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Projeto Aria

"Relembre o passado para voltar à realidade..." Duas garotas acordam em um lugar que desafia as leis da física e vai contra a realidade comum. Elas não sabem como chegaram lá, não se lembram de suas identidades e descobrem que para sair de lá, é necessário passar nas provas dos observadores. Sem nenhuma informação adicional tudo que elas podem fazer é continuar seguindo as regras. Será que elas conseguirão sair dessa loucura? Se gostarem, por favor deixem seus votos e me ajudem a ser encontrada!

Daoist0eBjAG · sci-fi
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12 Chs

Ridícula prova surpresa - Parte 2

Colocando Cacau deitada confortavelmente no chão após conferir seu estado de saúde, Goldie se voltou às peças de dominós para resolver as diferenças entre as combinações. De alguma forma, ela se lembrava onde tinha posto cada peça e à medida que foi resolvendo as diferenças entre as disposições dos dominós, ela voltava em outro lugar para refazer e pegar peças em troca, sem em nenhum momento se perder no meio daqueles milhares de pontos.

— Fiu, fiu! — assoviou o observador. — Incrível!

Ignorando completamente o comentário, com total concentração Goldie continuou a saga de trocas e substituições até ter completado a trilha de dominós. A porta se abriu com um clique após a última peça ser colocada no lugar correto.

"Cláp, cláp, cláp" o observador estava aplaudindo atrás dela.

— Você completou. Não esperava que fosse conseguir em uma única tentativa.

— Foram duas tentativas. — Ela o corrigiu.

— Oh, é verdade. Foram realmente duas... Mas como sua dupla está desacordada, vamos deixar a promoção para o segundo nível após ela levantar. Você concorda?

— Sim.

Goldie se voltou em direção a Cacau e foi até ela para observá-la de perto novamente. Cacau parecia estar sonhando com alguma coisa.

— Resolver um desafio traz boas recordações, não é verdade? — O observador puxou conversa.

— Não sei, deveria? — Goldie respondeu sinceramente.

—  Nenhuma?

— Não entendo do que está falando..— Goldie começou a ficar irritada.

— Não precisa ficar com raiva, só quero lhe fazer companhia.

Por que aquele garoto esquisito estava sendo repentinamente cortês? O comportamento anterior dele não condizia em nada com o que ele estava demonstrando agora. Isso deixou ela ligeiramente desconfiada. "Pessoas desse tipo são as piores, só se importam com o que lhes convém..." Lembrou de uma voz conhecida falando algo sobre isso. Logo em seguida se perguntou quem estava vindo à sua mente, mas não obteve respostas.

— Como fazemos pra sair daqui? — decidiu perguntar novamente.

— Vocês precisam descobrir por si só.

— Você não pode nos dizer?

— Nada de bom viria dessa informação saindo de mim.

— O que isso significa?

— Você vai descobrir. — Terminou ele fazendo uma expressão séria que a assustou.

"Por que ele estava tão relutante em dizer? Será que o objetivo deles era não permitir que elas saíssem? Será que estava em algum tipo de experimento?!" Todas essas perguntas inundaram sua mente enquanto ela esperava Cacau recuperar a consciência. Enquanto isso, Cacau estava passando por um flashback dentro de sua própria mente, durante um sonho coberto de recordações.

Inconsciente, Cacau estava vendo a si mesma durante a infância. Agora ela sabia que aquela criança que havia visto nas memórias anteriores era ela.

— Ellen, não podemos brincar de outra coisa? Esse jogo é velho! — O menino falou relutante em aderir a brincadeira.

— Eu sempre jogo com você o que você me pede!

— Ryan, a Ellen está certa, ela sempre joga com você o que você escolhe quando a chama pra brincar e ela nunca reclama da escolha que você fez mesmo quando ela não gosta do jogo. — Uma mulher já na meia idade porém muito bonita repreendeu o menino.

— Mentira! Ela nunca reclamou!

— Mas é exatamente isso que a mãe falou! Eu não reclamo com você mesmo quando não gosto do jogo...

— Acho que vocês só querem me enrolar!

— Ryan, a Ellen gosta de filmes de terror?

— Não. Mas o que tem isso?

— Não é verdade que ela joga videogame com você de vez em quando?

Ellen criança instantaneamente fez uma expressão de desgosto ao lembrar de alguma coisa desagradável.

— Joga mas...

— E não é verdade que de vez em quando vocês jogam jogos de terror?

O menino agora estava calado com a mão no queixo enquanto olhava pra cima fazendo uma cara de seriedade. De repente ele fez uma cara surpresa e franziu a testa. Então caminhou até a mesa redonda com uma toalha branca e se sentou.

— É verdade. — Ele finalmente se deu por vencido.

Ellen correu para se sentar com um sorriso de orelha a orelha. A mãe riu das duas crianças e sentou também.

— Eu vou comprar um bolo depois do jogo.

— Eba! — As duas crianças comemoram em uníssono.

Sua mãe era péssima com doces e sempre tinham que comprar alguns quando queriam comer algo do tipo... As lembranças ficaram enegrecidas novamente e Cacau foi acordando.

— Cacau?

A superfície dura de baixo de si impediu de se levantar de imediato. "Como é ruim dormir no chão!" Ela pensou deixando uma lágrima escapar. Goldie estava sentada em posição de buda ao seu lado e ela se perguntou: "Poderia ser demais para ela, apoiar minha cabeça?" Uma personalidade um tanto mimada tomou conta de Cacau agora.

— Goldie... — chamou enquanto se sentava.

— Estou aqui, pode falar.

— Acho que me lembrei um pouco de algumas coisas.

— Sabe como viemos parar aqui? — Goldie perguntou com urgência.

— Infelizmente não, nada tão útil assim.

— Então o que se lembrou? — Ela perguntou tentando disfarçar a decepção.

— Meu nome, e minha família. Memórias da minha infância pra ser mais exata.

— Isso é bom também. E qual é o seu nome?

— Eu me chamo Ellen. Mas não precisa me chamar de Ellen se quiser, eu gostei do apelido Cacau!

Goldie riu um pouco ainda ansiosa.

— E como ficou a prova depois que apaguei?

— Ela completou em tempo recorde e agora já podem passar pro próximo nível. — Interrompeu o menino autodenominado "observador".

— Isso é bom! - Cacau abraçou Goldie emocionada. - Eu já disse que você é incrível?!

— Você disse que eu sou louca.

— Mas é incrível também!

— Também?

— Foca na parte boa, por favor.

As duas riram da situação e se levantaram.

— Sinto muito por interromper esse momento emocionante entre vocês duas, mas eu preciso ir então vou lhes informar que após esta porta vocês encontrarão um elevador. Ele levará vocês até a área da segunda prova. Por favor, subam nele assim que estiverem prontas!

— Depois de subir nele dá pra voltar aqui? — Goldie sagazmente perguntou.

— Vocês não poderão. Meus parabéns por terem passado na primeira prova, se tudo correr bem agora, vocês encontrarão um novo observador!

Dito isso ele desapareceu assim como se alguém desligasse um holograma. Isso não as assustava mais.

— Vamos indo? — perguntou Cacau com expressão complicada no rosto depois dos avisos do menino.

— Espera!

Goldie saiu correndo para a trilha de dominós e retornou à plataforma em que acordaram. Após algum tempo ela voltou com uma almofada menor que não tinham desfeito, a jogou em cima de Cacau e correu até a plataforma anterior novamente para buscar outra. Quando retornou, estava sem fôlego e parecia bem cansada.

— Pra quê isso? — Cacau perguntou confusa.

— Não é difícil pra você dormir no chão? — Goldie respondeu entre golfadas de ar enquanto se dirigia para trilha de novo. — Pra mim é.

Ela já havia pegado duas almofadas grandes o suficiente pras suas cabeças, então por que estava voltando? Cacau observou Goldie retornar até a plataforma inicial e desamarrar a ponta da corda, em seguida ela habilmente voltou para onde as duas estavam e desamarrou a outra ponta, recolhendo o tecido.

— E isso? — Cacau perguntou apontando pra corda.

— Se lembra daquelas almofadas gigantes que a gente desfez?

— Sim.

— Vou usar como um cobertor.

Cacau caiu na risada. Realmente a garota era louca, mas apesar disso era uma louca incrível! Em seguida ela soltou a almofada nas suas mãos e se pôs a ajudar Goldie a desatar os nós. O que foi extremamente difícil porque estava bem firme após Cacau ter precisado se sustentar nela. Após algum tempo de muito esforço, elas conseguiram dois grandes cobertores.

— Quem disse que o mais forte sobrevive? Quem sobrevive é o mais esperto! — riu Cacau quando terminaram.

— Concordo. — Goldie sorriu levemente ao responder a afirmação.

As duas dobraram os lençóis e colocaram as almofadas em cima. Então pegaram cada uma os seus respectivos pertences e se encaminharam pro tal "elevador" que o observador havia falado. Mas tudo que encontraram foi uma plataforma com grades nas laterais e uma entrada.

— Será que ele mentiu? — Cacau perguntou desconfiada.

— Não acredito que seja o caso... Vamos apenas subir ali e descobrir.

As duas caminharam até o elevador e puseram os lençóis e almofadas no piso. Não precisam se preocupar com sujeira pois o piso era extremamente limpo.

— Gostaria de tomar um banho... — Murmurou Cacau despertando a mesma vontade em Goldie que assentiu com a cabeça.

— Eu também gostaria de um banho e uma cama apropriada. — Goldie expressou seus desejos.

Assim que ela terminou de falar o elevador se moveu e as levou para longe da outra plataforma.

— Uau, isso me assustou! — Cacau exclamou.

— Me surpreendeu também...

Antes de terminar o pensamento, as duas testemunharam uma cena aterrorizante para elas. Todas as torres e estruturas que elas viam ao longe antes se desfizeram e flutuaram para trás delas. A passagem das imensas peças de dominós e partes das caixas de sapato que passavam pra trás delas faziam um vento gelado golpear seus corpos. Elas se agarraram às grades assustadas e observaram as praças gigantes se transformarem em uma imensa parede de mosaico feita de dominós que impedia a visão das plataformas anteriores.

— Ah, acho que entendi porque ele disse que não dava pra voltar.

Cacau tinha perceptivelmente o hábito de gaguejar quando ficava nervosa. Já Goldie não tinha nem palavras para expressar que emoções estava sentindo ao assistir essa cena. Enquanto a parede ainda se construía, o elevador as levava para longe dali e livros gigantes, abertos e fechados, de tamanhos diferentes compunham o novo cenário que elas estavam presenciando.

Agora, o que havia tomado o lugar dos estranhos cubos que constituíam as árvores que serviam de luminárias, eram letras fluorescentes que mais pareciam lâmpadas de LED distribuídas pelo novo mapa. Diferente das árvores antigas, estas tomavam o formato de postes com o agrupamento das letras avulsas e iluminavam os locais por onde as duas provavelmente teriam de passar.

— Aquilo é uma casa? — Goldie perguntou em voz alta ao observar de longe a nova plataforma onde se direcionam.

— Parece mais com uma cozinha... E tem comida!

As duas pularam do elevador assim que ele estacionou ao lado do andar onde haviam visto algo como uma cozinha. Este tinha uma prateleira expositora com diversas opções de sanduíches, massas, pães e lanches parecidos. Haviam algumas fruteiras com diversas opções de frutas também. Goldie agarrou uma maçã e começou a comer, enquanto Cacau abriu a prateleira e saiu pegando um pouco de cada coisa que encontrava.

Havia uma porta dentro dessa plataforma, que não parecia levar o outra, mas a um tipo de quarto. Goldie se direcionou até ela e virou a maçaneta. A porta abriu e deu lugar a um banheiro com chuveiro e itens de higiene pessoal.

— Ellen! — Goldie gritou animada.

— O quê?

— Tem um banheiro aqui!

— Sério?! Deixa eu ver! — Cacau largou tudo que estava engolindo e correu até o banheiro. Após ver que havia ali o necessário pra limpeza pessoal completa, ela começou a chorar.

— Você realmente chora bastante, não é mesmo?

— Sim, sou a filhinha da mamãe, fazer o quê?

Goldie deu uns tapinhas no ombro de Cacau e a tirou da frente da porta. Assim que Cacau saiu completamente da frente, ela entrou no banheiro e trancou a porta.

— Ei! Mostre um pouco mais de consideração! — reclamou Cacau do comportamento egoísta dela.

— Já, já, eu termino e você já pode entrar, não precisa se irritar! — Goldie respondeu com voz tremida, o que fazia parecer que ela estava rindo da cara da colega.

Cacau se lembrou que a responsável por terem chegado ali foi ela, então deixou pra lá e voltou a comer. Enquanto se empanturrava novamente, ela viu ao longe o que parecia ser um caminho... Estava escurecendo e ela não sabia dizer ao certo, pois a luz que as letras fluorescentes davam era muito limitada. Mas o que estava vendo parecia com toda certeza um caminho estreito ligando a plataforma em que elas estavam a uma outra cheia de livros em pé que formavam as paredes do andar. Cacau engoliu em seco. Havia  dois problemas com aquele caminho: primeiro, ele era muito estreito; segundo, ele era praticamente invisível!

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