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Capítulo – Amizade

— Não acredito, eu só posso estar ficando louco ou eu ouvir certo? — Dizia Tristan espantado, encarando Isabela Montenegro a sua frente. Esperando sua resposta com ansiedade.

O garoto em seus ombros não parecia ter qualquer relação com esta mulher, todavia, vendo o temperamento dela e o dele, Tristan não podia discordar de que existia alguma correlação entre os dois. Esperava que ela respondesse sua pergunta com palavras, mas pelo contrário, ela seguia para perto de Tristan aos poucos sem dizer sequer uma palavra — essa ação deixava claro que ela não se daria por vencida.

— Olha, nós podemos conversar está bom? E-Eu não quero nada com ele, só achei que deixá-lo caído e impotente no chão seria como matá-lo para sobreviver. Nem conheço ele, juro, ele só me bateu desde que o vi, um completo louco que se diverte batendo nos desentendidos, um mal em pessoa. — Relatava Tristan com medo, deixando o corpo do João cair sobre o chão.

João deveria estar apenas desorientado após cair da biblioteca, mas neste momento ele parecia ter desmaiado de verdade. Tudo parecia depender de Tristan agora; fugir era uma das opções que ele tinha na cabeça, mas no fim, isso não mudaria o fato de ter deixado o João para trás, para morrer, ele precisava fazer alguma outra coisa, porém nenhuma ideia aparecia na sua mente. Isabela Montenegro se aproximava em silêncio para mais e mais perto de Tristan.

Então se vendo sem opção, ele se preparava para o pior. Levantava suas mãos para uma pose exibicionista de boxer olhando para Isabela se aproximando. Tristan preparava seu punho, a tremendo um pouco pelo medo.

— Então ele fez isso...Contigo? — indagava Isabela, deixando suar um ar um tanto depressivo, mas ainda ameaçador.

— F-Foi sim, eu juro que... — Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, uma mão macia recaia sobre meu rosto.

Isabela correu como um vulto para perto de Tristan, para logo em seguida o jogar para longe com um tapa em sua face — bateu e caiu em frente a parede da biblioteca.

—Argh!

O choque do impacto foi muito doloroso, a dor de ter suas costas batendo contra a parede o fez ficar sem ar, ficando difícil de respirar. Seu rosto estava vermelho e um tanto inchado. Ele agonizava de dor e a sua visão chegava a se fechar nesta situação, mas Tristan se manteve firme, de olhos abertos.

— Me desculpe, mas eu tenho certeza de que meu filho não seria tão maligno como diz. E devo dizer que falar do meu filho assim, na frente de uma mãe, é um tanto rude e grosseiro. — Esclarecia Isabela Montenegro, se abaixando ao lado de seu filho João. Ela tinha uma expressão solidária em seu rosto.

Era realmente uma mãe que estava preocupada com seu filho, mas quem o deixou naquele estado foi a própria — relações familiares são difíceis de entender.

Ela encarava seu filho com dó, como se existisse motivo para ter pena dele, porém quem o colocou naquele estado foi ele próprio. Tristan se relembrava de ver João ficando para trás, para confrontar Isabela Montenegro, sua própria mãe. Lembrava ainda mais de quando o garoto caiu desacordado em suas costas, Tristan percebeu naquele instante que João era tão pesado quanto sua aparência contrastava.

— Sim, eu também devo me desculpar, pelo que vou dizer... — esclarecia Tristan com um suspiro forte. — Não me venha com outro sermão de novo! E outra. Como vou saber como uma mãe se sente por seu filho, se nunca fui uma mãe, corta essa! — exclamava Tristan com um semblante indignado.

Isabela olhava para Tristan confuso, pensando em como responder tal afirmação.

— He... — Diante as palavras de Tristan, tudo o que ela conseguiu formular foi uma risada tímida.

— Do que está rindo, falei algo engraçado? — dizia Tristão, ainda com um semblante indignado, mas agora um tanto confuso. A adrenalina estava pulsando dentro de Tristan, ele sentia que só isso que estava segurando sua consciência.

— Ora, nada! Apenas tive...Me lembrei de uma cena parecida. De um pequeno garoto~ sonhador, que dizia para mim com tanta convicção seus maiores desejos e, isso me emocionou um pouco — respondia Isabela com um sorriso contente. Na mente dela, refletia um rosto gentil e jovem, exatamente como de uma criança.

— Imagino que esteja falando de seu filho — deduziu Tristan.

— Ah...Acho que ele não é capaz de dizer algo assim, mas sei que meu filho vai crescer o suficiente para falar da mesma forma que ele, agir como ele.

Isabela Montenegro parecia reair para um abismo de infelicidade, parecia que uma faca ensanguentada de memórias obscuras a refletia com uma dor invisível, mais ainda com um olhar tão depressivo.

A visão de Tristan não se aguentava mais e começava a cair para a escuridão. Ele pensava novamente em como sua vivência aqui tem sido difícil, apanhar, ser machucado, fugir, isso tudo são apenas formas de batalha.

"Deve ser por que eu estou em um julgamento", ele pensou

Encarando com certo encanto a mãe dar um sorriso contente olhando para seu filho, João que parecia dormir como um bebê no chão. Tristan não se recordava de ter uma mãe, igual a todo o resto, ele apenas se relembrava de um mundo do qual não vivenciou, uma terra vasta, com uma tecnologia moderna e diversos meios de transportes avançados.

Aquilo o deixava muito confuso, mas nada podia ser feito, seus olhos e sua mente já estavam cansados de mais para refletir sobre.

— Eu acho que eu vou... — Disse Tristan, antes de seus olhos se fecharem completamente e, sua consciência se esvair do seu corpo.

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Minha respiração estava ofegante, mas minhas pernas pareciam não perceber isso e aceleravam ainda mais a cada instante, porém era mais do que óbvio o motivo:

Um monstro de tamanho colossal estava no meu encalço.

A criatura preparava suas mandíbulas pontudas do tamanho de montanhas com ânimo, prontamente para tirar um pedaço de mim. Era meu fim. A criatura finalmente havia conseguido se aproximar o suficiente, entretanto, fui salvo quando bati de frente com uma porta. Minha testa doeu, e fui jogado para trás.

Caindo no chão, percebi que estava em uma sala de estar azul, onde havia pessoas sentadas em um sofá ao meu lado. Levantei-me sem jeito do chão e tentei identificá-las, todavia elas não reagiram de nenhuma forma a minha encarada, encarando-as, a suas formas mais pareciam uma sobra escura do que pessoas reais. As sombras encaravam com fixação por trás de mim, então me virei para ver o que tanto olhavam, sem nem mesmo piscar. Descobri que se tratava de uma TV de tubo por cima de uma cadeira de balanço, que transmitia um sinal digital de uma pessoa em um paletó, apresentando uma notícia muito importante. Ele parecia nervoso enquanto falava.

— Peço desculpas por interrompê-los, mas percebo que hoje não é o momento adequado para "aquilo". Acredito que amanhã será um dia significativo. Até lá, obrigado a todos os presentes — expressou o jornalista com certa ansiedade.

Tristan, confuso, questionou-se sobre a situação. Um pensamento lhe ocorreu, evidenciando que tudo aquilo poderia ter sido apenas um sonho bizarro, uma conclusão que deveria ter sido óbvia desde o início. Com essa perspectiva, ele tentou reposicionar-se em um ambiente mais acolhedor, imaginando um lugar vibrante, repleto de tons suaves e sons de violino. Contudo, uma voz persistente o perturbava, causando-lhe desconforto.

— O senhor nos deixará? — ecoou uma voz doce e áspera em seu ouvido, quase como um sussurro.

Tristan, confuso e desconcertado, não sabia como responder, especialmente por estar em um sonho. Deveria ser ele quem controlasse a situação, mas tudo parecia seguir um curso desconhecido e bizarro.

Decidido a mudar o rumo do sonho para algo mais reconfortante, ele tentou mais uma vez, ignorando a presença da mulher que o intimidava. No entanto, ao fazer isso, ele sentiu uma sensação gelatinosa escorrendo de forma bem lenta envolvendo sua cintura e circulando suas pernas, o que começou a assustá-lo.

— Você nos deixará? — repetiu a voz doce e áspera, agora mais próxima, quase sussurrando diretamente em seu ouvido.

Era evidente que a voz não se tratava apenas de uma simples mulher, esta criatura não podia mais ser ignorada; estava se tornando uma ameaça, mesmo que fosse apenas um sonho.

— Olha, isso aqui é um sonho...Não é como se eu pudesse ficar sem sonhar, provavelmente vou te ver, então respondendo você...Não, eu não vou te deixar! — respondia Tristan com ressentimento na voz, suando frio.

Diante as minhas palavras, aquela criatura parecia reagir de forma estranha. Sua respiração começava a transparecer ofegante e muito forte, meu ouvido estava sendo abusado por esse ar quente que soava.

Eu respirava fundo, esperando que isso tudo acabasse logo, esse sonho já tinha se alongado de mais para um simples sonho. Podia isso ter um fim, mas o que me entregava era mais uma longa história que eu deveria ouvir.

Um sonho tão complexo, que tentar entendê-lo era uma tarefa quase impossível, e quando achei que nunca mais acordaria, eu vejo, vejo uma luz no fim do túnel.

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Ao despertar, seus olhos se ofuscaram por uma luz que se refletia da janela entre aberta. Tristan se viu imerso em uma paisagem desconhecida, ainda confuso pelos sonhos que o assolaram.

Tentava reunir seus pensamentos e percebeu que o sol já se erguia no horizonte, lançando uma luz tênue sobre o cenário que o rodeava. Cada detalhe do local parecia novo e intrigante, um jarro de vidro resguardava uma flor amarela sobre uma cômoda de madeira, uma cama confortável e um lençol que me deixava quentinho, e o piso de madeira que parecia que rangeria a cada passo. Assim despertava sua curiosidade. Com determinação, ele decidiu explorar o ambiente e desvendar os mistérios que o aguardavam. O dia estava apenas começando, e com ele, uma jornada repleta de descobertas aguardava por Tristan.

Mas logo se estremeceu em tremeliques quando o ranger de passos fortes se fizeram mais alto, mais próximo de Tristan, a porta se abriu, com uma mão pesada agarrando a parede e um alto grito irritante se fez presente.

— Acorda seu desgraça. Han...Oque?! — dizia João com um semblante indignado para um surpreso.

— Então você finamente acordou seu merda? Me diz logo, o que tu fez com a minha mãe? — indagava João com um ódio profundo em seus olhos, agarrando Tristan pelas mangas com força.

— Ei, ei, ei, pra que isso? O que eu te fiz? — respondia Tristan com uma pergunta, ele estava confuso e assustado de mais para raciocinar.

— Tô falando da minha mãe, ME RESPONDE! — esclarecia João para que ele o respondesse imediatamente. Sua raiva aumentava mais e mais, quanto mais ele olhava para o rosto de Tristan, ele por outro lado, estava ainda muito desorientado para responder.

— PARA DE GRITAR, SÓ PORQUE AUMENTOU SEU TOM VOCÊ NÃO VAI ME FAZER RESPONDER — gritava Tristan.

— VOCÊ TAMBÉM TÁ GRITANDO, O QUE TU FALOU NÃO FAZ SENTIDO, E ME DIZ LOGO, O QUE TU FEZ COM MINHA MÃE? — indagava João, também gritando e soltando muita saliva na cara de Tristan.

— Han...? Sua mãe, o que tem ela? — perguntou Tristan, imaginando o pior.

João ouvindo a dúvida de Tristan, sentiu que ele também não sabia muito bem o que aconteceu. Então logo se acalmou um pouco, ele soltava o Tristan e dava um certo espaço para ele.

— Ela está agindo de forma estranha desde que acordei da surra exemplar, ela não me deu sequer um sermão por qualquer coisa. E nem é só por isso, ela te trouxe pra minha casa, pra cuidar de você, eu tenho certeza que isso é algum plano seu para usurpar meu lugar! — relatava João sobre sua mãe, a Isabela Montenegro, ele estava com um rosto arrasado, mas logo se voltava para furioso, colocando o dedo em cima do Tristan.

— O que?! Eu não sei do que você está falando, eu não fiz nada com sua mãe e outra, não tenho qualquer interesse no lugar real em que se encontra você. Deu pra entender? — esclarecia Tristan, ele estava indignado que o João colocasse o dedo nele, alguém de alma tão pura como ele.

— NÃO! Me diz logo o que você quer e sai...Sai da minha casa. — Reclamava João de forma furiosa.

Ouvindo sua proposta: "me diz logo o que você quer...", ele pensava em como usará isso ao seu favor. Algo que ele precisava para naquele momento era simples.

— Hum...Pois bem, conte sobre mim — disse Tristan.

— Cume é que é? — indagava João confuso.

— É que nem você me falou no beco, aquele instante é tudo da qual eu consigo me lembrar, eu tô achando...Que eu perdi minhas memórias — explicou Tristan para com João.

— Hein...Se for assim, faz sentido, você começou a ficar estranho a partir daquele momento. Que peninha, você estava a fazer uma cara tão violenta que achei que seria devorado a qualquer momento, mas de repente veio um rosto confuso na sua face. Agora entendo, você perdeu suas memórias, isso faz sentido...Cala boca! Tá tentando mentir para mim?! — disse João indignado.

— Oxi, claro que não, eu estou sendo sincero. — respondeu Tristan, batendo em seu peito.

De repente uma voz acolhedora se tornou alvo de curiosidade, ela parecia coagir as minhas palavras.

— Ele está falando a verdade filho. Você não acredita nas palavras de seu amigo? — disse de surpresa uma voz doce por de canto do quarto.

— Amigo? — indagou João, mordendo mais forte seus dentes. Ele não sabia de onde ela tirou essa vertente, mas ele com certeza desaprovava esse julgamento a sua pessoa.

A voz encantadora veio da janela, e olhando para a mesma, havia uma mulher alta, usando um vestido preto com tons avermelhados que suavizavam suas curvas com um ar de elegância. Seus longos cabelos pretos voavam com o vento que refletia da janela, o sol brilhante não era nada, além de uma pequena luz iluminando tal mulher.

— Senhora- Isabela Montenegro, que surpresa ver a senhora logo quando eu acordo. — disse Tristan um tanto alegre por vê-la aqui, mesmo que sua experiência come ela não tenha sido das melhores. Aparentemente foi ela quem cuidou de Tristan por algum tempo, ele só podia agradecer.

— Não precisa de cordialidades, e mais um ponto, eu sou uma dama, ficaria feliz se me concedeste o pronome de "senhorita", se não houver problema. Afinal, sou uma mulher de muito vigor — expressou Isabela com um sorriso discreto no rosto.

— A sim, com certeza farei isso, Srta. Isabela. Também queria a agradecer por ter cuidado de mim enquanto estava inconsciente, desculpe por ter te dado tanto trabalho por isso — respondeu Tristan com rapidez, um tanto preocupado com o que disse anteriormente, para logo depois a agradecer com um sorriso no rosto.

Isabela ficava impressionada com tamanha educação este garoto tinha, via que não era só seu coração que era bom, sua mente era um conjunto como todo.

— Não há de que pequeno, eu poderia ter feito isso milhares de vezes se fosse preciso — respondeu Isabela, soltando um leve sorriso.

— É mesmo? — disse Tristan surpreso.

Os dois se encararam por alguns segundos, para logo depois soltarem algumas gargalhadas descontraídas. Aquele ambiente estava sendo recheado de uma tranquilidade acolhedora, mas alguém estava repudiando este momento.

— Do que vocês estão rindo?! — questionou João. — Então é isso, você realmente está manipulando a minha mãe com algo, talvez chantagem. Seu monstro, eu vou lhe pegar Tristan! — dizia João enfurecido, ele estava sendo consumido por um ódio que foi tanto, que o fez ir para cima de Tristan sem nem pensar.

Felizmente, quando o ataque de João veio na direção de Tristan, a senhorita Isabela se posicionou na frente do golpe, fazendo o garoto recuar.

— Pare com isso! — exclamou Isabela, parando o golpe de João por pouco. O rosto dela já não era muito gentil. — Por que tentou machucar seu amigo? Ele mal se recuperou do que aconteceu — dizia Isabela novamente, reprovando a atitude de João, seu filho.

João olhava para ela com um semblante arrependido, quando direcionando para Tristan, era mais um rosto de desgosto. Ele parecia que não iria mudar sua atitude tão cedo. O mesmo dava as costas para sua mãe e, com passos furiosos ele se dirigia para fora do quarto em silêncio. Tristan olhava para aquela cena que ocorreu com tristeza, uma família se desentendendo por causa dele era desagradável, e repensou a ideia de sair dessa casa. Por culpa dele, talvez aquela criança ficaria ainda mais revoltada, ele sentia que precisava resolver logo isso. Então, ele se desprendeu dos lençóis e se levantou da cama.

— Ei pequeno, cuidado! Você ainda pode ter alguma coisa quebrada por ai — disse Isabela, segurando o braço de Tristan.

— N-Não precisa se preocupar senhorita, eu estou bem, só preciso resolver uma coisa que está me incomodando. — falava Tristan suando frio, olhando para Isabela o encarando de tão perto.

Isabela pareceu entender a situação, ela olhava para Tristan o julgando pelos olhos, o garoto por outro lado olhava para os lados um tanto envergonhado. Logo ela soltou seu braço e disse: — Está certo, mas te digo, meu filho não é uma pessoa muito fácil de se lidar, hum...Qualquer coisa, use isso. — Estendendo suas mãos ela entregava um tipo de plástico que enrolava um objeto redondo, mais comumente chamado de "doce".

Tristan entendendo um pouco, pegava o doce de sua mão a agradecia ela pelo que deu. Dando a volta por ela, ele se dirigia para a porta, saindo daquele quarto quando ele de repente parava no vão e vinha uma pergunta em sua mente.

"Aonde ele pode estar nesta casa?" Pensou Tristan, se ele tivesse ido longe de mais, seria muito difícil para ele encontra-lo, e por mais, ele podia acabar se perdendo.

Ficando perdido em seus pensamentos, Tristan ouviu um som sutil vindo de suas costas. Era de Isabela que tentava chamar sua atenção com assobios desajeitados. Quando ele olhou para ela, ela gesticulou com o dedo indicador para cima, como se apontasse para alguém. Tristan vendo aquele gesto, reagiu com um suspiro aliviado, entendendo sua intenção. Ele posturou uma palma fechada com o dedão pra cima, dando a ideia de gratidão.

Enfim Tristan deu seus passos confiantes para frente, tendo fé de que tinha em mãos a localização de João. Era claro que confronta-lo de frente seria impossível, em termos de combate, era evidente que a força dele se equiparava aos dos brutamontes que o seguiam. Precisava vencê-lo de outra forma, da forma mais segura possível.

Olhando e andando entre os corredores em uma tentativa de acerto e erro, Tristan procurava o caminho para o topo desta casa. Por um tempo procurando, ele finalmente achava uma escada que o levaria para cima. A subindo, ele finalmente se via na parte de cima desta casa. Era um telhado um tanto curvo, quase que o bastante para fazer escorregar instantaneamente para baixo. Mas logo olhando em volta, dava para vê-lo, o João que estava sentando de forma largada, olhando para o castelo ao longe.

— Ei, então tu estava por aí? Procurei pela casa inteira e não te encontrava — disse Tristan.

João ficava em silêncio. Tristan vendo isso o deixava um pouco incomodado, era difícil ver como ele se sentia sem nem mesmo ele se expressar. Sem ter o que fazer, ele começou a se aproximar do João em silêncio.

— O que tá fazendo? Sai daqui! — De forma grosseira exaltou João.

— Agora tu fala, se tivesse dito antes talvez eu teria ido mesmo — relatou Tristan. — Então, você não me disse. — afirmou Tristan.

— OQUE? Sai daqui! — gritou João, reclamando com Tristan, voltando seu corpo para ele.

— Meu passado, sobre mim, eu te disse antes. Se contar sobre mim então, irei embora da sua casa — explicou Tristan. Fechando sua cintura com as mãos apoiadas, esticava sua coluna para João, quase o repreendendo com o olhar. João ouvindo as palavras, tentava lembrar se ouviu mesmo algo desse tipo.

— A é, tu falou algo assim. Pois então eu vou te falar o que sei. Pra ser sincero, eu te conheço muito mais do que eu gostaria. — afirmou João. Ele tinha ressentimento contra Tristan, mas não ao ponto de odiá-lo de verdade, o sentimento dele era confuso.

— Claro, tu me batia constantemente né? Óbvio que usava isso contra mim — afirmava Tristan. Se sentando ao lado do João.

— Cala a boca! Eu tinha motivo pra isso — declarava João.

— Haha...Motivo? Não existe motivo algum no mundo para bater em alguém, isso nada mais é do que...Para criar um sentimento de superioridade sobre os outros, não é assim que você se sentia quando me batia ou em qualquer outro a quem tu bate também? — retrucou Tristan, convicto de que suas palavras não poderiam mudá-lo, pelo contrário, era provável que o deixaria irritado. Mas assim ele fez, colocando um tom passivo agressivo na voz.

João apenas ficou ali ouvindo, suas expressões caíram para uma reflexão. A irritação que Tristan estava confiante de que recairia sobre ele, simplesmente não veio. Então, ele apenas encarou o garoto, esperando ele dizer alguma coisa.

— Ah...Chega disso, vou contar sobre — afirmou João, ele parecia indignado por não poder se defender das palavras de Tristan. Mas já havia percebido que era inútil contra argumentar, no fim, apenas contaria mais do que precisava, isso poderia fazê-lo se tornar sentimental de mais.

Após essa conclusão, uma história curta se iniciaria. O descobrimento de como esse garoto, Tristan, era antes de ser o que ele é agora. Poderia ser que ele tivesse tomado o corpo deste garoto por algum motivo, isso poderia ser descobriria após o garoto dissesse mais sobre ele. Por tanto, pensava que usaria isso a seu favor.