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Suri Win : Pendurado no penhasco

Suri Win Sentia vertigem, como se estivesse em um lugar bem alto, balançando ao sabor do vento. Não sentia nada abaixo dos seus pés em que pudesse se apoiar.

Abriu os olhos, mas algo como um saco ou um capuz vedado cobria sua cabeça, e ele continuou sem ver do mesmo jeito. Tentou lembrar-se de onde estava pela última vez, mas isso também não era possível. Sua cabeça doía a cada esforço que fazia.

De repente, começou a sentir os pulsos doerem também, e a forte dor embaixo dos braços fez com que entendesse que estava aprisionado. Suri Win era rápido e, nas lutas contra seus adversários, utilizava sua velocidade com precisão, derrubando-os sem dó, deixando assim seus inimigos como presa fácil para que o resto do grupo finalizasse o serviço. Sua velocidade era sua maior vantagem sobre seus inimigos.

Finalmente, um vento forte soprou, tirando aquele incômodo obstáculo de sua cabeça, e agora ele via onde estava. Era exatamente como havia sentido: acorrentado no alto de uma montanha, com os pés balançando acima do nada.

— Mas o que é que eu estou fazendo aqui? Quem foi que fez essa brincadeira tão estúpida?

A princípio, ele queria escapar, mas depois percebeu que, mesmo que se soltasse das correntes, iria cair montanha abaixo. Até onde ele podia ver, existia um imenso vazio até chegar ao solo.

Sem ideias de como escapar daquele lugar, decidiu fazer uma rápida análise sobre quem poderia ser o culpado daquela perigosa e estranha situação em que se encontrava.

"O Centurião Dourado jamais faria algo assim; seu perfil não se encaixava com aquela atitude infantil", pensou. Na verdade, Suri Win sentia que o Centurião Dourado não dava a mínima para ele. Super Ultra, então... sem chance. Estava estressado demais e nervoso demais, não tolerava brincadeiras e tampouco brincava com alguém. A única pessoa que poderia fazer ele sorrir era a Danger Girl. Fora isso, o que sobrava para os outros era só pancadaria. Afinal, ele não respeitava nem mesmo o primeiro entre os heróis, o famoso Centurião Dourado, e era indiferente à presença de Suri Win. Sem dizer que ninguém sabia onde estava o verdadeiro Super Ultra.

"Aço Blake, sim, esse poderia ser o culpado." Aço Blake era brincalhão e de boa com todo mundo. Apesar de não ser um dos mais fortes integrantes, ele conseguia ser um cara respeitado entre eles. Sabia quando brincar, sabia falar e ficar quieto também. "Pensando bem, Aço Blake jamais faria algo assim. Afinal, suas brincadeiras são bobas, ingênuas, mas nunca visam o mal a alguém", concluiu.

"Bobina, decididamente, pode ter sido ele." Bobina era um cara grande, em todos os sentidos: brincalhão, um verdadeiro palhaço, mas que se transformava numa máquina de combate quando chegava a hora de enfrentar seu oponente. Bobina era tão exagerado em suas brincadeiras que aquela poderia ser uma obra sua, sem dúvida, a não ser por um pequeno detalhe: Bobina estava morto. "Se não fosse por esse detalhe, eu não teria dúvidas", concluiu Suri Win, culpando-se por querer jogar a culpa em Bobina.

"Mestre Comando, não." Decididamente, não era o Mestre Comando. Ele era o cara mais sério do grupo, apesar de, no quesito força, estar em quarto. Não que isso fizesse muita diferença, porque, em estratégia, ele era invencível. Se por acaso ele fosse lutar contra qualquer um do Clube da Justiça, certamente ganharia. Era uma espécie de herói que sempre tinha um truque escondido na manga que possibilitava sua vitória. Fosse contra Centurião Dourado, Bobina e até mesmo contra o Super Ultra, a porcentagem de ganho em uma dessas lutas era de 50%. Mas, se o Mestre Comando tivesse tempo para se preparar, nesse dia sua vitória seria de 100%. Ele contava com uma infinidade de táticas de combate, planejamento militar e traiçoeiras armadilhas. Suas mudanças de táticas eram terríveis e imprevisíveis, sem contar que ataques surpresa eram seu forte. Quem lutasse contra ele poderia se preparar, pois ao menor descuido estaria no chão. Mestre Comando era um cara tão sério que até mesmo a chefe dos heróis, a princesa Tessala, evitava discutir. Tudo porque, na maioria das vezes — ou 100% das vezes —, ele estava certo. "Obviamente que não foi ele que me prendeu aqui", pensou.

Mister Ímã era o próximo da lista: um cara amistoso, prestativo e muito sério. O único com quem ele brincava era com o próprio Suri Win, mas sempre com brincadeiras sadias, pois, como sua personalidade amigável, Mister Ímã jamais se sentiria bem em fazer mal ao seu amigo. "Decididamente, meu amigo Mister Ímã não é o culpado."

Agora sobrava apenas a chefe, Tessala, a princesa da eletricidade. Mas, de início, isso já era algo impensável. Afinal, ela nunca brincava com ninguém, falava a sério com todos e todos a respeitavam ao extremo. Tessala tinha uma personalidade tão forte e uma tolerância tão baixa que, à menor provocação que fizessem, ela respondia com raios de menor ou maior intensidade. E, dependendo do seu humor, era para machucar. "Tessala nem mesmo era para estar nessa lista."

Danger Girl também era alguém que não precisava estar nessa lista. Se Tessala era estressada, essa garota era estressada e meia... Ela parecia ter fortes distúrbios emocionais. Decididamente, ela tinha problemas. Por ser irmã do Mestre Comando ou Lutier Tong, ela lutava muito bem e conhecia estratégias e golpes doloridos que aplicavam nos inimigos mais fortes sem dó. Mesmo sem estratégias ou truques sujos, Danger Girl poderia vencer no mano a mano Aço Blake, Mister Ímã e o próprio Brave Veloz ou Suri Win. Até mesmo o falecido Bobina, que era indiscutivelmente mais forte do que ela, perdia em combate. Bobina não tinha malícia em combate e ficava cheio de aberturas, sendo assim um prato cheio para a estrategista e lutadora Danger Girl. Já o Centurião Dourado, Super Ultra e o Mestre Comando faziam parte de adversários que alguém como Danger Girl não conseguiria vencer. "Decididamente, ela jamais perderia seu tempo para fazer uma brincadeira assim comigo."

Na mente de Suri Win, na sua lista de amigos, não sobrava mais ninguém. Então, para ele, só podia ser Robbota. Apesar de ser uma robô, era uma adversária irônica, malvada e muito forte. De maneira que carregar Suri Win com aqueles braços de metal e pendurá-lo daquele jeito sádico seria brincadeira de criança.

"Não sei se estou certo ou não, mas agora tudo o que eu preciso é escapar daqui com vida", desabafou Suri Win, sentindo seus pulsos ficando dormentes.