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10. Não fala!

Depois de pedir para usa o banheiro, Gabriela é levada até a porta do local por Beatrice, ambas um pouco sem graça. Gabriela está quase morrendo por dentro de nervoso, ela não tinha percebido a tensão no meio delas ainda, por mais que estivesse ali o tempo todo. Gabriela se atrapalhou um pouco no banheiro, após sair conversou rapidamente com a anfitriã, se despediu de Beatrice e foi embora para seu apartamento.

Assim que entra no apartamento Gabriela nota Joshua e Junny comendo pizza encostados no balcão, sem acreditar que ele tinha mesmo ido ajudar Junny com a faxina mensal dela. Ele era gentil demais e ninguém poderia negar.

— Ei!

— Oi! — Gabriela acena para Joshua e segue direto para outro cômodo do apartamento. — Carlos! Carlos!

— Ele está tomando banho! — Junny grita para Gabriela, ela nota que a latina não está normal, mas não vai atrás sabendo que a amiga precisa do irmão no momento e que se precisasse dela teria vindo direto para si.

— Obrigada! — Gabriela vai para o novo quarto, não havia nada de diferente do antigo, até a cor era o mesmo tom de azul bebê.

Gabriela se joga na cama, está pensativa, nervosa, confusa e mais um milhão de coisas diferentes. Carlos demora algum tempo para sair do banheiro, até por que ele havia entrado para debaixo do chuveiro instantes antes de Gabriela aparecer gritando, mas ele também não entendeu muita coisa do que se passava fora do banheiro e nem se deu ao trabalho.

Gabriela está tão distraída com a mente longe que nem nota que Carlos passa direto para sala sem notá-la dentro do quarto, ele ainda não está acostumado com a troca de quartos.

Carlos volta e entra no quarto, ainda tentando vestir uma camisa, algumas gotas pingando do cabelo bagunçado.

— O que aconteceu? Junny falou que você chegou me gritando loucamente... Palavras dela, obviamente.

— Claro. — Gabriela bufa, não dando importância para o que Junny disse. Ela senta na cama e é avaliada por seu irmão, que logo senta ao lado dela.

— O que aconteceu? O seu primeiro dia não foi bom? — ofereceu uma das mãos para Gabriela que aceitou.

— Não é isso! Eu até gostei bastante e nem tenho que buscar café para ninguém, como você achou que fariam... — Gabriela responde, ela não olha para Carlos porque não sabe como explicar a confusão que está sentindo.

— O que aconteceu então, borboletinha?

— Carlos, já falei: para com isso!

— Uê, mas você não queria ser uma borboleta?

— Isso foi há mil anos!

— Ok! Vamos lá, Gab, o que aconteceu de tão grave?

— Não é grave, mas fiquei nervosa. — Carlos faz um gesto para que Gabriela continue falando. — Você sabe da Beatrice, Junny e eu falamos para você...

O irmão balança a cabeça concordando que sabe quem é.

— Você está pegando carona com ela, não é? Junny falou algo sobre isso.

— Sim, ela é muito gentil! Sempre foi, ela é moça do elevador. — Carlos não dá muita ideia para essa informação porque já soube por Junny. — Hoje depois do trabalho passei direto na academia e ela me ofereceu carona mais uma vez, depois ela me chamou para tomar chá, mas você sabe, eu não gosto... Ela ofereceu um suco, eu aceitei e ela falou para que eu desse uma olhada na sacada dela para ver as plantas, eu fui e sentei por lá para ver os cristais dela e...

Gabriela explica muito e para Carlos às vezes são detalhes além da conta, mas ele aguenta por sua irmã.

— O que você quer dizer com "cristais" dela?

— Cristais purificadores, Carlos! Por favor não interrompe! — A latina está ficando ansiosa mais uma vez naquele dia, mas nem de perto tanto quanto perto do que ficou com Beatrice Rivera. — Ela trouxe o suco e começamos a conversar, sobre cristais, Junny, signos, ex-namoradas e então ficamos em silêncio e tudo foi meio estranho e eu estava muito perto dela...

— Perto como? — Carlos questiona já imaginando, mas querendo uma confirmação. Gabriela larga a mão do irmão e mostra com as mãos a distância que estavam. — Você ia...

— Sim! — Gabriela responde quase como um grito. — Mas não fiz! Falei que queria ir ao banheiro, o que não era mentira, estava quase me mijando perto dela, aquela mulher tem uma beleza muito intimidadora e olha que ela vive sorrindo pra mim!

— O problema foi o quase b...

— Não fala! — Gabriela espalma as mãos nos ombros do irmão rapidamente. — Não fala!

— Ok, Gab! — Carlos olha bem para Gabriela que tem os olhos arregalados, ele está ficando realmente preocupado.

— Eu fui no banheiro, o lugar era tão bonito que fiquei com medo de fazer xixi ali, você sabe se eu não estou confortável o suficiente o xixi não sai, NÃO SAI! — Carlos deixa instantemente a preocupação de lado, dando lugar ao humor de Gabriela contando e ficando vermelha. — Eu fiquei lá por alguns minutos sentada, apenas esperando, afinal eu estava com vontade. A Beatrice chegou na porta e perguntou se eu estava bem, talvez eu estivesse choramingando um pouco alto demais...

Carlos está quase dando um nó na garganta sabendo que não conseguiria não rir por muito tempo, Gabriela parecia sofrer contando a situação, como era dramática.

— Com muito custo, consegui fazer xixi... Mas aí começa outro problema, onde fica o suporte de papel?! Por que rico faz uns negócios tão difíceis? Eu não conseguia ver o papel em lugar algum, já estava saindo do banheiro sem enxugar lá mesmo quando vi um relevo na parede, um quadradinho... — Gabriela faz alguns gestos enquanto fala. — Foi a minha salvação! Aquilo parece um mini cofre, por que o papel não pode ficar em um suporte normal, Carlos? Eu quase morri naquele banheiro!

Carlos não consegue segurar e acaba rindo, Gabriela é a pessoa mais boba e azarada que conhece.

— E para piorar...

— Tem como?

— Uma conhecida da Beatrice tinha chegado, as duas estavam conversando e rindo, tenho quase certeza que estavam rindo de mim! — Gabriela fala em tom preocupado, como se Beatrice fosse gravar um vídeo dizendo que sua mais nova amiga estava presa no banheiro por quase 20 minutos. — O nome da mulher é Veronica, ela é tão linda que minha vergonha triplicou!

— O que mais você sabe fazer do que passar vergonha na frente de mulher bonita? Tenho certeza que mais nada...

— Infelizmente não mentiu... — Gabriela diz a contra gosto e continua. — A mulher foi me cumprimentar e a gente se embolou que eu quase beijei a boca dela, pelo amor de Deus, a Beatrice não gostou... Eu acho que esse Veronica deve ser a 'crush' dela, nunca tinha visto Beatrice com raiva, fiquei ainda mais intimidada!

Gabriela respira aliviada de ter contado tudo o que tinha acontecido para alguém.

— Vamos recapitular! — Carlos continua sentado na cama enquanto fala. — Você foi de um quase beijo em Beatrice Rivera, para...

— Não fala!

— Para quase beijar a 'crush' de Beatrice Rivera!

— Sim, Carlos! Eu sou uma ameba, Carlos! — Gabriela começa a dar voltas por quarto, com a mão na cabeça mostrando preocupação. — Carlos, eu só faço merda!

— Ok, já entendi que meu nome é Carlos! — O homem levanta e chega perto da irmã, para acalmá-la. — Até agora eu não entendi o problema real, Gabriela.

— Nem eu!

— Ok, muito simples. — Carlos ironiza. — Você quer beijar Beatrice ou só foi de momento?

— Não fal... — O Álvarez tem uma expressão irritada para que Gabriela pare com aquele drama de 'não fala'. — Ok, eu não parei para pensar nisso ainda, mas... Foi só o momento mesmo, eu não tinha pensado antes.

*****

Iris Brooke morde no lábio inferior tentando conter uma risada, Beatrice olha mais uma vez irritada para Veronica.

— ...estivesse recentemente no México para... — Veronica Torres se vira no sofá para encarar a dona da casa. — Você não vai parar de me olhar como se fosse me matar?

— Você beijou a Gabriela! — Beatrice acusa e logo uma careta nasce no rosto dela.

— Caramba, foi um selinho e foi sem querer! — Veronica insiste, Iris ri mais uma vez.

— Eu não ligo, ainda estou brava.

— Não conseguiu beijar ela ainda? — Veronica pergunta e Beatrice com muito custo balança a cabeça confirmando que ainda não conseguiu. — Você não pega a Rebecca Rojas e ainda fica enrolando essa Gabriela.

— Tem meses, Veronica, meses que ela está assim. — Brooke coloca mais lenha na fogueira que é a raiva de Beatrice. — Ela começou a falar com Gabriela tem alguns dias.

— Já foi melhor! — Veronica acusa em uma brincadeira.

— Odeio vocês!

— Tem meses que ela fala de Gabriela e só agora está convivendo com a mulher, pensa... — Iris reforça a 'derrota' da amiga.

— Em minha defesa ela nunca me deu abertura. — Beatrice rapidamente se defende.

— E para ajudar, Beatrice zoou o irmão dessa Gabriela nos stories, ele estava cantando de forma patética. — Iris acrescenta os fatos para que Veronica fique por dentro de tudo.

— Beatrice...

— Obrigada, Ally, tem mais alguma coisa que queira deixar a Veronica saber?

— Não, ela já sabe que você namorou a ex dela mesmo. — Brooke dá de ombro e faz a sua melhor cara de sonsa.

— Ah, a Lana... — Veronica lembra e faz um gesto despreocupado com as mãos. — Eu não ligo.

— Pois estou achando que você beijou Gabriela só para se vingar. — Beatrice tenta virar o jogo a seu favor.

— Só o que faltava. — Veronica revira os olhos, ela logo alcança sua mimosa na mesinha de centro da sala.

— Estou brincando.

— Eu sei... — Veronica confirma a fala de Beatrice. — Você quer ajuda com a anônima?

— Ficou doida? — Beatrice praticamente rosna para a amiga.

— Estou sendo gentil! — Veronica coloca a mão sobre o peito como se Beatrice a tivesse atacado.

— Muito obrigada, vou dispensar.

— Falando em anônima... — Iris está concentrada em seu celular. — Tem algumas pessoas perguntando se Gabriela não faz apresentações em bar ou boates ou até abre shows.

— Acho que ela não gosta disso. — Beatrice logo responde, pelo pouco que conhece de Gabriela é isso que lhe parece.

— Assim como não gosta de você! — Veronica provoca, achando que faria Beatrice ficar brava, mas a Rivera só faz uma careta preocupada.

— Pesado!

— Desculpa, fui realmente cruel.

— Você acha que ela não gosta mesmo? — Beatrice questiona com insegurança.

— Estou apenas implicando, idiota. — Veronica responde sem paciência. — Você é Beatrice Rivera, acha mesmo que ela não te quer? Quem não te quer? Até eu te quero!

— Não exagera, Veronica. — Iris faz um gesto para que a Torres pare.

— Desculpa, eu não te quero, Beatrice... — Veronica retruca bem humorada. — Não crie expectativas nunca!

— Vai se foder!

— Eu tenho chances de ir com minha namorada, já você está enrolando duas e não vai conseguir nada com nenhuma!