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Caminho de Espinhos

Enquanto caminhava pela floresta, Xia Rou não conseguia tirar da cabeça o que havia acontecido quando encontrou os seis cultivadores. Ela estava acompanhada por três companheiros de seu clã: um no Reino da Condensação e dois no pico do Refinamento de Sangue.

Os oponentes, ao olharem para Xia Rou, perderam o interesse nos outros e os ameaçaram, dizendo que só queriam ela e que eles podiam partir. Sem hesitar por muito tempo, os três, percebendo a diferença de força, fugiram rapidamente do local.

Desesperada e completamente decepcionada, Xia Rou sentiu seu coração se partir. Aqueles que demonstravam interesse por ela, que se esforçavam para chamar sua atenção e juravam com orgulho que a protegeriam, a abandonaram na primeira situação perigosa. Foi naquele momento que ela finalmente percebeu: em situações de vida ou morte, muitos não se importam com amor ou companheirismo, pensando apenas em salvar a própria pele.

Ela lutou contra os cultivadores e foi assediada por vários minutos. Quando já estava se resignando ao seu destino, Kael apareceu. Ao chegar nesse ponto de suas lembranças, Xia Rou suspirou.

"Como eles podem ser tão diferentes?"

De um lado, estavam as pessoas de seu clã, companheiros em quem confiava, que juravam protegê-la. Do outro, um garoto que nunca havia interagido com ela, que poderia até ser considerado um oponente. No entanto, as ações desses dois lados foram completamente opostas ao que ela esperava.

A silhueta solitária das costas de Kael, enquanto ele se afastava, surgiu novamente em sua mente.

*

Fora da floresta, os anciões estavam em completo silêncio, seus olhares fixos na tela onde Kael e Xia Rou haviam desaparecido.

A forte reação do ancião Yalei anteriormente havia chamado a atenção dos outros anciões para Kael, ainda mais com uma batalha tão marcante e desigual ocorrendo; todos estavam assistindo.

Durante a batalha, eles ficaram chocados, mas depois dela, ficaram literalmente sem palavras. Os anciões dos clãs Dragão Celestial e Tigre Branco nem sequer tentaram alfinetar o ancião Chen.

O próprio ancião Chen e Li Wei, sentindo a tensão no ar, também não fizeram seus habituais comentários orgulhosos.

O ancião Chen sabia que Kael, como alguém no Reino da Refinaria Corporal capaz de lutar contra cultivadores na segunda camada do Reino da Condensação, iria se destacar, mas nem ele imaginou que isso aconteceria tão rápido e de forma tão espetacular.

Ele olhou à distância e percebeu alguns anciões com expressões sombrias; pelos emblemas, pertenciam aos clãs dos seis cultivadores. Em outro ponto, uma anciã estava com lágrimas nos olhos e um grande sorriso no rosto. Ela pertencia ao clã de Xia Rou. Pela reação da mulher, não parecia que a relação entre elas era apenas de anciã e discípula.

Só depois de muito tempo a tensão começou a diminuir. Os anciões continuaram a observar as telas, acompanhando os cultivadores de seus clãs, enquanto, secretamente, procuravam por Kael em alguma das imagens.

*

Kael criou um abrigo em outra grande árvore e, ao terminar, sorriu.

"Estou começando a ficar proficiente nisso."

Ele fechou a entrada, sentou-se de pernas cruzadas e começou a se recuperar novamente. Dessa vez, ele ficou no abrigo por dois dias e duas noites. Seu corpo tinha feridas profundas e havia perdido muito sangue. Mesmo depois de se recuperar o suficiente para poder se mover e lutar sem problemas, decidiu continuar descansando e cultivando, tentando alcançar o melhor estado possível.

Naquela manhã, Kael estava pronto para continuar seu caminho. Ele havia ficado um pouco para trás dos outros, mas não precisava se apressar. Aquela não era uma corrida para ver quem chegava primeiro; ele só precisava superar os desafios e chegar no tempo determinado. Além disso, deveria haver outras pessoas se movendo lentamente por cautela ou devido a ferimentos, assim como ele.

O que mais preocupava Kael eram os tesouros. Se os outros os encontrassem enquanto ele estava para trás, poderia acabar perdendo algumas oportunidades. Mas Kael acreditava que aqueles tesouros destinados a ele seriam dele, não adiantava tentar forçar e correr desesperado para encontrá-los.

"Já é hora de ir. Imagino como os outros estão indo."

Depois de se alongar, Kael continuou seu caminho.

Em meio dia de caminhada, Kael enfrentou várias bestas selvagens. Ele ficou novamente impressionado; mesmo tomando bastante cuidado, foi emboscado várias vezes. A quantidade de bestas nessa floresta era realmente grande. Felizmente, ele não encontrou outra fera de nível dois, ou seria forçado a fugir envergonhado novamente.

Parecia que os outros cultivadores estavam realmente adiantados; em meio dia de viagem, ele não encontrou ninguém, pelo menos ninguém vivo. Vários cadáveres de cultivadores apareceram em seu caminho; alguns pareciam ter sido mortos por outros cultivadores, enquanto outros perderam a vida pelas garras das bestas selvagens.

Enquanto caminhava, Kael sentiu uma fragrância permeando o ar. O cheiro era doce e sedutor, definitivamente não pertencia a uma planta comum. Ele se animou e começou a seguir a fragrância, procurando sua fonte.

Depois de caminhar por alguns minutos, ele finalmente encontrou: no meio de algumas árvores, estava uma linda planta com quatro folhas verdes e vívidas.

"Um Trevo de Quatro Folhas."

Os olhos de Kael brilharam. O Trevo de Quatro Folhas era uma erva rara, utilizada para fazer elixires e pílulas. Se fosse vender, poderia conseguir cerca de 15 pedras espirituais de nível médio, o que é uma pequena fortuna para a maioria das pessoas. Mas Kael não tinha intenção de vendê-lo; preferia criar a Pílula de Reforço.

A Pílula de Reforço ajudava a ampliar os efeitos do temperamento do corpo, e como Kael se preocupa bastante com esse quesito, seria uma grande ajuda. Seus esforços para temperar o corpo já trouxeram grandes resultados. Basta olhar para suas lutas: um corpo superior lhe dá muitas vantagens nos combates. Ele poderia encontrar um alquimista ou ver se Lia podia ajudá-lo.

Kael sabia que as coisas não poderiam ser tão fáceis. Uma erva tão rara não ficaria desprotegida. Da mesma forma que ela é importante para os humanos, é importante para as bestas selvagens. Mesmo que elas não criem pílulas ou elixires, podem consumir diretamente e receber benefícios, como fortalecer ainda mais seus corpos. Isso vale não apenas para o Trevo de Quatro Folhas; as ervas raras que os humanos desejam também são desejadas pelas bestas selvagens, então é comum haver alguma besta poderosa guardando o local. Claro, apenas se elas acharem que a erva ainda não atingiu o melhor período para ser consumida; caso contrário, já teriam devorado há muito tempo.

Sem muito esforço, ele encontrou duas bestas selvagens enormes que estavam dormindo perto do Trevo de Quatro Folhas. Também viu o corpo de um cultivador; o infeliz deve ter tentado roubar a erva bem debaixo dos narizes dessas feras, e seu fim não foi dos melhores.

Enquanto avaliava as bestas selvagens, o coração de Kael acelerou. As bestas pareciam dois ursos gigantes, com pelo vermelho escuro.

"Ursos Rubros... ambos no início do nível dois."

Os dois Ursos Rubros pareciam ser um casal. Se fosse comparar a velocidade dos Ursos Rubros com a Pantera Demoníaca, os primeiros seriam muito mais lentos. Então, Kael não teria muita dificuldade para fugir de um deles, mas se quisesse furar o bloqueio e roubar o Trevo de Quatro Folhas, não seria nada fácil; sua agilidade e força não podem ser subestimadas.

Se fosse apenas um, Kael poderia tentar usar sua velocidade para contorná-lo e arrebatar a erva, mas com dois, a situação se tornava bem complicada. Kael começou a pensar em suas opções. Ele permaneceu escondido em silêncio e tentou ficar contra o vento, para evitar que seu cheiro fosse sentido pelas feras.

Os Ursos Rubros estavam deitados um de cada lado do Trevo de Quatro Folhas. Eles não estavam muito próximos da erva, mas Kael sabia que, se acordassem, poderiam chegar ao lado do trevo em apenas um segundo. Mesmo assim, ele decidiu que o melhor método ainda seria tentar roubar a erva sem acordar os Ursos Rubros.

Prendendo a respiração, Kael começou a caminhar lentamente em direção ao Trevo de Quatro Folhas. Ele se abaixou, procurando proteção na vegetação rasteira ou nas árvores, e em alguns momentos até mesmo se deitou e se arrastou no chão.

De repente, um dos Ursos Rubros se moveu. O corpo de Kael congelou e seu coração acelerou. Uma gota de suor começou a escorrer pela sua testa, mas ele moveu a mão com cuidado e agilidade, impedindo o suor de cair no chão. Ele não podia subestimar os sentidos de uma besta selvagem poderosa. Quem sabe se esses Ursos Rubros conseguiriam ouvir o barulho da gota caindo?

Felizmente, o Urso Rubro parou de se mover novamente. Parecia que ele não havia acordado; foi só um movimento natural durante o sono. Kael respirou aliviado. Depois de esperar mais um pouco para ter certeza, ele começou a se mover novamente.

Quando estava a cerca de vinte metros do Trevo de Quatro Folhas, Kael sabia que não poderia se aproximar mais. Independentemente do quão bem ele se mantivesse escondido, ainda seria descoberto pela percepção das feras. Kael respirou fundo e seu olhar se tornou resoluto; ele teria que arriscar. Seria uma ilusão roubar essa erva sem sofrer nenhum risco.