webnovel

Projeto Aria

"Relembre o passado para voltar à realidade..." Duas garotas acordam em um lugar que desafia as leis da física e vai contra a realidade comum. Elas não sabem como chegaram lá, não se lembram de suas identidades e descobrem que para sair de lá, é necessário passar nas provas dos observadores. Sem nenhuma informação adicional tudo que elas podem fazer é continuar seguindo as regras. Será que elas conseguirão sair dessa loucura? Se gostarem, por favor deixem seus votos e me ajudem a ser encontrada!

Daoist0eBjAG · sci-fi
Zu wenig Bewertungen
12 Chs

O mundo real - Parte 1

Quando o painel holográfico que apresentava o estado de saúde da pesquisadora Sarah apontou instabilidade nas atividades cerebrais, Jonathan não pensou duas vezes em entrar às pressas dentro da realidade virtual para socorrê-la. Júlia, co-pesquisadora da equipe, sentia emoções complicadas com relação a isso. "Eles não viviam discutindo?" indagou consigo mesma.

— Acho que não é uma relação tão ruim quanto eu imaginava... — A bela mulher negra expressou os pensamentos em voz alta.

Continuou observando a tela de Sarah, que lentamente voltava ao normal.

— Alguma novidade? — Thomas perguntou ao entrar na sala e encontrar Jonathan dentro da realidade virtual novamente.

Os dispositivos que estavam utilizando assemelhavam-se com uma tiara lisa e simples circundando a cabeça, tinham diversos pequenos pontinhos brilhando enquanto ligados, que demonstravam a qualidade do funcionamento e da conexão. Eram interfaces neurais, capazes de simular percepções da realidade como sons, imagens e sensações, no pensamento do usuário através de impulsos elétricos, mesmo que estivessem inconscientes.

Haviam três destes consoles que permitiam a entrada na realidade virtual dentro da sala, todos ocupados.

— Sarah apresentou um nível alto de atividade cerebral. — Ela respondeu.

— Quanto de atividade?

— Veja você mesmo! — Ela disse, expandindo o holograma das ondas cerebrais de Sarah.

Thomas arregalou os olhos, surpreso.

— Como as ondas dela atingiram um pico tão alto?

— Não sei dizer, ela estava "dormindo", então provavelmente estava sonhando com uma lembrança...

— O que poderia ser tão forte a ponto dela ter tido uma crise? — perguntou, analisando o padrão das ondas de perto. — Isso está uma bagunça... acho que foi algo bem ruim.

Julia não respondeu a afirmação, apenas ficou encarando os dois pesquisadores responsáveis por praticamente todo o projeto deitados lado a lado, em silêncio. Quando Sarah e os "voluntários" entraram no console, uma falha elétrica criou um erro rápido na conexão e nos dados programados, mas foi o suficiente para iniciar a entrada nos mapas do Projeto Aria de forma forçada, até mesmo unindo pessoas em áreas que deveriam estar separadas, como no caso de Sarah e Ellen Carter.

Uma descarga elétrica grande o suficiente atingiu suas cabeças através do dispositivo de conexão e seus eletrodos, causando amnésia temporária, graças a pequenas lesões quase que em todos os locais no cérebro. A maior parte dos voluntários foram retirados assim que a falha ocorreu, mas houveram aqueles que foram pareados, por erro, em áreas simultâneas. Para estes, o software de imersão não permitiu a desconexão imediata, devido a inconsistência dos dados que estavam sendo processados.

Quem imaginaria que levaria quase uma semana para que o trabalho nessas áreas fizesse algum progresso útil? Pelo dano geral, era esperado que acordassem em apenas algumas horas, mas um dia inteiro passou até que despertassem no mundo virtual, mais um dia inteiro para recuperarem as funções cognitivas básicas e outro para as cognitivas complexas.

Enquanto assistiam o progresso lento deles, John não parou de trabalhar em hora nenhuma. Mal comeu e dormiu até que conseguisse consertar o problema na inconsistência dos dados, que não permitia a retirada dos voluntários do experimento pelo sistema, nem a entrada de avatares. A tentativa de retirada manual havia sido um desastre, gerando uma nova descarga elétrica no cérebro de um dos pacientes que haviam tentado remover a força. Este, estava agora na enfermaria, ainda em processo de reconhecimento simples de arredores e objetos.

Nos dois dias seguintes, os que continuaram conectados ao Projeto Aria, passaram por um processo onde se reconheceram e dormiram e acordaram com intervalos curtos, fazendo a partir daí, um progresso bem rápido de recuperação geral. Apesar de não lembrarem de que já haviam acordado antes, a cada vez que despertavam, processavam as informações melhor. O ambiente virtual seguiu essa média de tempo entre "acordado" e "dormindo", estabelecendo dias e noites dentro do universo digital. Eles estavam confusos e perdidos, sem saber para onde ir ou o que era real, até que começaram a recordar suas lembranças e andar pelos mapas construídos no "jogo".

— A quanto tempo eles estão interagindo lá, Júlia? — Thomas perguntou franzindo a testa. — Ele me mandou uma mensagem a pouco tempo, avisando do progresso na área da pesquisadora Sarah...

— Estão lá a poucos minutos, não mais que dez... — Julia começou a explicar e se interrompeu, arregalando os olhos.

— O que foi? — Thomas perguntou preocupado.

— Argh.

Ao ouvir o grunhido, os dois se viraram para as camas onde Sarah e Jonathan estavam e perceberam que os dois se desconectaram.

— Ah, que dolorido! — Sarah resmungou ao se mover numa tentativa de se levantar.

— Sarah! — Thomas e Júlia a chamaram em uníssono.

— Chamem o apoio para levá-la à ala médica — Jonathan disse com tom autoritário.

— Sim, sim. Vamos lá, Júlia, vá chamar o pessoal do apoio! — Thomas deu a ordem enquanto andava para perto de Sarah.

— Sim, senhor — respondeu ela se sentindo um pouco contrariada, mas atendendo o pedido imediatamente e ligando para a ala médica pelo interfone.

— Como está se sentindo? — Thomas perguntou pegando a mão de Sarah, que ainda piscava tentando abrir os olhos naquela sala extremamente clara.

Quando conseguiu focar a visão, viu o ambiente estranho, mas ao mesmo tempo familiar, com diversos painéis holográficos dos computadores avançados que monitoram o andamento do experimento. Não conseguiu reconhecer direito as informações nas telas à sua frente, teve que piscar com força mais algumas vezes e infelizmente, mudar o olhar de direção.

— Desorientada — respondeu sinceramente.

— Não se preocupe, vamos levar você para o médico, lá teremos um diagnóstico da sua situação e vamos conseguir minimizar seu desconforto — Jonathan disse entrando na conversa.

— Jonathan está certo, os médicos vão conseguir te ajudar — Thomas concordou com o colega de trabalho.

— O que aconteceu? — Sarah perguntou focando a visão em Thomas, que congelou com a pergunta.

— Vamos passar no médico primeiro, você não acabou de dizer que estava desorientada? De que vai adiantar tentar te contar coisas complicadas?! — Jonathan respondeu meio exasperado.

— Mais tarde, quando estiver recuperada, nós contamos com detalhes tudo o que aconteceu enquanto estava desacordada. Tudo bem? — Júlia respondeu da forma mais bondosa que conseguia para Sarah, que assentiu com a cabeça.

Não tardou até os paramédicos da ARIA Inc. aparecerem com uma maca e a levarem embora para fazer exames. Assim que chegaram, transferiram a posição de todos os fios de alimentação intravenosa que estavam ligados à Sarah para os apoios na maca e foram embora. Sarah não estava em condições de dizer sequer um "Até logo!", e se sentiu estranha por não fazer isso. Ninguém na sala do laboratório os seguiu.

— E então? — Thomas perguntou curioso e ansioso com os recentes acontecimentos.

— Ela acordou — Jonathan respondeu com o tom ríspido e seco de sempre.

— Sim, isso é óbvio, mas essa bagunça nas ondas cerebrais dela, não tem a ver com…

— Não tem nada a ver com o console — Jonathan disse irritado —, ela relembrou memórias difíceis, só isso.

Júlia estava no canto observando a cena sem dizer nenhuma palavra.

— Jonathan — ela chamou —, como você sabia que Sarah estava lembrando de coisas difíceis?

— As ondas cerebrais dela não são descritivas o bastante? — Jonathan respondeu desinteressado.

— Me refiro ao tipo de sonho que ela estava tendo, como sabia que eram lembranças difíceis ao invés de um simples pesadelo?

Jonathan que antes estava de costas para ela, se virou para olhar em sua direção.

— Sarah não consegue sonhar.

A resposta dele pegou tanto Júlia quanto Thomas de surpresa.

— Como assim não consegue sonhar? — Thomas perguntou curioso.

— Ela não consegue se lembrar dos sonhos que têm.

— Certo, mas isso ainda não respondeu a minha pergunta — Júlia reclamou saindo do estado de surpresa. — Como sabe de tudo isso?

— Eu também fiquei curioso… — Thomas acrescentou com expectativa para a resposta.

— Eu a conheço desde que ela iniciou a faculdade — Jonathan respondeu e saiu da sala deixando os outros surpresos novamente.

Thomas finalmente caiu em si e se apressou em enviar um novo relatório de progresso ao seu supervisor. Com sorte, essa reviravolta garantiria a sobrevivência do projeto, uma vez que as coisas estavam ficando complicadas com a imprensa.