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Capítulo 10 - Voltando da Prisão

Depois da ligação, a guarda com toda a cautela existente coloca um novo contentor em Kolin, a marca parecia a mesma mas ele sabia que esse era mais resistente que os outros.

Ele sente uma dor aguda e tensa no peito quando ela aciona, era como se uma parte da sua carne fosse cortada.

Apesar de tudo ele pode dizer com tranquilidade que dessa vez doeu menos.

Daniel chega em trinta minutos, menos tempo do que ele pensou que levaria, seu carro cheirava a gasolina e algo doce, deixando Kolin enjoado e meio tonto.

"Por que carros nunca cheiram bem? Ao menos não os que eu entrei"

— Não esquece o cinto de segurança. — Daniel diz quase como uma ordem assim que ele se senta no banco do passageiro, o outro ergue as sobrancelhas em resposta.

Parecia um velho caquético falando dessa forma, mesmo só com dezesseis anos. As vezes ele se perguntava se Daniel tinha mesmo essa idade, só o que não condizia eram os diversos brincos em sua orelha, e os cabelos pintados de um vermelho forte, originados de um surto rebelde que Kolin o ajudou a ter há dois anos atrás quando eles se tornaram mais próximos.

— Tá falando sério? Desde de quando você é tão preocupado? — Kolin pergunta ignorando a ordem.

— Isso... eu também não sei, acho que certa pessoa me tornou assim — Ele responde dando de ombros —, Mas talvez seja por isso que eu tenha carteira de motorista e você não.

— O que quer dizer seu idiota?

Kolin pensa em dar um soco leve no seu ombro mas se lembra que isso poderia fazer o carro voar pelos ares e estragar a carona pois ele não estava tão seguro da estabilidade do seu poder.

Ele não pode estragar mais um contentor em tão pouco tempo, além de que não seria nada fácil limpar depois, também poderia machuca-lo de verdade, então ele apenas deu um estalo com a língua.

— Você só conseguiu a carteira por ficar lambendo aquele seu professor, mesmo sabendo que além de anjo, ele é um membro da assembleia e se tivesse oportunidade nos mandaria pro inferno em um piscar de olhos. — Kolin diz irritado, mesmo sabendo que isso não teria nenhum efeito em Daniel.

Ele dirigia sem nenhum esforço, e estava calmo e relaxado apesar de ele ter falado de um de seus protegidos.

Sim, um deles, Daniel tinha dois, um era amor platônico e o outro admiração? "provavelmente só fogo mesmo."

– Lambendo ele – Daniel deu uma gargalhada –, eu gostaria de estar fazendo isso, mas não dá forma que você imagina.

Kolin revira os olhos.

– Acho que vou vomitar.

— Ele é diferente dos outros, eu te falei, acho que já está na hora de parar com essa rixa estúpida, ela é infantil, e não invente desculpas, eu sempre te aguento quando você inventa de falar de um certo garoto de olhos claros. — Daniel diz pegando alguns pirulitos do bolso e oferendo um a ele.

Ele pensa em negar, mas pega dois e guarda no bolso lembrando a contra gosto que Richard gostava de doces.

— Parar não é uma opção, sempre vou sentir ódio de cada um deles, mesmo que no fim isso me consuma. — Kolin afirma fitando a estrada por um momento.

— E desde quando você sente outra coisa? — Daniel zomba enquanto abre o próprio pirulito com dificuldade, tentando prestar atenção tanto na estrada quanto no doce.

— Foram eles quem começaram dessa vez.

— Não importa quem começou, no fim você sempre será o culpado e eles os mocinhos, num jogo constante de gato e rato, na estrada da vida quem fica muito focado em atropelar acaba perdendo o controle e batendo, no fim você vai se arrepender, não está cansado disso? — Ele diz com uma expressão contemplativa de quem tinha cinquenta anos.

— Uau, Onde você ouve tanta baboseira? E não, não estou cansado, muito pelo contrário, isso está apenas começando.— Ele reponde pegando uma garrafinha de água que havia no porta copos e bebendo.

— Ou, essa água era minha... Ah que seja, você vai precisar dela, Melanie está depressiva de novo, e você é a babá constante dela então... — Ele diz dando de ombros com naturalidade.

Kolin quase cospe a água.

— O que você quer dizer com "Melanie está depressiva de novo?", o que o filho da puta do Chard fez dessa vez?

Daniel faz uma careta intensa, demorou para falar outra coisa.

– Se alguém escutasse você chamando ele pelo apelido diria que não é com ela que você tem uma relação íntima e sim com ele.

– Porra, fala logo, o que ele fez dessa vez, será que por uma vez na vida ele não poderia ficar quieto?

— Kolin... Não vou responder nada se agir desse modo, o Carten disse que não é correto falar palavras de baixo calão... Seja lá o que isso signifique, e também, você sabe que não é certo chamar alguém pelo apelido sem a permissão dela, isso pode causar constrangimento nos dois além de... — Kolin não escuta mais nada depois disso.

Ele começa um longo monólogo sobre respeito e como os "jovens de hoje em dia" não dão valor as coisas que recebem, adicionando a cada duas frases "O Benjamin disse", "Senhor Ben Forran disse", "Senhor Benjamin Forran me falou", "Forran mandou" e outras mil formas que ele achava para o chamar, as vezes ele parecia realmente um velho de oitenta anos.

De vez em quando citando também o seu professor e intercalando entre eles.

Não que Daniel tivesse sido sempre assim, ele antes era rebelde, desesperado por experiências novas como qualquer adolescente, até encontrar Benjamin, seu colega, e depois também desenvolver uma fixação por seu professor.

Então em situações assim ele alternava entre os dois mas sem ser escolhido por nenhum.

— Você vai falar ou não? — Kolin interrompe.

Daniel o olha irritado por uns segundos, mas suspira fundo.

— Richard terminou com Melanie em público — Ele dá uma pausa parecendo que ia fazer uma expressão de pena, mas cai na gargalhada. — Ela chorou até desidratar, parece que ela tinha tentado ameaçar ele com o cargo do pai inúmeras vezes, mas dessa vez não deu certo, ela fez uma cena ridícula ontem e é claro que a maioria das pessoas apoiam ele.

Ele ficou tão surpreso que bateu a cabeça no carro.

"Claro, não é nenhuma novidade, o fato de Melanie ser obcecada por aquele filho da puta, mas para ainda é irritante de se ouvir."

— Ele não cansa de torturar ela? ele faz isso toda hora, essa deve ser a quarta vez só esse ano, eu vou matar ele.

— Dessa vez parece definitivo, e você sabe que não pode tocar um dedo nele, o cara é rico e famoso, além de ter muito poder, você seria executado se ele prestasse queixa.

Kolin fica em silêncio pensando nas possibilidades até finalmente dizer algo.

— Esse foi o único motivo do término, você mencionou algo sobre eu ter pego algum deles?

— Não sei, mas provavelmente é o de sempre, ela quer um compromisso sério, e é um tanto grudenta, ele é frio e distante como sempre, os dois são incompatíveis, mas ela insiste nisso, eu acho que mesmo se ele não tivesse de luto pelo irmão, ainda negaria, eu faria o mesmo, quem quer se casar a essa idade?

Ele aperta os punhos com força.

"Porque tudo relacionado a ele é tão complicado e estressante?"

— Eles não são muito novos pra casamento? — Kolin pergunta mesmo sabendo que era algum lance democrático chato que ele não entenderia.

— Bom, pra mim são, até demais, já que ela tinha dezenove, e ele tem o que, quatorze anos? — Ele sugere dando de ombros.

— Ele tem dezesseis, mas vai fazer dezessete dia dez de fevereiro, no caso... — Ele pensa um pouco e diz por fim — Hoje.

— Para quem odeia, você sabe até demais sobre ele, tudo por ódio, imagino se amasse, esses jovens de hoje em dia. — Ele debocha.

— Seria mais estranho se eu não soubesse, Melanie fez uma festa enorme para ele ano passado, que aliás, ele ficou uns cinco minutos e depois de disfarçar, fugiu pelo outro lado, ela ainda agradeceu ele por ter ido, agradeceu, acredita nisso? que tipo de pessoa agradece pela outra ter ido na festa que ela mesmo planejou?

Ele pega um jornal no porta moedas e considera ler.

Mas assim que o pega encontra a imagem de Chard cumprimentando algum velho famoso, um terno preto chique, seu cabelo loiro curto penteado com gel pra trás, e um sorriso leve sem mostrar os dentes, ele era tão falso.

Ele joga o jornal pela janela irritado.

— Ei! Não joga assim o jornal dos outros, Benjamin... Quer dizer — Ele pigarreia — O Benjamin Forran disse que jogar lixo no chão prejudica o meio ambiente e...

E foi assim grande parte da viagem, Kolin não escuta nada, até Daniel dizer algo sobre suicídio.

— O que você disse? Repete.

— Não estava escutando de novo né, Só vou dizer mais uma vez, você ficou preso por quanto tempo, mais ou menos um mês?

– Aparentemente.

– Nesse mês aconteceu mais dois suicídios, se é que se pode chamar de suicídio, acontecem todos da mesma forma, isso faz as pessoas suspeitarem se foram mesmo suicídios, e criam todo tipo de teorias, a polícia parece estar se esforçando em jogar pra debaixo do tapete já que estão bem longe de descobrir o que está realmente acontecendo, é um tremendo caos. — Ele explica fazendo outra curva.

— Dessa vez quem foi?

— De novo alguém do clã dos anjos, uma garota de dezoito anos, eu não conhecia ela, mas pelo que soube, era muito bonita. — Ele faz uma pausa e continua — O irmão de Richard também morreu, ao que parece o parâmetro de morte é ter beleza. — Ele diz dando de ombros.

Apesar de parecer estranho até que era um bom palpite, as pessoas mortas não tinham nada em comum além da beleza, ou talvez tivesse algo a mais nisso tudo, mas Kolin não acha que a pessoa a descobrir isso vai ser ele ou Daniel.

"E... o irmão de Richard estava morto, e tão perto do aniversário dele."

Kolin decidiu não pensar muito nisso por enquanto.

— Ao menos algo bom de você ter nascido assim então.

— Desgraçado. — Daniel diz soltando o volante para tentar bater nele.

Com o movimento brusco seus cabelos vermelhos se soltam do coque preguiçoso que ele havia feito no topo, ele dá um estalo com a língua irritado pela franja que caiu sobre os seus olhos.

— Que feio, falando palavras de baixo calão, vou contar para o Benjamin — Ele zomba —, ou talvez hoje você prefira o Carten?

— Eu te odeio. — Ele suspira.

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