As empregadas assustadas congelaram e reagiram tarde demais. A Condessa Melissa agarrou sua saia com raiva e gritou com ele.
"Isso é muito rude!"
Mas assim que Melissa olhou nos olhos de Ishakan, ela congelou. Seu rosto ficou pálido e sua respiração engatou. Seu corpo tremeu de medo absoluto. Leah imediatamente ficou na frente da Condessa Melissa, protegendo-a de sua linha de visão.
"Ele é o rei."
Ishakan virou-se para Leah. A Condessa Melissa deu um suspiro de alívio quando a atenção saiu dela. Leah então olhou diretamente nos olhos dele.
"Tocar o corpo de um membro da realeza sem permissão é uma quebra de respeito em Estia. Enquanto você estiver aqui, gostaria que seguisse a etiqueta de Estia."
As empregadas estavam apenas cumprindo seus deveres. Ishakan deveria fazer o mesmo. Mas, surpreendentemente, ele admitiu seu erro.
"Eu cometi um erro."
As criadas, assim como Leah, encolheram-se de surpresa. Elas não conseguiam acreditar que um pedido de desculpas saísse tão facilmente da boca de um rei. Nenhuma realeza jamais agiu dessa forma; admitir o erro significava abrir mão do orgulho.
Mas Ishakan admitiu sua falha como se não fosse nada e olhou gentilmente para Leah. Ela lutou contra a vontade de desviar o olhar e encontrou seu olhar firme.
"A caça é como uma segunda natureza para os Kurkan…" Ele começou a explicar.
Seus lábios se curvaram em um sorriso: "Então, se você virar as costas para mim, meu instinto natural será persegui-lo e pegá-lo."
Em contraste com seu sorriso relaxado, suas palavras carregavam um significado assustador, fazendo com que a atmosfera se tornasse tensa. A maneira como ele falava e se comportava, era como se Leah fosse uma presa para ele. Mas ela não se mexeu. Ela considerou ficar em silêncio uma opção muito melhor do que ter uma discussão sem sentido com ele.
Ishakan olhou para ela e, lentamente, sua boca se ergueu em um sorriso.
"Você pode me mostrar o palácio?"
Suas palavras eram como veneno. O noivo de Byun Gyonbaek saindo com o Rei de Kurkans? Seria a fofoca do século.
Ela tinha certeza de que, se aceitasse, um boato de que o Rei de Kurkans estava dando em cima da princesa de Estia se espalharia como fogo.
Apesar de estar ciente disso, ela não podia rejeitar o pedido dele. Comparado à arma poderosa que Ishakan poderia usar contra Leah, o rumor não era nada.
Ishakan estendeu a mão, pedindo que ela o acompanhasse. Relutantemente, ela colocou a mão sobre a dele em aceitação.
"Princesa…"
Assustadas, as empregadas chamaram Leah. A condessa Melissa tremeu ao se lembrar do medo que sentiu ao confrontar Ishakan.
"Estou bem. Pode ir em frente."
"Mas-"
"Tenho que entreter o convidado."
Depois de confortar as empregadas aterrorizadas, Leah lidera o caminho enquanto lhe mostra o local. Ishakan a segue em um ritmo vagaroso. Ela tenta ir para um lugar isolado, mas é impossível evitar completamente os olhares curiosos das pessoas. A cada passo que dão, mais olhares os seguem.
Para Leah, os olhos deles pareciam abelhas picando-a continuamente.
Ela andou mais rápido. Somente depois de chegar a um jardim tranquilo sua respiração voltou ao normal.
Ao redor deles, arbustos e moitas se erguiam, escondendo suas figuras dos passantes. No meio do jardim, havia uma fonte instalada sobre uma laje quadrada de pedra, da qual a água jorrava serenamente.
A fonte tinha a forma de uma escultura, esculpida por um artista famoso. Esta obra-prima foi afiada de acordo com a forma bela e nua de uma divindade masculina. Por todo o palácio de Estia, tais obras de arte ficavam abandonadas em jardins.
Ishakan parou quando Leah parou em frente à fonte. Após confirmar que finalmente estavam sozinhos, ela se virou e o encarou.
Ao contrário do delicado e finamente adornado palácio de Estia, Ishakan era forte e selvagem. Ele se destacava contra o esplêndido palácio como uma gota de sangue contra a pele branca e rígida.
"Você sabia disso desde o começo?"
Ishakan ergueu as sobrancelhas, então Leah repetiu a pergunta, com o rosto inexpressivo.
"Estou perguntando se você se aproximou de mim sabendo que eu sou a princesa de Estia."
Fazer essa pergunta exigiu muita coragem. Em vez de se explicar, Ishakan apenas disse:
"E se eu disser sim?"
"…"
Agora que estavam sozinhos, Ishakan imediatamente revelou suas verdadeiras cores, abandonando qualquer pretensão de etiqueta. Sua atitude era rude e direta.
Leah não conseguiu responder. Ishakan riu e se aproximou dela. "E se eu soubesse e me aproximasse de você? O que você faria?"
"Estou me perguntando se você vai tirar vantagem da minha fraqueza e usá-la contra mim." Seus olhos brilharam enquanto ele ouvia as palavras dela com grande prazer, achando tudo o que ela diz fascinante.
"Ishakan." Ele interrompeu de repente.
Ela não entendeu o que ele quis dizer. Em um tom amigável, ele continuou.
"Não se refira a mim como o rei dos Kurkans. Me chame de Ishakan."
Isso é uma ordem ou um pedido? De qualquer forma, ela não tinha escolha, então tentou chamá-lo pelo nome.
"Ishakan…"
Parecia estranho chamá-lo tão casualmente assim. Enquanto o nome dele saía da língua dela, seu coração disparava. Para esconder sua agitação, ela endureceu o tom.
"Quero que você esclareça suas ações. Você me considera uma princesa?" Ela retrucou calmamente. "Sua percepção de mim ditará como devo tratá-la — seja como o rei de Kurkans… ou uma prostituta."
Por isso, Ishakan caiu na gargalhada, achando a explosão dela bem adorável. Leah, por outro lado, estava fixada em seus caninos pontudos, o que foi revelado quando sua boca se abriu amplamente.
"Se eu pedir para você me tratar como uma prostituta, você vai me pagar pelos meus serviços?"
De fato, ele adorava brincar com as palavras dela. Leah franziu os lábios e manteve sua ira sob controle, "Eu te darei o quanto você quiser."