Perspectiva de Ludovicus

Após aquele encontro com Nullus, senti um pressentimento negativo. Em breve, ele fará seus próximos movimentos. Se eu não tomar cuidado, serei morto.

Analisando racionalmente, Nullus é uma pessoa inteligente, ou melhor, sua inteligência e capacidade de dedução estão acima do normal. Seu nível de Qi, que é de 240, é bastante preocupante. Ele é o verdadeiro mestre do jogo.

No passado, em nossas partidas de xadrez, eu nunca consegui vencê-lo. Seus movimentos eram diferentes a cada jogo, nada se repetia. Não há como prever ou se adaptar aos seus movimentos. De certa forma, não posso subestimá-lo.

Estou escondido em uma igreja isolada da cidade, como se fosse meu esconderijo.

"O que está te preocupando, meu amor?", apareceu Eva na porta.

"Tive um encontro com Nullus...", respondi.

Eva suspirou e disse: "Eu já disse para você não se preocupar. Nullus, por mais inteligente que seja, ainda é um humano." Eva me abraçou.

Eva é aquela pessoa que decidiu sair do ocultismo junto comigo por vontade própria. E assim, fui cativado pela sua beleza encantadora. Ela é a mulher que me proporcionou tudo desde que entrei no ocultismo: treinamento, amizades e conhecimento da magia negra. Sem ela, eu não teria alcançado este estágio.

Eva se dirige às estantes de livros da biblioteca, localizada abaixo da igreja.

Vou em direção à mesa e sento-me na cadeira, retirando um livro da gaveta à esquerda com um compartimento secreto, e coloco-o no centro da mesa de madeira.

Este exemplar, cuja capa negra e rígida ostenta um desenho de uma asa, tem como título "Encourado 672". Trata-se de uma obra escrita à mão pelo próprio demônio que habitou o século passado, aquele que estava aprisionado no boneco de palha.

Através desse mesmo livro, consegui estabelecer uma comunicação pessoal com o diabo.

Ao matar o bispo, dei ordens aos Zangbetos presentes para devorá-lo sem deixar rastros.

Em seguida, dirigi-me à vitrine de vidro reforçado e montei todo o corpo do boneco de palha. Depois disso, desenhei um pentagrama no chão e coloquei o boneco de palha no centro.

Abri o livro e recitei: "Ó! Deus Maligno, o Deus do Caos e da Miséria, eu te invoco." E o boneco de palha tremulou e uma aura maligna apareceu.

Em seguida, ofereci sete bonecos de palha com maldições seladas, sendo que cada um representava um pecado. Os bonecos eram feitos de sal puro. Os seguintes pecados estavam representados nos bonecos: Gula, Avareza, Luxúria, Ira, Inveja, Preguiça e Soberba.

De repente, a sombra de uma mão diabólica surgiu e começou a puxar apenas os espíritos. A mão era uma sombra que atraía os espíritos, que também tinham uma forma de sombra, e eram engolidos pelo boneco de palha.

No instante em que o boneco de palha os engoliu, uma névoa emergiu do centro do pentagrama e se espalhou por todo o cômodo.

Retrocedi, dando alguns passos para trás. De repente, a névoa se dissipou com o bater de asas.

Meus olhos se arregalaram ao vislumbrar aquela figura diabólica radiante.

Seu olhar maligno fixou-se em mim e senti meu sangue ferver naquele mesmo instante.

"Finalmente livre! No entanto, este não é meu corpo. Qual o significado disso, humano?", indagou o demônio ao olhar para a palma de sua mão.

"Os espíritos que o senhor engoliu, talvez você tenha assumido a forma de um deles", eu disse.

"Entendo. Suponho que não me invocou por nada, não é?", sorriu o demônio com uma expressão aterrorizante que arrepiou meus cabelos. Porém, logo me acalmei e o encarei.

"Quero que faça um pacto comigo".

"Você está me ordenando, seu maldito padre?!", ressoou a voz grave do demônio por todo o ambiente, e meu sangue ferveu novamente.

"Com certeza." Fitava diretamente nos olhos do demônio que transbordava superioridade em todas as questões.

O demônio começou a rir e disse: "Qual é o propósito desse pacto, seu padre repugnante?"

"Criar um novo mundo."

O demônio riu novamente.

"Que tolice! Mas, seja como for, emprestarei minha força a você e verei o que fará. Você é realmente um padre excepcional." Suspeitei que ele estivesse escondendo algo de mim, mas consegui o que queria.

Após esse acontecimento, estabeleci um pacto com um demônio pela primeira vez, concluindo, assim, meu objetivo definitivo. Tenho em minhas mãos tudo o que preciso para realizar o que desejo, nada será capaz de me impedir.

Este livro possui grande importância, pois através dele aprenderei sobre os diversos poderes que me auxiliarão daqui em diante.

Devido a esse pacto, em poucos dias, meu corpo emagreceu. A razão por trás disso é a seguinte: em troca do poder concedido pelo demônio, parte da minha energia vital é drenada. No caso de maldições, ocorre de maneira diferente. Após selar o contrato com a maldição, apenas efeitos colaterais serão sentidos, uma vez que o espírito está se fundindo ao meu próprio espírito. Esses efeitos se resumem em fervor do sangue e queimaduras pelo corpo, porém, quando o contrato é finalizado, o corpo se regenera. Há maldições especiais que possuem um poder regenerativo absurdo, permitindo ao seu usuário uma rápida recuperação também.

Por fim, Nullus realizará seu próximo ataque em algumas horas apenas. Conhecendo-o bem, ele já descobriu o lugar onde estou. Portanto, levarei Eva comigo para um local exclusivo que só eu conheço, a fim de nos mantermos longe da zona de perigo. E, quando todas as preparações estiverem prontas, retornarei.