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Capítulo 014

Eu já tinha parado de sangrar quando cheguei à porta do salão de baile com o lenço pressionado contra o meu pescoço.

Ninguém sabia se Buinter secretamente lançou um feitiço nele, sabendo que ele era um feiticeiro.

Eu parei de repente quando estava prestes a entrar no salão de baile para me verificar.

'Eu não sabia que usar um vestido de cor tão apagada seria tão útil hoje.'

A mancha de sangue no vestido que eu estava usando era quase invisível devido à sua cor escura.

Graças a isso, só precisei dar um pequeno retoque no cabelo antes de entrar.

Encontrar Derrick foi muito fácil.

Nosso alvo de captura com aura fria estava brilhando sozinho entre todas as pessoas ao seu redor.

'Ele me disse para ficar quieta e não fazer alarde… Ele ficaria bravo se visse meu pescoço cortado.'

Eu estava tão focada em lembrar do aviso que Derrick me deu quando chegamos aos terrenos reais que não percebi os olhares das pessoas todos voltados para mim.

Não percebi que eu não estava bem só porque meu vestido estava bem.

"… Irmão."

Eu o chamei baixinho.

Felizmente, ele ouviu esse chamado baixo que estava quase um sussurro no meio da multidão porque ele se virou para me olhar logo depois.

"Acho que vou embora agora, não estou me sentindo muito bem."

Os olhos azuis de Derrick se arregalaram quando ele viu sua irmãzinha pálida que parecia prestes a desmaiar com um lenço ensanguentado pressionado contra o pescoço.

"Agora mesmo."

Tudo ficou preto naquele momento num instante.

A última coisa que vi foi Derrick correndo em minha direção com o rosto pálido enquanto eu desmaiava.

Eu não me lembrava de nada depois de desmaiar no baile.

"Senhorita-!"

"Rápido! Tragam um médico!"

Gritos urgentes e passos apressados podiam ser ouvidos vagamente.

O fato de eu estar deitada na cama por dias, sofrendo apenas por um pequeno corte no pescoço, me fez rir.

Era como se todo o estresse que eu ignorei, devido ao fato de estar ocupada tentando sobreviver, explodisse de uma vez ali.

Eu sonhei com muitas coisas durante aqueles dias.

Achei que ia sonhar com o passado de Penelope agora que me tornei ela, mas foram todos os meus passados que eu sonhei.

Não fazia muito tempo desde o dia em que entrei em uma escola secundária que só os filhos de famílias ricas frequentam, depois que fui levada para aquela casa.

Eu estava arrumando minhas coisas depois da aula quando alguém bateu no meu ombro.

"Ei. Seu irmão está te procurando. Ele disse para você ir ao depósito do ginásio."

Ele era um dos garotos que favoreciam o segundo desgraçado que basicamente tinha o poder central e controlava a escola.

Eu fui para o depósito sem pensar muito sobre isso.

Eu percebi que o segundo desgraçado estava meio envolvido com bullying na escola, mas não era tão sério para se pensar.

Irmão…?

Eu entrei cuidadosamente no depósito, abrindo a porta silenciosamente.

Eu não conseguia ver nada no escuro.

Então algo foi abruptamente colocado sobre minha cabeça quando eu estava vagando pelo lugar. Parecia um saco plástico.

O quê, o que… Ack!

Eu, cujo rosto estava coberto, fui jogada mais fundo no depósito, depois fui espancada brutalmente.

Dezenas de pés me chutando e pisando em mim.

Eu não tive um segundo para recuperar a consciência. Tudo o que eu podia fazer no momento era gritar de todas as agressões que vinham em minha direção enquanto me encolhia.

"Uau, isso é refrescante! De onde veio essa mendiga? Ela não está no nível de frequentar a mesma escola que a gente."

"Ei. Mas não estamos encrencados se os irmãos dela souberem?"

"Bobagem. O irmão dela a odeia até a morte. Eu segui meu pai para uma reunião e ela foi mencionada na conversa deles. Os irmãos dela apenas estremeceram de nojo."

Eles riram e disseram aquelas palavras nojentas enquanto me observavam tentando recuperar os sentidos com a energia que me restava.

Aquelas palavras doeram mais do que as ações deles sobre mim há pouco.

"Ei. De agora em diante, certifique-se de não aparecer na nossa frente, hmm? E não diga uma palavra sobre hoje. "

Dito isso, ouvi os passos das pessoas saindo do depósito.

Eu estava deitada lá, no chão, completamente imóvel por pelo menos uma hora depois disso.

Era porque eu estava com tanta dor que não conseguia nem me mover.

Foi muito tempo depois que eu consegui me levantar novamente.

Tirei o saco plástico da cabeça e vi que tanto minha bolsa quanto meu uniforme estavam arruinados.

Fui ao banheiro e comecei a limpar todas as pegadas no meu uniforme até perceber que não era o uniforme que eu deveria estar preocupada.

No espelho, vi hematomas nos meus olhos. Com isso, pude saber que fui chutada não só no corpo, mas também no rosto.

Uma risada escapou da minha boca ao me ver parecendo dizer 'Fui espancada'.

Eu não lembrava da sensação de quando estava sendo chutada, porque estava fora de mim e minha mente estava vazia naquela hora.

Caminhei lentamente até aquela casa infernal. Eu odiava tanto a casa que preferia morrer a entrar, mas não havia outro lugar para ir além daquela casa.

Eu tive azar quando entrei na casa. Meu padrasto e meus dois meio-irmãos estavam todos fazendo um lanche na sala de estar na hora em que entrei.

"Estou de volta. "

Como eu não era alguém que poderia se juntar a eles, me apressei em cumprimentá-los e rapidamente me dirigi às escadas.

"Espere. Pare aí."

Normalmente, eles não se importariam se eu voltasse ou não.

Mas aquele dia tinha que continuar sendo um dia ruim porque o segundo desgraçado me chamou.

"Ei, eu disse para você parar!"

Eu o ignorei e continuei andando. O segundo desgraçado se levantou do lugar quando eu fiz isso.

Fui agarrada pelo pulso antes de conseguir chegar às escadas.

"Ei, o que é isso? Por que você está assim?"

"… Nada demais. Eu só caí."

Respondi balançando a cabeça. Era para esconder o hematoma azul nos olhos com meu cabelo.

"Ei, olhe para mim. Você foi espancada?!"

"Não. Como eu disse, eu caí."

"Ah, eu disse para você levantar a cabeça!"

Eu queria subir para o meu quarto e descansar hoje, mas ele teve que me impedir de fazer isso e puxou meu cabelo para cima.

"Você, o que é esse hematoma? Que desgraçado fez isso. Quem diabos…!"

Meu rosto machucado foi revelado pela mão do idiota.

"Não é nada."

"Oh, isso não é nada? Como isso não é…!"

"É realmente nada, sério! Não é nada, eu disse que não é nada-!"

Acho que estava fora de mim porque gritei com ele e também sacudi a mão dele de mim sem querer.

Até meu padrasto e o meio-irmão mais velho arregalaram os olhos. Provavelmente porque nunca me viram com raiva para eu agir assim.

Naquele momento, pensei que não poderia ficar mais miserável do que isso.

O fato de que eles estavam se divertindo comendo frutas enquanto eu estava sendo espancada no depósito do ginásio.

"Desde quando você se importa comigo!"

Aquela visão dos três tendo um momento em família na sala de estar quando entrei pela porta me fez sentir inveja. Ciúmes.

E eu, que não podia me juntar a eles, era…

"Por favor, me deixem em paz! Eu já pedi para vocês fazerem algo por mim antes? Eu nem fiz nada, mas por quê! Por que vocês continuam…!"

O silêncio encheu a sala de estar, capaz de causar arrepios.

Eu sempre pensei que chorar significava perda e fracasso, mas não consegui me controlar naquele momento. Todas as lágrimas que segurei até agora inundaram meus olhos como uma cachoeira.

Eu chorei como uma criança pequena, sem saber que tipo de rosto eles faziam enquanto me observavam.

Alguns dias depois, quando o hematoma nos meus olhos desapareceu, o segundo desgraçado veio até mim e falou.

"Eu peguei todos eles e os espanquei até ficarem quase mortos."

Essas foram as palavras que ele disse sem nem dizer oi. Eu já meio que sabia pelos rumores que diziam que alguns dos garotos problemáticos foram hospitalizados de uma vez.

"Quanto aqueles desgraçados te desprezaram para fazerem isso? "

Ele murmurou, olhando para mim que balançava a cabeça.

"De qualquer forma, essas coisas não vão acontecer de novo, só para você saber."

Mesmo assim, eu não estava nem um pouco grata à ele.

Fiquei ainda mais isolada na escola. Nada melhorou, na verdade, às vezes eles me intimidavam ainda mais.

"… Obrigada, irmão."

Eu queria gritar que a culpa era dele, em vez de forçar aquelas palavras de agradecimento.

Por que eu preciso te agradecer quando você está limpando sua própria bagunça?

Eu só, realmente… .

Só realmente… .

"…é o que você disse que era, mas por que ela não está acordando…!"

Gritos altos foram ouvidos, mas eu não conseguia entender quem e o que estavam dizendo.

Minha cabeça doía. Eu abri meus olhos que não queriam abrir facilmente.

"…pelo menos faça isso. Obviamente você junto com aquele desgraçado insano do príncipe coroado…!"

"…Tão barulhento."

Alguém veio imediatamente até mim quando eu forcei minha voz a sair.

"Ei, você está acordada… ."

Tudo estava embaçado. Eu não conseguia ver o rosto da pessoa muito bem.

Mas eu pude imediatamente dizer quem era, graças àquela voz familiar.

Era o segundo irmão da casa.

"…Eu odeio… você."

Eu forcei minha voz a dizer as palavras que não consegui antes.

"… Sério, eu te odeio tanto. Eu te odeio cem, mil vezes mais do que você me odeia… ."

"… ."

"Eu te odeio mais do que qualquer um no mundo."

Eu fechei meus olhos, terminando minhas palavras, sentindo-me um pouco aliviada.

E eu não consegui ver porque estava voltando a dormir.

Os olhos azuis tremendo como se estivessem em um terremoto, e a pessoa de cabelo rosa tão rígida quanto possível.

(NOTA: Só para caso vocês estejam confusos, ele é Rennald, mas Penelope o confundiu com seu segundo irmão mais velho da casa, antes de voltar a dormir.)