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O Sanatório de Maryvill

No ano de 1994, o Sanatório de Maryvill surgiu como um farol de esperança e cuidado, celebrado por sua excepcionalidade no tratamento dos pacientes. Contudo, ao longo dos anos, o brilho dessa instituição se transformou em sombras, obscurecido por desaparecimentos misteriosos e relatos de crimes. O lugar outrora celebrado tornou-se temido, a ponto de as pessoas evitarem a rua onde ele se erguia. O mais recente incidente, o trágico falecimento de uma funcionária, forçou o fechamento do local, desencadeando uma investigação policial que buscará desvendar os segredos sombrios ocultos nas paredes do sanatório.

PHLComics · Horror
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Capitulo 11: Trevas em meio a luz

 O som monótono dos pneus do carro na estrada vazia acompanhava seu silêncio contemplativo, como se ele estivesse sintonizado com alguma outra realidade além da compreensão comum. Bruce dirigia com uma expressão impassível, como se o que acabasse de acontecer no bunker do Sanatório de Maryvill fosse apenas mais um detalhe insignificante em sua vida.

Enquanto Bruce continuava dirigindo, seu carro o afastando cada vez mais do cenário de horror que ele mesmo criou, Marine estava no hospital, ainda se recuperando do parto e ansiosa para ver seu marido.

Ela estava feliz, segurando seu filho nos braços, mas à medida que o tempo passava e Jonathan não aparecia, a ansiedade tomava conta dela. Marine observava a porta da sala de parto, esperando que a qualquer momento seu marido entrasse e compartilhasse com ela a alegria do nascimento de seu filho.

A felicidade se transformou em um vazio, um vazio que só aumentava a cada minuto que se passava. Ele estava ali, porque agora sumiu? O que aconteceu? As lágrimas começaram a escorrer de seus olhos, uma mistura de felicidade pelo nascimento de seu filho e uma profunda tristeza pela ausência de seu marido.

Marine não conseguia entender como Jonathan poderia tê-la abandonado neste momento tão importante de suas vidas. Ela se sentia traída, magoada e sozinha. Com sua voz trêmula, ela sussurrou para seu filho:

"Eu não sei onde está o papai, meu amor, mas estamos juntos, você e eu. Eu prometo que vou cuidar de você, não importa o que aconteça."

Enquanto a dor de Marine persistia na sala de parto, as ruas de Maryvill eram inundadas com a agitação típica do final da tarde. O sol começava a se pôr, pintando o céu com tons de laranja e rosa. Emma estava mais uma vez com seus amigos, tentando encontrar um refúgio temporário da tristeza e da confusão que cercavam sua vida.

 Eles caminhavam pelas ruas da cidade, rindo, conversando e compartilhando histórias. Emma tentava se perder no momento, esquecer as preocupações que a assombravam. Seus amigos eram seu porto seguro, oferecendo-lhe um senso de normalidade em meio ao caos que envolvia sua família e o misterioso sanatório.

Enquanto o grupo se movia pelas ruas movimentadas, Emma percebeu o pôr do sol no horizonte, um vislumbre de beleza em meio ao tumulto de sua vida. Emma continuou a observar o pôr do sol, parando até de seguir o grupo. Joey, Zoey e Melissa continuaram, porém Franklin notou que Emma havia parado. Logo, ele se aproximou da mesma:

Franklin: Você tá legal?

Emma se virou para Franklin, mas logo voltou seu olhar ao pôr do sol:

Emma: Sei lá, sabe aquela sensação de paz.. em meio à todas as.. merdas acontecendo?

Franklin virou o olhar para o pôr do sol, e em seguida, deu um sorriso leve:

Franklin: É, acho que sei..

Emma: É reconfortante, de alguma forma. Como se o próprio universo te desse uma pausa para, pensar." Franklin assentiu, compreendendo o sentimento de Emma.

O silêncio caiu entre eles por um momento, permitindo que ambos absorvessem a tranquilidade do entardecer.

Emma: Eu não sei o que seria de mim sem vocês.. Provavelmente teria enlouquecido.

Franklin olhou para Emma por alguns segundos antes de falar:

Franklin: Sabe, nunca estamos realmente sozinhos, não é? Podemos pensar isso, e até sentir que estamos, mas o fato é que temos pessoas que se importam conosco, mesmo quando não conseguimos ver.

Eu me preocupo com você, Emma, assim como Joey, Zoey e Melissa. E não importa o que aconteça, estamos aqui para você.

Emma sorriu, e abraçou Franklin com força. Uma leve lágrima caiu de seu rosto.

Emma: Obrigada, Frank.. Por tudo..

Eles permaneceram abraçados por mais alguns momentos, encontrando conforto um no outro enquanto o sol se punha lentamente no horizonte. O sentimento de união e amizade os envolvia, trazendo uma sensação reconfortante de esperança em meio à escuridão que os cercava.

Pouco tempo depois, o grupo de amigos estava reunido na lanchonete Pud'N'Grub Diner, conversando e desfrutando de um momento de descontração. Eles ocupavam uma mesa próxima à janela, aproveitando a vista da rua movimentada de Maryvill. A garçonete se aproximou da mesa com um bloco de anotações e um sorriso amigável.

Garçonete: Bem vindos ao Pud's , o que vão querer hoje?

Joey, Zoey, Melissa, Franklin e Emma olharam para os cardápios e começaram a fazer seus pedidos. Cada um tinha suas preferências, desde hambúrgueres suculentos até opções vegetarianas e milkshakes deliciosos.

Joey: Eu vou querer o hambúrguer especial com batatas fritas.

Zoey: Eu vou pegar a salada do chef, por favor.

Melissa: Um sanduíche de frango grelhado para mim, com uma koka zero.

Franklin: Hambúrguer vegetariano com anéis de cebola, por favor.

Emma: E um milkshake de morango.

A garçonete anotou os pedidos de cada um com um sorriso e agradeceu. Enquanto esperavam suas refeições, o grupo continuou a conversar e aproveitar a companhia uns dos outros. Os amigos conversavam sobre diversos assuntos, compartilhando risadas e histórias engraçadas de suas vidas. Emma, Franklin, Zoey, Melissa e Joey eram uma equipe unida, e enfrentar os mistérios e perigos de Maryvill havia fortalecido ainda mais seus laços.

Franklin: Vocês viram as notícias hoje? Parece que a polícia ainda não encontrou os assassinos do Sanatório.

Melissa: É assustador pensar que eles ainda estão soltos por aí.

Zoey: Pelo menos nós não encontramos nenhum deles. Talvez eles tenham fugido para um outro lugar, bem distante daqui.

Joey: Ou talvez estão apenas esperando o momento certo para voltar.

A conversa continuou, mas havia um senso de determinação no grupo. Eles estavam dispostos a enfrentar qualquer desafio que Maryvill lançasse em seu caminho, e a ajudar a proteger sua cidade e seus habitantes.

Joey: Vocês acham que a polícia está realmente fazendo tudo o que pode para pegar esses caras?

Emma: Eu não sei, Joey. Sinto que qualquer um que tiver as informações necessárias vai estar mais perto de desvendar esse mistério do que eles.

Melissa: Aquele Arles por exemplo, parecia exausto, você viu a cara dele?

Emma: Não é? Entre os dois, Anna parecia mais tranquila e certa do que tinha.

Franklin: Como assim? Foram até vocês perguntar sobre o Sanatório?

Emma e Melissa: Sim!

O resto do grupo riu um pouco, como se sentissem um desespero para que terminem a investigação.

Joey: O que eles perguntaram para vocês?

Emma: Alguma coisa sobre meu pai e do Sanatório.

Zoey: Nossa.. Estão desesperados mesmo.

Melissa: Não é? Eu sei que é urgente resolver para prender os assassinos, mas.. sei lá..

Franklin: Parece que eles estão correndo contra o tempo. Talvez tenham recebido alguma pressão de cima para resolver esse caso o mais rápido possível.

Emma: Mas se é assim, por que eles não estão mostrando mais resultados?

Zoey: Talvez tenham pistas, mas não querem divulgar para não causar pânico na cidade.

O grupo continuava a conversar até que finalmente haviam terminado sua refeição. Após isso, pagaram a conta, e saíram da lanchonete, continuando a andar pelas ruas de Maryvill. O grupo caminhou apressadamente pelo parque, mantendo-se atento ao redor enquanto as luzes piscavam e as sirenes de viaturas ecoavam ao longe. A atmosfera estava tensa, e eles se sentiam vulneráveis mesmo no parque tranquilo.

Emma: Acho que não devíamos ficar aqui por muito tempo.

Franklin: É, realmente não parece ser uma boa.. Talvez seja melhor voltar para casa.

Zoey: Pode ser melhor. Tá ficando tarde mesmo, meu pai vai me matar se eu chegar tarde em casa de novo.

O grupo concordou com a decisão de ir embora e, enquanto caminhavam de volta para casa, mantiveram-se atentos ao movimento incomum na cidade. As viaturas de polícia e a agitação das ruas eram um lembrete constante de que Maryvill estava longe de ser uma cidade pacífica naquele momento.

Eles compartilharam uma sensação de apreensão enquanto se dirigiam para casa, preocupados com o que o futuro reservava para sua cidade e para eles.

O grupo se separa, cada um foi para sua casa, e Emma foi para a dela. Ela checava seu celular, para ter certeza que sua tia não havia mandado mensagem. As sirenes de polícia não a acompanhavam, e enquanto andava, uma sensação estranha tomou conta dela, como se alguém estivesse a seguindo.

Ela olhou ao redor, tentando identificar qualquer presença suspeita, mas as ruas estavam desertas. As luzes das ruas iluminavam seu caminho, mas também criavam sombras que pareciam se mover de maneira ameaçadora.

Emma continuou a caminhar mais rápido, desejando chegar em casa o mais rápido possível. Ela digitou uma mensagem rápida para sua tia, dizendo que estava a caminho, e depois guardou o celular, mantendo-o à mão, caso precisasse ligar para alguém.

Ao chegar próxima de seu apartamento, Emma empreendeu a ascensão pelas escadas que a levariam ao décimo quinto andar. Cada degrau, rigorosamente conquistado, a fazia sentir-se mais próxima de seu destino. No entanto, Emma parou, para ver se aquele que o perseguia ainda estava fazendo isso. Ela parou para escutar por um tempo, e por sorte, não tinha nada além de sua própria respiração ofegante. Um suspiro de alívio escapou de seus lábios quando a suspeita se dissipou, dando lugar a um breve conforto.

Emma continuou subindo as escadas, enfim chegando no décimo quinto andar, onde se dirigiu para o corredor de seu apartamento. Seu coração ainda estava acelerado, mas a sensação de segurança começou a voltar quando ela viu a porta de seu apartamento à frente.

Emma rapidamente pegou as chaves e destrancou a porta, entrando em seu apartamento e trancando-a atrás dela. Ela olhou pela janela e, por um momento, espiou para a rua, certificando-se de que ninguém a seguia. Tudo parecia calmo agora.

 Respirando fundo, Emma começou a se acalmar. Ela tirou o celular do bolso e viu que sua tia tinha respondido, perguntando se ela estava bem. Emma respondeu que sim, apenas dizendo que estava cansada depois de um dia agitado. Emma continuava a conversar com sua tia quando a maçaneta da porta começou a se mexer. Emma rapidamente olhou na direção da porta e, se aproximando lentamente, conferiu a tela do celular novamente. Sua tia ainda estava enviando mensagens, mas nada sobre ter chegado em casa. Emma percebeu que alguém estava tentando invadir, e a ansiedade tomou conta de seu corpo.

Emma vasculhou freneticamente cada canto do apartamento, seus dedos tremendo enquanto agarrava o guarda-chuva com firmeza. Seus olhos arregalados vasculhavam a escuridão, a respiração rápida e superficial ecoando no silêncio tenso. Com o coração martelando no peito, ela se arrastou desajeitadamente para debaixo da cama, os pensamentos em um turbilhão enquanto se preparava para o pior, sua mente correndo com horríveis possibilidades.

O coração de Emma parecia pulsar em seus ouvidos, seu corpo tenso e gelado debaixo da cama. A porta rangendo ao abrir encheu o quarto com um arrepio de medo, e o silêncio que se seguiu era mais ensurdecedor do que qualquer som. Ela se forçou a prender a respiração, mas cada inspiração parecia cada vez mais audível. Os passos que ecoavam pela sala eram perturbadoramente próximos, cada passo ressoando em seu peito, como se estivessem marchando diretamente sobre seus sentimentos de desamparo.

Num instante de terror absoluto, a luz do quarto piscou, lançando a sala na escuridão, e os passos misteriosos cessaram abruptamente. Emma, num primeiro momento, não percebeu a mudança, seu coração continuando a bater descompassado. Mas, em segundos, ela percebeu que havia entrado em um de seus labirintos. Sem mais medo do invasor, ela se arrastou para fora do esconderijo debaixo da cama, o guarda-chuva em punho.

"Não... não... não! Droga!", sussurrou Emma, sua voz trêmula. Ela havia se prendido em sua própria casa, e a saída parecia mais difícil do que nas outras vezes.

Na sala, Emma explorou cada centímetro, notando detalhes estranhos que claramente não pertenciam a sua casa. O desespero crescia, a sensação de estar presa em seu próprio labirinto mágico tornando-se quase insuportável. Então, de repente, ela ouviu passos se aproximando por trás dela. Seu corpo inteiro congelou instantaneamente, a mente em turbilhão. E se tudo o que ela tinha vivido até agora fosse apenas uma falha de luz, uma ilusão cruel?

"Quem diria... Era verdade...", uma voz ecoou, familiar e extremamente querida. Emma se virou lentamente, com os olhos marejados de lágrimas, e lá estava seu pai. A visão dele foi como um raio de luz no meio da escuridão e do caos. Emma deixou escapar um soluço de alívio e correu para abraçá-lo, as lágrimas rolando por suas bochechas enquanto se reencontrava com quem havia perdido.

Bruce não correspondeu ao abraço de Emma, mantendo-se imperturbável. Ela continuou apertando-o, mas então, gradualmente, afastou-se, percebendo que aquele não era seu pai de carne e osso, mas possivelmente apenas uma projeção de suas memórias. Bruce riu suavemente, mantendo sua postura.

"Como tem sido, querida?" ele perguntou com calma.

"Ah... Meus amigos têm sido um apoio constante desde o dia em que você partiu... Tem sido difícil, me sinto tão sozinha quando não estou com eles... Provavelmente teria desistido no mesmo dia em que soube que você tinha morrido..."

A expressão de Bruce se tornou compreensiva e enigmática ao mesmo tempo quando ouviu as palavras de Emma. Ele respondeu,

"Nunca disse antes, mas é... triste ver você isolada, querida... Sempre tão quieta... Desde aquele passeio escolar..."

Emma assentiu, seus olhos cheios de tristeza. "É... Tem sido tão estranho sem você... Por que você partiu com tantas perguntas?"

Imediatamente, o semblante de Bruce se fechou. O sorriso compreensivo desapareceu, pois ele sabia que Emma agora estava ciente do Sanatório.

"É tão difícil... Não é, querida? Eu tinha tantos planos... Tantos que nem foram realizados...", disse Bruce com um tom cabisbaixo.

"Me desculpe, pai...", respondeu Emma, com um tom ainda mais triste.

"Oh não, eu quem deve te pedir desculpas...", disse Bruce, seu tom se normalizando.

"Não, é sério... Me desculpe por..." começou a dizer Emma, mas Bruce a interrompeu.

"Eu insisto, eu quem deve te pedir desculpas..."

Emma parou imediatamente e o encarou. Por que uma representação falsa está tentando se passar por real?

"Eu te peço desculpas por não ser presente, por me afastar de você e por te usar como marionete...", continuou Bruce, seu tom tornando-se cada vez mais sombrio.

Emma não compreendeu totalmente e perguntou: "Do que está falando?"

Bruce olhou para Emma e deu um leve sorriso. "Me desculpe, querida... Por te fazer minha marionete..."

A afirmação de Bruce deixou Emma perplexa, e ela começou a se afastar lentamente. 'Isso está ficando real demais para uma criação do labirinto..' Emma pensou. "Me desculpe por te enganar, me desculpe por te usar... Me desculpe por não ter feito um melhor uso de você desde o início." As palavras de Bruce deixaram Emma chocada, e ela continuou a se afastar. "O que está dizendo?! Você não é real! Meu pai está morto! Pare de tentar se passar por ele!"

Bruce parou por um momento e olhou intensamente para Emma. "Seu pai não está morto... Eu não estou morto."

Os olhos de Emma se arregalaram de pânico. "Não! Ele morreu! Pare com isso! PARA DE TENTAR INVADIR MINHA CABEÇA!" Seu tom estava frenético, e sua voz estava trêmula.

Bruce suspirou, os gritos de Emma o deixando exausto. "Foi tão bonito você chorando em meu túmulo... Talvez só seja ruim em saber que aquele não era eu..." Sua voz soava normal, ele não parecia brincar com os sentimentos de Emma.

A raiva nos olhos de Emma desapareceu, transformando-se em choque e medo.

Emma: Como...? Eu vi você no caixão!

Bruce: O que um pobre não faz pelo rico, não é?" ele riu levemente.

Emma parecia incapaz de acreditar no que estava ouvindo. A figura diante dela era real, seu pai estava na sua frente.

Emma: Então você...

Bruce: O Sanatório? Sim, querida, eu fiz tudo aquilo. Sua mãe me deixou, eu não tinha mais nada a perder... Então, resolvi criar o meu próprio espetáculo. Soltei os meus peões, e tudo seguiu seu curso naturalmente... Não se preocupe, eles não vão nem tocar em seus amigos, pelo menos dois deles... O terceiro é um mistério. Mas deve ficar mais fácil para os policiais rastrearem, não acha?

Emma: SEU MONSTRO! COMO VOCÊ PODE FAZER UMA COISA DESSAS?!

Bruce perdeu a paciência e agarrou sua filha, tapando sua boca.

"Você grita bastante para uma garota tão quieta... não acha?" disse Bruce, com um tom autoritário em sua voz.

Bruce: Não vou mentir, meu teatro foi muito eficaz. Jonathan foi um ótimo improviso, e agora você... também será um excelente improviso... Haha, e eu pensando que toda a sua confusão com labirintos era apenas uma historinha que você estava tentando resolver... Quem poderia imaginar que casar com uma mulher tão repugnante como sua mãe me daria um presente tão valioso para o meu último ato...

Emma tentou desesperadamente se soltar, mas as mãos de seu pai eram incrivelmente fortes.

Emma: Eu... chorei no seu túmulo! Eu pedi perdão por coisas que nem sei se...

Bruce: Você sempre foi uma chorona mesmo... Por esses labirintos principalmente... Eu nunca te vi com propósito, sempre saindo com as mesmas pessoas, nos mesmos horários, nos mesmos dias... Você sempre foi uma decepção, mas quem sabe você possa se redimir me mostrando esse poder...

Emma: Volta para o inferno!

Emma conseguiu chutá-lo com força, fazendo com que ele a soltasse. Ela começou a correr desesperadamente, o labirinto à sua volta finalmente tomando forma. Bruce a perseguiu implacavelmente, disposto a alcançá-la.

A perseguição se desenrolou com Emma correndo por corredores sinuosos, esquivando-se de obstáculos e desafios que o labirinto criava para impedi-la. Bruce estava sempre bem atrás dela, uma ameaça constante. Com um esforço final, Bruce alcançou Emma. Agarrando-a pelo braço, ele a puxou para mais perto dele, respirando pesadamente.

Bruce: Como funciona isso, minha querida..? O medo alimenta esse lugar?

Ele questionou com um sorriso no rosto.

Bruce: Ou é só você que não dominou ele ainda?

 Bruce fechou seus olhos, e o gesto em suas mãos moldava alguma coisa. Emma sentiu um arrepio percorrer sua espinha enquanto observava o gesto de seu pai. Ela sabia que tinha que resistir, que não podia deixar o medo dominá-la. De repente, atrás de Emma, uma névoa apareceu. Essa névoa se moldou, primeiro um corpo, depois braços, depois pernas, e por último a cabeça. No lugar da névoa, surgiu um homem alto, forte, pálido, e sem nenhum tipo de cabelo ou expressão.

Bruce: Belo.. Simplesmente belo..

Emma observou a criatura se materializando diante de seus olhos, compreendendo lentamente a extensão do poder que ela continha. Ela olhou para a figura nebulosa com um misto de temor e curiosidade, seu coração acelerando enquanto lutava para manter o controle sobre a situação.

Emma: O que você fez? O que é isso?

Bruce: Isso, minha querida, é o que você poderia ter feito com esse maldito poder.. Esse lugar é o que? Uma manifestação de sua mente? Você tem controle dela.. E sabe disso.

Emma encarou a figura nebulosa à sua frente, não sabendo o que dizer.

Emma: O que você vai fazer com isso?

Bruce: Eu vou solta-lo, vou permitir que ele leve quem bem quiser para aqui dentro, e ai, o resto vai acontecer naturalmente..

A tensão dentro do labirinto atingiu um ponto crítico enquanto Bruce revelava suas intenções sombrias. Emma estava em desvantagem, confrontada com essa manifestação do poder que ela não compreendia, e seu pai estava determinado a usá-la para seus próprios fins. Emma sabia que não podia permitir que isso acontecesse, que não podia deixar seu pai usar o labirinto de tal forma. Ela olhou para a figura nebulosa diante dela, respirou fundo e fez uma escolha.

Emma: Eu não vou deixar você fazer isso.

Bruce olhou para sua filha novamente.. Ser chamada assim talvez seja até demais para ela agora..

Bruce: Pois eu estou esperando..

Em seguida, ele soca o nariz de Emma, que faz a mesma desmaiar instantaneamente. Ele olha para o corpo caído, sem nenhum tipo de expressão, e em seguida volta para seu assassino.

Bruce: Eu te nomearei como Stalker.. Seu objetivo, meu rapaz, será unicamente em seguir minhas ordens.. Não importa como, sua caça será infinita, traga os até aqui. Você é uma criança daqui, então sua passagem de ida e volta está liberada, para sempre. Infiltre-se entre eles, observe cada ação deles, e te garanto que você será muito bem recompensado.

Bruce sorriu para sua criatura. Ela simplesmente acenou com a cabeça em sinal de entendimento e aceitação das ordens de Bruce. O labirinto era agora uma ferramenta nas mãos de Bruce, e a figura nebulosa se dissipou, desaparecendo em meio à névoa. O que quer que Stalker fosse capaz de fazer, sua presença no labirinto era uma ameaça iminente. Bruce se voltou à Emma, e imaginando um cenário novo, ele a carregou consigo.

Uma enorme torre surgiu em sua frente, e assim, seguiu para dentro. No topo, Bruce havia posicionado Emma na torre, e agora, com parte de seu corpo absorvido pela estrutura, ela estava imóvel e parecia fazer parte da própria construção. Sua mente ainda estava consciente, mas seu corpo não respondia. A visão que tinha era limitada ao que conseguia ver do topo da torre.

Bruce sorriu enquanto observava Emma, presa e indefesa no topo da torre. "Não se preocupe, querida... Você participará de tudo isso... Será uma atividade entre pai e filha...", murmurou ele com um tom sinistro.

Repentinamente, dois tentáculos negros emergiram do teto, serpenteando em direção a Emma. Ela se contorceu e gritou de dor, mas um terceiro tentáculo surgiu e cobriu sua boca, silenciando-a. A agonia era inimaginável, e a confusão reinava em sua mente.

Então, algo incrivelmente estranho aconteceu. Um quarto tentáculo se manifestou e, com um gesto grotesco, ele cospe uma nova Emma, idêntica à original. Uma cópia de si mesma havia sido criada diante de seus olhos, uma duplicata que se formou sob o olhar atento e sinistro de seu pai.

A nova Emma estava imóvel, seus olhos encontrando os de sua original com um misto de choque, medo e angústia. Emma mal conseguia compreender o que estava acontecendo, mas sabia que estava em um pesadelo terrível, e não havia como escapar. Seu pai, com seu controle bizarro sobre o labirinto, tinha criado um cenário de pesadelo e estava decidido a arrastá-la para dentro dele.

Emma assistiu impotente enquanto um quinto tentáculo surgiu do teto, sendo colocado na testa da cópia de si mesma, e logo após, o quarto tentáculo a engoliu novamente. O choque e o medo estavam gravados no rosto da nova Emma, que parecia estar presa em um pesadelo interminável.

Bruce dirigiu suas palavras cruéis para sua filha original, que parecia estar quase inconsciente na parede.

"Você, minha querida filha... Agora é ela... Você não assistirá os jogos... Você vai vivê-los... Você será imortalizada aqui, e eu farei questão de que você sinta a emoção participando deles..."

Em seguida, Bruce se voltou para o cenário bizarro que ele criou. Três ilhas flutuando pelo céu do labirinto, criando um cenário surreal.

"O tempo passa por aqui, minha querida? Ou estamos presos na mesma hora, no mesmo dia, para todo o sempre?" Bruce perguntou, e então chegou mais perto de Emma.

"Este será um aniversário muito melhor do que pensei... E pensar que eu passarei ele junto com você... É tão bom, não acha?" Sua voz misturava carinho com ironia.

As ilhas no céu do labirinto começaram a tomar forma, e a distorção da realidade continuou. A primeira ilha se transformou em uma cópia da cidade de Maryvill, com todos os seus detalhes e peculiaridades. A segunda ilha se tornou uma fazenda abandonada, com um ar de decadência e abandono. A terceira ilha se transformou em um prédio que lembrava um shopping, mas estava envolto em um ar de desolação.

"Bons artistas sempre retratam caos em suas obras, e isso, minha filha, não é nem um rascunho", disse Bruce para sua filha, com um tom que misturava crueldade e satisfação.

A paisagem distorcida diante dos olhos de Emma era uma manifestação das intenções sombrias de seu pai, um cenário onde o caos reinaria e onde ela seria forçada a viver seus piores pesadelos. O labirinto havia se tornado uma prisão sinistra, e Emma estava no centro de tudo isso, impotente diante do controle perturbador de seu pai.