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Pavilhão de Ervas

Enquanto Kael caminhava, as pessoas lhe lançavam olhares estranhos. Seu corpo estava todo enrolado por faixas, até mesmo parte do rosto, não tinha como não chamar atenção. Ele não se preocupou com isso e continuou seguindo seu caminho. Depois de caminhar por alguns minutos, ele finalmente chegou ao seu destino: o pavilhão de ervas do clã.

Esse é o local utilizado para guardar a maioria dos medicamentos do clã do Firmamento. Lia já havia passado a lista de ervas que ele precisava para ajudar na sua evolução. Como o corpo de Kael ainda era fraco, as ervas necessárias eram relativamente simples, a maioria podendo ser adquirida nesse lugar. Mesmo assim, ele ainda precisaria procurar por outras um pouco mais raras que seriam necessárias num futuro próximo.

O pavilhão de ervas era um local bem espaçoso, com várias prateleiras abarrotadas de medicamentos e ervas. O ambiente era iluminado por grandes janelas que deixavam a luz do sol entrar, criando um jogo de sombras interessante. O ar estava impregnado com o cheiro de ervas frescas e secas, criando uma atmosfera única. Algumas pessoas estavam escolhendo medicamentos, enquanto outras conversavam em voz baixa.

Enquanto Kael caminhava, ele notou um aprendiz do clã que lhe lançou um olhar curioso.

"Jovem mestre Kael, precisa de ajuda para encontrar algo?" perguntou o jovem, ansioso para ser útil.

"Estou bem, obrigado," respondeu Kael, tentando manter o foco em sua tarefa. O aprendiz acenou e voltou à sua própria busca.

Enquanto caminhava, Kael passou pelo ancião responsável pelo pavilhão, Ancião Jian. Ele era um homem de idade avançada, com cabelos brancos presos em um coque alto e uma barba longa e prateada. Seus olhos eram de um azul profundo, cheios de sabedoria e uma pitada de curiosidade.

"Jovem mestre Kael, é raro você aparecer por aqui," disse o ancião, cujos olhos brilhavam com curiosidade.

"Ancião Jian, preciso coletar algumas ervas medicinais."

"Fique à vontade, pegue o que precisar."

Kael assentiu e seguiu para as enormes prateleiras. Para retirar as ervas medicinais e pílulas desse local, era necessário pagar o valor correspondente. Mesmo Kael não estava isento disso, mas ele apenas precisava passar a lista do que retirou para o ancião Jian, depois seria repassado para os atendentes da mansão do líder do clã e a dívida seria sanada.

Kael ainda ficava perdido em meio a tantas prateleiras, mas Lia estava guiando o caminho. Ela não se materializou dessa vez, ele apenas conseguia ouvir sua voz.

"A sua direita está o talo da flor azul."

Ao ouvir a voz de Lia, Kael seguiu a direção indicada. O ambiente ao seu redor era vasto e organizado, com etiquetas indicando os nomes e usos de cada erva. Ele passou por prateleiras repletas de frascos com líquidos coloridos, raízes secas e folhas frescas. O aroma das ervas era pungente e revitalizante. Algumas pessoas o olhavam com curiosidade, mas Kael estava focado em sua tarefa.

Esse processo continuou por um tempo até ele recolher todas as ervas necessárias. Então, retornou à posição do ancião Jian.

O ancião ficou um pouco surpreso com a quantidade de ervas que Kael pegou, além disso, algumas eram relativamente raras. Mas ele não comentou nada e apenas fez algumas anotações. Kael se despediu e retornou para sua casa.

 

Kael estava um pouco desamparado. Quando chegou em casa, diferente de quando saiu, encontrou pessoas no caminho. Sua mãe, seu pai e Mei Ling ficaram preocupados com sua aparência toda enfaixada e perguntaram sobre o que tinha acontecido. Sentindo um calor reconfortante ao ver a preocupação em seus rostos, ele usou esse momento para se gabar um pouco por ter conseguido criar sua técnica de cultivo, mas não entrou em detalhes, falando que queria fazer uma grande surpresa.

Todos ficaram extremamente felizes. Apesar de não terem ideia de que tipo de técnica Kael criou, eles sabiam muito bem o quão meticuloso o garoto era. E além de estudar sozinho, Kael também recebeu instruções deles e de alguns professores contratados, então ele sabia avaliar uma boa técnica. Se ele ficou satisfeito, então eles não precisavam se preocupar muito.

Depois de acalmar sua família, Kael foi para seu quarto. O ambiente estava calmo e silencioso. Lia começou a se materializar, jogando as ervas na banheira e a aparência da água começou a mudar, ficando mais cremosa e com uma tonalidade verde. A luz suave da tarde que entrava pela janela refletia na água, criando um brilho esmeralda. O aroma das ervas se intensificou, preenchendo o quarto com uma fragrância relaxante.

Depois de alguns minutos, Lia pareceu satisfeita e virou na direção de Kael que estava observando o tempo todo.

"Pode tirar toda a sua roupa e entrar."

Kael hesitou um pouco, sentindo-se desconfortável. Lia olhava diretamente para ele. Desde que conseguia se lembrar, nunca havia ficado completamente nu na frente de uma mulher. Mas depois de pensar um pouco, ele tirou as roupas e desenrolou as faixas, antes de se virar e ir em direção à banheira.

Lia esteve na sua alma todo esse tempo, então ela devia conhecer seu corpo até melhor do que ele mesmo. Não fazia sentido ficar com vergonha agora. Apesar de pensar isso, os movimentos de Kael ainda eram um pouco rígidos.

Ao vê-lo agir assim, os cantos dos lábios de Lia se curvaram levemente para cima.

Kael entrou na banheira, sentindo a água quente envolver seu corpo dolorido. A mistura de ervas criou uma sensação de alívio imediato. A água parecia mais densa, quase sedosa, e a temperatura era perfeita. Ele fechou os olhos e suspirou, deixando a tensão se dissipar.

Lia apoiou os braços na banheira, enquanto observava Kael de perto e instruiu.

"Comece a praticar seu método de cultivo, use a energia espiritual para ajudá-lo a absorver a energia liberada pelas ervas. Isso aumentará bastante o efeito. Dentro de no máximo dois dias seus ferimentos terão se curado completamente."

Quando viu seus rostos tão próximos, o coração de Kael acelerou. Ele rapidamente fechou os olhos e começou a absorver a energia espiritual dos arredores, tentando ignorar todo o resto.

Enquanto absorvia a energia, ele podia sentir o efeito das ervas agindo no seu corpo. Era realmente uma coisa mágica, apesar de lenta, a recuperação era perceptível a olho nu. Esses ferimentos que normalmente levariam de quinze dias a um mês para cicatrizarem, como Lia disse, se recuperariam em um a dois dias.

Enquanto absorvia a energia e se esforçava para potencializar o efeito medicinal, Kael também observava a pequena semente que era seu mundo interno. Ele tomava cuidado para absorver os tipos diferentes de energias em quantidades iguais, para manter o equilíbrio.

A pequena semente crescia lentamente, e uma névoa de energia espiritual preenchia completamente a esfera espacial. Kael sabia que essa esfera era o limite do seu mundo. Com o tempo, quando seu poder aumentar, o espaço dentro da esfera aumentará de forma correspondente. No entanto, apenas a parte interna se expandiria; do lado de fora, ela continuaria sendo uma esfera do tamanho de um punho. Ou, de acordo com os planos de Kael, ele poderia até reduzir seu tamanho no futuro.

Kael deixou os pensamentos aleatórios de lado e focou sua mente completamente no cultivo. Circulando a energia para temperar seu corpo, armazenando um pouco de energia no corpo e o resto no pequeno mundo, e esse processo continuou se repetindo.

Lia observou Kael cultivando em silêncio por alguns minutos antes de falar novamente, sua voz suave e cheia de determinação.

"Recupere-se o mais rápido possível, Kael. Depois disso, vamos passar um bom tempo na floresta do clã. Não vamos ficar apenas na parte mais externa, onde você costumava treinar. Vamos mais para o centro, onde estão as bestas selvagens mais ferozes e poderosas."

Ela fez uma pausa, deixando suas palavras afundarem.

"Quero preparar você para participar da competição do clã do Firmamento que ocorrerá em cinco meses."

Kael não respondeu às palavras de Lia e continuou com os olhos fechados, cultivando. Mas Lia podia sentir sua vontade de lutar, uma vontade incandescente que vazava pelo seu corpo. Ela o conhecia bem e sabia o que ele teve que suportar calado. Agora que ele tinha uma chance de extravasar tudo que vinha segurando, ele não deixaria essa oportunidade passar de jeito nenhum.