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A Praga

Nas vastas planícies de Cardona, onde os campos se estendiam até onde os olhos podiam ver, uma sombra sombria se ergueu sobre a pacífica vida rural. A praga, uma doença insidiosa e implacável, varreu a região como uma tempestade de desespero, ceifando vidas e deixando a desolação em seu rastro.

Asrael cresceu sob o céu aberto, trabalhando nos campos com sua família amorosa. Seu pai, George, era um homem de princípios sólidos, com mãos ásperas de tanto trabalho, mas um coração gentil que sempre guiava a família com sabedoria. Sua mãe, Eliz, era o pilar emocional da família, com um sorriso acolhedor que iluminava até os dias mais sombrios. E seu irmão mais velho, Alexander, era um mentor e amigo, cuja inteligência afiada e bondade inabalável inspiravam todos ao seu redor.

No entanto, a chegada da praga tudo mudou. Alexander foi o primeiro a sucumbir, sua mente brilhante agora silenciada para sempre. Asrael se despediu dele em um cenário sombrio de túmulos recém-escavados, onde as lágrimas se misturavam com a terra úmida.

Enquanto o lamento envolvia a vila como um manto pesado, transformando cada rua em um corredor de tristeza e cada lar em um túmulo silencioso, Asrael recordava-se das memórias felizes compartilhadas com Alexander. Lembranças de brincadeiras de infância, de noites ao redor da fogueira, de conselhos sábios compartilhados em momentos de incerteza. Cada lembrança era uma faca afiada, cortando mais fundo em seu coração já dilacerado pela perda.

Quando a dor se tornou insuportável, Asrael voltou-se para a única tarefa que lhe restava: enterrar seu irmão com honra e dignidade. Ele cavou a terra com determinação, cada pá de terra uma homenagem silenciosa ao irmão que agora descansava em paz.

Após o enterro, Asrael retornou à casa que antes era cheia de vida, agora transformada em um sepulcro silencioso. Lá, encontrou seus pais, George e Eliz, deitados em seus leitos de morte, seus rostos serenos testemunhas silenciosas da tragédia que havia se abatido sobre eles.

Asrael segurou a mão de seu pai, os olhos marejados de lágrimas. "Pai..." Sua voz falhou, sufocada pela dor.

George olhou para o filho com ternura, seus olhos cansados refletindo a dor de uma vida inteira. "Asrael, meu filho," ele começou, sua voz fraca, mas firme. "Eu não tenho muito tempo, mas há algo que eu preciso lhe dizer..."

Asrael segurou a respiração, pendurando-se em cada palavra de seu pai.

"Você... você é mais forte do que pensa", continuou George, sua voz diminuindo. "Você tem coragem... coragem que eu nunca tive..."

As lágrimas rolaram pelas bochechas de Asrael, misturando-se com as de seu pai. "Pai, não..."

George apertou a mão de Asrael com firmeza. "Eu quero que você se aventure, conheça o mundo, não fique vivendo nesse fim de mundo", ele sussurrou, lutando contra a fraqueza que o consumia.

Asrael engoliu em seco, a promessa pesando em seu coração. "Eu... eu prometo, pai."

Com um último suspiro, George sorriu fracamente, os olhos encontrando os de sua esposa ao lado dele. "Eliz... Asrael... eu os amo..."

As palavras finais de seu pai ecoaram em sua mente enquanto Asrael enterrou seus pais com as próprias mãos, jurando honrar seu último desejo. Enquanto a terra engolia suas lágrimas e os túmulos se erguiam como sentinelas mudas da perda, Asrael sabia que não podia mais permanecer nas sombras do passado.

Com o coração pesado, Asrael preparou suas poucas provisões para a jornada à frente. Ele pegou uma cantil de água, essencial para sua sobrevivência nos dias quentes e áridos que aguardavam. Uma faca afiada foi escolhida para proteção e para esfolar caças, garantindo-lhe alimento durante as longas noites solitárias. Uma bolsa de couro resistente foi selecionada para transportar seus pertences, e alguns pães foram embalados com cuidado, uma lembrança das refeições compartilhadas em família que agora pareciam tão distantes.

Com suas provisões reunidas e seu coração pesado de despedida, Asrael partiu em direção à cidade mais próxima, determinado a seguir o último desejo de seu pai.

O sol começou a nascer no horizonte enquanto Asrael partia de Cordona, seu destino: a cidade de Narter, a mais próxima da região. Seria uma jornada de três dias através de terras desconhecidas e perigosas, mas ele estava determinado a seguir o último desejo de seu pai e buscar respostas além das fronteiras familiares.

No primeiro dia de viagem, Asrael adentrou na densa floresta ao norte da vila. Os raios de sol filtravam-se timidamente entre as copas das árvores antigas, criando padrões de luz e sombra que dançavam no chão coberto de folhas. O ar era fresco e úmido, impregnado com o cheiro da vegetação verdejante e dos musgos que cobriam as pedras. Enquanto caminhava, podia ouvir os cantos dos pássaros e o murmúrio suave dos riachos que cruzavam seu caminho.

No segundo dia, Asrael emergiu da densa vegetação da floresta e encontrou-se em uma vasta planície, cortada por um rio serpenteante. A paisagem se estendia até onde os olhos podiam ver, um mar de gramíneas verdes oscilando suavemente ao sopro do vento. À sua esquerda, o rio serpenteava como uma serpente preguiçosa, refletindo o brilho do sol da manhã. À sua frente, a planície se estendia até o horizonte, pontilhada aqui e ali por pequenos arbustos e grupos de árvores solitárias. No céu, algumas nuvens preguiçosas deslizavam sem pressa, enquanto aves de rapina pairavam nas correntes de ar térmico.

Foi então que Asrael avistou a manada de bisões de três chifres. Criaturas imponentes, com pelagem grossa e olhos penetrantes que observavam atentamente qualquer movimento em sua direção. Ele não ousou desafiá-los, escolhendo contorná-los cautelosamente em vez de arriscar um confronto.

Mais adiante, sua sorte mudou quando avistou uma lebre de patas brancas, uma presa muito mais manejável. Com habilidade e paciência, ele armou uma armadilha improvisada e conseguiu capturar o animal para alimentar-se durante a noite. O crepúsculo trouxe consigo a necessidade de fazer acampamento, e Asrael preparou sua fogueira enquanto o sol se punha no horizonte. No entanto, a escuridão trouxe consigo a memória dos horrores do início da peste, assombrando seus sonhos e impedindo-o de encontrar paz no sono.

No terceiro dia, Asrael avistou finalmente uma vila ao longe. À medida que se aproximava, pôde observar os detalhes que a compunham: casas de madeira dispostas em ruas estreitas, com telhados de palha e fumaça saindo das chaminés. As crianças brincavam nas ruas, enquanto os adultos conversavam em grupos, preocupados com os acontecimentos que assolavam a região. Ao entrar na vila, dirigiu-se à taverna local, onde esperava encontrar respostas entre as conversas dos moradores.

Dentro da taverna, ele encontrou o taverneiro, um homem robusto com olhos cansados que pareciam carregar o peso de muitos segredos. Asrael se aproximou, sentindo o cheiro de fumaça e cerveja enchendo o ar.

"Boa tarde, senhor," cumprimentou Asrael, sua voz ecoando na sala silenciosa.

O taverneiro olhou para ele com curiosidade, "O que traz você a estas terras distantes, meu jovem?"

"As notícias da praga chegaram até nossa vila", respondeu Asrael, sua voz séria. "Estou em busca de informações sobre o que está acontecendo na cidade de Narter. Você poderia me ajudar?"

O taverneiro acenou com a cabeça, seu semblante sombrio. "A peste tem trazido muita dor e sofrimento para nossa região. Venha, sente-se, e eu lhe contarei o que sei."

Depois de uma conversa com o taverneiro e de algumas informações reunidas, Asrael descobriu que a cidade de Narter estava sofrendo com o aumento dos casos da praga. Havia rumores de que a doença estava se espalhando rapidamente e que as autoridades estavam lutando para conter a situação. Com essas informações em mente, Asrael partiu da vila e seguiu pela estrada em direção aos portões da cidade de Narter, preparado para enfrentar os desafios que o aguardavam.

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