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Projeto Aria

"Relembre o passado para voltar à realidade..." Duas garotas acordam em um lugar que desafia as leis da física e vai contra a realidade comum. Elas não sabem como chegaram lá, não se lembram de suas identidades e descobrem que para sair de lá, é necessário passar nas provas dos observadores. Sem nenhuma informação adicional tudo que elas podem fazer é continuar seguindo as regras. Será que elas conseguirão sair dessa loucura? Se gostarem, por favor deixem seus votos e me ajudem a ser encontrada!

Daoist0eBjAG · sci-fi
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12 Chs

O mundo real - Parte 2

No caminho para a enfermaria do 17º laboratório da ARIA Inc, Sarah, pôde ver enquanto recuperava o foco, que a segurança do laboratório havia aumentado. "Seria por causa da falha no experimento?" Ela pensou consigo mesma. "Não aumentariam a segurança por causa de uma falha técnica…" continuava a pensar. Não conseguia parar de usar o cérebro, mesmo sabendo que o momento era para descansar. 

Enquanto passava pela bateria de exames, levaram para ela sopa e salada de frutas para comer. A salada tinha uvas, mirtilos, abacate, mamão Papaya e bananas, suas frutas favoritas. Não era uma combinação muito comum, então ela percebeu imediatamente quem enviou a refeição. 

— Sua saúde está perfeita. Talvez se sinta um pouco fraca por ter estado deitada por uma semana, mas pode se recuperar rapidamente com boa alimentação e exercícios leves — disse o médico com o diagnóstico em mãos. — Vamos manter você aqui em observação nas próximas 24 horas por precaução, então daremos alta e uma licença médica por alguns dias…

— Não, eu preciso voltar…

— Senhorita Johnson, peço que, por favor, obedeça às nossas recomendações. Não estamos lidando apenas com uma questão de saúde e se não puder obedecer, irei lhe garantir uma licença obrigatória de prazo maior.

Sarah não entendeu bem o que ele quis dizer com "não estamos lidando apenas com uma questão de saúde", mas se calou e assentiu. 

Após o diagnóstico, não demorou muito para que Jonathan entrasse na área reservada para pacientes em observação e encontrasse Sarah. Assim que a avistou, andou a passos largos em sua direção com uma expressão cansada no rosto. Sarah ouviu o barulho alto de seus passos e se virou em sua direção, ainda deitada na cama.  

— Obrigada.

Jonathan parou de andar, agora com rosto confuso, então caminhou lentamente enquanto perguntava:

— Por…?

— A refeição estava muito boa.

 

— Ah, de nada — respondeu e se sentou na poltrona que estava ao lado da cama. — O que o médico disse?

— Que preciso descansar, que vai me dar uma licença e se eu não respeitar o tempo de recuperação me dará um afastamento maior.

— Isso é bom.

— Você está se sobrecarregando de novo? — perguntou levando a mão sobre a boca para bocejar. 

— Estou fazendo o que é preciso.

— Já se olhou no espelho?

A pergunta dela o fez parar e refletir. Ele odiava estar bagunçado, era meticuloso e gostava das coisas sempre limpas, mas não dormia direito a uma semana, estava com a barba por fazer e tirava pouco tempo para as necessidades pessoais. 

— Ainda não — respondeu carrancudo. 

— Eu fiquei lá quanto tempo?

— Uma semana — ele disse afundando com as costas na poltrona.

— E foi o suficiente para você ficar assim?! — disparou surpresa. 

Jonathan fechou os olhos e riu sarcasticamente. 

— Você vai descobrir! 

Sarah franziu a testa para a resposta, mas estava cansada demais para buscar mais fundo no assunto. Uma espécie de cansaço mental que deixava sua cabeça pesada e difícil de manter os olhos abertos se abatia sobre ela. Por conta disso, acreditava que dormir seria a melhor forma de recuperação.

— Não se desgaste de mais, não conseguirei fazer nada sozinha se você não estiver por perto porque ficou doente por ter trabalhado até a exaustão — disse com olhos fechados, então os abriu e falou: — Mesmo que eu odeie admitir… John?

Jonathan não respondeu e nem abriu os olhos, muito menos ouviu o que ela havia acabado de dizer. Na verdade, ele havia caído no sono logo após ter dito a última fala e ter se ajeitado na cadeira. 

— Boa noite, Jonathan.

Depois de dar a despedida, Sarah também fechou os olhos e foi dormir. 

Ellie, uma enfermeira que estava passando para fazer a observação periódica de Sarah, parou na frente da cama e observou a cena com sobrancelhas levantadas. Olhou para um lado e para outro na ala médica e tirou uma foto com seu Z Pie X. 

O smartwatch inteligente levou apenas alguns instantes para tirar a foto e Ellie, apenas alguns segundos para dar upload dela no grupo da fofoca dos funcionários da ARIA Inc. Não demorou nem um minuto até que as mensagens começassem a pipocar dentro do fórum.

"wow, eu não sabia que eles estavam neste tipo de relacionamento!" — Shelby.

"Eu sempre soube! Ninguém acreditou em mim quando disse que esses se davam bem" — Lily.

"Claro que ninguém ia acreditar, Jonathan está sempre tratando todos com ignorância e todo mundo sabe que, com Sarah isso é ainda pior" — Tadeo.

"Eu mesma não acreditaria se não estivesse vendo com meus próprios olhos!" — Ellie.

"Ah… mas não acredito que ele vai continuar a tratar ela assim depois desse susto" — Luke.

"É verdade. Ele trabalhou quase dia e noite para tirar ela de lá" — Hugo.

"Só queria saber como tudo isso vazou tão fácil…" — Lily.

"Pensando bem, eu também gostaria de saber. Quero dizer, como a mídia e os outros funcionários descobriram sobre o experimento?" — Tadeo.

"Tem razão, geralmente temos protocolos de segurança e confidencialidade para essas coisas, não é verdade?" — Luke.

"Nós temos, mas deve ter havido alguma falha, ou alguma invasão…" — Shelby.

"Oh, não! Isso significa que nossos problemas ainda não acabaram, mesmo com a saída da Srta. Johnson de dentro da imersão?" — Lily.

"Pois é, ainda tem muito o que resolver. Mas olha pelo lado bom, Jonathan e Sarah são uma boa dupla se pensar no suporte que um pode dar para o outro. Eles podem resolver essa situação" — Ellie.

"Mas confiar apenas nas capacidades deles e deixar todo o peso das responsabilidades nas costas deles não terá um bom resultado para ninguém. Todos temos que fazer nossas partes e incentivar os outros a fazer o mesmo" — Daniel.

"Ah! Já chegou o estraga prazeres…" — Ellie.

"É incrível como você consegue mudar o foco da conversa assim que entra, Daniel" — Tadeo.

"Eu não mudei o foco da conversa, apenas expus o óbvio" — Daniel.

"É por isso que você é o segundo funcionário mais indesejado que não queremos abrir mão, mas temos dificuldade em estar por perto" — Julia.

"Obrigado pela sinceridade" — Daniel.

"De nada" — Julia.

O homem alto olhava para a conversa no chat holográfico enquanto bebia uma xícara de café. Passou a mão pelo cabelo recém cortado tentando espantar o nervosismo.

— Quando a gente pensa que as coisas estão caminhando… Vem uma tempestade e bagunça tudo.

Daniel estava claramente irritado. Jonathan não podia ter continuado no canto dele como sempre fazia? Ele sabia que Sarah era a única que se aproximava de Jonathan sem medo, até mesmo comprava briga com ele de vez em quando, mas nunca imaginou que Jonathan se aproximaria por iniciativa própria. Daniel também não esperava que ele se importasse tanto assim com ela. 

Um misto de emoções fazia seu estômago se revirar. Sabia que sem Jonathan, talvez demorasse mais para Sarah sair dessa situação, mas não queria admitir a verdade. Era necessário se importar muito para conseguir trabalhar dia e noite assim pelo bem de alguém.

— Filho da mãe…

Era ridículo praguejar sobre a pessoa que ajudou quem mais gostava a se recuperar. Daniel sabia disso, mas não conseguia deixar de fazê-lo. 

— Sou mesmo um homem egoísta — disse e voltou a trabalhar.

Quando Sarah acordou, Jonathan não estava mais lá.

— Oh, você acordou?!

Ouviu alguém exclamar e se virou para olhar a pessoa que falou com ela.

— Como está se sentindo?

O homem deveria ter por volta dos 40… mas tinha um ar jovial, vestia roupas caras e descoladas, tinha uma boina de cor amadeirada sobre os cabelos loiros bem claros. O óculos que usava era visivelmente de grau e ao mesmo tempo um óculos de realidade aumentada. Estava sentado em uma das poltronas ao lado da cama.

— Um pouco lenta — Ela respondeu sinceramente.

— E como está sua cabeça?

Sarah se sentou na cama e segurou a testa com a mão.

— Acho que está bem.

— Pergunto sobre a sua memória, há alguma coisa faltando, algo que não consegue se lembrar ainda?

— Não, eu acho que não… — Sarah respondeu abaixando a mão e olhando diretamente nos olhos azuis escuros dele. — Quem é você?

— Meu nome é Eckart, só uma última pergunta… — disse ele se inclinando para frente apoiando os cotovelos sobre as coxas. — Por que entrou no experimento junto com as cobaias? Você não faz parte da equipe desenvolvedora?

Ao ouvir a pergunta, Sarah imediatamente sentiu que alguma coisa estava fora do lugar. Por que motivo esse homem bem vestido estava na frente dela fazendo esse inquérito? Seus superiores já estavam bem cientes do porquê ela entrou no experimento, desde antes mesmo dela ter posto o dispositivo de imersão virtual. Esse homem não era médico, porque os médicos da Ária Inc usavam jaleco a todo momento dentro do prédio hospitalar…

— Só queria saber o que te levou a arriscar o sucesso do projeto…

— Eu não estava arriscando nada — o cortou irritada —, o Projeto já estava praticamente pronto para funcionamento e não me lembro de haver informações extras a serem consideradas…

— E ainda assim algo deu errado, você ficou presa dentro da imersão por uma semana junto com outros e agora a empresa está sofrendo com a rejeição da mídia — Dessa vez, ele quem a cortou.

— A empresa está o quê… — balbuciou surpresa.

— Quem diria que a grande gênio Sarah Johnson fosse cometer um erro tão grande e tão cedo.

O homem se levantou após terminar a fala e olhou para ela com olhos frios e desdenhosos.

— É uma verdadeira pena… — disse balançando a cabeça negativamente e indo embora.

Sarah não conseguiu responder. Sua decisão de entrar junto com as cobaias havia sido tão desastrosa assim? Mas o que havia acontecido durante a imersão? A empresa estava enfrentando um momento difícil por causa dela? É por isso que Jonathan disse que ela era impulsiva? Perguntas pipocam na cabeça dela, mas ela não conseguia achar a resposta para nenhuma delas.

Gênio era uma palavra que não usavam para se referir a ela desde que saiu da faculdade. Naquela época, tudo que fazia tinha muito esforço e paixão misturados, mas nenhum companheirismo envolvido no processo. Sarah quase chegava à exaustão para atingir um objetivo, enquanto isso, havia uma pessoa que simplesmente a superava sem esforço aparente.