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Capítulo 93 de 27 - Se prepare que aí vem inovação!

Cinco anos antes da invasão dos demônios na cidade de Mangolândia, em um local distante, um homem despertou em um quartel-general. Apesar de não precisar dormir, repetia essa rotina diariamente.

Após se levantar do quarto vazio, contendo apenas uma cama e um guarda-roupa, dirigiu-se ao banheiro, onde lavou os dentes, o rosto e penteou os cabelos. Retornou ao quarto, vestiu roupas características de um samurai, pegou sua espada e saiu.

Ao percorrer o corredor, desceu até o subsolo, no andar -2, e caminhou pelas salas, observando os demônios contidos. Os experimentos permaneciam estáveis: alguns exaltados, outros em silêncio, tudo conforme deixado no dia anterior.

Em uma das salas, um deles estava imóvel no chão, sem sinais de que estivesse dormindo. O homem parou e analisou-o por alguns instantes. Com calma, escolheu uma chave entre várias e abriu a cela.

Sem tentar acordar a criatura, desferiu um chute, provocando a reação da vítima, que tentou atacar. Subitamente, a criatura congelou, como se algo o impedisse.

A espada, levemente desembainhada, foi recolocada com firmeza. No instante em que o som da lâmina ecoou, a presa caiu no chão, marcado por três cortes. O homem então retirou um caderno e começou a anotar suas observações.

— Cobaia 117C, descartado. Motivo: rebeldia.

Ele continuou verificando as celas e confirmou que tudo permanecia nos conformes. Ao retornar à cela do alvo abatido, pegou um saco pendurado nos corredores e recolheu os restos da criatura, identificando-os com a etiqueta correspondente à cobaia. Em seguida, desceu ao andar -3, onde descartou o conteúdo no caldeirão utilizado para extrair e acumular a energia negativa dos demônios.

Com o procedimento concluído, dirigiu-se ao escritório no andar -1 para registrar a documentação referente ao descarte. Após finalizar o relatório, foi até a sala de vigilância, localizada ao lado de seu escritório.

Ao entrar, observou um enorme inseto de olhos fechados, preso por correntes. O ambiente, pouco iluminado, permitia apenas vislumbrar o suficiente para notar a imponência da criatura aprisionada.

— Acorda, Zefira — disse, enquanto olhava a data marcada no calendário que estava na mesa.

O inseto abriu os olhos lentamente, mas antes que o demônio pudesse emitir qualquer som, Saymon, com movimentos precisos, injetou nele uma agulha que continha um líquido de coloração incomum.

Suspirou e murmurou: — Por pouco…

Aquela criatura possuía a habilidade única de sobrecarregar a mente de qualquer ser com uma enxurrada de informações, causando fraqueza e confusão. Por ser incontrolável, foi aprisionada, pois sua habilidade rara era considerada indispensável.

Com seus olhos, ela podia compartilhar essa mesma função com todos os insetos que carregavam o mesmo sangue e formava uma conexão que tornava seu poder ainda mais valioso.

— Diga, algum evento diferente? — perguntou e emanou sua energia negativa diretamente para a cabeça do inseto.

Os olhos da Zefira começaram a refletir diversos eventos, mostrando o que outros da sua espécie haviam visto e sentido. As imagens passavam rapidamente, até se fixarem em algo que a criatura considerou importante. Saymon, ao testemunhar aquela visão, ficou surpreso e, incrédulo, deu um passo para trás, ainda processando o que acabou de ver.

— Isso é possível?

Com pressa, deixou a sala e subiu rapidamente até o terceiro andar, onde o Destemido estava sentado ao lado do trono.

— Senhor Aaron.

— Me diga, Saymon. Como posso ver, não é normal você estar tão aflito — disse, ao olhar fixamente para seu servo. — O que aconteceu?

— Senhor, acabei de vir da sala de vigilância, e quando buscava por informações, a inseta mãe me mostrou algo intrigante.

— Intrigante? — perguntou o destemido e levantou-se lentamente.

— Não sei dizer o que era aquele demônio, mas não era normal — respondeu preocupado.

— Saymon, me siga — ordenou e continuou a andar sem hesitar.

— Sim.

Com passos lentos, ele e seu súdito caminharam em direção à sala de comunicação. Na sala, o servo ultrapassou o destemido, mas foi interrompido por seu dono, que disse:

— Não, deixa comigo.

— Sim, Senhor Aaron — respondeu, afastando-se com uma inclinação de cabeça.

Ao erguer a mão lentamente, Aaron pousou-a sobre a cabeça do inseto. Com movimentos suaves, começou a acariciá-lo, enquanto uma aura de energia negativa emanava de seu corpo para a criatura. Então, com uma voz firme, declarou:

— Agora, me mostre!

O demônio tremia de medo diante da presença, enquanto sua sede de sangue aumentava. No entanto, negou o pedido do Destemido e resistiu à pressão que sentia.

— Como posso ver, estás negando meu comando. Interessante. — Aaron olhou fixamente para Saymon e disse. — Me explique.

Ele sentiu um calafrio apenas com o olhar. Apesar de possuir o corpo de uma criança, a presença do destemido era imensa e opressiva. O rosto de Saymon começou a transpirar, mas com esforço, conseguiu reunir palavras e explicou:

— Isso nunca aconteceu antes… é uma teoria, mas acho que a culpa talvez seja do senhor.

— Minha? — questionou, sua voz carregada de veneno, enquanto emanava sua sede de sangue.

— Me desculpe, não é bem assim… Zefira deve ter um ódio profundo pelo senhor, então… o remédio não fez tanto efeito — respondeu e tremia visivelmente.

— Posso entender. Saymon, aplique mais uma vacina.

— Senhor, mas acabei de aplicar uns minutos atrás, isso pode até a matar.

— Saymon! — declarou, ao olhar para seu servo com olhos ávidos por sangue.

— Sim, senhor… — aceitou, sentindo uma pontada de pena.

Relutante, pegou outra vacina e injetou no alvo. A criatura começou a se contorcer, um sinal claro de sofrimento. Aaron, por sua vez, sorria satisfeito com o desenrolar da situação. Então, ele começou a emitir mais energia negativa sobre o inseto e, com um olhar firme, ordenou novamente:

— Me mostre o que desejo ver!

Os olhos do demônio começaram a exibir uma sequência de informações enquanto ela gritava em agonia. Diferente do seu servo, ele podia visualizar as mesmas imagens processadas pela Zefira, graças à energia negativa que ele liberava sobre ela.

Aaron lambeu os lábios em êxtase, maravilhado com o que via. A imagem que se desenhava era a de um demônio destroçando outros com facilidade, como se fosse uma brincadeira. No entanto, o que realmente o impressionou não foi a força, mas o que ocorreu depois.

Após cometer tamanhas atrocidades contra seus semelhantes, a pele, que estava envolta em energia negativa, começou a voltar à cor normal, semelhante à de um humano, como se fosse outra pessoa. A energia negativa desapareceu por completo e deixava apenas uma aura estranha no ar.

— Isso… isso. Essa é a perfeição que eu estava buscando! Finalmente alcancei o corpo perfeito! Rei demônio! — exclamou, e sua excitação crescia a cada palavra.

Cinco anos depois, Aaron permanecia imerso em suas próprias lembranças e revivia a mesma êxtase que sentiu no passado. Ele aguardava ansiosamente que o Izumi atual chegasse ao ponto em que aquele momento pudesse se repetir.

Vamos, você consegue. Me mostre aquela perfeição novamente!

Izumi, depois de se desesperar, perdeu a consciência por alguns segundos. No entanto, ele não foi atacado durante esse breve momento e, em sua mente, acreditou que aquele deslize havia durado apenas um instante.

Contudo, as coisas continuavam as mesmas. Ele ainda era refém de seu inimigo, sem nenhuma forma de escapar ou vencer. Nos últimos dez minutos, nada havia mudado.

— Voe! Eu sei que consegues! Me mostre novamente! Cobaia! — gritou, sua voz cheia de estímulo.

— Novamente? — Izumi questionou.

Ele começou a se perguntar se aquele demônio o conhecia dos cinco anos em branco que afligiam sua memória. A dúvida se instalou em sua mente, e ele começou a cogitar a possibilidade de realmente voar. No entanto, ainda não sabia como.

Espera, tem uma forma, mas…

Mesmo que fosse possível, ele sabia que funcionária apenas uma vez. Para que isso acontecesse, precisaria entender qual era o seu corpo real, mas tudo parecia igual para ele, sem nenhum sinal claro. Izumi continuou a refletir e tentava encontrar uma forma de superar a situação.

Após alguns momentos de calma, algo interessante surgiu em sua mente, uma ideia que poderia mudar o rumo da batalha. Um sorriso cruzou seus lábios, e a confiança de que poderia vencer começou a crescer.

— Que foi cobaia! Pensou em uma forma de vencer?! — gritou, sorrindo cruelmente.

— Lhiaaahahaha! Sim! — respondeu, com uma risada maníaco, enquanto se posicionava para usar uma habilidade especial.

— …

— Se prepare que aí vem inovação!

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