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Agatha e Kiba retornaram para a Seção I.
"Você queria escanear meu corpo?" Agatha perguntou enquanto Kiba a fazia deitar-se em uma mesa de exame.
"Sim," Kiba apertou 'escaneamento detalhado' no console de controle antes de continuar, "Há algo que eu preciso confirmar."
"Então você notou a estranheza nos meus poderes?" Agatha perguntou com uma voz pesada.
Kiba se assustou com as palavras dela.
"Eu nunca teria malícia contra você," Kiba a assegurou.
Eles se conheciam há anos antes do affair, então estavam cientes da natureza um do outro.
"Eu sei," Agatha suspirou e respondeu, "É por isso que eu concordei em vir aqui, mesmo sabendo o que você queria fazer."
A mesa de exame moveu-se para dentro do escâner de corpo, e Agatha se viu envolvida por diferentes cores de luz.
Levou quase uma hora para o escaneamento detalhado terminar, mas Agatha não reclamou. Após o teste, ela chegou ao lado de Kiba, que estava lendo seu relatório.
"Eu fiz um exame detalhado na Corporação Anjo Branco duas vezes, mas ninguém notou a estranheza," Agatha disse.
O equipamento que a corporação tinha para escaneamento não era pior que o que pertencia ao Kiba. Então, Agatha não pensou que Kiba seria capaz de notar a peculiaridade nos seus poderes.
"Eu suponho que você fez o primeiro escaneamento há anos e o segundo depois que sua gravidez foi confirmada," Kiba perguntou, com sua atenção no relatório genético dela.
Os genes contêm mais do que apenas as informações necessárias para que as células vivas sobrevivam e se reproduzam.
Eles eram a verdadeira fonte da evolução, pois era nos genes onde as Partículas Divinas criavam mutação.
A gravidez pode provocar mudanças nos genes, o que é por que as mutantes do sexo feminino geralmente eram aconselhadas a ter um exame detalhado.
Em alguns casos, até mesmo uma evolução adicional nos poderes devido às mudanças no corpo...
"Sim," Agatha respondeu.
A expressão de Kiba tornou-se séria enquanto ele estudava a estrutura genética dela.
"Como esperado," Kiba murmurou.
"Esperado?" Agatha se surpreendeu, "Você notou algo?"
"Sim," Kiba mostrou a ela a fita do DNA, "Seu gene é um pouco diferente dos mutantes normais que são impulsionados pela mutação das Partículas Divinas."
Uma pequena mudança em um gene pode resultar em mudanças drásticas, pois ele era responsável tanto por armazenar as informações hereditárias quanto o segredo para a evolução.
"Seu gene sempre foi diferente dos outros, mas as mudanças devido à gravidez desmascararam a peculiaridade do seu gene," Kiba explicou.
Ele pensou nos registros de segurança que Claudia mostrou a ele. Nos registros, 'Kiba' estava confiante de que Agatha ficaria grávida do filho dele.
'Kiba' então modificou o relatório genético anterior dela e ordenou a Claudia para substituir 'todos' os relatórios com o relatório que ele deu a ela. Isso também era aplicável às análises que ela faria depois de descobrir sua gravidez.
Após conferir o relatório atual, Kiba pôde julgar quais mudanças aquele 'Kiba' fez.
Aquele 'Kiba' garantiu que a mudança nos genes após a gravidez não fosse notada pela Corporação Anjo Branco ou outros. Então, os dois relatórios foram editados para parecer que Agatha era a mesma de antes; pelo menos no que diz respeito aos seus genes.
Como Claudia substituiu todos os relatórios, incluindo os que ela tem, Kiba não podia conhecer a estrutura genética de Agatha antes da gravidez.
Mas ele podia muito bem adivinhar que a peculiaridade no gene dela era escondida desde o início por fatores naturais. Somente após a gravidez é que a peculiaridade foi revelada, mas isso também foi ocultado graças ao 'Kiba'.
"Essa peculiaridade no seu gene é por que você foi capaz de gerar meu filho," Kiba estava perdido em pensamentos, "Mas as mudanças no corpo devido à gravidez tornaram a peculiaridade óbvia."
Kiba sentiu uma dor de cabeça. Ele tinha certeza de que não tinha lacunas na memória, mas os registros de segurança provaram que ele sabia sobre a gravidez e os genes dela desde o início.
"Como diabos eu saberia sobre os genes dela, muito menos alterá-los?" Kiba pensou enquanto esfregava a testa.
"O que aconteceu?" Agatha estava preocupada.
"Eu posso responder, mas só se você prometer não me agredir novamente!" Kiba pediu.
Os lábios de Agatha tremeram. Ela tinha a sensação de que iria querer dar-lhe um tapa após ele revelar os detalhes.
"Eu prometo," Agatha concordou.
"A peculiaridade no seu gene se tornou óbvia depois que você engravidou, mas a Corporação Anjo Branco não a notou---"
Kiba estava prestes a completar suas palavras, mas então ele notou a palma de Agatha indo em direção ao rosto dele. Ele se afastou um pouco para evitar ser esbofeteado.
"Você prometeu!" Kiba manteve uma distância segura dela.
Havia apenas duas pessoas no mundo em quem ele não desejava usar força, e Agatha era uma delas. Pelo menos ele não ousava usar a força quando ela estava grávida do filho dele.
"Eu já sei quais serão suas próximas palavras!" A expressão de Agatha estava cheia de raiva enquanto ela olhava para ele. "Você modificou o relatório para ter certeza que ninguém notasse a peculiaridade! E deixa eu adivinhar mais, você não se lembra de ter modificado o relatório genético assim como você não se lembrou de ter modificado o relatório de paternidade!"
A face de Kiba se contorceu de embaraço. Ele sabia que a raiva dela era justificada, mas ele acreditava ser inocente também.
Ele realmente não se lembrava de ter modificado os relatórios!
"Obrigada por desviar do meu tapa," os olhos de Agatha brilharam com energia, "Eu havia esquecido que só me machucaria se eu usasse ataques físicos contra você!"
"Huh?" Kiba sentiu uma interrupção em seu corpo. Ele sentiu como se tivesse virado uma existência fantasmagórica sem características materiais.
Agatha avançou lentamente em direção a ele. Ela já estava farta das desculpas esfarrapadas dele por não se lembrar de detalhes tão importantes.
Seria mesmo possível esquecer coisas tão importantes?!
"Eu não estou mentindo!" Kiba não ousou mostrar a ela os registros de segurança devido à natureza das palavras que 'ele' usou ao falar com Claudia.
Ele tentou se afastar mais ao ver a mão dela acima do rosto dele, mas percebeu que não podia se mover.
"Você me isolou?" Ele agora entendia por que Daniel não tentou fugir quando Agatha estava prestes a arrancar seu coração.
Não só ela o tornara intangível como um fantasma, mas ela também restringiu o espaço ao redor. Era como confiná-lo em uma dimensão imaterialística onde Agatha era a deusa.
"Sim, caso contrário você teleportaria para longe," Agatha colocou suas palmas gentilmente no rosto dele.
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"Ahh!" Ele gritou como um humano comum sob a pressão do peso de um carro.
Agatha se sentiu horrorizada ao ver seu rosto coberto de suor. Ela havia aplicado apenas uma força muito leve sobre ele, mas a reação dele sugeria o contrário.
"Me desculpe!" Agatha rapidamente cancelou seus poderes, "Eu raramente uso minha habilidade para lutar então..."
Agatha se desculpou e enxugou o suor do rosto dele. Mas então ela percebeu um leve sorriso nos lábios dele.
"Você estava fingindo?!" Agatha ficou indignada. Ela moveu a mão para invocar seu poder, mas ele segurou o queixo dela com as mãos e plantou um beijo em seus lábios.
"Eu não estava mentindo," disse Kiba quando os lábios deles se separaram.
Agatha rangeu os dentes com o comportamento descarado dele.
"Tem mais coisas que você fez mas não se lembra de ter feito antes?" Ela perguntou, tentando o melhor para não parecer irritada.
"Eu não sei," Kiba olhou nos olhos dela antes de continuar, "Mas confie em mim, eu não estou mentindo."
Agatha não sabia como reagir. Ela deveria ficar brava ou consolá-lo?
"Eu devo a você por ter mudado o relatório; caso contrário..." Agatha parou no meio.
Ela possuía mais poderes do que havia demonstrado até agora, e sabia que ninguém seria capaz de controlar sua ganância depois de conhecer a verdadeira natureza de suas habilidades.
"Você não me deve nada," Kiba pegou dois copos de suco de laranja que um droide havia trazido. Ele ofereceu um para Agatha e outro para si mesmo.
"Você sabe sobre a natureza dos meus poderes?" Agatha perguntou.
"Sim," Kiba tirou o relatório genético dela e disse, "Seu gene tem uma leve presença do Poder Cósmico."
Agatha não parecia surpresa. Kiba já sabia que ela tinha uma ideia sobre suas habilidades.
Durante a festa na Corporação Anjo Branco, ele havia sentido algo familiar vindo dela. Naquela época, ele não pensou muito nisso por causa da conversa emocional deles.
Agora ele sabia que a familiaridade era o fraco Poder Cósmico dentro dela.
Quando se encontraram mais tarde em um restaurante, ele também sentiu uma presença semelhante a relâmpagos dourados vindo dela. Isso era devido à criança dentro dela, mas a sensação era diferente da que ele sentiu na Corporação Anjo Branco.
Além disso, antes dela engravidar, ele nunca sentiu esse poder dentro dela. Ele acreditava que esse poder estava mascarado. Mas as mudanças devido à gravidez removeram a máscara.
"A natureza do poder dela estava oculta assim como o meu, mas não mais," Kiba pensou.
"No que você está pensando?" Agatha perguntou.
"Como você obteve este poder?" Kiba perguntou, mas então um momento depois, ele percebeu que havia feito uma pergunta que não deveria.
Todo mundo tem alguns segredos, então era injusto da parte dele pedir para saber os dela.
Ele nunca poderia contar a ninguém sobre a Faísca Cósmica. Nem poderia revelar a verdadeira fonte de Claudia. O mesmo se aplicava à Seção IV também.
Então como ele poderia pedir a Agatha para revelar seu segredo depois das coisas que ele estava escondendo?
"Desculpa por ter ido longe demais," Kiba se desculpou.
Agatha o olhou em silêncio. Um minuto depois ela disse, "Tudo bem. Não me importo de responder."
Kiba ficou surpreso.
"Por que você está tão surpreso?" Agatha perguntou com um sorriso provocante, "Eu não responderia se não fosse pelos eventos das últimas duas semanas."
"Eu sei," Kiba segurou as mãos dela nas dele e disse, "Mas só responda se você quiser."
"Eu quero," Agatha respirou fundo antes de começar sua história, "Quando criança, uma vez fui explorar o meteorito BSE79 com amigos. Era só um passeio em vez de verdadeira exploração, mas..."
"BSE79?" Kiba murmurou surpreso.
"Sim, o meteorito onde ocorreu o fenômeno dos relâmpagos dourados há quatro anos," Agatha confirmou.
Kiba estava obviamente ciente de que o meteorito servia como uma atração turística popular. Décadas atrás, todos os minerais foram extraídos, por isso o governo permitiu que as massas explorassem o meteorito.
As pessoas usavam o meteorito para escalar e explorar como um esporte de aventura. Também era usado para sentir a natureza mística do universo.
Mas apenas ele conhecia o terror que o meteorito tinha a oferecer.
"Estávamos apenas explorando uma zona de mineração no BSE79 quando o chão abaixo de mim se quebrou, e eu..."
Agatha apertou as mãos dele firmemente enquanto continuava.
"Eu estava dentro do que parecia uma caverna. Quando olhei em volta para encontrar maneiras de sair, notei uma inscrição estranha na parede. Não sei como aconteceu, mas depois de tocar a inscrição, me vi na escuridão cheia de esqueletos de raças desconhecidas..."
Agatha começou a tremer ao se lembrar da escuridão e dos esqueletos.
"Não precisa falar mais," Kiba a abraçou forte.
"Está tudo bem agora," Agatha se acalmou e disse, "Naquela época, eu tentei encontrar maneiras de sair mas falhei. Minhas memórias daquela época não são claras. A única coisa que lembro com clareza é que notei uma pequena partícula brilhando dentro de um esqueleto.
"Assim que toquei nessa partícula, perdi a consciência. Quando abri os olhos de novo, estava de volta naquela caverna. Mais tarde, meus pais me encontraram..."
Anos depois, Agatha percebeu as mudanças em seu corpo depois que sua habilidade despertou. Ela era jovem, mas mesmo assim sabia da natureza gananciosa dos seres humanos. Foi por isso que ela nunca revelou detalhes a ninguém antes.
"Ela teve muita sorte de ter sobrevivido de verdade..."
Kiba esclareceu sua mente. Ele não queria mais recordar o passado que viveu anos atrás. Isso só lhe trazia memórias dolorosas e nada mais.
"Eu não gosto da sensação que esse poder me dá," Agatha apertou os punhos firmemente, "Sinto como se eu fosse a soberana deste mundo. As vidas ao meu redor não são nada além de formigas me ofendendo com sua própria presença. Só quero pisar nelas e apagar sua existência irritante."
Kiba não se surpreendeu com as palavras dela. Esse sentimento era devido a ela ser uma forma de vida mais elevada do que o resto. Era como a superioridade que os humanos têm sobre o gado e outros animais.
"É por isso que raramente uso meu poder," Agatha disse com um suspiro, "Eu posso ter esse poder, mas sou um ser humano como o resto. Então como posso deixar que eu mesma odeie meus semelhantes humanos?"
Kiba permaneceu em silêncio e fechou os olhos. O sentimento de supremacia e o desejo de exterminar as formas de vida inferiores eram inúmeras vezes mais fortes dentro dele.
Ele conseguiu suprimir esse sentimento graças à sua forte vontade, mas só ele sabia o quão difícil era. Era como lutar contra seus próprios instintos básicos.
Essa era também a principal razão pela qual ele tentava evitar usar seus poderes plenos. Ele mal consegue se resistir de cometer um genocídio...
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