webnovel

Capítulo 02

Abro meus olhos ainda sem entender o porquê de eu estar dormindo, foi realmente um sonho muito louco, mas... parecia tão real, enfim hora de levantar-se, Carrie e eu ainda temos muito o que arrumar aqui na casa. Sento ainda sonolenta e estico minhas pernas tentando eliminar a preguiça que ainda me consome, abro meus olhos bem devagar e torno os fechar, quem foi que deixou a janela aberta? Endireito a coluna e pouso as mãos no fino colchão que Carrie e eu compramos com as pulseirinhas de elástico que vendíamos desde a pré escola, mas porque este colchão está tão diferente, quem jogou folhas e pedras nele? Tentando abrir novamente os olhos me obrigo a acostumar com a luz. Tudo bem talvez eu não esteja preparada para o que eu estou vendo agora, esfrego os meus olhos mais uma vez acreditando que eu só possa estar sonhando mas quando os reabro tudo continua igual, abro ainda mais meus olhos quando percebo onde estou, que diabos está acontecendo aqui?

Ainda confusa começo a olhar a minha volta e não consigo deixar de ficar boquiaberta quando vejo árvores que ouso dizer nunca tinha visto antes, eram exóticas e diferentes, cada árvore parecia estar me olhando agora, com sua majestosidade e longos troncos que pareciam cobrir o céu com folhagens que mais pareciam longos e sedosos cabelos multicoloridos, o vento parecia sussurros que passavam por mim como se desse boa vinda, era um lugar incrível mas ao mesmo tempo sombrio e inquietante, me levantando lentamente começo a ouvir um barulho de água, deve ter alguma fonte por perto, pássaros passam por mim, pássaros com uma pelagem aquarela que nunca tinha visto, com longas asas e caldas que pareciam fogo crepitante que os envolvia numa dança suave junto com o vento cada pássaro tem uma cor diferente é simplesmente lindo, estremeço quando vejo pequenos animais que mais pareciam algodões doces com pernas andam pelo chão e olham pra mim com certa curiosidade.

O que está acontecendo, onde estou? Será que não foi um sonho? Mas não é possível esse lugar é simplesmente... mágico, uma onda de medo e compreensão batem em mim quando lembro do barulho, do círculo, que Carrie e eu tivemos a brilhante ideia de entrar nele, me assusto quando compreensão cerca a minha mente, eu não estava sonhando isso... isso era real. Em um pulo me lembro da Carrie, Meu Deus, me distanciei dela durante o que quer que tenha me levado para aquele lugar, onde ela está? Começo a me desesperar quando olho em volta e não a encontro começo a chama-la mas não obtenho retorno, o ar parece pesar e aquele lugar não é mais tão encantador assim, respiro fundo mas parece que o ar sumiu dos meus pulmões, não, não ,não, não, isso não pode estar acontecendo, minhas pernas ficam fracas e minha garganta seca me encosto em uma pedra e me ajoelho no chão já sentindo as lágrimas queimares meus olhos quando estou prestes a gritar e chorar, ouço um ruído baixo.

— Lauren?

Uma onda de alívio me inunda quando escuto a voz da Carrie, começo a procurar desesperadamente por ela quando vejo um emaranhado de cabelos se erguendo atrás de uma enorme árvore que parecia dançar com o vento, corro ao encontro de Carrie que levanta lentamente esfregando os olhos e a abraço, ao se deparar com o ambiente em que está ela aperta os olhos com força e quando os abre novamente me olha inclinando a cabeça um tanto confusa.

— Que diabos aconteceu, onde estamos?

Enquanto falava ela olha ao redor boquiaberta resolvo fazer o mesmo admirando aquele lugar que parece ter saído de um conto de fadas, tudo simplesmente parecia mágico. Volto minha atenção para Carrie que ainda admira os incríveis animais que se encontram ao nosso redor, quando lembro tudo o que aconteceu.

— Bom, eu não sei responder nenhuma das suas perguntas, mas talvez tenha alguma coisa a ver sobre entrar em um círculo macabro assustador e parar em um lugar que parece um conto de fadas infantil, que talvez podiamos ter evitado se tivéssemos saído quando eu falei.

Carrie para imediatamente de olhar para o ambiente e olha para mim levantando as sobrancelhas com cara de espanto e indignação.

— Não acredito que está realmente colocando a culpa em mim, nós — ela aponta com o dedo para nós duas — concordamos juntas em entrar no círculo, e mesmo se saíssemos quando você falou quem garantiria que funcionasse ou que não acabaríamos mortas, pelo menos estamos vivas e você não deveria me culpar.

Ela vira imediatamente para o outro lado e começa a andar sem rumo obviamente magoada, bom tenho que admitir ela estava certa, a ideia de entrar no círculo também foi minha alias foi eu quem propôs, não era certo a culpar daquela forma sendo que se fosse analisar eu era aquela que tinha mais culpa. Eu a seguro pelo braço e paro na sua frente.

— Espere Carrie, você tem razão me desculpe por colocar a culpa em você, isso foi errado, eu estava estressada e com medo e acabei descontando em você — eu solto o braço dela e inclino minha cabeça olhando pro céu e tentando achar uma solução para o nosso problema, torno olhar para Carrie que agora olha para o céu também — o que vamos fazer agora, como vamos voltar? nem sabemos onde estamos.

Coloco a mão na cabeça e fecho os olhos, Carrie volta sua atenção para mim com um suspiro e inclina a cabeça para baixo se sentando no chão perto de uma árvore, eu sigo o seu exemplo e me sento a seu lado, ela abraça as pernas e apoia a cabeça nelas, e solta novamente um suspiro.

— Eu não sei o que deu em mim, mas... eu tive a impressão de escutar alguém me chamando, alguém pedindo minha ajuda e simplesmente não pude ignorar, — ela me olha e vê que estou olhando para ela com a testa franzida antes que eu pudesse disfarçar — sei que parece loucura mas estou falando a verdade.

Eu seguro em suas mão e inclino minha cabeça para ela, droga ela estava se culpando e tudo por minha causa.

— Eu sei e acredito em você talvez quem fez essa... coisa, talvez tenha feito com que você escutasse alguém te chamando para atrair sua atenção e não saíssemos do círculo, a culpa não foi sua me desculpe por faze-la se sentir triste.

Carrie olha para mim e rapidamente muda as expressões para uma cara de deboche, levantando as sobrancelhas ela dá um sorrisinho e solta as suas mãos das minhas.

— E o que te faz pensar que eu estou triste pelo o que falou, eu sei que nos duas fomos as culpadas eu só estou analisando os fatos.

Olho boquiaberta para ela erguendo a sobrancelha, momentaneamente esqueço que estamos presas em só Deus sabe onde. Ainda olhando para ela a empurro e ela cai meio de lado sorrindo e tento a provocar.

— Cadela

Ela coloca as mãos na terra e se volta para mim rindo e tentando me empurrar também, a Carrie é assim, mesmo estando presas em um lugar que não sabíamos onde era e muito menos o que o futuro nos aguarda ou como retornar para casa, ela ainda me faz rir e esquecer de todos esses problemas, sempre foi assim, no orfanato eu sóbria muito bullying por ser um tanto quanto diferente, por causa dos sonhos que eu tinha, era muito assustada e tinha dificuldade em me relacionar com as outras crianças e como a Carrie não saia do meu lado nos duas éramos alvos de piadas e humilhação e muitas vezes de violência tanto física quanto psicológica que deixaram marcas profundas e que as vezes ainda machuca.

Na escola quando discutíamos bullying as pessoas diziam que iria passar, que isso talvez deixassem as pessoas mais fortes, que todos passam por isso e que não a com que se preocupar, chegamos até a escutar que era normal. Então em um momento começamos a questionar e nos culpar, todas as provocações, toda maldade, toda dor, toda a injustiça que sofríamos realmente era normal? Será que merecíamos aquilo? Essa foi a época mais difícil que enfrentamos naquele lugar quando começamos a duvidar de nós mesmas e achar que os nossos agressores tinham razão em nos atacar. Sempre ficávamos escondidas em um pequeno embaixo das escadas de um antigo deposito no orfanato que achamos por acaso quando tentávamos fugir das perseguições que sofríamos.

E enquanto esperamos desesperadamente que aquilo tudo passasse, nunca passou e foi ai que percebemos que não iria passar, nunca, o bullying não passa ele só piora a cada dia, o bullying deixa as pessoas mais fortes ele mata e seca a pessoa por dentro até chegar no ponto em que a pessoa não passe de uma casca abrigando dor e solidão, o bullying não é normal e não acontece com todo mundo ele não pode ser jugado como algo passageiro ele tem que ser parado e combatido antes que seja tarde e foi ai que percebemos que ninguém nos ajudaria, que ninguém tentaria resolver a situação e que não havia nada que poderíamos fazer.

Mas então percebemos que a melhor forma de superar nossas dificuldades e sair daquela situação não era ataca-los da mesma forma mas sim ser melhor que eles, porque a maldade não pode superar o amor e mesmo que sofrêssemos tínhamos a certeza que o desejo de felicidade e amor que uma tinha quanto a outra era maior que o mal desejado por pessoas vazias. Começamos a ter mais segurança quando eles nos machucavam com as suas própria inseguranças, desejar amor quando eles nos retribuíam com ódio, sorrir quando eles esperavam nossa dor, enxergar gentileza onde eles só viam maldade, sermos felizes apesar de toda as vezes que nos feriam com palavras, gestos, e punhos, mas principalmente se erguer quando eles pensavam ter nos vencido, isso era o máximo que poderíamos fazer.

Afastando aqueles pensamentos tristes e solitários ainda rindo e tentando desviar das tentativas da Carrie de me empurrar, fomos surpreendidas quando um par de botas param na nossa frente seguida por mais três pares, paramos de rir imediatamente ainda segurando os braços da Carrie olhamos para cima e nos assustamos ao nos deparar com quatro homens com suas espadas apontados para nós, o que estava na nossa frente se aproxima e coloca a espada em meu pescoço e me obriga a levantar seguida por uma Carrie totalmente aterrorizada ao meu lado o homem então semicerra os olhos e depois dá um sorrisinho de lado, nos olhando de cima a baixo.

— Ora, ora, ora, o que temos aqui?

O homem inclina o seu rosto como se sentia prazer em nos ver aterrorizadas, isso não iria acabar bem antes que pudéssemos perceber estávamos sendo amarradas pelos pulsos e sendo puxadas por cavalos enquanto os homens os montavam. Olhei para Carrie que estava tão assustada quanto eu, era só o que faltava como se nossas vidas não pudessem piorar, com tamanha indignação começamos os seguir para Deus sabe onde.

— Oh merda!

X

Já fazia cerca de vinte minutos que estávamos andando, e aquela floresta não parecia mais tão encantadora assim, talvez porque eu não estava a admirando direito, entre acompanhar os passos do cavalo que estava me arrastando e as tentativas quase fracassadas de desviar de suas fezes que de cinco em cinco minutos eram ameaçadas a serem esmagadas pelos meus pés não sobrava muito espaço para olhar e admirar a paisagem. Olho para o lado e vejo que a Carrie está tendo a mesma luta que eu, talvez até mais, disfarçadamente tento me aproximar dela e falar o mais baixo possível, enquanto os nossos raptores estão distraidamente conversando sobre o quanto iriam ganhar por nossas cabeças. Que meigo!

— Você está bem?

Não demora muito para uma Carrie totalmente ofegante me responder entre sussurros.

— Ah, você quer dizer tirando o fato de ter que lutar para não acabar com a cara enfiada no meio de excrementos de animais, posso dizer que estou ótima.

Mordo minha bochecha para segurar a risada e tento me aproximar ainda mais de Carrie, quando o homem que estava montado no cavalo que me puxava olhou para trás e grunhiu quando percebeu o que eu estava tentando fazer, rapidamente voltei para o meu lugar e abaixei a cabeça. Quando tive a certeza de que o homem já não me olhava mais, voltei novamente minha atenção para Carrie tomando cuidado para não ser vista de novo.

— Tudo bem é o seguinte, não sabemos para onde estão nos levando e nem tem como fugir daqui, estamos em menor número e desarmadas, então o melhor que possamos fazer é esperar que o lugar onde estão nos levando ofereça alguma oportunidade para escaparmos.

Carrie concorda e olha para baixo logo em seguida olha para mim rapidamente tentando se aproximar mais com os olhos arregalados.

— Espera, e se nos matarem antes?

Paro por um momento analisando o que Carrie falou.

— Bem eu não tinha pensado nisso, mas a meu parecer não acho que esses homens tenha a intenção de nos matar se quisessem já teriam o feito, mas não podemos...

Fui interrompida quando o homem que primeiro nos apontou a espada na floresta e ao qual parecia ser o líder daquele grupo voltou sua atenção para nós duas, esboçando um pequeno sorriso enquanto se aproximava de onde estávamos. Agora que não estávamos tão apavoradas com medo de morrer, bem não por enquanto, pude analisar bem os nossos sequestradores, todos eles trajavam capas verdes, havia um símbolo estranho na capa, um tipo de espiral rodeado de flores e espinhos e no centro uma espécie de animal uma mistura de lobo com uma corsa que pareciam estar ameaçadamente olhando para mim, por sobre as armaduras, espere onde diabos as pessoas ainda usavam armaduras? Será que voltamos no tempo? Guardei aqueles pensamentos por ora enquanto voltava a observá-los, pude perceber que eram bem bonitos como não tinha reparado antes?, tinham uma faixa etária de trinta a trinta e cinco anos mais ou menos, suas peles eram tão bonitas com um tom bronzeado tão que pareciam que tinham sidos beijados pelo sol, eram fortes e bem definidos, estranhamente tinham cabelos coloridos, os chifres tamb��m eram coloridos combinando com o cabelo, espera o que?

Tornei a olhar para todos e tive que piscar três vezes antes de contatar que o que virá era realmente real, todos eles tinham um par de chifres longos com aproximadamente quarenta centímetros totalmente afiados e mortais quanto suas espadas, cada um tinha um tom diferente que combinavam com a cor de seus cabelos enquanto analisava distraidamente aqueles homens, se assim podia dizer, tomou um susto quando ouviu a voz do líder deles a seu lado, este tinha cabelos vermelho alaranjado que combinava com o seu chifre da mesma cor e intensidade. Ele estava falando com a Carrie, mas sua atenção estava voltada para nós duas.

— Sua amiga tem razão não vamos lhes matar, vocês têm mais valor vivas, mas não posso dizer o mesmo do Reino Iluminare que podem ser tão perversos quanto o Reino Darkness. E se pensam que vão achar um jeito de fugir dali, não poderiam estar mais enganadas, se caso conseguirem podem ter a certeza de que deixaram escaparem de proposito só para brincarem de perseguição com vocês.

Todos começam a rir como se nossas vidas fossem piadas para eles, Carrie olha para mim aterrorizada, bom não podemos perder as esperanças já que não tem como fugir de onde estão nos levando talvez possamos mudar a ideia deles.

—Bem, deve ter algo que possamos fazer para que não nos entregam para essas pessoas, podemos quem sab...

Fui cortada por um dos homens que iam, mas a frente, este tinha cabelos verdes como as folhas das árvores da florestas que cresciam majestosamente até a cintura.

— Não queremos nada de vocês e com certeza vamos ganhar muito mais se as entregarmos. E francamente garotas vocês não fazem nosso estilo, não vejo em que mas poderiam ser uteis.

Eu olho pra eles com incredulidade como podem ao menos pensarem que iriamos os querer mesmo que nos quisessem, estava com isso entalado na garganta mas achei melhor não dizer nada isso poderia os deixar com raiva e tentar algo contra nós, infelizmente essa ideia não se passou por Carrie que olhava para os homens com o mesmo olhar de raiva que eu, tentei mandar algum sinal pra ela mas já era tarde, o olhar de Carrie muda para um de total ignorância.

— E o que fazem pensar que iriamos fazer qualquer coisa com vocês se assim desejassem? Não somos objetos para nos ganharem quando bem entenderem.

Os homens rangem os dentes em total contrariamento do que ouviu, o homem de cabelos vermelhos que nos acompanhava se aproximou de Carrie e meu corpo todo ficou tenso depois de ouvir suas palavras.

— Talvez não sintam falta de uma, além do mas não sabem quantas pessoas os saquearam.

Carrie arregala os olhos e se afasta do homem que já desembainha sua longa e afiada espada tento correr até onde se encontram, mas sou puxada pela corda amarrada em meu pulsos, desesperada tento puxar a corda, mas não consigo me soltar.

— Não por favor!

Em meio ao meu desespero e os gritos de Carrie, o que ia, mas a frente nos cala com palavras que por ora me tranquiliza.

— Pare com isso irmão não vale a pena até porque já chegamos.

O homem então para e sorri, mostrando todos os dentes impressionantemente claros e brilhantes.

— Salva pelo gongo, bem pelo menos por ora, acredite — agora olhando para nós duas ele guarda a espada e começa a seguir com o cavalo ao encontro do que estava mais a frente — iriam ter desejado a morte pela minha espada.

Bem eu já não tenho dúvidas disso, depois de ver sem acreditar na fortaleza que se erguia diante de meus olhos, é estamos perdidas.