Shigeo não refutou o desejo de Issei. Apesar de ainda ter alguma frustração, ele deixou por isso. Afinal, ele conhecia o tipo de pessoa que Raynare era. E considerando sua alma corrompida, ele não duvidava que Issei e ela acabariam se enfrentando novamente. Nesse momento, ele estava ansioso para descobrir o quê Issei faria.
"Vamos, Ray-chan, você ouviu Issei! Pegue sua asa e vá logo pra casa!" Shigeo falou, como se estivesse expulsando o anjo caído ferida. Raynare olhou pra ambos os garotos com extremo ódio no rosto, mas não disse nada. Afinal, ela sabia que só estava viva porque Issei era um garoto mole.
Assim como dito por Shigeo, Raynare ignorou suas dores e recolheu sua asa que havia sido cortada, então com alguma dificuldade, ela levantou voo enquanto escapava em direção à igreja.
"Tchau tchau~~" Shigeo dizia enquanto acenava. "Lembre-se que términos de namoro é mais comum do que podemos imaginar~"
Raynare cerrou os dentes e engoliu seu orgulho. Nesse estado, ela não tinha chances contra Shigeo. Ela primeiro voltaria para a igreja e se recuperaria, então procuraria informações sobre Shigeo e sua Sacred Gear, antes de voltar para matá-lo. E também matar Issei, que a viu passar por essa humilhação.
Talvez ela precisasse da ajuda daqueles outros três pra isso, mas isso era um problema menor.
E quando Raynare desapareceu de vista, Issei enfim respirou fundo e sentiu alívio. Depois de todo esse tempo, ele sentiu alguma segurança. Shigeo enquanto isso olhava divertido para Issei, vendo como ele estava lidando com uma situação de quase morte.
Vendo Issei finalmente se recuperar, Shigeo ofereceu sua mão para ajudá-lo a se levantar, o qual Issei aproveitou.
"E agora?" Issei questionou. Na verdade, ele estava um pouco perdido. Descobrindo sobre o sobrenatural, o fato de quê ele possuía uma arma dada por Deus consigo e sobre como um anjo caído tentou matá-lo por isso. Então para ser salvo e ver seu colega de classe vencendo a garota que se confessou para ele com facilidade.
Issei não sabia o quê faria agora.
"Mhm… você tem aquele papel que recebeu no seu bolso?" Shigeo questionou.
"Papel..? Ah! Sim, só um momento." Issei se lembrou rapidamente, antes de entregá-lo para Shigeo. Ele sequer se questionou sobre como Shigeo sabia que ele havia recebido aquilo.
Shigeo deu uma olhada no papel que recebeu. Pelo que sabia, havia um círculo mágico desenhado nesse papel, junto com a frase: "Seu desejo será realizado" escrito nele. Shigeo realmente pensava em como os tempos mudarem, para até mesmo distribuirem papéis de convocação assim durante o dia.
Até antes da morte de seus pais, ou mesmo os dois anos que se seguiram, ele não presenciou nenhum tipo de atividade semelhante há essas, o quê o deixou um pouco sem palavras.
Tanto havia sido mudado ou era apenas ele que não poderia ver isso antes?
Ele ficou um pouco preocupado de quê fosse ele quem viveu cegamente em meio de todos esses seres mitológicos.
Anjos caídos, Deus…
Não era difícil adivinhar o restante deles.
Como Kazuma dizia e ele insistia em negar, seu mundo era muito louco. Ainda pior do quê o mundo de Bleach.
"E o quê você vai fazer com isso, Shigeo-san?" Issei questionou. Ele tinha um mal pressentimento vendo Shigeo encarando aquele pedaço de papel.
O próprio Issei duvidava da viabilidade do que estava escrito ali antes, mas agora com o conhecimento sobre a existência do sobrenatural, ele temia a ação de Shigeo.
"Huh, não é óbvio?" Shigeo falou inclinando a cabeça. "Estou deixando as coisas mais interessantes!" Concluiu animado.
Shigeo então distribuiu seu Reiryoku para o círculo de convocação, não esquecendo de acionar o 'botão' de emergência que deixaram ali.
"Você realmente é louco!!" Issei exclamou. Ele estava ficando cansado de ver Shigeo brincando com cada coisa. Ele apenas acionava um perigo após o outro repentinamente sem se importar! Isso estava esgotando a sanidade mental de Issei.
"Hahaha, você tem que se divertir mais, Hyoudou-kun!"
"Você está brincando com nossas vidas! Não tem como nada divertido sair disso!"
"Eu não entendo o quê você está falando!" Brincar com suas vidas? Shigeo não estava fazendo nada parecido.
Claro, ele não notou sobre a diferença entre o quê poderia ser perigoso para Issei, era nada mais que um zumbido para ele.
"Uhh chega! Cansei de você!" Issei reclamou. Ele queria se afastar e ir embora, mas sentiu uma energia que enviou calafrios por sua espinha. "Pensando bem, vou ficar um pouco mais com você, Shigeo-sama." O jovem pervertido não hesitou em voltar com o rabo entre as pernas para o lado de Shigeo.
E apesar das auras que travaram sobre eles, Shigeo apenas continuava rindo.
– –
Rias, Akeno, Kiba, Koneko, Sona e Tsubaki enfim chegaram ao local, totalmente preparadas para um ataque, apenas para ficarem pasmos.
Ali, eles apenas viram um dos Príncipes de Kuoh, assim como Kiba, rindo divertidamente, enquanto Issei estava aparentemente tentando se esconder atrás de Shigeo, até que ele pode reconhecer suas imagens.
"As duas grandes Onee-samas, a mascote Koneko-chan, a presidente e vice-presidente do conselho estudantil… e Yuuto Kiba" Issei falou com a boca escancarada. Todas essas pessoas eram extremamente conhecidas, quase como celebridades. "O quê eles fazem aqui?"
Ninguém comentou sobre como Issei falava maravilhado sobre as garotas, enquanto desmerecia Kiba, o qual o próprio quase tropeçou.
Todos passaram rapidamente a situação por suas cabeças, antes de enfim notar que não havia perigo, então trouxeram de volta seu poder demoníaco, fazendo Issei parar de ter aqueles arrepios.
"Então foi você quem me convocou?" A voz da beleza ruiva surgiu. Todos notaram que a situação era completamente o inverso do quê haviam imaginado, então deixaram Rias lidar com isso.
Já Sona, Tsubaki e até mesmo Akeno prestavam sua atenção em Shigeo, que ria da cara engraçada que Issei fazia.
"Convocou senpai? Eu não entendo isso." Issei falou confuso. Era como se sua mente estivesse travada, sem processar os acontecimentos.
"O folheto… Hyoudou-kun.." Shigeo falou entre os risos "Ela surgiu do folheto que foi entregue pra você~"
"Uhh.. mas isso não deveria ser impossível?" Issei falou.
"Não, não é. De fato, você me convocou." Rias disse enquanto mantinha um olhar sobre Shigeo.
Todos podiam ver facilmente os danos que havia sido causado por aqui, sinais de que houve alguma luta. Além do fato de quê ainda havia uma barreira montada aqui, apenas que ela estava perdendo a eficácia rapidamente.
Mas o problema era quê, tanto Shigeo quanto Issei pareciam completamente bem. Se não fosse pelo aparente medo que Issei mostrou quando eles apareceram, eles duvidariam de seus olhos.
'Ele o protegeu? Então existe algo de especial nele, afinal.' Sona pensava. Não foi difícil montar o cenário onde Issei foi atacado por aquele anjo caído, apenas para ser salvo por Shigeo.
E ela não foi a única a pensar nisso, fazendo todos prestar atenção especial a Shigeo.
"Uh, isso significa que Gremory-senpai…" Issei quase gaguejou, agora totalmente pasmo.
"Sim, não só eu, todos aqui somos diabos." Rias falou, mostrando suas asas para Issei. Todos seguiram suas ações, e após considerar um pouco, Sona e Tsubaki fizeram o mesmo, enquanto prestavam atenção especial em Shigeo.
"Ahh.. eu vou enlouquecer! Eles dizem que são diabos.. as duas grandes onee-samas são diabos.." Issei murmurava como um disco quebrado.
Tal ato era realmente esperado, uma vez que sua visão do mundo havia se alterado completamente, de um minuto para outro. Uma garota se confessou para ele e tentou matá-lo logo no final do encontro, ela também se revelou como um anjo caído. Agora as maiores celebridades do seu colégio haviam se revelado como diabos.
Isso era demais para ele.
Issei logo olhou para Shigeo, como se estivesse perguntando algo a ele.
Shigeo logo entendeu seu olhar e abriu um sorriso. "Eu sou humano."
Issei o olhou cético, custando a acreditar em Shigeo. "Você é o único que eu duvido que poderia ser humano, Shigeo-san."
"Ara~ é rude dizer isso, Hyoudou-kun~!" Shigeo falou rindo, sem se importar com as palavras de Issei.
Na verdade, Shigeo era a melhor definição que existia sobre ser um humano.
Alguém que não era nada, mas podia ser tudo o quê quisesse.