No quarto iluminado apenas pelo brilho da televisão, o som dos controles de videogame ecoava como uma melodia familiar. João e Clara, inseparáveis desde a infância, estavam mergulhados em mais uma épica batalha virtual. Os dedos ágeis dançavam pelos botões, enquanto as expressões faciais refletiam a intensidade do jogo. Clara, com seu cabelo preso em um rabo de cavalo despreocupado, tinha a beleza que virava cabeças na escola.
Seu riso fácil e o jeito despojado faziam dela a companhia perfeita para João, seu melhor amigo e parceiro de todas as horas. Clara e João eram inseparáveis, compartilhavam cada momento, e agora, adolescentes, passavam horas jogando videogame na sala de estar da casa de João. Ele admirava a habilidade de Clara, que, apesar de ser extremamente bonita, tinha um espírito aventureiro e competitivo.
— Vai, João! — ela exclamou, com os olhos brilhando de entusiasmo. — Estamos quase lá!João, concentrado na tela, não pôde deixar de sorrir ao ouvir a voz de Clara. Ela sempre sabia como transformar qualquer momento, por mais simples que fosse, em uma aventura empolgante.— Calma, Clara, eu tenho isso sob controle — respondeu ele, com uma piscadela de confiança.
Os dois estavam na última fase de um jogo que haviam começado juntos semanas atrás. Cada vitória era compartilhada, cada derrota era um incentivo para tentarem novamente. A conexão entre eles ia muito além dos pixels na tela; era uma amizade sólida, forjada em anos de convivência e cumplicidade.— Você está trapaceando! — João brincou, rindo, enquanto Clara o derrotava mais uma vez.— Só porque você não consegue me vencer, não significa que eu esteja trapaceando! — Clara respondeu com um sorriso travesso.
— Ah, é? — João disse, fingindo estar ofendido. — Vamos ver se você consegue me vencer sem usar os seus truques secretos.— Truques secretos? — Clara riu. — É só habilidade pura, meu amigo.Eles se entreolharam, compartilhando um momento de pura alegria. Não era apenas o jogo que os fazia felizes, mas a certeza de que, não importa o que acontecesse, eles sempre teriam um ao outro. A vida no bairro tranquilo onde moravam parecia mais colorida com a presença um do outro, e a escola era um lugar de aventuras constantes. No entanto, havia algo mais que ambos sentiam, mas nunca tiveram coragem de confessar. Eles se gostavam além da amizade, mas tinham medo de confessar o amor e serem rejeitados. Esse medo silencioso estava sempre presente, escondido atrás dos risos e brincadeiras.
— Ei, lembra daquela vez que tentamos fazer um bolo e acabou explodindo? — Clara perguntou, rindo ao recordar.— Como eu poderia esquecer? — João respondeu, rindo também. — A cozinha parecia uma zona de guerra!— Bem, pelo menos a gente conseguiu fazer algo comestível no final — Clara disse, piscando para João.— Se por "comestível" você quer dizer "quase queimado", então sim, conseguimos — João respondeu, provocando-a.
— Ei, você não reclamou na hora — Clara retrucou, cutucando João com o cotovelo.— Claro que não, estava com fome demais para reclamar — ele respondeu, retribuindo a cutucada.Nesse momento, a mãe de João entrou no quarto com uma bandeja de lanches.— Meninos, parem um pouco e venham lanchar — ela disse, sorrindo.— Mãe, estamos na última fase! — João protestou, sem desviar os olhos da tela.— Só mais cinco minutinhos! — Clara completou, com um olhar suplicante.
— Vocês dois são impossíveis — disse a mãe de João, balançando a cabeça. — Só não reclamem depois que estão com fome!Eles riram e, com gentileza, praticamente a expulsaram do quarto, prometendo que comeriam mais tarde.Enquanto o sol se punha lá fora, lançando um brilho dourado pelo quarto, Clara e João sabiam que tinham mais um capítulo memorável em sua amizade. E, assim como no videogame, estavam prontos para enfrentar qualquer desafio que a vida lhes lançasse, sempre juntos, sempre prontos para a próxima aventura.Estudavam juntos e moravam no mesmo bairro, e suas tardes eram sempre assim, repletas de risos e companheirismo.