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A Queda de Ma'Zorg - Pt/Br

Jovens de 18 anos são convocados anualmente para Ma'Zorg, um País criado com o intuito de formar poderosos guerreiros, dirigido pelos maiores Reinos do mundo, prometendo treinamento e poder. Porém em Ma'Zorg existe um mal maior, um sistema nojento e inumano que o mundo não conhece, e será essa geração que lutará para mudar isso.

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Mooraxe

Uma sala escura, totalmente vazia e com ambientação fria, era essa a sensação de Stephan.

Seu corpo não se movia, parecia cair num vazio infinito lentamente, ele sentia as leves brisas passando por ele, arrepiando cada canto de sua pele.

"Você não deveria ter a matado"

Ele escuta uma voz parecida com a dele, ele sentia como se estivesse caindo ali a séculos.

Um agudo som é ouvido por ele, porém parecia reconfortante invés de perturbador, seus olhos estavam fechados e a única sensação que conseguia sentir de si mesmo era sua respiração, que permanecia relaxada e profunda, como se estivesse tudo bem, mesmo em tal ambiente estranho.

Ste chega ao solo, ele sente o baque em suas costas, logo conseguindo recuperar a movimentação de seu corpo.

Ali deitado ao chão mesmo, o garoto abre seus olhos, se deparando com a imensidão negra e desconfortante, porém algo o iluminava. Ele então começa a se levantar lentamente e percebe que vestia uma espécie de túnica dourada com detalhes vermelhos nas mangas.

O que o iluminava naquele momento era o próprio chão, feito de ladrilhos brilhantes, qual emanavam uma luz azul extremamente forte.

A rua era longa e sumia na escuridão, porém por algum motivo, ele sente que era um dever seguir em frente.

Ste caminha, com passos leves e serenos por essa grande estrada, até perceber que a sua volta, se formavam sombras, sombras de pessoas, que aparentemente formavam um círculo em volta do garoto, lentamente, essas sombras o cercam cada vez mais, até ele se encontrar encurralado.

Mas mesmo assim, algo ainda o mantinha confiante de si, quando ele olhou para baixo e encontrou aos seus pés, uma pequena pomba branca, morta com o corpo totalmente dilacerado.

Ele recua um passo para trás, quando sente algo beliscar a palma de sua mão esquerda, ele a põe a sua frente para analisar o que era.

Se tratava de um canário, que o bicava ferozmente, Stephan olha para a criatura por alguns segundos, sentindo seu corpo inteiro se estremecer.

As sombras ao seu redor começam a fechar o círculo, se aproximando do garoto cada vez mais.

Ele levanta seu punho e o abre, libertando o canário que inicia seu voo em direção a grande imensidão negra, que, por conta do bater de asas da linda criatura, começa a se clarear, revelando uma paisagem branca e iluminada a cima.

Antes que Ste pudesse sequer sorrir, ele é atingido por um golpe em suas costas, que fura seu peito de fora a fora, perfurando seu coração.

Era uma daquelas sombras, ele tinha certeza disso mesmo que não pudesse se virar para ver. Alguns segundos após isso, todas as sombras avançam em direção ao garoto e o golpeiam, com armas que eram criadas em suas mãos completamente do nada.

Lentamente, Stephan tem todo seu corpo perfurado, cada órgão é destruído, suas pernas imobilizadas com cortes que rasgavam até seus ossos.

Sua linda túnica dourada cai ao chão, dilacerada.

E é nesse momento que o garoto recebe o último golpe, no meio de sua face, perfurando seu crânio junto a seu cérebro, essa última sombra ganha forma e feição milésimos antes do golpe o acertar, ele vê nela nada mais nada menos que Leffy.

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Stephan se levanta com rapidez, batendo sua cabeça contra um corpo estranho próximo a sua cama, ele logo se senta com a mão nela, fazendo uma expressão de dor.

- Desculpa!! Desculpa... DESCULPA!!?? – Ele abre os olhos lentamente se deparando com algumas pessoas a sua volta.

"O GAROTO ARCODOU!!! VENHAM!! TODOS!!"

Stephan se levanta rapidamente e se acoa próximo a parede, confuso, na verdade ele nem raciocinou aonde estava.

Foi quando pela porta do quarto, entraram mais 7 pessoas, e dentre elas Domingos, que corre em sua direção desesperadamente.

-Garoto!! Você está vivo!! – Ele abraça Stephan fortemente, que ainda tentava entender o que estava acontecendo, quando um homem quase tão velho quanto Domingos começa a tocar uma harpa.

" Era uma vez Satlach!! A Cidade amaldiçoada pelas criaturas voadoras

Mas um dia..."

Antes que pudesse continuar a canção, é acertado por um copo de madeira disparado do corredor, que acerta sua cabeça o fazendo errar o tom do acorde.

"PARA COM ESSA MUSICA RUIM VELHO!!! VAI FAZER O GAROTO DESMAIAR DE NOVO!!"

O jovem dispara para a porta e olha para o corredor, reconhecendo enfim que era a casa de Domingos, e por toda ela, haviam muitas pessoas.

Stephan, que estava apenas com uma calça e com todo seu abdômen enfaixado, corre de volta para sua cama procurando uma camisa, enquanto todos o olham impressionados.

-como ele pode ter se curado tão rápido? – questiona uma moça que estava no quarto para Domingos, que se mantem calado.

Entre seus lençóis, Ste encontra uma camiseta de manga comprida preta, o garoto a veste e encara domingos por alguns segundos, o velho olha de volta com uma face séria.

Ste estava perto de falar algo para ele, quando um grupo de homens barbados completamente bêbados entram ao quarto (que já era pequeno, imagina naquele momento).

Um deles, de cabelos ralos e barba grossa o segura pelo punho o puxando para fora.

-venha pivete! Você é um beroi agora!! – Diz ele errando a palavra herói.

Ste se deixa ser levado, ele passa por toda a casa esbarrando em pessoas e recebendo aplausos, até ele ser puxado para fora da casa, se deparando com o que ele esperava quando chegou em Satlach a alguns dias.

Todos daquela pequena cidade, se divertiam e comemoravam, com fogueiras espalhadas pelas ruas, pessoas dançado músicas tocadas por aquele velho de agora pouco, se embriagavam como se não houvesse amanhã, alguns homens já estavam saindo na mão por algum motivo provavelmente fútil, mesmo que estivesse de noite, Satlach brilhava mais do que nunca.

"EI, GAROTO!!"

Stephan se vira para a voz tremula e estridente, quando é recebido por um banho de cerveja, arremessada por um grupo de homens que seguravam juntos um enorme barril.

O garoto cai ao chão com o impacto de tudo aquilo, sorrindo de surpresa e alegria.

Antes que pudesse se apoiar para se levantar, ele é agarrado por diversas mãos que o levantam, ele encara tudo aquilo assustado, logo, muitas pessoas estavam abaixo dele, quando começam a jogar o garoto para o alto.

Os olhos de Stephan se enchem de lágrimas, ele se sentia querido, se sentia amado e isso não tinha preço, por mais que fosse por conta de seu ato, ele ainda se sentia bem.

E por longos e inesquecíveis segundos, ele ouviu de muitas pessoas, felizes e entusiasmadas, seu nome sendo gritado e ali imortalizado.

"STEPHAN!! STEPHAN!!"

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Aquela madrugada fora longa para ele, durante toda a noite ficou sendo perseguido e glorificado, além disso o garoto escolheu não beber, porque alguém precisava ficar sóbrio naquela cidade, ele ajudou algumas pessoas a voltarem para casa, precisou dar conselhos amorosos a homens bêbados desiludidos pelo amor, por mais que ele não tivesse experiência nenhuma sobre o assunto, recebeu alguns flertes de mulheres alheias, mas ele não pensava sobre isso ainda então apenas respondia "talvez na próxima".

E essa foi sua noite, até o dia amanhecer, onde pela casa de domingos haviam diversos corpos de pessoas que beberam até cair, naquele momento não havia ninguém além dele e domingos acordados naquela pequena vila.

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O sol estava quase para nascer, Domingos estava em sua cozinha lavando alguns copos em um grande balde de madeira, lavava fortemente como se estivesse com raiva, ao seu lado em uma mesa, existia uma vela acesa, que iluminava o local levemente.

Foi quando ele ouve um barulho metálico, rápido e sutil, ele paralisa por algum momento encarando a parede, tentando notar alguma sombra que indicasse um corpo ali, quando sente uma ponta cortante encostar em suas costas, ouvindo ao mesmo tempo uma voz calma e familiar.

"Eu tenho algumas perguntas"

Ele ainda encara a parede, suas mãos começam a tremer quando uma mão o puxa pelo braço, o fazendo se virar lentamente.

A faca que estava em suas costas, corre por seu corpo levemente sem o ferir, enquanto ele girava, e assim que ele se encontrava de frente, a faca para encostada ao seu pescoço.

Era stephan, com um olhar sereno e mãos firmes, segurando a faca com muita força

- Sente-se – ele aponta para uma das cadeiras da cozinha, e acompanha o velho se sentar enquanto Ste o seguia com a faca, até o velho realizar o que o foi ordenado, tremendo de medo.

"Não precisa disso, meu filho"

Antes que pudesse falar mais algo, Ste enfinca a faca na mesa a frente do idoso com força.

- Como eu me curei tão rápido? – Ele se senta a uma cadeira próxima a de domingos, cruzando as pernas ainda com uma expressão serena.

- E-eu lhe passei algumas pomadas e te alimentei c-com algumas e-ervas – Ele para a frase com medo, vendo que Ste toma a faca de volta as mãos.

- Me diga a verdade por favor – Stephan começa a girar a arma branca

"Eu estava gravemente ferido, minhas costelas, braço, com certeza algum órgão interno também estava, como ervas curaram isso em pouco tempo?!"

Ele se levanta e começa a rodear domingos.

- A única cura capaz de tanto poder, de me fazer em pouco tempo voltar a me sentir renovado, vinha de MELISSA!! – Ele se senta na mesa, gritando com a voz baixa, se isso é possível.

Domingos paralisa por alguns segundos, pensativo e com os olhos enchendo de lágrimas.

-E-eu nem sabia que ela tinha p-poder de cura meu j-jovem

-Ah não?? Qualquer criança de 10 anos pode perceber quando Kaand a rasgou e se curou, os fluídos de Melissa são mágicos, eles curam até mesmo o pior ferimento!!

"COMO EU PODERIA SABER DISSO SE ELAS SÓ VIERAM NOS ATACAR A ALGUNS DIAS??!!"

Reluta o idoso, se levantando extremamente furioso e desconfortável.

- Ou você quer dizer anos? – Stephan se levanta junto a ele.

-Eu ouvi a conversa de Kaand e Melissa, as harpias atacam esse lugar a ANOS, NÃO É ALGO RECENTE!! – Ste o encara sem medo

"Me diga a verdade velho, quem são as pessoas daquelas fotos? "

Domingos novamente se encontra pensativo.

-Eu já te disse... elas foram- ele é interrompido por um grito do garoto

"DEVORADAS PELAS HARPIAS??!!"

A sorte de ambos, é que o sono dos embriagados que dormiam ali estava extremamente pesado.

Domingos olha para o garoto, com os olhos derramando lágrimas.

"sim..."

Um longo silencio cobre a casa por torturantes segundos que pareciam não passar nunca, Stephan deixa sua faca cair ao chão, não movendo nenhum dedo para pegá-la de volta

-E você ia me mandar para a morte, como fez com os demais?? Sem contar nada?? Qual o seu problema? Qual o problema dessa cidade!! – Stephan se senta em sua cadeira novamente, com a coluna dobrada por cima de suas pernas e com os braços apoiados em seus joelhos, deixando sua cabeça baixa por alguns instantes.

Domingos pega a faca que o garoto deixara cair ao chão e logo se posiciona, a apontando para ele.

"Me responda, como me curou? O que fizeram com Melissa?"

Ste levanta sua cabeça, olhando diretamente nos olhos do senhor, sem esboçar nenhuma expressão de medo ou surpresa.

Domingos por sua vez, o olhava com raiva e lágrimas nos olhos em silêncio, poderia atacar a qualquer momento.

A brisa da manhã entra pelas frestas da casa, passando pela cozinha fazendo um leve assovio, ao ir de encontro com a chama da vela que iluminava o local, a vela se apaga, deixando o cômodo escuro, iluminado apenas pelos primeiros raios do sol que se levantavam.

Vendo apenas as sombras do garoto, Domingos recua e começa a andar lentamente para algum lugar, quando ele vê apenas um vulto, seguido de uma forte dor no abdômen, o velho cai ao chão desacordado, e notando sua visão sumir pouco a pouco.

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Enquanto Domingos estava desacordado, Stephan entra no mesmo cômodo qual o idoso havia retirado sua armadura no dia de enfrentar as harpias, e foi lá, que Stephan viu algo qual jamais poderia imaginar.

Ste avista dezenas de armaduras, de diferentes cores e tamanhos, ele passa por todas, analisando cada uma com cuidado, as vestindo uma de cada vez e silenciosamente.

"Então esse é o trabalho de domingos ?"

Ele experimenta um peitoral robusto, porém, era extremamente pesado e dificultava sua locomoção.

Tenta um elmo de ouro, porém era apertado demais para ele, uma calça de ferro, mas seus movimentos de agachamento se tornavam limitados.

Ele acha uma grande espada, seu cabo era confortável, com um detalhe de um mini crânio, a espada era longa com corte para um lado apenas, sua lamina era grossa e densa, de cor negra com detalhes avermelhados, porém era extremamente pesada para o garoto.

Com alguns minutos ali, ele enfim se decide, Stephan escolhe as seguintes peças:

- Uma capa de cor preta, com detalhes brancos formando símbolos

- Um peitoral cinza escuro, que vinha acompanhado de uma etiqueta que tinha "Pedra do Sol" escrito

- Uma calça, bota e luvas de escamas de dragão negras, vindas de um "Dragão da Lua Minguante".

-E por último, pegou a ele uma linda espada roxa escura com detalhes pretos, bastante reluzente e leve, cortando para os dois lados, "Protótipo Obsidiana".

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Em seus últimos segundos naquela casa, Stephan olha para o corpo de Domingos ao chão, com uma certa sensação de angustia, não podia acreditar que o homem bom que conheceu um dia, o mandou para a morte, com armadura de couro enquanto poderia oferecer outras mais resistentes. Enfim, ele se retira do local, afinal se pensasse muito com o que ocorrera com melissa por muito tempo ele poderia perder a cabeça e pôr em risco a vida de todos ali.

Stephan sai, sentindo o raiar matinal esquentar sua pele, o garoto cruza toda a cidade, avistando todas as casas que visitou na noite anterior, todas as pessoas jogadas quais se divertiu a pouco tempo, não podia acreditar e nem entender o porquê daquilo ter acontecido, nem quais eram as intenções de domingos.

Ele então para em uma porteira, que resultava em um caminho diferente do que Stephan tinha usado para chegar naquela cidade, ele olha para trás, olhando para a igreja destruída, se recordando de todas aquelas cenas.

Lagrimas caem pelo rosto do garoto.

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Domingos acorda depois de um longo período de tempo, seus ossos doíam e ele sentia uma enorme dor de cabeça, ainda estava estirado ao corredor, mas aparentemente todos os bêbados haviam ido embora.

Quando de repente a porta se abre, revelando uma pequena mulher de cabelos negros e curtos, ela vestia um casaco de pele urso.

" Senhora Alae ?"

A mulher estala seus dedos, criando diversos animais, sendo 5 coelhos e 3 cachorros, todos esses tinham uma aparência colorida, esses animais começam a correr pela casa de Domingos, enquanto isso, ela se aproxima dele.

- Então ele derrotou as harpias, não é?? Fiquei sabendo, Morath avisou que um de seus homens escutou uma festa aqui, e então?

Domingos se levanta um pouco assustado.

- Ele derrotou as três, como o combinado – assim que ele termina de dizer a frase, todos aqueles animais voltam correndo para Alae, eles se atiram nela e, como eram feitos de mana, apenas são absorvidos de volta.

Alae fica quieta por um segundo

-Porque ele não está aqui? – Ela olha desconfiada para do idoso, que olhava para o chão.

-Eu não sei, ele estava aqui durante a festa toda – ele é interrompido com o dedo indicador da mulher, que encosta em sua boca pedindo por silencio.

"Durante a festa toda? Por acaso ele conseguiu sair da batalha contra três harpias sem nenhuma sequela? "

Pergunta ela quase que sussurrando, retirando o dedo dos lábios do senhor e acariciando seu rosto.

- Não há coerência alguma nisso, Senhor Domingos

"Por favor!! Acredite em mim!! Ele as derrotou!! As três!!"

Alae começa a andar em círculos ao redor dele, pensativa.

-Então, um garoto de 18 anos, conseguiu finalizar três harpias com o dobro de seu tamanho, sozinho e sem sequelas? Nem sequer uma fratura?? Ele simplesmente foi curtir uma festa??!!

O idoso se ajoelha perante a ela, tentando formular alguma resposta coerente sem que envolvesse Melissa, já que o fato dele ter permitido que o garoto se aliasse a uma inimiga seria pior para ele.

-Me diga a verdade, eu não pretendia matar o senhor hoje, sabe que não pode se opor a nenhum de nós, não é? – Ela se agacha próxima a ele

Domingos começa a chorar, o senhor não sabia mais o que responder e estava certo de que iria morrer ali mesmo, por estar mentindo para uma imperadora.

-Qual é a verdade? Você sabe muito bem que nem você nem nenhum dos habitantes tem direito a utilizar magia de cura nesses garotos, me explique o que aconteceu imediatamente!! Ou será pior para você!!

Um silencio toma aquele cômodo novamente, sendo acompanhado somente por um sutil choro.

- Você não me deixa escolha, velho...

Alae encosta uma de suas unhas sobre a testa de domingos, uma unha pontuda e negra, lentamente, o corpo do idoso começa a se enrijecer, e se tornar de cor prateada, junto a esse acontecimento, no local onde ela encostara estava se criando um símbolo de uma cruz negra.

- IRÁ SENTIR O SABOR DO INFERNO POR 30 ANOS POR OMITIR INFORMAÇÕES A MIM!!

Domingos olha para ela, se sentindo cada vez mais vazio, mais sem brilho no olhar, até ele se tornar uma estátua, ouvindo uma última palavra antes de partir

"M o o r a x e"