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Capítulo 92 de 26 – Moleque!!!

Quando a invasão ocorreu na cidade, uma ordem foi emitida para que os não combatentes evacuassem para o subterrâneo e aguardassem novas instruções. Contudo, aquele local era conhecido como o lar dos sem-lei, que representava o submundo. Ainda assim, os cidadãos se dirigiram ao lado oeste, oposto ao leste, onde a criminalidade estava localizada.

Os cidadãos se reuniram nesse local, mas duas pessoas demonstraram preocupação com a situação. Era de conhecimento comum a existência dos subterrâneos do oeste e leste, embora ninguém comum se atrevesse a entrar lá. O subterrâneo do sul, porém, era conhecido apenas pelos anciãos do clã Zura.

Eles não temiam propriamente uma invasão ao sul, mas não podiam permitir que alguém entrasse ali. No santuário onde repousava o corpo de Victory, a presença de qualquer intruso era inaceitável. 

Por isso, decidiram patrulhar a fronteira. Qualquer humano que cruzasse aquele limite seria eliminado. A invasão, no entanto, era improvável, pois uma muralha visível, mas intangível, separava a área. Ainda assim, caso algum curioso ultrapassasse o limite, o confronto seria inevitável.

Carlo, autointitulado ninja de fogo, foi o único a invadir deliberadamente o local. Ele atravessou a defesa dos casal e chegou ao santuário. Enquanto avançava, as velas ao redor se acenderam automaticamente. Ao entender, se escondeu nas sombras, tentando evitar ser detectado. Conforme se aproximava do centro, mais velas se iluminavam.

Não me diga… fui mesmo pego?

Ao visualizar que não havia outra escolha além de prosseguir com a missão, ele avançou rapidamente e avistou uma mulher numa cruz pendurada no centro. As velas, que antes haviam se acendido, apagaram-se de repente e indicou que ele fracassara na tarefa imposta pelo santuário.

Os anciãos, capazes de sentir quando alguém falhava no ritual, reagiram imediatamente. Retornaram ao santuário em desespero e torciam para ser apenas alguém que pudessem eliminar sem dificuldades. Ao chegarem, encontraram um homem de semblante avermelhado.

— Você… Carlo? — perguntou o ancião Levi.

Ao perceber que escapar seria impossível, fez sua espada de fogo surgir e esboçou um sorriso, como se aceitasse que poderia encontrar a morte naquele lugar.

— Marido, o que vamos fazer? — perguntou a anciã Matra.

— Não temos escolha.

— Antes de me matar, respondam-me, anciões… Aquela ali é a Victory?

Eles ficaram surpresos, pois poucas pessoas do clã conheciam a existência daquela mulher. Com a voz trêmula, Levi perguntou:

— Quem te disse isso?

— Como imaginei… Ela sempre esteve aqui, viva. Será que o filho dela sabe disso?

— Ele nunca saberá… porque você vai morrer aqui!

O ancião Levi ergueu as mãos, e chamas começaram a surgir ao seu redor, movendo-se como se estivessem sob seu total comando.

— Uma última pergunta.

— …

O semblante de Carlo se transformou. A leve descontração de antes deu lugar a uma expressão severa, carregada de fúria contida. Seu olhar fixou-se em Levi, enquanto as chamas ao redor de sua espada aumentavam. 

Ele apertou a empunhadura da espada com tanta força que os músculos de seu braço ficaram tensionados. Com a voz firme, perguntou:

— Vocês manipularam a minha irmã?!

— Vocês, irmãos gêmeos, são todos farinha do mesmo saco. Sempre me dão dor de cabeça — respondeu com um sorriso convencido.

Levi movimentou as mãos, e as chamas que circulavam ao seu redor dispararam em direção à presa como serpentes flamejantes. Carlo, sem hesitar, ergueu sua espada e cortou-as em um arco preciso, fragmentando-as no ar. Contudo, algo inesperado aconteceu: a própria espada começou a ganhar vida própria. Ao sentir o perigo, largou-a e recuou rapidamente.

— Percebeu? Bom menino. Pena que sua irmã não teve a mesma sorte… perdeu logo de primeira. Acho que isso é o que chamam de ego inflado.

Não tenho outra escolha… preciso fugir.

— Tentando fugir? Não importa o que faça… enquanto houver fogo no seu corpo, eu serei o seu maior inimigo.

Todas as velas no santuário se acenderam ao mesmo tempo, suas chamas tremeluzindo intensamente antes de serem atraídas em direção ao ancião. A figura dele parecia envolver-se em uma aura de fogo pulsante e cresciam em poder a cada instante.

Carlo, enxergou que não poderia enfrentar aquilo, tomou a decisão de fugir. Ele disparou em um movimento rápido, passando por seus caçadores e tentava escapar. Contudo, as chamas que orbitavam o ancião reagiram, desprendendo-se como uma torrente viva e perseguiam-no. Antes que pudesse reagir, elas o alcançaram e envolveu-o em uma onda de calor ardente.

— Avisei… ninguém do nosso clã pode fugir de mim.

— Seu desgraçado!

— Marido, agora as coisas fazem sentido. — disse Matra com a mão na boca.

— Hum?

— A derrota contra Castiel… Será que, desde o início, ele sempre foi o espião?

— Faz sentido. É verdade, Carlo?

Ele sorriu, ignorando a dor que sofria. Com a voz firme, respondeu:

— A culpa é de vocês! Manipular a minha irmã gêmea? Acham mesmo que eu não perceberia que ela mudou? Seus desgraçados!

— Por causa de algo assim, você colocou o destino da nossa família em risco?

— Kakakaka! Isso é o suficiente! Não importa o mundo, a minha irmã é muito mais importante do que essa droga de clã!

— Desprezível! Nem merece ser chamado de membro. Morra com a sua arrogância!

As chamas dele começaram a se comprimir ao redor da presa e apertava-o com uma força crescente enquanto ele gritava em agonia. O calor intenso parecia consumir tudo ao seu redor, tornando o ar quase irrespirável. Ao notar que não conseguiria escapar, decidiu.

Com um último esforço, Carlo deixou seu corpo se transformar completamente em chamas. Nesse estado, deslizou pela única brecha possível no ataque inimigo.

— Idiota, eu não te disse.

Hum? O meu corpo…

— Ninguém dessa família pode fugir de mim.

O corpo dele começou a retornar gradualmente à sua aparência normal. Confuso, ele olhou para as próprias mãos e tentava entender o que estava acontecendo. Antes que pudesse reagir, sentiu seus músculos enrijecerem, como se uma força oculta estivesse dominando seu corpo.

— Deves estar se perguntando… como? A resposta é simples: enquanto houver fogo, eu estarei no controle.

Quê?

— Não existem chamas que eu não possa dominar — disse enquanto se aproximava lentamente.

— Kakakakakaka!

— Como… como você está movendo a cabeça? — perguntou incrédulo.

— Vocês, anciões, são realmente caducos, hein? Esqueceram quem eu sou? Fui reconhecido como o maior gênio do clã em séculos! Controlar chamas? Não me faça rir! Eu tenho total controle sobre o meu corpo. Se posso elevar as minhas livremente, posso fazer muito mais…

— Não me diga…

Levi, compreendeu a situação, avançou em direção à presa com passos rápidos. No entanto, Carlo, mesmo enfraquecido, sorriu, e em um gesto rápido, dissipou qualquer resquício de chamas no seu corpo, como se descartasse sua arma mais poderosa.

Sem hesitar, ele começou a correr, agora confiando apenas na força de sua aura. Seus olhos brilhavam com vontade e gritou:

— Vocês estão fudidos, desgraçados! Kakakakaka!

— Moleque!!!

Ao entender que seria incapaz de impedir Carlo antes que ele cruzasse a fronteira, parou abruptamente. Seu corpo ficou tenso, e sua respiração pesada denunciava a fúria crescente que dominava sua mente. Ele permaneceu imóvel por um momento, enquanto a figura da presa desaparecia à distância.

Com um grito abafado, Levi deixou escapar sua raiva. Chamas intensas começaram a dançar ao redor de seu corpo, como se fosse uma extensão de sua ira. Ele mal podia aceitar que alguém tão insignificante como aquele homem tivesse conseguido escapar de suas mãos.

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