As pessoas ao redor da arena mais uma vez ficaram chocadas. Elas se lembraram de um rumor que um ano atrás, o jovem Victor estava treinando na arena com um grupo de amigos quando outro jovem de cabelos dourados zombou do grupo e assim Victor o desafiou para um duelo. Naquele duelo, Victor foi humilhado e teve que ficar de repouso em uma cama por duas semanas.
Essa notícia já chocante por si só, já que quase todos os jovens recebem o mesmo treinamento e tem basicamente o mesmo nível. Mas Victor era um dos jovens mais forte da vila inteira! Todos acharam um exagero até verem que Victor não apareceu em público em nenhuma aula ou ensinamentos por 3 semanas.
E quem fez isso com ele era um garoto que a voz ainda nem engrossou?! Isso era chocante ao extremo! O garoto estava vermelho de raiva e vergonha. Ele estava lá no dia do duelo e só criou coragem de falar com esse louco assim, pois os amigos do seu irmão estavam todos estavam próximos à arena.
— Calúnia! Você só ganhou porque sua avó interferiu! Você não chega nem aos pés do meu irmão! — A raiva e a coragem de ser apoiado pelos amigos do irmão deram impulso ao garoto que correu em direção a Belionte.
Belionte olhou para as pessoas ao redor da arena e, vendo que ninguém iria interferir, voltou ao seu olhar entediado. As crianças com medo de serem pegas na luta se levantaram e já estavam prontas para correr quando Belionte interveio.
— Para onde vocês vão? A aula ainda não acabou. Bom, já passamos pelo ponto dos núcleos de mana e afinidade, vamos falar em como categorizamos o poder dos usuários de mana. — Disse Belionte no mesmo tom morno.
O garoto finalmente chegou na frente de Belionte, disparando seu punho em direção a face do mesmo. Belionte só moveu levemente a cabeça para o lado, sem precisar fazer o mínimo esforço para desviar de um golpe tão previsível.
— Todo o usuário de mana começa no mesmo grau de poder, Tier 1 nível 1. Pois bem, é aqui onde as diferenças começam a surgir. Magos criam círculos dentro do seu núcleo de mana, para assim serem capazes aumentar o poder de sua mana e consequentemente sua magia. Guerreiros usam a mana como um fortalecimento interno, a usando para fortalecer seus corpos. — Disse Belionte enquanto o garoto agora se aproximava querendo disferir um chute.
Em algum momento e por algum motivo, Belionte já não perfeitamente o que as crianças diziam ou enxergava perfeitamente a feição dos outros fora da arena, ele só via o garoto que o atacava, e os amigos de Victor que chegavam falando algo que ele não mais ouvia.
Seu sangue começou a esquentar, e mesmo sem suas ordens, sua mana começou a circular em seu corpo vigorosamente. O pequeno sorriso em seu rosto estava começando a crescer, e ele mal conseguia conter uma gargalhada.
Com uma pequena esquiva para o lado, Belionte desviu do chute que estava vindo em sua direção e o chutou de rapidamente, e não o olhou novamente, aos olhos dele, aquele garoto que o atacou era apenas um palhaço, ele nem mesmo se esforçaria para se lembrar dele.
Voltando a olhar, os 3 jovens que antes corriam em sua direção, agora estavam quase parados, não caminhando mais em sua direção. Belionte estava ansioso por aquela luta e não conseguia mais segurar sua sede por uma boa luta.
Curvando todo o seu tronco para frente, e apoiando uma mão no chão, semelhante à posição de velocistas antes de uma corrida, ele lançou-se a frente com uma velocidade inacreditável e seu sorriso já estava tão largo quanto poderia estar.
Os 3 jovens que viam em sua direção já completamente travados em seu lugar sem conseguir dar um único passo. Quando faltava apenas um único passo para acertar seu primeiro alvo, a mão esquerda de Belionte já estava sobrecarregada de mana e ele já imaginava o que viria depois.
— BELIONTE, PARE!! — Um rugido que parecia ter poder de chegar aos céus surgiu, e com ele uma pressão invisível que parecia garras se esgueirando para o pescoço de Belionte.
Belionte no mesmo instante perdeu o sorriso e pulou para trás o mais rápido que pôde, circulando sua mana em seu corpo o mais rápido que podia, enquanto uma inexplicável energia translucida vazava de seu corpo.
Belionte olhava para todos os lados e havia finalmente encontrado o dono daquele rugido. Era um homem de 210 cm de altura, seu corpo parecia uma montanha de músculos, sua pele era bronzeada, o que era um feito incrível para quem vivia nas geladas terras do norte. Em seu rosto, havia uma grande cicatriz, que ia de um lado ao outro de sua face. Em suas costas havia um martelo de guerra quase tão longo quanto a altura do homem.
Se Belionte estivesse em seu estado de total lucidez, ele conseguiria notar as semelhanças desse homem com seu melhor amigo, Caim. Mas tudo o que ele via era algo ou alguém que tinha o poder de decidir se ele vivia ou morria, e escutava uma voz que parecia vir de trás de sua nuca lhe dizendo: — Ele é perigoso, perigos devem e serão erradicados! —
Belionte estava ofegante e já estava voltando para sua posição para ganhar a maior velocidade possível, ao redor de seu corpo começava a circular pequenas faíscas quase imperceptíveis, mas estavam lá.
Os olhos de Belionte estavam começando a brilhar com loucura enquanto em sua cabeça circulavam possíveis maneiras de lidar com esse perigo em potencial. Nada que poderia ameaçar sua vida deveria existir nesse mundo.
— O mundo não é vasto o suficiente para que possamos existir em harmonia… Vamos ver quem de nós sobrará! — disse Belionte e já voltava a sorrir, em antecipação, enquanto sentia estar no ápice de sua vida até o momento.