O sol nasceu sobre Londres, mas o brilho da manhã não trouxe consolo para aqueles que ainda se recuperavam do choque do dia anterior. As manchetes dos jornais trouxas ecoavam a confusão e o medo que haviam tomado conta da cidade durante a tempestade. No café da manhã das famílias comuns, nas ruas e nos transportes públicos, o assunto não era outro. O mundo trouxa ainda tentava entender como uma cidade conhecida por sua ordem foi subitamente atingida por uma tempestade tão violenta e inesperada.
"Furacões e tempestades assolam Londres, mas milagrosamente sem fatalidades," dizia a manchete principal do The Guardian. A matéria descrevia como o céu, que até então estava claro e ensolarado, rapidamente se encheu de nuvens escuras, raios e trovões que pareciam ter saído de uma lenda antiga. Alguns relatavam ventos tão fortes que arrancaram árvores e derrubaram postes de luz, criando o caos por toda a capital britânica.
"Vários feridos em tempestade súbita. Autoridades investigam causa," dizia outro título do The Daily Telegraph. A matéria enfatizava o caráter abrupto do evento e mencionava as equipes de resgate que trabalharam durante a noite para atender os feridos e restaurar a ordem. O artigo também levantava especulações sobre a causa da tempestade, com meteorologistas afirmando que o fenômeno era inexplicável, sem qualquer padrão climático anterior que indicasse sua chegada. Especialistas apontavam para a possibilidade de uma anomalia atmosférica ou uma "interferência desconhecida."
Mas o que mais chamava a atenção nas páginas dos jornais era a tragédia do orfanato.
"Incêndio devastador atinge orfanato em Londres — muitas mortes confirmadas," relatava o Evening Standard. As fotos mostravam os destroços carbonizados do que um dia fora o lar de crianças e trabalhadores dedicados. A matéria destacava o número assustador de vítimas, a maioria crianças, que haviam perdido suas vidas no incêndio que consumiu o prédio quase que completamente.
"Sobrevivente em estado crítico; causa do incêndio ainda desconhecida," detalhava o The Times. Uma das sobreviventes, uma menina, estava sendo tratada em um hospital, mas seu estado ainda era considerado grave. A outra vítima, um menino, ainda estava desaparecido, e as autoridades não tinham muitas informações sobre ele. A investigação sobre o incêndio estava em andamento, e as autoridades trouxas, sem saber da verdadeira natureza mágica do incidente, especulavam sobre falhas elétricas ou algum ato de vandalismo como a causa provável.
No entanto, nem todos os jornais estavam convencidos de uma explicação tão simples. O The Sun, sempre em busca de sensacionalismo, publicava uma reportagem com o título: "Incêndio no orfanato e tempestade estão ligados? O mistério que Londres não consegue explicar." O artigo levantava questões sobre a coincidência dos dois eventos catastróficos ocorrerem no mesmo dia, sugerindo teorias conspiratórias, desde experimentos militares até eventos paranormais.
Dante, ainda no hospital de St. Mungus, deitado em sua cama, observava o aglomerado de jornais trouxas que ele pediu para a enfermeira ir buscar, ela era muito boazinha e foi até um local trouxa para ir comprar os jornais. Ele passou os olhos pelas manchetes, a mente pesada com o peso da realidade que se desenrolava diante dele. Apesar de o mundo bruxo e trouxa serem separados, naquele momento, ambos estavam interligados por uma mesma tragédia — uma tragédia que ele ainda tentava entender e processar.
Os detalhes do incêndio no orfanato eram nítidos nos relatos dos jornais, mas o que mais o incomodava era a falta de memória. Ele sabia que estivera presente, sabia que algo terrível acontecera, mas não conseguia se lembrar de como tudo terminou. A tempestade, que o The Sun sugeria estar de alguma forma conectada ao incêndio, era um mistério maior para Dante. Ele não se lembrava de qualquer tempestade, apenas do fogo, dos gritos e depois... o vazio.
Os jornalistas trouxas pareciam completamente alheios à verdade. Não podiam, afinal, entender a magia que estivera em ação naquela noite. As especulações sobre a causa do incêndio pareciam patéticas para Dante, que sabia muito bem que não se tratava de uma falha elétrica ou vandalismo. Mas o que o incomodava mais era a menção à tempestade. Se os jornais estavam certos, uma tempestade inexplicável havia acontecido ao mesmo tempo que o ataque ao orfanato. Ele não podia deixar de se perguntar se, de alguma forma, ele também estava conectado àquilo.
Seus pensamentos se voltaram para o momento em que Moody havia falado sobre os culpados — bruxos das trevas que haviam lançado o fogo maldito. Mas algo não se encaixava. Dante não se lembrava de ver esses bruxos. E por que ele, de todos os lugares, estava lá naquele momento? Ele tentou novamente forçar sua memória, buscando qualquer fragmento que pudesse explicar o vazio, mas tudo o que conseguiu foi a mesma parede de branco impenetrável.
Enquanto ele olhava para as palavras impressas, sentiu um aperto no peito. O mundo trouxa, ao seu redor, estava tentando seguir em frente, digerindo a tragédia e procurando respostas. Mas ele sabia que as verdadeiras respostas estavam fora do alcance daquelas pessoas que liam os jornais naquela manhã. As mortes, a destruição — tudo era resultado de algo muito maior do que uma simples tempestade ou um incêndio comum. Era magia. E era algo que ele precisava entender antes que fosse tarde demais.
Um som suave de passos ecoou pelo corredor, e uma das enfermeiras bruxas entrou no quarto com uma expressão tranquila. "Está se sentindo melhor, querido?" perguntou ela, ajeitando os travesseiros de Dante e verificando os frascos de poções ao lado da cama.
Dante assentiu, embora sua mente ainda estivesse em turbilhão. "Um pouco," respondeu, mantendo o tom distante.
"Eu trouxe mais algumas edições recentes do Profeta Diário," disse a enfermeira, deixando uma pilha de jornais bruxos ao lado dos trouxas. "Eles também estão falando muito sobre o que aconteceu. Mas, claro, nem tudo está nas notícias."
Dante pegou um dos jornais, com o título: "Tragédia no orfanato trouxa: ministério investiga envolvimento de bruxos das trevas". As primeiras linhas relatavam o envolvimento do Departamento de Aurores e o uso de magia negra como a causa confirmada do incêndio. O Ministro da Magia, em um pronunciamento oficial, alertava a comunidade bruxa sobre o aumento das atividades das trevas, especialmente depois de eventos recentes envolvendo criaturas perigosas e tempestades causadas por Thunderbird.
Dante franziu a testa ao ler sobre o Thunderbird. Ele conhecia essa criatura mágica dos seus estudos, uma ave lendária que, quando perturbada, era capaz de gerar tempestades com um simples bater de asas. Mas por que uma dessas criaturas estaria em Londres? E, mais importante, qual era sua conexão com o incêndio? Ele tinha mais perguntas do que respostas, e sabia que não conseguiria descansar até que entendesse tudo.
Já em outro lugar de Londres, Hermione Granger estava sentada à mesa da cozinha, seus pais, os Grangers, logo ao seu lado. Era um típico café da manhã na casa da família, exceto pela tensão que pairava no ar. O Daily Mail e o Evening Standard estavam abertos à sua frente, com as manchetes sobre o incêndio no orfanato e a tempestade devastadora que atingira Londres na noite anterior. As imagens de destruição e caos estavam por toda parte, e Hermione não conseguia afastar a sensação de que havia algo mais profundo por trás de tudo aquilo.
"É simplesmente horrível," disse sua mãe, Jean Granger, com a voz pesada de preocupação. Ela folheava as páginas do jornal, os olhos correndo pelas reportagens que detalhavam a tragédia. "Todas aquelas crianças... e os funcionários... não posso imaginar o que as famílias devem estar passando."
Hermione mordeu o lábio inferior, seu olhar fixo no artigo, embora sua mente estivesse longe dali. Desde que voltara para casa para as férias, vinha notando um padrão estranho nos eventos que estavam acontecendo no mundo trouxa. Acidentes inexplicáveis, tempestades inesperadas, e agora isso — um incêndio mortal em um orfanato trouxa. Seu instinto lhe dizia que havia magia envolvida.
"Eu estava lendo sobre isso mais cedo," comentou Hermione, tentando manter a voz neutra. "Eles ainda não sabem como o fogo começou, mas... parece que foi algo rápido, algo que não deu chance para as pessoas saírem."
"Os jornais mencionam uma possível falha elétrica," acrescentou seu pai, Robert Granger, enquanto tomava um gole de chá. "Mas, para ser honesto, isso tudo parece muito estranho. Falhas elétricas podem causar incêndios, claro, mas... algo sobre essa história simplesmente não faz sentido."
Hermione concordou silenciosamente. Seus pensamentos voltaram para o mundo bruxo e para os perigos que ela sabia que estavam à espreita. Ela se lembrou de como as atividades de bruxos das trevas estavam aumentando, com rumores de ataques e movimentações estranhas. Embora os trouxas estivessem completamente alheios ao verdadeiro perigo, Hermione sabia que muitos desses incidentes poderiam estar relacionados à magia.
"Você acha que... poderia ter sido algo mais?" sua mãe perguntou hesitante, como se temesse colocar em palavras o que estava pensando.
Hermione levantou os olhos para ela, surpresa pela pergunta. "Como assim, mãe?"
"Eu sei que não falamos muito sobre magia em grande escala," Jean respondeu, sua voz baixa, quase como um sussurro. "Mas não posso deixar de pensar... será que algo como isso poderia estar envolvido aqui? No incêndio? Nas tempestades?"
Hermione ficou em silêncio por um momento, ponderando como responder. Ela sabia que seus pais raramente falavam sobre o mundo bruxo, preferindo mantê-lo à distância. Mas agora, eles estavam trazendo o assunto à tona, preocupados, como se pressentissem que algo mais sinistro estava acontecendo.
"Não posso dizer com certeza," respondeu Hermione lentamente, escolhendo cuidadosamente suas palavras. "Mas... é possível. Tempestades tão intensas, incêndios repentinos... já vimos coisas parecidas no mundo bruxo. Criaturas mágicas podem causar tempestades, e feitiços podem provocar incêndios. Mas nada foi confirmado ainda."
"Isso é... aterrorizante," Jean admitiu, seu rosto pálido. "Você está a salvo disso tudo, não está, querida?"
"Estou, mãe. Hogwarts é um dos lugares mais seguros que existem," Hermione disse rapidamente, tentando tranquilizá-los. "E, por enquanto, não houve nenhum incidente direto relacionado à escola."
Robert Granger fechou o jornal e olhou diretamente para a filha. "Hermione, você acha que oque aconteceu tem haver com a magia?"
Hermione balançou a cabeça. "Não posso garantir que o que aconteceu no orfanato não esteja, de alguma forma, conectado ao mundo bruxo. Há muita coisa acontecendo, e tenho certeza de que o Ministério da Magia está investigando tudo."
Os olhos de seus pais se encontraram brevemente, antes que Jean se inclinasse um pouco para frente, sua expressão séria. "Eu sei que você sempre diz que está segura em Hogwarts, mas... Hermione, prometeria que, se algo estiver errado, você virá direto para casa?"
Hermione olhou para seus pais, sentindo o peso da preocupação em seus olhares. Ela sabia que, se algo grande estivesse por trás desses incidentes, não seria seguro nem para ela, nem para qualquer um no mundo mágico. Mas também sabia que deixar Hogwarts ou seus amigos não era uma opção.
"Eu prometo que tomarei cuidado, mãe. Eu sempre faço isso. Mas... às vezes, há coisas que não podemos simplesmente ignorar," disse ela com firmeza, tentando confortá-los enquanto expressava sua própria convicção.
Jean apertou os lábios, claramente insatisfeita, mas ela conhecia a determinação da filha. "Só prometa que não se colocará em perigo desnecessário."
Hermione assentiu, mas não conseguiu afastar o pressentimento de que a tragédia do orfanato era apenas a ponta do iceberg. Algo grande estava acontecendo no mundo bruxo, e ela precisava estar pronta para isso.
A conversa foi interrompida quando o telefone da casa tocou, e Robert se levantou para atender. Enquanto ele falava ao telefone, Jean olhou para Hermione com uma expressão de preocupação persistente.
"Eu sei que há muito que você não pode nos contar, Hermione," disse Jean suavemente, segurando a mão da filha. "Mas saiba que estamos sempre aqui para você, e... por favor, fique segura. Não deixe que essa tragédia te envolva mais do que já parece estar."
Hermione apertou a mão de sua mãe em resposta, tentando sorrir. "Eu vou ficar bem, mãe. Só precisamos continuar atentos."
Ao mesmo tempo, longe daquele lugar, Alastor Moody subia as escadas em espiral que levavam ao escritório do diretor de Hogwarts, Alvo Dumbledore. Cada passo que ele dava ecoava pelas paredes de pedra, o som de suas botas pesadas ressoando pelo corredor silencioso. Sua expressão era sombria, e o brilho em seu olho mágico refletia a seriedade da situação.
Quando chegou à porta do escritório, ele parou por um momento, respirando fundo. Ele sabia que as informações que trazia não seriam fáceis de compartilhar. Moody levantou a mão e bateu três vezes na porta de madeira pesada.
"Entre," a voz profunda e calma de Dumbledore soou do outro lado.
Moody empurrou a porta, que se abriu com um leve ranger. Ao entrar, seus olhos imediatamente captaram a figura de Dumbledore, sentado atrás de sua grande mesa de carvalho, com o Profeta Diário aberto diante dele. Nas cadeiras à frente do diretor estavam a Professora Minerva McGonagall, com sua postura rígida e olhar atento, e Severo Snape, que, como sempre, mantinha uma expressão neutra, mas seus olhos brilhavam com curiosidade e desconfiança.
"Alastor," Dumbledore cumprimentou, sem tirar os olhos do jornal. "Sente-se, por favor."
Moody se aproximou da mesa, acenando com a cabeça para McGonagall e Snape antes de se sentar em uma das cadeiras. O ambiente estava pesado, carregado de tensão, e era evidente que todos ali estavam cientes da gravidade do que havia acontecido.
"Vejo que já está a par dos eventos," Moody disse, apontando com o queixo para o jornal que Dumbledore mantinha aberto.
Dumbledore finalmente levantou os olhos do jornal, seus óculos meia-lua brilhando sob a luz suave do ambiente. "Infelizmente, sim. Mas gostaria de ouvir diretamente de você o que descobriu, Alastor."
Pessoal estou de volta, infelizmente ainda sem emprego, mas consegui alguns bicos para desenvolver alguns aplicativos e fazer manutenção em alguns sites, então vou ter como pagar as contas esse mês, em fim chega de papo fiado, vou voltar com o lançamento diário normalmente a partir de agora e talvez eu lance ou não nos finais de semana.