Dante subiu as escadas de pedra do castelo, cada passo ecoando no corredor silencioso. O ar frio da tarde de outono fazia com que ele puxasse o manto mais apertado ao redor de seu corpo. Apesar da inquietação que fervilhava dentro dele, seus passos eram firmes e determinados. Dante sabia que não tinha tempo a perder; o tesouro dos gêmeos que provavelmente seria um objeto magico extremamente poderoso, iria contra os seus futuros planos de furtividade pelo castelo, ele precisaria encontrar uma maneira de evitar o objeto de saber onde ele está exatamente.
Ao chegar ao terceiro andar, Dante seguiu o corredor à direita, em direção à biblioteca. As paredes cobertas por tapeçarias antigas pareciam sussurrar histórias de eras passadas, mas ele estava focado em apenas uma coisa: os feitiços que o ajudariam a rastrear e, se necessário, a desaparecer.
Ao empurrar a pesada porta de carvalho, Dante foi recebido pelo aroma familiar de pergaminhos antigos e couro envelhecido. A biblioteca de Hogwarts era um lugar imponente, com prateleiras que se erguiam até o teto, cheias de livros que pareciam ter vida própria. O silêncio era quebrado apenas pelo ocasional farfalhar de páginas viradas e pelo sutil crepitar da lareira no fundo da sala.
Madame Pince, a severa bibliotecária, estava de pé atrás de sua mesa, observando atentamente cada aluno que ousava perturbar a paz daquele santuário de conhecimento. Seus olhos afiados seguiram Dante enquanto ele se aproximava, como se já soubesse que ele estava em busca de algo mais do que simples leitura.
"Boa tarde, Madame Pince," disse Dante, com um tom respeitoso, mas determinado.
"Boa tarde, Sr. Maximillian," respondeu ela, com um aceno de cabeça. "O que o traz à biblioteca hoje? Espero que não seja para folhear frivolidades."
Dante esboçou um leve sorriso. Ele sabia que precisaria ser cuidadoso em como formulava sua pergunta; Madame Pince não era conhecida por facilitar a vida dos alunos que procuravam por livros fora do comum.
"Na verdade, estou em busca de um material um tanto específico," começou ele, escolhendo suas palavras com cuidado. "Estou interessado em aprender mais sobre feitiços de rastreamento e ocultação. Tenho um projeto em mente, e esses conhecimentos seriam cruciais."
Madame Pince ergueu uma sobrancelha, seus olhos avaliando Dante com uma mistura de curiosidade e desconfiança. "Feitiços de rastreamento e ocultação, você diz? Não é comum um aluno do primeiro ano se interessem por tais tópicos, espero que seus planos não seja fazer encrencas com estes feitiços meu jovem. E este projeto, posso perguntar do que se trata?"
Dante hesitou por um momento. Ele sabia que a verdade poderia levantar suspeitas, mas uma mentira mal elaborada poderia ser ainda pior.
"É para um estudo independente," respondeu ele, finalmente. "Estou investigando as diferentes aplicações de feitiços defensivos e ofensivos, especialmente em situações de alto risco. Achei que entender como rastrear alguém ou me ocultar poderia ser útil."
Madame Pince continuou a encará-lo, como se estivesse tentando ler cada pensamento que passava pela mente de Dante. Após um momento que pareceu durar uma eternidade, ela assentiu lentamente.
"Entendo," disse ela, virando-se para uma prateleira atrás de sua mesa. "Feitiços de rastreamento não são ensinados em aulas regulares, mas existem alguns volumes que poderiam ajudá-lo. Quanto à ocultação, tenho algo em mente que pode ser o que você está procurando."
Ela puxou dois livros pesados de uma prateleira alta, com uma habilidade impressionante para alguém de sua idade. O primeiro era um tomo volumoso, encadernado em couro marrom e coberto de runas antigas. O título, "Ars Magica: Rastreio e Perseguição", estava gravado em dourado na capa. O segundo livro era consideravelmente mais fino, com uma capa verde-escura quase opaca, sem qualquer título visível.
"Este primeiro é um tratado sobre os princípios mágicos do rastreamento. É uma leitura densa, mas cobre o básico e o avançado sobre feitiços que permitem localizar pessoas e objetos," explicou Madame Pince, entregando o livro a Dante. "O segundo, chamado 'Disillusio e Outras Artes de Ocultação', é mais discreto. Não é um livro que está disponível para todos, mas acredito que poderá encontrar o que procura nele."
Dante pegou os livros com gratidão. "Muito obrigado, Madame Pince. Prometo tratar esses volumes com o maior cuidado."
Ele sabia que a Madame Pince tinha uma extrema cautela com os livros, uma vez ele viu um aluno derrubando comida sobre um livro e esse mesmo aluno teve 30 pontos deduzidos e ainda levou uma detenção de 2 meses sem poder pisar na biblioteca, após essa demonstração todos os alunos que iam a biblioteca daquele dia em diante nunca mais deixaram de tratar os livros com extremo cuidado, temendo a irá da Madame Pince, a temida bibliotecária.
"Eu espero que sim," respondeu ela, sua voz carregada de advertência. "Esses livros não são para os desavisados. Certifique-se de que sabe o que está fazendo."
Dante assentiu e, com os livros em mãos, seguiu em direção a uma mesa vazia, em um canto mais isolado da biblioteca. Ele sentou-se, colocando os tomos pesados à sua frente, e começou a folhear "Ars Magica: Rastreio e Perseguição".
As páginas do livro "Ars Magica: Rastreio e Perseguição" estavam amareladas pelo tempo, mas o conteúdo era fascinante. Dante folheava as páginas com crescente entusiasmo, absorvendo cada palavra, cada descrição meticulosa dos feitiços. O livro começava descrevendo encantamentos básicos, como o "Homenum Revelio", um feitiço que permitia detectar a presença de seres humanos em uma área específica. Dante já conhecia esse feitiço, mas, ciente de que ele não seria suficiente para suas necessidades, continuou a leitura, em busca de algo mais sofisticado e menos conhecido.
Conforme avançava pelas páginas, Dante encontrou referências a feitiços raros e poderosos. Um deles, chamado "Indagatio Infinita", chamou sua atenção de imediato. Esse feitiço avançado era capaz de seguir rastros mágicos deixados por feitiços lançados no passado, permitindo ao conjurador rastrear alguém através de suas ações mágicas, mesmo que esse alguém tivesse tentado apagar suas pegadas. O conceito o fascinava — a ideia de poder rastrear a assinatura mágica de uma pessoa era exatamente o tipo de ferramenta que ele precisava para se antecipar aos seus oponentes.
Dante fez uma anotação mental para estudar mais a fundo o "Indagatio Infinita" em outra oportunidade, mas naquele momento, sua atenção se voltou para o segundo livro que Madame Pince havia lhe dado: "Disillusio e Outras Artes de Ocultação". Este parecia mais promissor em relação ao que ele precisava para suas incursões noturnas.
O livro começou com uma introdução detalhada à arte da camuflagem mágica, abordando a teoria por trás do feitiço de Desilusão, o mesmo que Dante vinha buscando. O feitiço de Desilusão era conhecido por conferir ao lançador uma camada de camuflagem semelhante à capacidade dos camaleões de se misturarem ao ambiente. Não oferecia invisibilidade completa, mas, em ambientes escuros, poderia diminuir a visibilidade de alguém a quase zero, tornando o conjurador praticamente imperceptível aos olhos desatentos.
Enquanto ele mergulhava nas palavras do livro, uma voz familiar interrompeu seus pensamentos. "Esses livros... eles são do sexto ano. São muito avançados," disse Hermione Granger, que acabara de se aproximar. Havia uma mistura de surpresa e preocupação em sua voz.
Dante levantou os olhos de sua leitura, encontrando o olhar curioso de Hermione. Ele a observou por um breve instante, mas não se deu ao trabalho de responder. Simplesmente voltou ao livro, ignorando-a completamente.
Hermione franziu a testa, claramente incomodada com a reação de Dante. Ainda assim, ela puxou uma cadeira e se sentou na mesma mesa. Seus movimentos eram hesitantes, como se ela estivesse tentando encontrar as palavras certas. "Eu... eu queria me desculpar novamente com você, eu não deveria ter ignorado você apenas pelo que os outros dizem sobre a Sonserina" disse ela, sua voz mais baixa e quase tímida. "Eu fui injusta com você. Só porque você foi selecionado para a Sonserina..."
Dante interrompeu sua leitura por um momento, seus olhos fixos na página aberta à sua frente. Quando ele finalmente respondeu, seu tom era indiferente, como se a conversa não tivesse importância. "Não me importo."
As palavras de Dante eram como uma parede fria e impenetrável. Hermione mordeu o lábio inferior, seu rosto assumindo uma expressão triste. "Ah... certo," murmurou, desviando o olhar. Mesmo magoada, ela não disse mais nada e se concentrou no próprio livro, um volume grosso de feitiços do primeiro ano.
Enquanto Hermione tentava se imergir em sua leitura, Dante voltou ao seu estudo, alheio ao desconforto dela. Para ele, o momento que Hermione tentava criar não tinha relevância. Ele estava ali por um motivo claro, e nada o desviaria de seu objetivo.
O silêncio entre os dois se instalou, interrompido apenas pelo som das páginas sendo viradas. Hermione, apesar de sua tentativa de se concentrar, não conseguia deixar de lançar olhares furtivos para Dante, se perguntando o que o motivava a estudar feitiços tão avançados. A biblioteca, normalmente um refúgio de paz para ela, agora parecia um lugar de tensão silenciosa, carregado de palavras não ditas.
Dante, por sua vez, permaneceu impassível. Ele sabia que qualquer vínculo emocional era uma distração que não podia se permitir. Seus pensamentos já estavam longe, planejando a próxima etapa de sua jornada.
Dante fechou o livro "Disillusio e Outras Artes de Ocultação" com um leve suspiro de satisfação. Ele havia encontrado exatamente o que precisava. Mas uma nova ideia começava a se formar em sua mente — algo que ele precisaria para fortalecer ainda mais seus planos. Ele sabia que precisaria de informações sobre objetos encantados, talvez encontra-se uma pista do que os gêmeos tem em sua pose, e como ele sabia que era um objeto, os próprios gêmeos confirmaram isso quando concordaram em deixa-lo estudar o tal objeto, confirmando assim que seria algum objeto de rastreamento, talvez algo bem antigo e poderoso.
Decidido, Dante se levantou da mesa, deixando para trás a breve interação com Hermione, e dirigiu-se à mesa de Madame Pince. A bibliotecária, como de costume, estava organizando meticulosamente uma pilha de pergaminhos quando ele se aproximou.
"Madame Pince," começou Dante, com sua voz calma e controlada. "Existe algum livro aqui que trate de objetos encantados? Algo que cubra encantamentos avançados ou a criação de artefatos mágicos?"
Madame Pince parou o que estava fazendo e olhou para ele com seus olhos atentos, analisando o jovem bruxo à sua frente. "Esses tipos de livros," disse ela, com um tom firme, "estão na Seção Restrita. Apenas os alunos que possuem uma autorização especial do diretor Dumbledore ou da vice-diretora McGonagall podem acessá-los, e nem pense em entrar lá sem essa autorização a punição de ser pego dentro da área restrista sem a autorização, é bastante severa."
Dante assentiu lentamente, processando a informação. "Entendo. Muito obrigado pela informação e o aviso, Madame Pince," respondeu ele, mantendo o mesmo tom educado. "Por enquanto, levarei os livros que estava lendo."
Madame Pince fez uma leve reverência com a cabeça, sem desviar o olhar penetrante dele. "Muito bem, Sr. Maximillian. Certifique-se de devolvê-los no prazo."
Dante pegou os livros e se dirigiu à saída da biblioteca, sem olhar para trás. Ele sabia que precisaria encontrar uma maneira de obter essa autorização para acessar a Seção Restrita, mas isso era um problema para outro momento. Ele tinha o que precisava por enquanto.
Enquanto ele se afastava, Hermione o observava de longe. Ela ainda estava sentada à mesa, os olhos fixos nas costas de Dante enquanto ele se retirava. Havia uma tristeza silenciosa em seu semblante, um lamento pela conexão que ela havia tentado formar, mas que fora rapidamente rejeitada. Para Hermione, que sempre valorizava a amizade e o companheirismo, perder essa oportunidade era doloroso. Ela sabia que Dante preferia a solidão e que seu interesse pelos estudos avançados o distanciava dos outros alunos. Mesmo assim, não conseguia evitar sentir-se triste. Talvez, pensou ela, ele não quisesse um amigo — ou talvez ela simplesmente não fosse a pessoa certa para ser essa amiga.
Com um suspiro resignado, Hermione voltou sua atenção ao livro de feitiços do primeiro ano que estava estudando. Mas, por mais que tentasse, a figura solitária de Dante, saindo da biblioteca, permaneceu em sua mente.