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Prólogo

A floresta estava estranhamente inquieta, os animais estavam agitados parece que previam que algo iria acontecer, as árvores pareciam estar desesperadas com ventos uivantes que pareciam lâminas cortando o espaço, e o céu, estava de uma cor cinza tão intensa que deixava tudo a sua volta encoberto pela escuridão. Morgan estavam com os bebês em seus braços enquanto saia ao encontro do cavalo que esperava nervoso do lado de fora do pequeno casebre no meio da floresta, chuva envolvia o campo escuro e neblinoso, o que deixava o lugar ainda mais intenso e sombrio.

Ela subiu no cavalo com as crianças tentando desesperadamente arrumá-las o mais rápido possível. Com as mão tremulas agarrou as rédeas do cavalo e galopou pela floresta que apesar de conhecer como a palma da mão, a escuridão e os golpes fortes da chuva eram bastante enganadores. Chegou até a cachoeira dos sussurros, com as crianças ainda nos braços arrancou-lhe do bolso dois amuletos de proteção e analisou atentamente a enorme semelhança que tinham com os seus pais, enquanto atravessava a grande parede de águas cristalinas, para a pequena caverna que se encontrava ali.

Tudo já havia sido preparado cuidadosamente para as duas, ela excitou antes de realizar o feitiço, as crianças estariam sozinhas em um mundo completamente diferente, mais ficariam seguras o mais longe possível disso tudo, o mais longe dele, sem mais pensar no assunto levou as crianças para dentro do círculo feito de matriz, um tipo raro de grãos utilizados para teletransporte e se concentrou enquanto sentia sua magia fluir intensamente pelo seu corpo, começando pela ponta dos pés e se estendia por todo seu corpo, quando o círculo estava completo ela proferiu as palavras do feitiço e pensou no lugar onde as crianças iriam ser levadas.

Havia movimento na extremidade da visão de Morgan do lado de fora da parede d'agua, o feitiço já havia sido pronto mais precisava de tempo para que o portal estivesse finalizado, um tempo que ela iria ter que ganhar para que as crianças sobrevivessem, se despedindo deu uma última olhada nas meninas, desejando no fundo do coração que os pais delas estivessem bem, e foi instantaneamente para fora da caverna. Ela virou sua cabeça a procura do intruso, sua mão arrastou instintivamente pelo punho de sua espada, esperando atentamente para quaisquer sinais de movimentação.

Ao primeiro momento ela avistou uma pequena mancha preta se escorregando entre as árvores e se espalhando pelo chão, tão denso quanto óleo, aos poucos a criatura foi ganhando forma, primeiro surgiram longos braços negros como petróleo, logo em seguida surgiu a cabeça, o torso, os quadris e por fim as pernas. Morgan cresceu ouvindo histórias horripilantes sobre os Deucassions, um ser demoníaco com mais de dois metros de altura, que roubava toda a essência da pessoa e a deixava com nada, nem mesmo seu próprio DNA, mais pessoalmente ele se parecia mais assustador ainda.

Ele se arrastava lentamente pelo chão e o que ela achou que seria a boca se esboçou em um vestígio de sorriso, Morgan sabia que não teria chance contra um Deucassion, mas ela só precisava de tempo. O Deucassion então correu em sua direção, num segundo Morgan estava tentando atingir o Deucassion com a espada e no outro estava voando pelo ar até o chão, implorando por oxigênio, a espada se perdendo durante o processo. Levantando os olhos ela encarou grandes pares de orbitas negras como a noite que olhava atentamente para ela. Ele se inclinou para a frente roçando sua pele fria e úmida em seu rosto, sua voz era um intimidante e assustador sussurro que parecia se arrastar ruidosamente em sua mente. "Onde elas estão?"

Ela sentiu um gosto amargo de ódio em sua boca quando respondeu em um pequeno sussurro, "ele nunca irá encontrá-las." O Deucassion inclinou sua cabeça para trás dando a Morgan uma visão mais ampla de seu rosto a encarrando com um olhar duro e sombrio. "Diga onde estão, ou vai desejar morrer ao invés do que estou planejando fazer com você." Ela negou com a cabeça e com o mesmo olhar disse, "vai se danar." O Deucassion fez um som que parecia um grunhido e investiu contra Morgan, sua mão envolveu o pescoço dela e levantou-a do chão a jogando a alguns metros à frente, dor se espalhou pelo seu corpo, tudo parecia estar rodando, e um gosto amargo de sangue preenchia sua boca.

foi quando um pequeno choro se espalhou pela caverna atrás da parede de água, ficando cada vez mais fortes e assustados. No mesmo instante o Deucassion se virou e rapidamente se dirigiu para o som das crianças, ela não podia deixar ele pegá-las antes do portal estar pronto. Morgan ainda zonza se levantou e concentrou sua magia contra o Deucassion, tudo parecia estar acontecendo em câmera lenta uma descarga grande de energia deu impulso ao seu corpo, a descarga atingiu o Deucassion que caiu a poucos metros de onde se encontrava, em um segundo ele já estava de pé em frente a Morgan.

O Deucassion se inclinou para Morgan com um ar de diversão "ele sempre ganha o que quer", então abriu sua boca e ela começou a sentir seu corpo ficando cada vez mais frio, cada célula em seu corpo estava morrendo e seus pulmões gritavam por oxigênio, sua garganta queimava com um grito silenciado pela dor que irradiava de todos os membros de seu corpo, ela fechou os olhos e sentiu uma tristeza que era pior que a dor que estava sentindo, ela tinha falhado, e não havia mais o que fazer, ela falhou com as crianças, falhou com seus amigos, e principalmente falhou com seu mundo.

Deitada de bustos, com o rosto encostado na terra fria e úmida, sentiu seus olhos se encherem de lágrimas e seu corpo cada vez mais leve. então uma intensa luz se formou dentro da caverna que enviava claridade ao redor da grande cachoeira e se estendia até as enormes colunas de árvores, Morgan entreabriu os olhos e suspirou aliviada pois sabia, o portal estava pronto. O Deucassion olhou em seus olhos e foi a vez dela de sorrir, com um último suspiro ela desejou que as crianças tivessem uma boa vida na terra e nunca retornassem aquele lugar, assim elas e todos estariam seguros, tornou a fechar os olhos e a dor foi desaparecendo se afundando cada vez mais na escuridão.

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