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Capítulo 2

Três anos depois

O dia estava tranquilo, o céu límpido e uma brisa suave balançava a grama ao redor de Olabe. Ele estava deitado ali, contemplando o céu azul, perdido em pensamentos. Momentos assim eram raros, e ele gostava de aproveitar o silêncio da paisagem rural.

"Talvez hoje seja só mais um dia relaxante", pensou.

Mas essa paz foi interrompida pelo som de passos apressados se aproximando. Olabe abriu os olhos e, ao se sentar, avistou Wesley correndo em sua direção. Wesley era filho de Luiz, e desde que haviam se conhecido, construíram uma amizade sólida. No início, Olabe achou o garoto estranho, mas ao longo dos três anos que passaram juntos, acabaram se aproximando a ponto de se considerarem irmãos.

Ao ver o rosto de Wesley, Olabe imediatamente percebeu que algo estava errado.

"Wesley? O que aconteceu? Por que essa cara?", perguntou Olabe, sentindo um calafrio.

Wesley respirou fundo, o rosto contorcido de preocupação. "Houve uma quebra de portal rank-S na cidade de Tatuí."

Ao ouvir as palavras, Olabe sentiu o coração disparar. Ele se levantou rapidamente, o olhar ansioso. "O quê? Em qual parte de Tatuí?"

"Na parte sul", respondeu Wesley, com a voz pesada.

Olabe não perdeu tempo. Saiu correndo em direção à casa, o medo consumindo-o. Ao entrar, agarrou o telefone e tentou fazer uma ligação, esperando ouvir a voz familiar de sua mãe, seu pai ou até mesmo da pequena Lisa. Mas não havia resposta. O telefone tocava em vão, e o silêncio aumentava sua aflição.

"Ninguém está atendendo. Droga!", gritou, a voz tremendo enquanto sentia o desespero se instalar.

Foi então que ouviu passos atrás de si. Luiz, seu mestre, se aproximava com o semblante sombrio, um peso evidente em seu olhar. Olabe se virou para ele, os olhos marejados, como se soubesse que a notícia seria devastadora.

"Olabe, acho que você já sabe sobre a quebra do portal", disse Luiz em voz baixa, hesitando por um momento, como se não quisesse continuar.

Olabe sentiu o chão sumir sob seus pés, já prevendo o pior. Ele não conseguia imaginar um mundo sem seus pais, e a ideia de perder Lisa, sua irmã caçula, era um golpe que ele não poderia suportar. Cada segundo sem notícias aumentava o desespero.

Luiz respirou fundo antes de continuar. "Infelizmente… seus pais foram mortos por monstros que saíram do portal. Apenas sua irmã sobreviveu."

O mundo ao redor de Olabe pareceu desmoronar. As palavras se repetiam em sua mente como um eco insuportável, incapaz de acreditar na realidade brutal que acabara de ouvir. Tudo ao seu redor se tornava uma névoa distante, enquanto o luto e a raiva surgiam como um turbilhão incontrolável dentro dele. Foi nesse momento, nesse abismo de dor e desespero, que algo despertou.

Sem entender o que estava acontecendo, Olabe sentiu uma força explosiva emergir de dentro de si, expandindo-se como uma onda de destruição. Energia pura e caótica emanava do seu corpo, destruindo tudo ao redor. Árvores foram arrancadas do chão, pedras explodiram em pedaços, e a própria terra parecia estremecer diante daquele poder desconhecido.

Ele não sabia, mas esse despertar de poder mudaria sua vida para sempre. O mundo estava, agora, nas mãos de alguém que acabava de experimentar a dor mais profunda — e a força que emergia disso.

Uma semana depois

O mundo de Olabe havia mudado. Sua dor estava transformada em uma força bruta, mas o controle dessa energia era um problema. Luiz, que assistira ao despertar de seu aluno, sabia que aquele poder precisava ser domado, ou Olabe seria visto como uma ameaça por todos.

Naquela manhã, Luiz se aproximou de Olabe, que ainda carregava o olhar pesado e vazio. "Garoto, eu vou te ensinar como usar sua mana. Você tem muito disso, mas precisa aprender a controlar", disse Luiz, enquanto procurava algo em seus bolsos.

Ele retirou um par de brincos prateados e entregou-os a Olabe. "Esses brincos vão restringir sua mana. Com eles, você conseguirá manter o controle até aprender a usar seu poder completamente."

Olabe olhou para os brincos com hesitação, mas sabia que, naquele momento, eles eram sua única salvação. Ele não queria arriscar machucar ninguém, e o governo não hesitaria em caçá-lo se seu poder se tornasse uma ameaça. Colocou os brincos, sentindo imediatamente uma leveza, como se o peso de sua energia tivesse sido atenuado. Por enquanto, ele estava seguro — e, mais importante, aqueles ao seu redor também estavam.

Mas em seu coração, Olabe sabia: ele não poderia se esconder para sempre. Um dia, o mundo teria que confrontar o poder que agora habitava dentro dele.