— Seus olhos, droga!
Saika ficou realmente irritada, talvez, assim só talvez, eu tivesse exagerado um pouco, tipo, no final das contas meu objetivo ainda era recrutar ela e as coisas não dariam muito certo se continuassem assim.
— Shin! — Saika chama meu nome.
— Suspiro! O que você quer agora?
— Ei! Não aja como se eu fosse um pé no saco, quem veio atrás de mim foi você e.. Droga! Isso não importa agora.
Fiquei olhando por um tempo, a garota que parecia indecisa sobre suas emoções, ela se irritava, conseguia se acalmar, apenas para se irritar de novo, sem nunca montar uma linha de raciocínio, vendo isso sorri levemente.
— Enfim, não tenho o dia todo, se decida logo, vai entrar ou não? — disse.
— Seu! Óbvio que não.
— Sinf! Que pena, eu tinha tantas esperanças.
— Esperanças, por que?
— Ok, ok! Chega de ficar bravinha, agora se quiser, podemos negociar de verdade.
— Negociar de verdade, o que tem para oferecer?
— Não muito, mas se minha existência e forma de pensar te irritam tanto, eu poderia, sei lá, me tornar seu seguidor e moldar minha filosofia a uma que você prefere, vamos, quer tomar as rédeas sobre a vida de outra forma de vida?
— Isso…
Medo cintilou por segundos nos olhos da Saika, mas logo sem lhe dar tempo de pensar muito sobre, disse:
— Claro, estava só brincando.
— Seu!
— Enfim, mas posso pelo menos dar a resposta que você quer.
— Resposta?
— Quanto do meu passado que te disse é verdade, você como uma pessoa desnecessariamente empática quer saber, né?
— Que tipo de idiota…
— Aceitaria isso por curiosidade. Verdade, péssima proposta, né? Bem e se eu incluir na conta, a resposta que você quer?
— Não diga coisas metafóricas e sem sentido, que resposta que eu quero?
— Hummm! Várias na verdade, tantas que você nem saberia decidir qual, mas posso responder todas de uma vez só.
— Isso não faz sentido.
— Tem certeza?
— Tenh… Não importa.
— Por que?
— Só pare de ficar fazendo perguntas, chato!
— Ok, foi mal, sua vez então, faça a pergunta que quiser.
— Ok, eu deveria confiar em você?
— Sério, essa é a primeira coisa que você quer saber? Obviamente não.
— Você pode responder às minhas perguntas?
— Não.
— Ai! Você também não se ajuda.
— Haha! Verde.
— Não te entendo.
— É simples, mesmo se eu desse uma resposta, ela seria vazia, mas quer tentar encontrar?
— Por que eu deveria acreditar que vou encontrar te seguindo?
— Não tenho nenhuma garantia.
— Então porque deveria aceitar.
— Humm! Acho que não tem nenhum motivo, mas talvez tenha, talvez tenha um bom resultado no fim, talvez…
— Cala boca!
— Foi mal, foi mal, haha!
— Droga, eu não sei!
— Ok, vou facilitar para você, Saika qual o seu desejo agora?
— Êh...
— Não responde, foi uma pergunta retórica, porra! Deixa eu continuar.
— Foi mal.
— Ok, continuando, não é nenhum, não tem nada que você não possa conseguir, mas enquanto você ficar presa no não sei, isso vai ser provavelmente impossível, por isso que tal isso, vindo ou não você provavelmente não vai chegar a lugar nenhum, mas aceitando existe, pelo menos, uma chance pequena, de encontrar a resposta, então vai vir?
— Eu…
— Isso que você chamaria de uma escolha de erro 0, ne?
— Eu quero suas memórias. — Saika disse, e nem me pergunte, porque essa frase não faz sentido em mundo nenhum, não tinha nem ideia do que ela estava falando.
— Fica bem complicado para o meu lado, se você não explicar direito, sabe?
— Ok, eu tenho linhagem súbita no meu sangue, além de ter magias relacionadas a ilusão e sonho, eu também posso reviver memórias, por isso essa é minha condição, eu quero suas memórias e a chance de conseguir a resposta, se eu tiver os dois posso aceitar.
— Que pessoa gananciosa.
— Não era você que não tinha nada a perder, está hesitando agora? — E ela realmente tentou me provocar, me senti quase ofendido, não tinha como eu cair em algo como isso…
— Aceito. — disse.
Por outro lado, nunca tive opção senão aceitar, tá, mais umas duas horas de conversa e enganava ela, mas bateu a preguiça.
— Ok, me dê sua mão, agora… Bem, primeiro pense sobre o momento em que brigou com o Dino, eu quero ver essa memória.
Concordei com a cabeça, então ela avançou e me beijou, devo dizer, o poder dela funcionava de forma muito conveniente, além do mais beijos são bem legais, assim, não nunca tinha beija a Haruka e antes disso só tinha feito uma vez, há muito tempo, portanto minha experiência podia ser considerada 0, por isso fiquei até um pouco surpreso.
Enfim, de repente minhas memórias começam a passar, era uma sensação estranha, logo ouvi uma voz na minha mente enquanto revivemos tudo aquilo.
— Você era um pouco trouxa, Haha! Mas espero que não esteja me enganando, criando memórias falsas, esse ai é você, né? — Saika diz.
— Claro que sim.
— Não consigo entender, você parecia completamente diferente.
— Na época eu fiquei muito feliz por conseguir entrar na escola, tão feliz que comecei a ter esperanças, mas no fim dei azar de ter essa esperança destruída bem nesse momento, foi como subir um pouco na escada da felicidade, apenas para despencar.
— Ai! — Saika acaba soltando uma voz abafada de dor.
— Então você também sente a dor física da situação.
— Sim, mas e você, não deveria estar sentindo ela?
— Já tenho 20 anos, nesse tempo me acostumei com isso.
Nas memórias chegamos ao ponto em Dino tentou destruir meu broche, de repente as memórias ficam borradas, tudo começa a tremer, como se a magia estivesse prestes a ruir.
— O que houve? — Saika pergunta meio assustada. — Você está me forçando para fora por acaso?
— Como assim forçando?
— Esquece, se você me proibisse de ver as memórias coisas assim poderiam acontecer, mas não é o caso, suas emoções foram tão fortes nesse momento, que minha mente ficou abalada e isso refletiu na magia.
— Que magia mais problemática.
— Não esperava que isso fosse acontecer, droga!
Tudo continuou a tremer, sinto uma dor de cabeça fortíssima, até que somos expelidos da memória, quando abro os olhos, me vejo novamente no mundo real, Sayka está na minha frente, mas não parece estar nada bem, respirando forte.
— Ha! Ha! Ha! Só o que era aquele broche, por que ficou tão irritado quando ele quebrou?
— Foi um presente, por quê?
— Não é normal as pessoas irem do 0 ao 1000000000 do nada por um broche.
— Acontece.
— Desculpa, imagino que ele tenha um grande valor emocional, mas é isso que não entendo, por que ele tinha tanto valor? — E ela acabou se tocando, não que aquele ponto eu ainda me importasse.
— Basicamente porque ele foi a única coisa que eu recebi como demonstração de afeto, desde o dia que me descobri como um controlador. — disse normalmente.
— Eu entendo se as pessoas não quiserem um controlador por perto, ou um no time, principalmente em uma escola militar, mas só o que aconteceu com você para chegar a esse ponto? — Saika ficou novamente abalada por nada.
— Sei lá, talvez o fato de não nascer ninguém com esse poder inútil a 200 anos, ou o fato do mundo estar em guerra, ou… Bem, não quero ficar falando sobre isso, se ainda tiver energia eu posso te mostrar as memórias de quando ganhei esse broche, mas não recomendo.
— Eu entendo, mesmo assim eu quero muito saber.
— Quanta curiosidade, muito bem, vamos.
Não queria mostrar para ela, mas não importava, afinal...