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Projeto Aria

"Relembre o passado para voltar à realidade..." Duas garotas acordam em um lugar que desafia as leis da física e vai contra a realidade comum. Elas não sabem como chegaram lá, não se lembram de suas identidades e descobrem que para sair de lá, é necessário passar nas provas dos observadores. Sem nenhuma informação adicional tudo que elas podem fazer é continuar seguindo as regras. Será que elas conseguirão sair dessa loucura? Se gostarem, por favor deixem seus votos e me ajudem a ser encontrada!

Daoist0eBjAG · sci-fi
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12 Chs

Uma história gravada no coração

"Mas o que está acontecendo?" Se perguntou. A realidade piscou novamente e flashes de várias prateleiras cheias de livros inundaram sua mente. As informações relacionadas à criança não podiam ser lembradas neste momento, mas as imagens que se passaram em sua mente tão rápido a acertaram como se fossem golpes pesados na cabeça, fazendo com que ela desmaiasse. 

...

— Goldie? — ouviu a voz de cacau distante a chamando.

— Goldie, você está bem? — A voz dela agora estava mais forte. — Goldie?

— Hm... 

Goldie se contorceu até que conseguiu abrir os olhos, sua cabeça doía. 

— Está tudo bem? 

— Sim, estou bem. — respondeu se levantando e recuperando a compostura.

— Mas você desmaiou e parecia estar sentindo dor enquanto dormia, está mesmo tudo bem? 

— Está sim, não se preocupe. Acho que foi uma memória...

— Que bom! — falou Cacau com felicidade, mas extremamente preocupada com a colega que parecia agonizante poucos momentos atrás.

Com a cabeça ainda dolorida ela se obrigou a recordar o que viu. Uma criança estava lendo, que com toda certeza só podia ser ela! Um homem que parecia ser o pai da criança veio conversar com ela e a levou pra comer em um Café so lado do predio anterior. Eles haviam estado em uma biblioteca enorme, com diversas prateleiras de livros cheias que faziam voltas dentro do lugar. Uma biblioteca era algo incomum no ano em que se encontravam, uma vez que quase tudo agora era digital em 2103. Mas a criança se sentiu dentro de um museu maravilhoso com recordações do passado e a alegria de obter conhecimento não podia ser refreada, independente do meio que utilizava pra isso. Ir a biblioteca foi incrível pra ela! Tudo que viu depois foram apenas memórias curtas da infância, mas agora tinha plena certeza de que este lugar não era o mundo real! Mas onde exatamente estava?

— Goldie?

— Sim?

— Conseguiu lembrar seu nome?

— Não, ainda não.

O homem na memória havia chamado a criança diversas vezes, mas a palavra que ele usava era "coração", "Vamos almoçar coração?". Goldie tinha um misto de sentimentos com relação a isso. Não era um pouco... Ultrapassado? Os pais são criaturas incríveis! Não existe esse tipo de vergonha ao demonstrar carinho entre os familiares! Por que ela não conseguia ser igual?

— Que pena. Então vamos continuar nos chamando pelos apelidos! Quando sairmos daqui estaremos tão acostumadas a eles que não iremos querer mudar pros nomes reais! -riu Cacau sem graça.

Bom, talvez não fosse muito diferente deles! Goldie sorriu levemente e olhou novamente pra parede. Olhando mais de perto, as letras na parede pareciam ter sido encaixadas em quadradinhos, formando o texto impresso nele. Goldie se levantou com dificuldade e andou até a parede, estendeu a mão até um dos quadrados e puxando o quadradinho ela disse:

— Está tudo errado.

— O que está errado? — perguntou Cacau confusa.

— Você não vê? A grafia está toda errada! E essa frase não deveria estar aqui! — Goldie apontava diversos lugares sem pausa.

Ela arrancava as letras dos lugares sem se importar com bagunçar a ordem.

— Mas você não vai esquecer o que está escrito se arrancar assim?

— Impossível eu esquecer — afirmou com convicção.

Cacau apenas observou enquanto ela arrancava tudo do lugar e jogava as peças no chão. Então percebeu que haviam peças flutuando no ar que eram semelhantes às que Goldie arrancava da parede. Ela esticou a mão para pegar uma e conseguiu.

— Será que...

Será que a prova é reescrever as páginas desse livro?

Agora tinham uma bela bagunça de letras no chão e outras flutuantes que deveriam preencher o livro e Cacau não fazia ideia de como colocariam de volta na ordem correta.

Cacau começou a recolher as letras que estavam flutuando no ar em um lugar para que Goldie pudesse pegá-las na hora de refazer a página do livro. Goldie continuou a destruir o livro tirando peça por peça e jogando elas no chão. Sem olhar em nenhum momento para trás, ela fez isso até que a página do livro estivesse completamente em branco. Então procurou no meio da pilha que Cacau tinha feito no centro do pátio e começou a montar a página a partir do zero.

A medida que ela montava Cacau percebeu que nenhuma palavra estava fora do lugar. Uma nova página se desdobrava na sua frente, mas não tinha como saber se era diferente da anterior pois não teve tempo de ler antes que Goldie começasse a destruí-la. Pacientemente ela esperou até que colega tivesse terminado.

Um sentimento quentinho, mas apertado, fluía no peito de Goldie nesse momento em que ela continuava a reconstruir aquela página. Algumas lágrimas começaram a cair a medida que ela restituía a ordem das palavras e frases. Ela estava sentindo saudades...

— Wow Como você consegue lembrar disso, eu não lembro nem do começo do que estava escrito aí!

— É porque eu já li esse livro dezenas de vezes — disse Goldie limpando uma lágrima no olho.

— Nossa... o que levaria uma pessoa ler o mesmo livro dezenas de vezes?

— A pessoa de quem ela ganhou o livro, talvez?

Nem Gold sabia porque tinha lido esse livro tantas vezes!

pegando agora as peças flutuantes que cacau havia juntado para ela ela deixou os últimos lugares faltando e terminou o trabalho. Deu alguns passos para trás e olhou a obra completa.

"Nunca temamos com os ladrões nem os assassinos. Estes são perigos externos, pequenos perigos. Temamos a nós mesmos. Os preconceitos, esses são os ladrões; os vícios, esses são os assassinos. Os grandes perigos estão dentro de nós. Que importa o que ameaça nossa vida ou nossas bolsas?1 Preocupamo-nos apenas com o que ameaça nossa alma [...]." Os miseráveis, Victor Hugo, 1862.

Uma lágrima desceu pelo rosto de Goldie nesse momento, pois se lembrou de quando ganhou aquele livro de presente e no abraço apertado que deu no homem que ao agradecer, chamou de pai.

— Sabe, você é louca de vez em quando, mas continua sendo incrível!

— Acho que vou começar a contar quantas vezes você me chama de louca!

— Então por favor conte também às vezes que eu te chamei de incrível!

— Mas você também é incrível cacau —  disse ela olhando fixamente para cacau com uma expressão séria. — Você conseguiu notar que as peças faltando estavam flutuando no ar e se você não tivesse juntado as peças para mim, eu não teria terminado tão rápido.

— Só uma coisa pequena dessas não me faz incrível.

— Foi a mesma coisa com os dominós — continuou Goldie—, você juntou todas as peças de dominós enquanto eu prestava atenção no desenhos do chão, você sempre ajuda bastante!

— Eu não acho que isso tem ajudado tanto assim...

— E também não foi você quem encontrou a porta escondida atrás das almofadas e o caminho invisível para cá?

Cacau parou para pensar um pouco sobre o que ela estava falando, então percebeu que sim, ela tinha seus próprios méritos, só não havia percebido antes.

— Muito obrigada! — disse agradecendo o reconhecimento um pouco emocionada. — Esse livro é importante pra você?

Goldie relembrou das memórias que havia recuperado e sentiu um aperto no peito. Sim, esse livro era importante para ela!

— Eu acho que sim.

— Será que isso é uma mera coincidência ou tem uma razão por trás disso?

— Você consegue pensar em uma razão?

— Eu não consigo pensar em nenhuma boa razão para isso. É como se eles estivessem brincando com a nossa mente!

— Brincando com a nossa mente... —  refletiu as palavras da companheira.

Nesse momento uma salva de palmas animadas rompeu atrás delas.

— Incrível! Vocês realmente conseguiram e em tempo recorde dessa vez. Eu pensei que iam demorar um pouco mais...

O pequeno auto-intitulado observador estava atrás delas com um sorriso no rosto, um tanto quanto sarcástico.

— Ei você, por que as provas têm objetos relacionados com as nossas memórias? — Perguntou cacau um pouco emocionada.

O observador parou de sorrir, agora ele parecia um pouco sério. Olhar para o rosto daquela criança séria era um pouco estranho e incômodo. Mais uma vez Goldie começava a pensar que nesses momentos estranhos ele não se parecia com uma criança.

— Sobre mais o que vocês que lembraram? — perguntou, estranhamente curioso.

— Por que quer saber? —  Goldie replicou suspeitando das intenções por trás das palavras dele.

— Não é assim que funciona entre os amigos? Os amigos contam as coisas uns para os outros!

— Hahaha! — Cacau começou a rir. —  Amizade é uma relação de dar e receber, por que não nos dá algumas informações antes? Então nós contamos sobre o que lembramos!

Goldie continuava observando a criança com a estranha sensação de que ele era um pouco familiar...

— Por que eu tenho a sensação de que você é familiar? Goldie finalmente perguntou a ele.

Neste momento os outros dois arregalaram os olhos surpresos.

— Bom, eu não acho que você vai encontrar alguém tão bonito quanto eu por aí! — respondeu o observador, com um sorriso de escárnio.

As outras duas apenas olharam para ele boquiabertas, sem saber o que responder. Poderíamos adicionar megalomaníaco na lista de adjetivos estranhos dele?

— Você é esquisito... — Goldie deixou escapar.

— Você é consistente! — disse ele entre risos.

— Você conheceu a gente antes de entrarmos aqui? — Cacau gritou a pergunta completamente exasperada.

— Engano seu, eu não conheci todos vocês, apenas alguns.

— Então de onde viemos? Goldie o agarrou novamente e o sacudiu tentando arrancar algumas respostas.

— Quantas vezes eu tenho que dizer que violência não resolve tudo, meu amor?!

Um olhar de desgosto se mostrou no rosto de Goldie e a criança riu outra vez.

— Sabe, você nunca perde a graça!

— Você me conhece! — Goldie afirmou.

— Não posso dizer que te conheço mas já te vi por aí...

— Então de onde exatamente nós viemos! — Ela perguntou andando ansiosa até ele, que desviou dando passos para trás com uma expressão complicada, mais para desgostosa.

A criança controlou as próprias expressões e a olhou firmemente mais uma vez, dessa vez ela riu, na verdade gargalhou bem alto.

— Não é como se nós dois nos agradássemos muito em olhar na cara um do outro...

— Veio aqui apenas tirar sarro da gente ou veio fazer alguma coisa importante? — perguntou cacau irritada.

— Eu vim supervisionar o final dessa prova, mas acho que talvez não vamos precisar da outra desse andar... Só talvez.

— Quais são os objetivos dessas provas? — Goldie perguntou confusa.

— Você vai descobrir sozinha, tenho certeza disso!

— Como vamos fazer isso? — perguntou Cacau semicerrando os olhos.

— Vocês precisam se esforçar em entender as provas.

— O que isso quer dizer? — Goldie perguntou tentando verdadeiramente entender as palavras dele.

— Você é muito inteligente pra algumas coisas, mas pra outras é completamente burra! — disse ele começando a se irritar. — Use a sua cabeça, por qual motivo essas provas estão aqui? Por qual motivo elas são como são é o que devia pensar primeiro! Sua dependência me irrita.

— Como você pôde falar assim com ela?! - Cacau estava indignada. — Nós temos nos esforçado pra cumprir essas malditas provas que vocês criaram e ela cuidou de mim esse tempo todo!

— Ela não cuidou de você, vocês cuidaram uma da outra. — Ele corrigiu.

Cacau ia responder mas Goldie a interrompeu.

— Ele está certo nisso, nós nos ajudamos. — Ela disse para Cacau e então se virou para ele. — Mas isso não te dá o direito de me ofender!

— Vocês estão estragando meu precioso tempo de descanso. — disse ele, agora parecendo cansado e irritado. — Vou deixar vocês refletindo sobre suas memórias e descobrindo por si só parte das respostas que procuram. Mais tarde eu volto pra ver se vocês avançam ou terminam a segundo prova que foi preparada pra cá.

— Você vai sair assim? — Goldie perguntou incrédula.

— Sim, espero que vocês façam bom uso do tempo que estou lhes dando.

— Quanto tempo? — Cacau perguntou mais calma.

— Não sei, eu volto quando eu estiver mais calmo!

Dito isso ele desapareceu deixando as duas irritadas outra vez.

— Volta quando estiver mais calmo?! Eu vou enforcar ele quando ele voltar!

— Se fizer isso, então não sairemos daqui quando ele voltar.

— Mas fala a verdade, você não quer fazer o mesmo?

Goldie sorriu pra Cacau com uma expressão estranha. Era um sorriso irônico.

— Quero muito. Por algum motivo sinto que o conheço e que nossa relação não é boa, por que será?

Cacau arregalou os olhos pras palavras calmas mas cheias de raiva que Goldie havia dito. Percebeu então que Goldie tinha até que um bom nível de autocontrole ao contrário do que ela pensou no início.

— Ele disse pra conversarmos sobre nossas lembranças, você lembrou de algo além da sua infância? — perguntou Cacau completamente calma agora.

— Sim, minha infância se passou por volta de 2100. Estamos em uma era tecnológica bem avançada. — Goldie explicou com rosto sério.