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Projeto Aria

"Relembre o passado para voltar à realidade..." Duas garotas acordam em um lugar que desafia as leis da física e vai contra a realidade comum. Elas não sabem como chegaram lá, não se lembram de suas identidades e descobrem que para sair de lá, é necessário passar nas provas dos observadores. Sem nenhuma informação adicional tudo que elas podem fazer é continuar seguindo as regras. Será que elas conseguirão sair dessa loucura? Se gostarem, por favor deixem seus votos e me ajudem a ser encontrada!

Daoist0eBjAG · sci-fi
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12 Chs

Um pouquinho de coragem

Observando aquele monte de dominós giratórios formando o caminho até a outra plataforma, Cacau olhou para cima e para baixo diversas vezes. O "segundo andar" não estava longe e possuía uma porta, que podia ser vista perfeitamente da distância em que estavam. 

— N, não tem outro caminho? — Cacau gaguejou, claramente nervosa com relação ao lugar por onde tinham que passar. 

Se sentindo desequilibrada, se apoiou em uma das árvores constituídas de cubos brilhantes que estava próxima.

— Não se preocupe, eu vou na frente e vejo se é muito difícil. Se for, eu penso em alguma ideia pra você passar para o outro lado sem medo, está bem? — Goldie tentou acalmá-la demonstrando um pouco de consideração. 

— T, tá bom — respondeu Cacau ainda gaguejando enquanto olhava pro caminho assustador.

Goldie observou o movimento dos dominós. Cada fileira tinha um sentido giratório e uma velocidade diferente. A primeira fileira girava em sentido horário e a segunda em sentido anti-horário, assim sucessivamente. "Uma fileira era mais lenta e a outra mais rápida. Isso deve ser considerado na hora de atravessar..." pensou. O vestido branco que Goldie estava usando balançava com a passagem de ar, mas ela não sentia frio. Ela observou Cacau espantada e percebeu que precisaria fazer alguma coisa para, pelo menos, se sentir segura atravessando essas bases. 

— O criador desse lugar realmente gosta de dominós... — reclamou enquanto levava Cacau para longe da beirada. 

— V, você vai mesmo passar ali? — gaguejou Cacau preocupada. 

— Sim, mas não precisa se preocupar! Não é tão difícil quanto parece. Você só está com um pouco de medo, certo? 

— S, sim. 

Goldie pôs cacau sentada em uma almofada e voltou a olhar a trilha de dominós giratórios. Eles eram grandes o suficiente para pelo menos três pessoas estarem sobre eles ao mesmo tempo, o que já melhorava um pouco a situação! Ela não tinha o sentimento de medo e nervosismo que Cacau tinha, sendo assim, ela pulou sobre as plataformas giratórias sem pestanejar e continuou trocando de dominó sem problemas. 

— Uau... — disse expressando sua admiração com a coragem de Goldie. 

Com isso, foi se recuperando da surpresa e do choque anterior, ao assistir a colega que sem hesitar um segundo, pulava de dominó em dominó e rapidamente havia chegado ao outro lado. 

Na plataforma do outro lado, Goldie observou a decoração. Haviam poucos enfeites. Essa plataforma tinha peças de dominós desenhados por todo o chão, desenhos maiores nas paredes que dispunham junto a elas, caixas abarrotadas de peças de dominós, que eram do tamanho de uma mão e um grande relógio de ponteiro no alto da parede acima da porta. Andou em direção a porta e puxou a maçaneta só pra conferir e, assim como imaginou, ela também estava trancada.

Voltando à beirada de onde veio, ela notou um poste constituído de cubos brilhantes que provavelmente era responsável por iluminar a parte final do caminho. Ela observou o caminho de dominós novamente. No ar ao longo da pista flutuante giratória, haviam cubos brilhantes que iluminavam as bases centrais da trilha perigosa. Rapidamente pulou sobre as bases e chegou ao lado de onde saiu.

— Como foi? — Perguntou Cacau que havia corrido até ela quase totalmente recuperada.

— É muito fácil passar pelas bases — mentiu. — Mas vou fazer algo que vai deixar você ainda mais segura!

— Mesmo?! — Cacau inocentemente ficou feliz.

— Sim, vem me ajudar a desfazer essas almofadas.

— Desfazer almofadas? 

Cacau estava confusa, mas foi ajudar mesmo assim. Encolhendo as mangas da blusa de moletom que estava usando, ela se sentou ao lado de Goldie no chão com uma almofada em suas mãos.

— Sim, vou precisar do tecido delas. 

— Por que precisa do tecido? 

Cacau estava realmente muito confusa e não conseguia sequer chutar qual a intenção de Goldie com elas. Goldie sorriu e respondeu: 

— Vou construir uma corda.

— Pra quê?

Goldie olhou Cacau fixamente com expressão séria e pensou profundamente em como poderia criar uma falsa sensação de segurança, de forma que que a garota atravessasse sem reclamações. "Um guarda corpo talvez..." Pensou consigo mesma.

— Para amarrar nessa árvore e naquele poste — falou apontando para a outra plataforma. — Assim você vai se sentir mais segura em atravessar, certo?

— Ah... Mas tem dominós que vão pra dois sentidos diferentes! — replicou sem descartar a ideia completamente.

— Posso fazer duas, não tem problema, tem bastante almofadas!

— Ah, então está bem!

Cacau ficou visivelmente mais à vontade em atravessar as peças giratórias com a informação. Agora era necessário manter essa ilusão de segurança até terem terminado de atravessar. Será que estava sendo egoísta demais?

— Puxe na costura — falou Goldie demonstrando com uma almofada na frente dela. 

Puxando dos dois lados da costura, os pontos se abriram e com força ela rasgou os fios e retirou o enchimento fofinho que havia dentro. 

— Como isso pode ser tão pesado sendo fofinho desse jeito? — reclamou Cacau enquanto faziam uma bela bagunça no pátio. 

Goldie não conseguiu deixar de concordar com a cabeça. Ambas trabalharam duro e retiraram toda a espuma das almofadas. Quando terminaram, não haviam mais estrelas no céu e o ambiente já estava clareando.

— Quer descansar um pouco? — Goldie perguntou a Cacau que parecia bem fatigada. 

— Sim, um pouco. 

 Cacau deitou sobre a espuma e fechando os olhos, logo adormeceu. Goldie a observou caindo no sono e continuou seu trabalho com as fronhas das almofadas. Testou puxar o tecido e percebeu que era bastante forte, ao contrário da linha usada na costura. Começou a unir as pontas, testando a qualidade dos nós toda vez que terminava de atar um. Por fim, ela amarrou uma das cordas na árvore feita de cubos, que se encontrava na beirada do lado da porta e voltou ao pátio onde estava a outra ponta. Pegou a corda e puxou com toda a força que podia, mantendo isso por um bom tempo, pois queria ter certeza que aguentaria no caso de ser necessário se sustentar nela. 

Quando se sentiu satisfeita com todos os nós e o comprimento adquirido, ela pegou a ponta da corda e a levou para o outro lado do caminho de dominós giratórios. Amarrou num dos postes que se situava na entrada e testou pra ver se tinha ficado firme. Voltou ao outro lado onde havia deixado Cacau dormindo e testou a qualidade dos nós mais uma vez. Satisfeita com o trabalho, ela voltou ao pátio e se pôs a trabalhar em outra igual. Enquanto repetia todo o processo anterior, ela observava Cacau dormindo.

Terminando de atar todos os nós, amarrou a corda na outra árvore de cubos e fez o mesmo processo de teste e fixação do outro lado na segunda plataforma. Como Cacau ainda estava dormindo, decidiu deitar sobre as espumas e tirar um cochilo também. Ela fechou os olhos e, após algum tempo, lentamente perdeu a consciência.

— Goldie? — Cacau chamou a colega que estava desacordada.

Sem resposta ela se sentou ao lado da garota e pensamentos vieram à sua mente. "Não seria a hora perfeita pra devolver o golpe que levou na noite anterior quando Goldie foi acordá-la?!" Um sorriso travesso saiu de sua boca e assim que se virou, notou a moça acordando e destruindo seu plano de vingança.

— Já acordou?

— Por que sua voz parece desanimada com isso? — Goldie perguntou desconfiada. — Não está com medo de passar lá ainda, está?

— Sobre isso...

Cacau virou o rosto para esconder a vergonha. Era bom que Goldie não soubesse suas verdadeiras intenções!

Goldie fechou os olhos por um momento e respirou e expirou algumas vezes antes de se levantar. Já em pé, quando abriu os olhos, Cacau tinha um olhar de cachorrinho repreendido no rosto e Goldie sentiu vontade de rir por algum motivo.

— Vamos atravessar? — Perguntou escondendo a risada inconveniente.

— Vamos sim...

— Então não podemos enrolar. Vem aqui, me dê a mão e vamos pular juntas, tudo bem?

— Tudo bem! O que tem do outro lado?

— Hum... Não vou contar, pra saber você precisa ir ver com os próprios olhos! — instigou. — Gosta de dominós?

— Eu gostava... — respondeu Cacau quase recordando alguma coisa. — Mas não sinto que eles sejam mais divertidos.

Goldie não conseguiu deixar de se comover com a expressão de desalento que ela tinha feito naquele momento. Mas resolveu deixar a empatia de lado por causa do que ia fazer em seguida. Cacau estendeu a mão, que Goldie pegou e saiu correndo puxando enquanto carregava ela atrás.

— Vamos lá!

— Por que você está correndo?!

— Pra não mudar de ideia no meio do caminho!

Gritaram uma pra outra.

Assim que elas chegaram na ponta, Cacau teve certeza de que Goldie estava falando sério e não iria parar de correr. Cacau teve que esquecer completamente o medo e apenas confiou em sua colega, pulando de base em base sem olhar pra trás!

Goldie sabia que as primeiras bases eram as mais problemáticas porque eram as que giravam mais rápido, se Cacau ficasse empacada lá, ela com toda certeza teria mais chances de cair. As duas já haviam avançado diversas bases quando a velocidade dos dominós diminuiu drasticamente, o que as obrigou a parar e esperar a próxima base chegar mais perto para poderem trocar. 

— Você é louca!

— Já chegamos na metade do caminho.

— Mesmo assim, você é louca! 

Cacau estava sem fôlego, não por causa da corrida, mas por causa do nervosismo de ter pulado todos aqueles dominós de uma vez. Algumas vezes, ela viu de relance o precipício abaixo delas e lembrar disso a fez engolir em seco. Ela nem mesmo conseguia olhar para trás agora, então resolveu olhar em direção à Goldie, que estava mirando em frente com a testa franzida.

— Você...

— Vamos pular, fique atenta! 

Mal disse isso e puxou Cacau outra vez, numa corrida frenética para sair daquela trilha perigosa. No final da trilha, os dominós aumentaram a velocidade novamente e as mãos de Cacau e Goldie se desencontraram no penúltimo dominó. Goldie imediatamente tentou voltar, mas os dominós estavam numa velocidade estranha naquela hora e passavam muito rápido. Cacau se agarrou na corda de fronhas que Goldie deixou do lado da trilha e assim que o dominó deixou seus pés, ela ficou pendurada.

— SOCORRO! — gritou claramente desesperada.

Goldie respirou fundo e respondeu o mais alto que conseguiu:

— Fica calma e me escuta! 

Ela olhou pros dominós que passavam por Cacau e a fileira da frente. 

— Vai pra fileira da frente e deixa eles te levarem até o outro lado. — disse ainda gritando.

— Se eu fizer isso vou cair!

— Você não vai! — "Vai cair se não fizer!" gritou mentalmente. — Confie em mim, não fui eu quem colocou essas cordas dos dois lados?! Se agarre na corda do outro lado depois disso!

Com muito esforço, Cacau andou uns dois palmos na corda antes de poder descer sobre a última fileira de dominós, que imediatamente a levou para o outro lado, onde se agarrou com força. Goldie foi até a beirada onde Cacau tinha se pendurado, se segurou na árvore em que amarrou o tecido e estendeu a mão, que ela agarrou sem pensar duas vezes e com muito esforço, foi puxada pra cima da plataforma. Não foi tão difícil porque Cacau estava bem próxima do tablado no lugar em que se sustentou.  

— Viu, só confiar em mim!

— Confiar em você quase me matou agora a pouco — retrucou sem fôlego.

O som de alguém batendo palmas e se aproximando fez as duas olharem para o centro do pátio.

— Bem-vindas ao seu primeiro teste! Esta será uma prova bem simples. Se não conseguirem completá-la dentro do tempo, não sairão deste andar e ficarão aqui comigo até uma nova prova ser designada. Sou o seu observador, vocês podem se referir a mim por observador mesmo!

Um menino que ainda não tinha nem mesmo saído das fraldas, estava na frente delas se apresentando como um... observador?

E aí, o que estão achando dessa obra?

Se estão gostando, deixem seu voto e me digam nos comentários!

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