Louis's P.O.V.
Acordo de maneira brusca sentindo um intenso frio. Não sei porque mas minhas roupas estão completamente encharcadas, o que não ajuda muito. Abro os olhos relutantemente e tento me adaptar a luz do local, o que não é muito difícil já que a iluminação é mínima. Minha cabeça dói muito... Minha respiração começa a acelerar, e ao tentar me mexer percebo estar preso em uma cadeira com meus braços e pernas amarrados. Olho em volta na tentativa de buscar por alguém, mas assim que levanto meu olhar dou de cara com ele...
Ele está de pé na minha frente, porém um pouco distante, e eu quase não o reconheceria graças a pouca luminosidade. Só quase, já que seu perfume (n/a: perfume de perfume mesmo, como o nosso, não como os de um ômega) é um cheiro tão familiar que me causa náuseas só de pensar.
- Bryan... - Sussurro baixinho, mas parece que ele conseguiu me ouvir.
- Olha, vejo que a bela adormecida acordou. - Ele me olha com um sorriso doentio no rosto, um balde balançando em sua mão. Deve ser por isso que eu estou completamente ensopado. - Gosta do lugar?
- O QUE VOCÊ FEZ? - Grito, irritado. Lembranças de quando esse monstro me agarrou no banheiro me vem a mente, e eu me lembro de que antes estava com Harry.
Harry...
Harry deve estar atrás de mim!
Todos devem estar atrás de mim!
Oh, meu Deus... O que vou fazer?!
Afinal, como diabos eu vim parar aqui? Ele me drogou?
- O que você quer de mim, Bryan? - Pergunto de forma mais calma. Preciso tomar muito cuidado com esse louco!
- Eu te trouxe pra um lugar em que você não vai ter aquele professorzinho idiota pra te socorrer. - Ele responde como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, em momento algum deixando de sorrir. - Aqui nós dois podemos ficar à vontade e ninguém vai interromper!
- Me deixe ir! - Peço, e ele ri. Gargalha, na verdade.
Eu sempre soube que Bryan é louco, mas ao ponto de me me dopar, me sequestrar e me trazer para um lugar estranho... Eu nunca iria esperar por isso! O que ele vê em mim? Por que fez isso?
- Eu não vou te deixar ir tão cedo, LouLou. - O alfa solta o balde no chão com calma. A serenidade em seu rosto chega a ser bizarra, é como se ter me sequestrado não fosse nada demais.
- Por quê? O que você quer comigo?! - Já sinto algumas lágrimas começarem a rolar e, mesmo com a visão embaçada por conta do choro, vejo nitidamente quando ele se aproxima de mim.
- Ah, qual é, boneca. Não chore! - Bryan tenta limpar minhas lágrimas mas eu desvio de seu toque. - Você sabe que eu sempre fui louco por você e mesmo assim você nunca me deu uma chance sequer, mas foi só aquele alfa chegar que você já caiu no colo dele. Qual é, Louis? Você já deixou ele te comer? Você chupa ele pra conseguir umas notas melhores?
- Cala a boca...
- Vai me dizer que tendo um alfa você ainda é virgem? - Ele ri. Bryan se aproxima ainda mais de mim e segura meu rosto com força para falar no meu ouvido. - Você sabe que eu vou amar ser o primeiro a foder essa sua bunda deliciosa, não sabe?
- CALA A BOCA!
Num impulso eu viro o rosto e consigo morder sua orelha. Ele grita e se afasta rapidamente, um líquido de gosto metálico se espalha por toda a minha boca, e eu cuspo o pedaço que consegui arrancar da orelha desse filho da puta! Bryan está de pé um pouco distante, suas mãos tentando estancar o sangramento da ferida que eu abri. Ele me olha com fúria, seus olhos vermelhos por conta da raiva.
- SEU ÔMEGA DESGRAÇADO, OLHE O QUE VOCÊ FEZ! - Rosna e eu acabo me encolhendo pela dor que o som me causa.
- E-Eu não vou deixar v-você me toc-car... - Falo com dificuldade. - Você não vai me tocar! Tenha certeza que o Harry vai vir atrás de mim e você não vai sair impune, seu desgraçado!
O garoto literalmente parece um touro já que bufa como um. Suas garras e presas já começam a crescer, a irritação dele é tanta que parece que a qualquer segundo sua cabeça vai explodir ou então que vai sair fumaça de seus ouvidos.
- Você vai ser meu, Louis... - Ele volta a sorrir de forma doentia.
- Não vou!
- Ah, vai sim... - Dá um passo em minha direção. - E sabe por que?
Não o respondo. Ele dá outro passo em minha direção, e mais um, se aproximando lentamente. Sua aproximação soa extremamente perigosa para mim porque sei que a qualquer momento ele pode fazer algo terrível!
- Eu vou te dizer porque: Porque ninguém vai te achar. Ninguém vai vir te procurar, muito menos aquele alfa de merda do Harry! - Outro passo.
- Isso é mentira... - Mais um.
- Não, não é! - Bryan dá seu último passo e por fim já está de frente para mim novamente, e se agacha, mantendo seu rosto no mesmo nível do meu. - Você vai ser meu e ninguém pode impedir isso!
- Só se você me matar! - Cuspo em seu rosto.
O outro me encara por alguns instantes, mas antes que eu perceba sua mão sobe e eu sinto um impacto no meu rosto, logo seguido de uma completa escuridão.
~*~
Harry's P.O.V.
- Harry, você precisa se acalmar! - Meu irmão diz enquanto corre atrás de mim. Acabo rosnando por não conseguir controlar minha raiva.
- COMO VOCÊ ESPERA QUE EU FIQUE CALMO QUANDO NEM SEI ONDE MEU ÔMEGA ESTÁ?! EU NÃO POSSO PERDER O LOUIS, JOSH! NÃO DÁ! - Rosno novamente, mas ele não recua.
- Você não vai conseguir achá-lo se continuar agindo feito um louco! - Agora é Luke quem fala.
Decido ignorá-los. Corro direto para o meu quarto assim que finalmente abro a porta de casa, seguindo direto para meu "armário secreto". Tiro de lá duas pistolas automáticas, pego também um silenciador, luvas de couro e uma faca especial, feita sob medida para mim. Sinto os olhares de meus irmãos queimando em minhas costas, mas decido simplesmente ignorar e continuo pegando as coisa que creio que eu vou precisar.
- Pra onde você pretende ir com isso tudo? - Hemmings questiona assim que passo por eles.
- Atrás do meu ômega, oras!
- Harry, como você vai atrás dele se nem sabe onde Louis está? - A pergunta de Devine me faz estagnar.
- Louis está vivo, irmão. Por favor, você tem que parar e nos ouvir! - O loiro praticamente suplica.
Começo a pensar que nitidamente meus irmãos tem toda razão. Não posso e nem vou encontrar Louis se continuar agindo assim... Porra, eu nem ao menos sei onde ele está! Mas é impossível ficar calmo, e é impossível ficar parado enquanto todo tipo de coisas ruins podem estar acontecendo ao meu garoto. Tantas coisas ruins se passam em minha mente que o aperto em meu peito chega a doer fisicamente tamanho o medo que sinto.
- Eu não posso perder o Louis... - Sussurro.
A perda de Nicki já foi horrível para mim, e se Louis se for... Ou melhor... Se ele for tirado de mim, eu não irei suportar! Não consigo passar por tudo isso de novo, e se antes sem amar o outro ômega eu já fiquei arrasado, imagine com ele...
Simplesmente não dá!
Por fim eu caio de joelhos e começo a chorar. Sinto quando dois pares de braços me envolvem. Meus irmãos buscam tentar me consolar com o abraço, mesmo que na verdade não esteja adiantando de nada. Mesmo desesperado pela falta de tempo, me permito chorar intensamente. Choro, não só por Louis, mas também por Nicki.
Eu apenas choro...
(...)
- Hey, Harry! - Ouço a voz de Josh bem ao fundo. Relutantemente abro meus olhos, mas pulo assustado quando percebo ter adormecido.
- Calma! - Luke segura meus ombros. - Você chorou tanto que acabou pegando no sono, e nós te deixamos dormir.
- Mas, Luke, eu...
- Sim, nós sabemos. - Suspira. - Enquanto você dormia nós buscamos as imagens das câmeras de segurança da rua e encontramos a placa do carro, que descobrimos pertencer a um garoto chamado Bryan.
- É, e graças a isso conseguimos rastrear o telefone dele e agora sabemos onde ele e Louis estão. - Devine completa a frase de nosso irmão, um sorriso enorme estampado em ambos os rostos. Me permito sorrir também.
- O que mais vocês tem? - Pergunto enquanto me levanto, ainda meio desnorteado.
- Descobrimos algo que é ótimo, mas ao mesmo tempo ruim. - O loiro diz.
- E o que seria?
- Bryan é obcecado por Louis. - Assim que Josh diz eu acabo me lembrando do dia em que conheci Louis. Esse tal "Bryan" é o mesmo filhote de alfa filho da puta que machucou meu menino! - Isso é bom porque quer dizer que quem está com Louis não é o Ametista Negra, o que consequentemente comprova que Louis está vivo. O lado ruim é exatamente esse, o cara é louco pelo ômega e, mesmo que não o mate, não sabemos o que é capaz de fazer...
- Mas isso já é um grande avanço! - Suspiro "aliviado". - Onde eles estão?
- Um galpão abandonado em Doncaster.
- Me passem as coordenadas, eu estou indo pra lá agora! - Pego minhas chaves, mas antes que eu possa sair do quarto Luke me segura.
- Lembre-se de que, mesmo que esse garoto tenha sequestrado Louis, não vale a pena matá-lo. Você precisa se conter!
- Isso vai ser um pouco difícil. - Rio com sarcasmo, mas ele me olha firme.
- É sério, Harry! Não vale a pena matar o maldito, e também, Louis não irá gostar e muito menos concordar, então se controle.
Luke olha em meus olhos com um ar sério. Suspiro pesadamente. Querendo ou não, ele tem razão.
- Vou tentar, irmão...
Ambos os meninos me abraçam e me desejam sorte.
Por fim eu parto em direção ao local que Luke me enviou. Doncaster fica há apenas algumas horas de carro de Londres, e por isso vou o mais rápido que posso, implorando mentalmente para que nada de grave tivesse acontecido a ele. Durante o percurso tudo o que penso é em como Louis está.
Será que Bryan fez algo a ele?
Será que ele está machucado?
Só de pensar nas várias coisas ruins que podem ter acontecido ao meu ômega, meu sangue ferve!
- Esse filhote de alfa não perde por esperar... - Acabo pressionando o volante com tanta força que o amasso. Não me importo, preciso controlar a minha raiva. Ou ao menos tentar... - Ele não faz a mínima ideia de com quem mexeu!
(...)
Algumas horas mais de viagem e finalmente estou no endereçodas coordenadas. É um tipo de galpão bem distante do centro da cidade, o movimento por aqui é mínimo. Confesso que Bryan, para um amador, foi bem esperto na escolha do lugar, só foi um idiota na escolha do ômega!
Decido estacionar um pouco longe para que o alfa não me ouça chegar, e assim o faço. Com apenas uma pistola automática e minha inseparável faca eu me aproximo lentamente, fazendo o máximo para que seja impossível me detectar, o que confesso não ser difícil. Não é a toa que Harry Styles tem a fama de maior assassino de Londres, não é?
- Harry... - Ouço Josh me chamar através de um ponto em meu ouvido.
- Tô ouvindo. - Respondo.
- Já chegou?
- Sim.
- Ótimo! Antes que você chegasse eu consegui que um subordinado meu pusesse um drone com câmera dentro do galpão através de uma pequena fenda no topo, isso sem que Bryan notasse, é claro.
- Conseguiu imagens? - Apenas mais alguns passou e eu estarei lá.
- Sim. No momento Louis está preso em uma cadeira, aparentemente desacordado. E quanto ao Bryan... - Devine para de falar.
- Continue, Josh! - Por fim eu chego.
Rapidamente me encosto numa das paredes do lugar e verifico minha pistola, isso enquanto espero a resposta de Josh. Sua demora está me deixando angustiado.
- Ele está acariciando o rosto e a perna de Louis. - Diz. Meu sangue ferve só de pensar no meu ômega sendo tocado por um alfa que não seja eu, mas mesmo estando fervendo de puro ódio eu tento me manter calmo.
Por Louis!
- Ouça, Harry: o lugar tem apenas uma entrada o que no caso é a porta principal. Bryan está desarmado mas, caso ele note sua presença, você pode não ter tempo de chegar até ele e Louis. - Agora é Luke quem fala, sempre meu cérebro em missões.
- E o que eu posso fazer? - Pergunto olhando envolta. Realmente não há outras entradas.
- Tente alguma janela. - Ele diz, e automaticamente eu busco por uma.
- Luke, a mais próxima deve estar à uns quatro ou cinco metros do chão. - Falo. O que ele espera que eu faça?
- Calma, estou pensando... - Ele fica alguns segundos em silêncio. Sempre, por ser o mais inteligente, foi Hemmings quem me ajudou e me guiou em missões e serviços, e por isso aprendi a respeitar seu tempo. No fim ele sempre consegue achar uma saída! - Oh, ótimo, ele dormiu! Isso facilita muito as coisas.
- Então posso entrar pela porta?
- Negativo! A porta desse galpão é de correr e é enorme, um simples movimento faz um barulho altíssimo, ele iria acordar na hora. - Bufo, frustrado. - As paredes do lugar são feitas de madeira, e por ser antigo creio que seja fácil de furar. Use suas garras e escale até uma janela.
- Okay, entendido!
Retiro minhas luvas e olho para minhas mãos, pensando em como fazer minhas unhas se tornarem garras. A transformação dos alfas é algo que não acontece com muita frequência, e é extremamente difícil de controlar, além de eu não fazer a mínima ideia do porque disso ocorrer. Quando nos transformamos ficamos ainda mais forte, com dentes enormes e afiados, além de lindas e potentes garras de lobo, mas isso só acontece quando estamos com raiva e...
- É isso! A raiva! - Digo animado. - Raiva, Harold... Você tem que sentir raiva!
Começo a pensar em toda essa situação, no sequestro de Louis, no "Ametista" que o persegue... Penso em como fico puto, em como estou puto com tudo isso! Penso também em Nicki, em como ele e sua família foram brutalmente assassinados sendo que eles eram todos inocentes e não tinham simplesmente nada a ver comigo ou com a minha segunda vida...
E com esses pensamentos eu começo a sentir uma raiva... Ou melhor dizendo... Um ódio descomunal tomar conta de mim, e com isso vejo minhas unhas se alongarem e engrossarem até se tornarem grandes garras.
- Isso aí!
- Conseguiu, Harry? - Hemmings questiona.
- Sim! - Respondo. - Vou entrar.
Finco minhas garras na madeira com extrema facilidade e sorrio satizfeito. O plano de Luke, como sempre, está dando certo. Lentamente escalo a parede do imenso galpão, lento mas sem dificuldades, e logo consigo alcançar uma das grandes janelas do lugar. Entro silenciosamente e me deparo com uma intensa escuridão, tendo apenas uma pequena luz bem ao fundo, que provavelmente é onde os dois garotos estão.
- Entrei. - Sussurro.
- Ótimo! Eles ainda estão dormindo, então seu caminho está livre.
Salto até o chão sem nenhuma dificuldade, ainda estou em meu "modo alfa" (como Niall gosta de chamar) então uma queda de quatro metros pra mim não é nada. Ando lentamente até a luz ao final do galpão, mas tomando muito cuidado para não acabar fazendo sons altos. "Quase lá!" penso quando finalmente vejo Louis e Bryan.
Meu sangue começa a borbulhar, meu coração dispara ao que consigo enxergar, já mais perto, a forma como Louis está. Hoje o clima está bem frio e por mais que eu não sinta muito, sei Louis sente, mas suas roupas estão completamente ensopadas, chegando a grudar em seu corpo.
- Isso não é nada bom! - Me seguro para não agarrar Bryan pelo pescoço quando passo por ele.
E então eu finalmente chego até o ômega!
~*~
Narrador's P.O.V.
Harry sentia que a qualquer momento seu coração iria se partir em milhões de pedaços. Tomlinson estava amarrado à cadeira por suas mãos e pés, seu pequeno corpo tremia por conta do frio intenso que ele está sentindo. Além de estar extremamente pálido, com seus dedos e lábios já num tom arroxeado, havia também um pequeno filete de sangue escorrendo de um corte profundo em sua boca. Aquela cena chocou o mais velho e nem de longe foi de uma boa forma.
Styles nunca havia sentido tanto ódio em toda a sua vida, e mais uma vez aquele velho sentimento de culpa e impotência o invadiram. "Se eu não tivesse deixado ele sozinho, ele não teria que passar por isso" ou "Eu poderia ter evitado" eram apenas alguns dos vários pensamentos que inundavam sua mente e lhe torturavam a cada instante. Era impossivel não se martirizar, afinal, ele é quem deveria proteger o mais novo!
E mais uma vez ele sentiu uma imensa vontade de chorar. Que alfa é esse que não consegue sequer cuidar de seu ômega?
- Hey, Lou... - Styles susurrou no ouvido do outro, mas não obteve nenhuma resposta. Louis não estava dormindo, e sim inconsciente. - Louis...
Nenhuma resposta.
- Eu vou te tirar daqui, amor... - Harry começou a cortar as cordas que seguravam o mais novo, mas parou assim que notou uma movimentação atrás de si.
- SAI DE PERTO DELE! - Um rosnado foi ouvido, e logo em seguida um tiro.
Styles caiu no chão sentindo uma intensa dor em seu ombro esquerdo. O ferimento da bala queimava como se estivesse pegando fogo. O alfa tentou manter a calma mas a dor, a raiva e as circunstâncias faziam seus instintos primitivos lutarem pelo controle de seu corpo. Tudo o que ele queria fazer era revidar. Queria se levantar e rasgar o pescoço de Bryan, quebrá-lo ao meio como se fosse um simples galho seco, ele necessita daquilo... Mas, mesmo estando consumido pelo ódio, ainda tentou manter sua sanidade e tudo para poupar a vida do outro. Seu foco ali era Louis!
- Como você nos achou? - Bryan perguntou visivelmente alterado, mas o mais velho não respondeu. - ANDA, DIZ COMO VOCÊ NOS ACHOU!
O loiro disparou para cima, porém Styles se manteve inabalável. Ele se levantou, sua mão direita sobre o ombro ferido na tentativa de conter o sangramento, movimentos calmos e muito bem calculados. Se fosse em outras circunstâncias aquela situação ridícula já teria terminado e Harry já teria dado cabo do alfa que mantinha uma arma apontada para si, mas agora era diferente pois ele teria que preservar a vida de Bryan, além do fato de ter que tirar Louis dali o mais rápido possível. A cada segundo ficava cada vez mais frio, e se ele não socorresse o ômega, se não o levasse para um lugar quente e trocasse suas roupas molhadas, poderia perdê-lo de vez...
- Você é bem esperto pra um amador. - O de olhos verdes encarou o outro. Sentia suas garras e presas crescerem novamente de forma lenta. - Trazer Louis pra cá depois de tê-lo tirado da festa sem que ninguém notasse... Tenho que reconhecer que você é esperto, só errou em um ponto.
- Qual?! - Bryan era facilmente manipulável, e Harry aproveitaria disso para atacar à qualquer momento.
- Você escolheu o ômega errado!
De repente ele correu para cima do alfa mais novo, este que tentou disparar em sua direção mas falhou miseravelmente já que foi desarmado. Harry lançou a arma longe e jogou Bryan no chão. O garoto cai com o Styles por cima de si, mas num descuido do cacheado conseguiu inverter as posições, ficando por cima e desferindo vários socos contra o outro.
Ambos já estavam com todos os seus hormônios a flor da pele, ambos com a adrenalina em alta, ambos com suas amedrontadoras garras e presas de lobo. Contudo, mesmo ambos tendo praticamente as mesmas características, havia apenas uma diferença: Harry era o alfa mais forte!
Já cansado daquela situação, Harry segurou Bryan pelo pescoço, cravando suas unhas na carne do outro. Ele se levantou ainda com o alfa em sua mão, preso por seu aperto, e o ergueu no ar sem nenhuma dificuldade. O loiro se debatia e tentava a todo custo livrar-se da mão forte de seu oponente, chegando até a arranhar o braço de Styles e deixando cortes profundos, mas tudo em vão já que o mais velho continuava inabalável. O medo de Bryan era quase palpável, mas não tão sólido quando o ódio de Harry.
- Você nunca mais irá chegar perto do meu ômega, entendeu? Nem dele e nem de qualquer outro que não queira você perto! - Harry disse num tom firme, e fez questão de falar mesmo sabendo que a qualquer instante Bryan ficaria inconsciente. - Você não vai sequer olhar pra ele, nem pensar nele. Se ele estiver no mesmo lado da rua que você, atravesse! Eu juro que se houver uma próxima vez, eu não vou poupar sua vida, seu filhote de alfa desgraçado!
Por fim ele bateu com o corpo de Bryan no chão, fazendo o piso se quebrar e o menino ficar inconsciente na mesma hora. O alfa se levantou e encarou o mais novo por alguns instantes, apenas para gravar bem o seu rosto. De fato, nunca mais haveria uma próxima vez porque a partir daquele momento a vida de Bryan estava literalmente por um fio, e era Harry quem tinha a tesoura e decidiria se cortaria aquele fio ou não!
Passada toda a briga, Styles finalmente tirou Louis do galpão e o levou para um hospital em Doncaster mesmo, claro que não antes de deixar Luke, Josh e todos os outros a par da situação. No fim ele estava aliviado pois tudo havia acabado bem, de certa forma. Ele sentiu tanto medo de perder Louis, mas agora o mais novo estava ali com ele...
Finalmente estava com seu ômega!
~*~
Louis's P.O.V.
"Ai, mas que luz forte!" penso quando começo a despertar por conta de uma luz intensa em meu rosto. Minha cabeça ainda dói tanto, além de todo o meu corpo, e graças a isso sequer tenho forças para abrir os olhos.
Acabo me lembrando de tudo que aconteceu, e por isso me mantenho imóvel. Não sei o que pode estar acontecendo, mas...
- Sr. Styles? - Ouço uma voz desconhecida chamar por esse nome.
Mas quem é Styles?
- Sim, sou eu... - Harry...
É a voz do Harry?!
Na mesma hora em que ouço a voz de Harry abro os olhos e me sento rapidamente, logo me arrependendo pelo "choque" que tive por conta da luz. Fecho os olhos novamente, levando minhas mãos até o rosto, e é quando sinto mãos grandes me tocarem e um cheiro familiar invadir minhas narinas.
- Hey, Lou... Devagar. - Ele diz. É ele mesmo. É o Harry!
- Harry... - Abro os olhos e me deparo com um belo par de olhos verdes me encarando intensamente. Sorrio quando o vejo sorrir pra mim, e lágrimas começam a rolar por meu rosto, assim como pelo rosto dele.
- Oi, meu amor. - Me abraça com força. Nunca pensei que sentiria tanta falta de estar em seus braços. - Tá tudo bem agora, eu te achei e te trouxe pra cá para poderem cuidar de você.
- Mas e o Bryan?
- A polícia deu um jeito nele, mas antes nós dois tivemos uma... Conversinha... - Rio pelo tom de voz que ele usou. - Mas agora deite, você precisa descansar!
- Como você me encontrou? - Pergunto olhando e volta, só agora percebendo que estou num hospital. A voz desconhecida que ouvi deve ter sido do médico ou de algum enfermeiro.
Styles...
Por que ele chamou Harry de "Sr. Styles"?
- Eu, Luke e Josh demos um jeito... Logo você saberá! - Ele se levanta e vai até uma bancada onde está uma bandeja cheia de comida. Harry a pega e vem até mim, deixando a bandeja em meu colo. - Coma.
- Obrigado. - Sorrio, só agora percebendo o quanto estou faminto.
Um momento de silêncio se instala entre nós. Esse nome, Styles... O que será que quer dizer? Acho que isso é algo que eu não vou conseguir simplesmente deixar pra lá, então será mais fácil perguntar.
- Hazz...
- Sim?
- Por que o médico te chamou de Sr. Styles? - Pergunto logo de uma vez, e vejo o rosto dele, antes alegre, ficar inexpressivo.
- Você ouviu? - O cacheado parece ficar tenso.
- Sim, mas eu não entendi. Seu nome não é McCants? Harry Jason McCants?
- Sim... Quer dizer... E-Eu... - Harry parece relutante em dizer, mas antes que ele possa terminar o doutor aparece no quarto, seguido por minha mãe e Dylan.
- Louis! Oh, meu filho! - Johanna corre para me abraçar, e eu rio de sua reação.
- Irmão, você está bem? Está inteiro? Ele te bateu? - Dylan é o próximo, segurando em meu rosto com força, quase esmagando minhas bochechas.
Deus, como eu amo minha família!
- Calma, gente... Eu estou bem! - Rio. - Bryan me bateu, mas foi apenas um soco na boca, nada demais.
- COMO NADA DEMAIS, LOUIS WILLIAM TOMLINSON? - Os três, tirando o médico, gritam em uníssono. E eu? Eu caio na gargalhada!
- Fiquem calmos, o pequeno ômega está bem, e como ele mesmo disse, essa foi a sua única lesão. Não houve mais nenhuma agressão, nenhum abuso ou assédio físico, apenas um início de hipotermia causado pelo intenso frio e as roupas molhadas. Mas agora está tudo bem, e eles dois estão fortes e saudáveis, Louis apenas terá que passar a noite aqui por conta do soro e...
- Não, não, não, espera... Que dois? - Harry pergunta confuso. Confesso que também estou.
- Ora, ele e o bebê! - O médico diz sorridente, mas vejo a cara de todos caírem, e confesso que não devo estar diferente. - Louis está grávido!
Oh, meu Deus...
Eu estou grávido?
- GRÁVIDO?! - Grito.
- Sim, de seis semanas. Meus sinceros parabéns aos futuros papais! - Ele diz, termina umas anotações, logo deixando o quarto.
Eu vou ter um bebê?!
EU. VOU. TER. UM. BEBÊ!