desculpas por suas palavras rudes, Alessandra?" Katrina esperava pacientemente por Alessandra pedir desculpas como sempre fazia, mas estava demorando.
Se seu marido tivesse dado permissão para ela criar Alessandra como achava melhor, eles não estariam presos a ela. Katrina planejava enviá-la para algum lugar onde moraria sozinha. Um parente tinha uma pequena fazenda que seria perfeita para Alessandra.
Havia também a opção de casá-la com alguém que não se importasse com os boatos e só queria uma mulher para gerar seus herdeiros.
"Não tenho nada para me desculpar", Alessandra se virou para voltar ao seu quarto. O duque seria o único a ajudar o gatinho. Ela precisava gastar menos tempo interagindo com Katrina ou Kate e mais tempo cuidando das necessidades do gatinho.
"Ei você," Katrina chamou a empregada. "Pegue essa coisa e jogue-a fora, ou será demitida."
"O quê?" A empregada não entendia por que ela tinha que se envolver na rixa que a baronesa tinha com a jovem mulher. Alessandra já estava com raiva e podia amaldiçoá-los a qualquer momento.
"Deixei minha ordem bem clara. Ou você joga o animal na mão dela fora ou estará sem emprego. Faça isso agora," Katrina cruzou os braços, esperando a empregada fazer seu trabalho sujo. Era para isso que elas eram pagas de qualquer maneira.
"M-Minha senhora," a jovem empregada se virou para Alessandra. Ela estava com medo tanto de Alessandra quanto de Katrina, mas seu emprego estava em jogo.
"Toque em mim ou neste gatinho e eu te mato. Marque minhas palavras," Alessandra avisou a empregada. Ela não se importava com ninguém sendo despedido se não entregasse o gatinho. O gatinho era a sua principal prioridade acima de qualquer outra pessoa.
"Agora você está ameaçando nossos criados? Bom, você realmente perdeu a cabeça. Vou ter certeza de contar a seu pai sobre isso. Como sua última ordem", Katrina olhou para a empregada que seria demitida. "Informe o mordomo que Alessandra deve ser trancada em seu quarto. Ninguém deve interagir com ela e nada de comida deve ser enviada para o quarto dela até que ela tenha aprendido a lição."
"Certifique-se de recolher seu último pagamento enquanto faz isso. Será reduzido por você não ser útil. Saia da minha vista, ambas", disse Katrina. Hoje seria o último dia em que receberia qualquer desrespeito de Alessandra.
Katrina tinha uma missão de se livrar de Alessandra, seja enviando-a embora, casando-a, ou até mesmo envenenando-a, se necessário. Os boatos sobre Alessandra afetavam a reputação de seu marido, junto com os outros sobre seu último casamento. Ela ajudaria ele cortando a última coisa desse casamento.
Alessandra se afastou da cena ainda não se importando com o que Katrina ordenou à empregada. Ela já havia passado por ter pouca ou nenhuma comida e ser trancada em seu quarto tantas vezes que isso não era mais visto como castigo.
Katrina, sem perceber, concedeu sua bênção. Ela queria cuidar do gatinho sem ninguém a interrompendo. Até que o duque chegasse amanhã, ela queria ficar sozinha.
"Aguente até amanhã, pequenino. Ele virá por nós."